Copacabana está um caos. Um ritual que conheço desde muito, mas com o qual me familiarizo mais e mais a cada ano. O paraíba do boteco que apaga os preços antigos para reajustar. Os mendigos que não se contentam mais com um real. Falam inglês e querem ganhar em dólar. Amanhã vai estourar tudo. E eu vou estar tão bêbado quanto agora. talvez até mais.

E assim, sem nada de adicional no melão, virei uma noite sem dormir.

Desejar beijo na boca para o ano novo é coisa de puta pobre.

Bidê ou Balde é a banda que eu gostaria de ter tido.

E pô, como é BOM mesmo este clipe da Pública.

Já tenho um eleito para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e para qualquer outro festival nacional e internacional no ano que vem. Hehe. Falando sério, o filme é ruim, mas é bom pra caralho. O melhor filme sobre Copacabana desde o clássico dos clássicos. E tem locações no meu prédio, ainda que não seja o da foto. Marília Gabriela e Marcelo Farias fazem o papel de minha mãe e eu, uma versão, digamos, maquiada. O Marcelo é um playboy surfista e maconhóide que tem um caso com a próxima gracinha do cinema nacional. Mas atentem para este filme, ainda vai estrear. Eu vi porque sempre é bom conhecer gerentes de patrocínio da BR. Fiquei feliz, desta vez, porque o incentivo foi para uma verdadeira homenagem à pornochanchada e a tudo que há de bom e de chinelo neste país e nesta cidade. A fotografia fala tudo.

Entre os maiores acertos, sugerir que este bairro estacionou nos anos 80. Pura verdade.

O adeus de Romário: ‘Parei’

— Parei. Não dá mais. Não tenho mais vontade.

Sem Romário, o futebol está entregue aos bunda-moles.

Matéria impagável sobre a trajetória tão brilhante quanto diverida do baixinho no "Leia Mais".

Naturalmente que influenciado pela apologia ao jogo nas linhas de Mario Puzo em Las Vegas, mas também tomando por base conversas que tive com o Cassio atravessando os desertos do Oeste, creio que o caminho do desenvolvimento consistente do Brasil passa pela legalização dos jogos de azar em cassinos. Nem acompanho a quantas anda a situação dos bingos, mas encaro como vergonha nacional o fato de que, passados mais de 50 anos da proibição dos jogos de azar no Brasil, ainda não se tenha sequer discutido seriamente em âmbito parlamentar um restabelecimento deste lucrativo negócio. Se o motivo é o suposto respeito à vontade da Igreja Católica este desleixo é ainda mais vergonhoso: foi passando por cima de encíclicas papais que se fizeram algumas das mais relevantes campanhas de prevenção à AIDS. O brasileiro não pode mais se contentar apenas com as loterias patrocinadas pelo governo: merecemos que a iniciativa privada tenha mais uma vez a chance de investir em jogos de azar nos moldes dos que existem nas regiões de Cascais, em Portugal, Las Vegas, Riviera Francesa e, para apenas espichar o olho para o lado, Punta del Este. É muita burrice continuar permitindo que divisas migrem para outros países na mão de jogadores que atravessam a fronteira para apostar dignamente fora do país - sem falar nas que entrariam aqui pelas mãos de estrangeiros.

Então por que será que eu acredito que o jogo tenha aprimorado meu caráter, me tenha livrado da cadeia, me tenha ajudado a criar cinco filhos com prazer e até com um sucesso relativo? Bem, o jogo ajudou a preservar meu casamento durante 30 anos porque ocupou todo o tempo que me sobraria para andar atrás de outras mulheres; meu sentimento de culpa evitou que eu reclamasse por ter de sustentar mulher e filhos. O jogo me obrigou a escrever mais, porque fez com que eu me endividasse; e melhorou minha saúde porque me obrigou a aprender a jogar tênis nas cidades onde havia jogo, para ficar longe dos cassinos.

(IN: PUZO, Mario. Las Vegas. Rio de Janeiro, Record)

Sabe quando tu simpatiza direto com um cara?

Creditar o jogo por responsabilidade é como agradecer a cocaína pela impotência e conseqüente ausência de chances físicas para a traição. Mas eu acho massa a cara de pau de dizer coisas assim. Principalmente na primeira pessoa em uma página de apresentação.

Os dois grandes grupos de botecos na antiga capital do Império são os de portugueses e os de nordestinos. Existe ainda uma super categoria - as grandes redes - que por enquanto não explorarei. Mesmo estes dois grandes grupos serão apresentados da forma mais superficial possível: descreverei apenas os que ficam a um limite de duas quadras da minha casa. Assim será.

O Real Chopp (que naturalmente não tem site) possui um cardápio variado até no que tange as formas de servir um chope brahma sempre gelado. Garoto (200 ml), Tulipa (300 ml) e Caldereta (350 ml). Não é uma exclusividade deste mas, se considerado o despojamento do lugar, apenas com balcão e mesas na rua, não deixa de ser um luxo. Goza também do (até agora) mais vasto cardápio de cachaças finas já visto em Copacabana. Serve petiscos mil. Batata calabresa, charque (chamado erroneamente de carne seca), carne de sol, feijão amigo ou caldo de feijão (algum bar de POA serve? Digo, além da cachaçaria?) e um mundo de outras porqueras. Exibe jogos do Inter no peipergato. Não cobra 10%. Atravesso a Nossa Senhora e na outra quadra o alcanço, sem precisar nem passar no banco: aceita Visa Electron. O português me conhece por gaúcho e eu chamo ele de português. Já aceitou um cheque de Porto Alegre (concessão raríssima), um dia ainda vai me deixar pendurar.

Já o TABU, Bar Chopp e Lanchonete, é anexo a um restaurante chamado SUCOMANIA. Entre um milhão de destilados C, faz uma batida de caracu com ovos (imagino que uma tradição no Ceará). Serve chope garoto e tulipa em preços ainda mais camaradas que o Real. Nem sonha em cobrar 10%. Não tem mesas ou cadeiras: é no balcão, sempre seboso. A parte de restaurante oferece um PF por R$ 5,50 (até agora a refeição mais barata já vista no perímetro urbano) e uma gama de pratos sempre renovada periodicamente. O feijão tem aquele gosto de nordeste - aquele. Fica de portas abertas até depois das quatro da manhã - às segundas-feiras. Serve Antarctica no casco a R$ 2,40. Para chegar a ele são mais ou menos uns 2 mil passos ou menos de uma quadra.

Acho que tô mais ou menos servido de boteco por aqui. Não dá pra ter saudade do Bambu's, nem do Panorama e nem da Lanchera.

Há muito e muito tempo existe uma enorme seita de imbecis que opõem sensualidade a inteligência. É um círculo vicioso: privam-se de volúpia para exaltar suas capacidades intelectuais, o que tem como conseqüência empobrecê-los. Tornam-se cada vez mais estúpidos, o que parece fortalecer sua convicção de que são brilhantes - pois a melhor coisa para se julgar inteligente continua sendo a estupidez.

É possível encontrar nos salões pessoas que se vangloriam, alto e bom som, de se estarem privando desta ou daquela delícia há vinte e cinco anos. Existem também magníficos idiotas que acham o máximo nunca ouvir música, nunca abrir um livro ou nunca ir ao cinema. Há também aqueles que esperam causar admiração com sua castidade absoluta. Mas é mesmo o caso de se orgulharem: será a única satisfação que terão na vida.

(IN: NOTHOMB, Amélie. A Metafísica dos Tubos, Rio de Janeiro, Record) em uma primorosa tradução que não foi creditada (!).

Leia, releia, reflita. E tenha um bom Natal.

É gratificante morar numa cidade que, ao tentar explorar, acaba te cansando antes de chegar sequer a uma aproximação de seus limites. Valeu aí.

Achei este brilhante prognóstico do Sr Brochado em Março de 2003 (grifos nossos):

eu não entendo isso. faz tempo que os EUA não se metem numa guerra que dure muito tempo. os caras aprenderam no Vietnã. já atacaram o Iraque uma vez, destruíram com metade de Bagdá, e convenhamos que as baixas do lado dos EUA e aliados foi patética. ainda mais se desconsiderarmos os que foram abatidos voando aquela porcaria daqueles Tornados ingleses.

agora o Iraque é o novo Vietnã. por favor.

Encontrei isto nos arquivos do meu blog:

A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, cousas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, cousas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo?

(IN: A IGREJA DO DIABO, Histórias sem Data, Machadão)

Almoço: PF de galinha assada em TV de cachorro, toucinho e feijãocarroz. Chope para acompanhar

Janta: feijão amigo, pastel de polvo e bolinho de bacalhau

Quase fiz uma fézinha no bicho. Preguiça na cabeça, claro.

Me antecipando ao Êxodo do moribundo Exquisite, dou buenas e me espalho. Agora também sou insanus. E com Template novo, shtilizado pelo Gabriel, numa foto que mostra meu bairro-cobiça da minha nova cidade. Um dia ainda viro vizinho do Rei Roberto na Urrrca.