Não era o RAMONES, mas foi legalzinho.

Taxaram o show do Placebo em São Paulo como "burocrático". Eu espero que seja só a corriqueira idiotia do jornalista brasileiro, que considera burocrático qualquer show em que o vocalista não arranha um "obrigadou" e algumas outras frases para agradar o macacal.

Escrevi um texto para seleção na Folha sobre um certo amigo meu baiano que escreve ficção. Mandei pra ele. Ele se disse emocionado, tal, mas não revelou a opinião sobre o texto.

Insisti.

Sua resposta: "Acho que ficou beleza. Abraço"

Maldito baiano indolente.

Adoro eles.

Recaída de boca:

Vídeos:

PRIMUS - JERRY WAS A RACE CAR DRIVER

Por que ninguém se lembra do PRIMUS? Melhor banda de punheteiros das escalas dos anos 90, neste vídeo eles expressam toda a doença em imagens de nachos, cheddar e corridas de carro. Ah, eu quis ter um baixo de 5 cordas por causa do cara do Primus. Só que o dele é de seis. Só que de seis não tinha na Lito Som. Tive uma adolescência frustrada.

NIRVANA - ON A PLAIN (LIVE 1992)

:~

Mp3:

Júpiter Maçã. Não tem pra ninguém mais no rock gaúcho. Ninguém.

Avalon Podre - boicote

Minha namorada e eu não voltamos lá nem nos pagando. Se vocês prezam a saúde e o bolso de vocês, levem esses falcatrua à falência.

É ainda mais engraçado porque se trata de um ex-colega meu de faculdade. Uma figura, ahn, estranha.

Fazem 12 anos e já rolou umas boas barbaridades policiais por este brasilzão no meio tempo, mas ainda foi capaz de me causar horror o relato de uma recém conhecida amiga paulistana sobre o massacre do Carandiru. Além do óbvio que, segundo fotos, todos os executados estavam em posições de defesa e alguns em atitudes fetais pelo pavor (encolhidos em volta do próprio umbigo) o fato novo: não havia rebelião alguma. Era apenas um "treinamento real" para rebelião. O Pavilhão 9 foi escolhido para a limpa porque, mesmo havendo apenas réus primários, era um lugar onde ocorria muitas insurgências de pequeno porte, ou seja, ENCHIA DEMAIS O SACO. Pegos de surpresa dormindo, os apenados foram mortos às dezenas, até chegar a uma centena e talvez até duas. Depois, os corpos foram levados a uma sala, onde esperaram que os policiais fizessem a simulação de rebelião, com a queima de colchões corriqueira. Isto se prova pela quantidade de cadáveres em que os membros estavam quebrados post mortem, segundo relatório da perícia.

Não sei se acredito nesta versão, mas sonharei badly com ela.

Ou a Folha cometeu um grave deslize na edição de hoje ou a Daiane dos Santos é uma grande piadista e eu já gosto dela (apesar do capô de fusca pubiano): dizque cumprimentou a Condoleezza Rice em RUSSO.

Para o Estadão não ficar com ciúmes, digo que também li uma boa notícia em sua edição de hoje: uma aposentada de 60 anos se despiu numa agência bancária em Sorocaba, irritada com os apitos do detector de metais mesmo depois de desfeita da bolsa e do celular. "A cena está gravada.", termina a nota.

Os locais estão apavorados. Gorro na cabeça, dois casacos, meias de lã, coletes, japonas. Eu ando de bermuda, camiseta e, vá lá, meias nos tênis. Caminhando na rua tenho vontade de cantar, pela alegria de não estar pingando suor. O rosto contorcido de pura dor no transeunte me arranca hilariância. TOMA, SEU CARIOCA. Agora sou eu que estou BEM.

O Rio de Janeiro finalmente tem uma temperatura própria para mim. Finalmente. Parece até mais LIMPA depois da chuva de 24 horas seguidas e os menos de 20° de sensação térmica.

Pena que logo logo acaba. E é na minha cara que as pessoas verão dor e água escorrendo de novo.

Tenho vontade de fazer um RAP DE BRANCO toda vez que coloco em retrospectiva os dois anos e um mês que passei como "uma das torres gêmeas do 2cad", fazendo a grade da TV, resumindo sinopses e prestando serviços gerais com salário de gari naquele jornal. Principalmente quando alguém que trabalhou com INTERNET vem fazer pouco do meu sofrimento. Houve momentos de felicidade, mas acredito que até em presídios há estes momentos, bem como algum aprendizado.

Foi bem isso, uma pagação de PENA. E a comida...

Não consigo decidir se ficar sem dinheiro pra NADA consegue ser pior.

E me deixa que eu tô a fim de reclamar, não de entender porra nenhuma.

É com algum freqüência que vocifero contra jornalismo e redações, batendo na mesa, fazendo picar copos e declarando, dedo em riste, que jamais me submeterei novamente à rotina de envelhecimento precoce em uma redação de jornal ou revista.

Pois é só aparecer uma seleção que, pimpão, reúno tudo o que posso em material e esforços para concorrer à vaga, louco pra me estressar de novo com fechamentos e rendimentos pífios. O que faço comigo?

Tem aquela lenda que gaúcho vem para o Rio e se deslumbra. Não quer mais sair, decide morar e tal. Carlos provou isso. E não é apenas com o gaúcho, ouvi em San Francisco uma modernosa californiana dizer que queria trocar sua vida de pouco trabalho e muito dinheiro nos Estados Unidos para abrir uma "possada" no Rio. É uma tendência das pessoas que deixam o lar para fazer uma viagem gostar dos lugares a que vai mas apreciar mais ainda a volta. Não raro a viagem é bem-sucedida ao ponto de que as pessoas têm a ilusão de que seria uma boa a troca do lar pelo lugar visitado. Erros e acertos só se descobrem quando a idéia é posta em prática. Estou atrasado para a segunda aula da manhã, mas vou colocar mais tarde em um novo post as constatações da troca de Porto Alegre pelo Rio, ou melhor, do Moinhos de Vento por Copacabana, para ser bem mais preciso.

O jornalismo brasileiro tem muitos lamentáveis equívocos e as colunas talvez sejam uma das poucas partes de destaque. Quando no mínimo, divertem. A Folha de São Paulo ocupa o trono do jornalismo junto com seu irmão Estado, que tenta vencer pela quantidade de conteúdo, seguidos de perto pel'O Globo. Mas justamente a Folha tem a mais constrangedora coluna do País.

É a peça de ficção baseada em notícia publicada toda segunda-feira por Moacyr Scliar. Minha opinião é suspeita, já que não simpatizo nem de longe com o escritor, para mim um dos mais insípidos e oportunistas na já tradicionalmente oportunista turma dos escritores judeus que se aproveitam da auto-centrada cultura hebraica e das velhinhas do Bom Fim que coram de felicidade toda vez que lêem referências em termos iídiches nos romances. Esta coluna da Folha é uma constrangedora sugestão da necessidade de atrelamento da literatura com temas pontuais - um grave erro, naturalmente. Pela produção de um textinho ficcional baseado em notícia, há um reforço do tema da matéria pela ilustração, um insulto ao trabalho ficcional. Vou abandonar a lógica porque fracasso na tentativa de provar em fundamentos o quanto me desagrada aquela coluna. Digo apenas que a Folha perde um pouco o brilho toda segunda. Concordem ou não, para mim este pitaco é um dogma.

THE PIPETTES. Queria muito um show, se queria.

"Se te escondo a verdade, beibe, é pra te proteger da solidaum."

Frase síntese da MPB.

Tantas vezes escuto esta frase.

Foi o Carlos aparecer aí com a Maíra para provar o óbvio: para o Rio de Janeiro virar o melhor lugar do mundo é só vir a elite de Porto Alegre pra cá e a escória sair.

Ou o sujo André Dahmer está se valendo de uma estratégia RAMONES de marketing de acabar sem acabar ou perdemos a melhor tirinha da internet no Brasil.

O Humaitá é um bairro muito bacana. Se pá mais além desenvolvo.

Não sei se é velha, acho até que já tinha ouvido rumores, mas o Lucio Ribeiro deu hoje que White Stripes tocará no eixo Claro Hall / Credicard Hall e em... MANAUS. A primeira escala da turnê dos esquisitos será num centenário teatro, o AMAZONAS, no qual os caras querem gravar um clipe. Outra locação sul-americana é um "lugar secreto" nas missões argentinas. Acid goblers adoráveis.

Outra notícia menos agradável que consta nos jornais de São Paulo é que os bambis querem levar o Muricy do Inter, em substituição ao Leão. Tava muito bom mesmo pra não dar merda.

Sou só eu e os computadores que uso ou mais gente está experimentando extrema dificuldade em acessar o gmail e às vezes até navegar nele?

A edição de Metamorfose que eu tenho indica a tenra idade em que a li pela primeira vez. Foi na sétima série, eu tinha 12 anos ou 13 recém feitos. Lembro de ter lido o livro bem rápido, talvez uma tarde. Não tive muita dificuldade com o português da tradução do Modesto Carone, mas seguramente não absorvi na ocasião toda a angústia do estilo protocolar e altamente descritivo que o escritor tcheco usa para relatar sua história absurda, parábola de ingratidão, violência e um estranho desenlace que flerta com a felicidade.

Esta leitura precoce me afastou do livro por mais de dez anos. Começava a reler e, ao recordar frases e trechos inteiros, concluía que era inútil prosseguir e pegava outro livro qualquer.

Doze anos depois e quiçá bastante mais maduro, consegui retornar numa tarde à obra que inaugurou a literatura do século XX. As alterações visuais que tenho há sete anos obrigavam a reler alguns trechos mais fechados e semelhantes a petições. O efeito que a narrativa fria confere aos elementos absurdos do fantástico é insuspeitavelmente brutal. Como mostra o exemplo, só uma frase cheia de adjetivos para descrever o efeito que a obra teve em mim. Agora é possível compreender intenções inescrutáveis para o guri de 12 anos que eu era. A figura ingrata da irmã, que levianamente cuida de Gregor Samsa no início para posteriormente ser a primeira a declarar necessário seu desaparecimento adquiriu uma posição central insuspeitada. E, de forma conveniente, o final com seu espreguiço juvenil sela com segurança a posição de inconsciente vilã que ela tem ao longo de toda a história. Muito mais monstruosa que a metamorfoseada protagonista.

Ainda não decidi o que é mais importante em minha vida, se a escolha do novo Papa ou a retirada do meu registro de jornalista na Delegacia Regional do Trabalho.

Considerando que é a primeira anotação desde a expedição da carteira de trabalho em 4/3/2002, acho que estamos com um certo favoritismo na opção 2.

É tradicional comprar a Zero Hora quando o Inter é campeão desde 1991. Para sorte, a banca de jornal que dispõe do periódico fica a apenas uma quadra de casa. Já tinha visto online que a cobertura, especialmente a "crônica do jogo" escrita pelo David, estava uma merda, mas não quis cortar o barato do pai e não falei nada.

A compra valeu se não por outros aspectos apenas para lembrar que Paulo Sant'Ana é ainda o mais engraçado cronista do mundo:

E para perplexidade geral do Rio Grande, numa façanha de premonição que só pode ser mediúnica, que não pertence aos fenômenos que ocorrem na esfera terrestre, previ que o vencedor da prorrogação de 30 minutos do jogo de ontem seria o Internacional.

Investiguem se as origens do gagá não são, ainda que remotamente, argentinas.

Nestes dias nublados queria estar em Imbé.

INTER INTER INTER INTER

Na falta de um gremista, cuspa na cara de um vascaíno.

PUTAQUEOPARIU. Sofrido e com delay de transmissão na Guaíba, mas BOM PRA CARALHO. É o baxo clero mordendo, mas Fluminense e Inter mostram quem manda. Chamo a isso ORDEM.

Achei um horror que todos os ingressos nos EUA eram MONOPÓLIO do Ticketmaster. Descobri que, ahan!, no Brasil isto também já é uma realidade. Quem tem o privilégio de morar no EIXO DO MAL pagará simplesmente o DOBRO das outras capitais para ver a turnê brasileira do Placebo. Aos números:

Rio e São Paulo: R$ 60

TODOS OS OUTROS LUGARES: R$ 30

Em São Paulo e no Rio ainda tem uma astuta invenção americana: a simpática TAXA DE CONVENIÊNCIA. Para não ter que ir na putaqueopariu, pague só mais R$ 6. Se ainda entregassem em casa, mas tu ainda tem que andar umas quadras.

E ainda tem a chance do Brian Molko estar cansado, porque Rio é a última parada. Sabe como são estas pessoas, ahn, pálidas.

Pagos os 10 barão, soltaram o castelhano. A única coisa que me deixou vagamente comovido com a prisão deste traste é que a mulher dele tá grávida. O que me ocasionou uma luz:

Vocês já viram ALGUMA mulher de jogador de futebol que NÃO esteja GRÁVIDA?

Um comandado do seu timeco é preso por chamar o rival de "negrinho de merda". O seu paisinho falido não consegue fazer R$ 10 mil chegar ao Forum de São Paulo para quitar a fiança. Desábato segue detido. O que o técnico argentino faz? Pede desculpas? Diz que tá com vergonha? Negativo.

Técnico se sente discriminado por ser argentino. - no Estadão.

Xenofobia? Não. Higiene.

Olhando para as estrelas do saldo em minha conta corrente penso em nossos nobres deputados, cuidando de nossos interesses nos parlamentos das capitais, câmaras das cidades e especialmente em Brasília.

Muito obrigado por tudo e que exista um inferno que os pague.

Ninguém me contou, eu vi uns tios pescadores tirarem dois peixes do mar de Copacabana no anzol.

Na manhã de hoje, o Professor de Ciência Política e Teoria Geral do Estado Guilherme Diefenthaeler, gaúcho, dava sua aula semanal quando foi interrompido por uma pergunta do estudante Zé Luis (a identidade do aluno é preservada em pseudônimo porque a reportagem não conseguiu apurar a verdadeira). O estudante indiano, que é doutorado em Ciência Política (e ninguém sabe por que diabos não eliminou esta cadeira), queria saber por que, em casos de desaparecimento de testemunhas, os processos contra o Estado, como chacinas, prescrevem.

O professor não forjou segurança no assunto, não chutou, apenas interrompeu a seqüência da pergunta, que já estava tomando mais de minutos de sua aula (acima publicamos apenas um resumo), e usou a metáfora do médico que é interpelado na rua por um paciente para explicar que não era o momento para aquela questão, que pouco ou nada tinha com o assunto da aula. O indiano insistiu. O professor voltou a interromper e seguiu a aula, olhando para outro lado da sala e dando seqüência a seu raciocínio. Mais uma vez é interrompido, ao que levanta a voz e pede que ele se cale.

Foi então que Zé Luis, um rapaz pardo como o indiano comum, usuário de uma longa trança, levantou e disse que se retiraria da sala. O professor Guilherme afirmou que ele tem liberdade para ir e vir quantas vezes queira, mas sem tumultuar. E perguntou à turma se alguém sabia o que estava acontecendo. O indiano, bufando, disse que ninguém sabia o que estava acontecendo porque o "idiota", ali, era ele. O professor riu. Foi então que o momento máximo de tensão sobreveio:

- Deixe-me perguntar uma coisa ao senhor, o senhor é RACISTA?

Um estudante louro e pouco bronzeado riu desbragadamente no fundo da sala. Todo o resto permaneceu em silêncio tenso. O professor Diefenthaeler não respondeu, apenas ordenou:

- O senhor se retire da sala AGORA!

A opinião do indiano mudou. Disse que agora ele que o obrigasse a se retirar da sala. Ameaçou ir na coordenação do curso e no Ministério Público Federal. Uma aluna rompeu o silêncio da turma e disse que queria assistir aula, não barraco. Uma discussão breve sobre mensalidades e qual valia mais, se a de uma pessoa ou da turma inteira, acontecia quando o indiano finalmemte se retirou, na companhia de um bedel. O constrangimento era insuportável. Quinze minutos depois, a aula seguiu seu rumo até o intervalo.

Após o intervalo, quem irrompe na sala novamente é o aluno Zé Luis. Como um cão mestiço, pede desculpas pelo constrangimento à turma e ao professor. É convidado a sentar-se, mas alega mal-estar e se vai pela porta.

Rubens Barrichello abandona mais uma prova.

"De fato, eu tenho dificuldade em ter a experiência do prazer. O prazer me parece ser de um controle muito difícil. Isso não é tão simples como usufruir das coisas. Eu devo confessar que é meu sonho. Eu gostaria e espero morrer de overdose de prazer, qualquer que seja. Porque eu penso que é muito difícil, e tenho sempre a impressão de não experimentar o verdadeiro prazer, o prazer completo e total; o prazer para mim está ligado à morte.
- Por que diz isso?
- Porque o gênero de prazer que eu considero como o verdadeiro
prazer seria tão profundo, tão intenso, me submergiria tanto que eu não sobreviveria. Eu morreria. Um exemplo que será ao mesmo tempo muito claro e simples: uma vez eu fui atropelado por um carro na rua. Eu caminhava. E por dois segundos talvez, eu tive a impressão de que eu estava a caminho da morte e experimentei um prazer muito, muito
intenso. Fazia um tempo maravilhoso. Eram umas sete horas, uma tarde de verão. O sol começava a se por. O céu estava magnífico, azul. Deste dia fica uma de minhas melhores lembranças.
Há também o fato de que certas drogas são muito importantes para
mim, porque elas me permitem ter acesso a esses prazeres terrivelmente intensos que eu busco, e que eu não seria capaz de atingir sozinho. É verdade que um copo de vinho, de bom e velho vinho, pode ser agradável. Mas isso não é para mim. Um prazer deve ser alguma coisa de incrivelmente intenso. Mas eu não penso ser o único nesse caso. Eu não sei conceder a mim nem aos outros, esses prazeres intermediários que criam a vida cotidiana. Esses prazeres não significam nada para mim e eu não sou capaz de organizar minha vida de maneira a deixar um lugar pra eles. É a razão pela qual eu não sou nem um ser social, nem sem dúvida, no fundo, um ser cultural; e isso é o que faz de mim algo de entediante na vida cotidiana. Viver comigo, que chato!"

a entrevista é com o Michel Foucault, mas certamente poderia ser comigo.

Valeu, Babi. Desde aquele perfil se percebe o quanto tu me conhece bem.

Terça é um dia de folga. Segunda-feira, uma boa noite pra esquecer.

A Prado Júnior nas primeiras duas horas de terça ainda se movimenta. Ou fica parada, esperando, como as putas. Num descuido chego a sentir pena dos turistas estrangeiros vestidos a rigor, como para uma 'noite' - camisas sociais, sapatos e calça. Eles acham que estão 'na balada'. Eu tomo meu chope a dois pilas no Crack dos Galetos, sentindo cheiro de azeite-ranço. Decadência agradável para quem tem a curiosidade da miséria, a nostalgia de uma condição que não viveu. Azulejos soltos, rádio de pilha tocando sertanejo, uma puta passa e faz o seu melhor tiro sensual com os olhos.

Uma sua colega entra apressada e estende dólares ao caixa. Como em prévio acordo, o caixa saca a calculadora, espanca a máquina com os dedos e agilmente retorna o que cabe em reais à profissional. Menos pressa, ela guarda o rendimento na bolsa e entra no táxi que espera na porta, metade em cima da calçada. Melhor amigo da puta carioca, o táxi. Dentro, há outra moça, acendendo um cigarro. Encaro até perceber o interesse pelo meu cabelo louro - sinônimo, errôneo no meu caso, de mais alguns dólares.

O chope alimenta fantasias. Copacabana-Malecón? Eles viveram sua ilusão, nós nos alimentamos permanentemente da nossa. Certo é que as putas e bactérias do ambiente Prado Júnior são rigorosamente as mesmas aqui e em Cuba. Onde viverão melhor os microorganismos do sexo fácil e da doença? Eu estou no Rio e já não tenho mais escolha, como elas. Nem mesmo a pretensão de acreditar mais em qualquer forma de superioridade.

Depois de uns meses sem mexer nos arquivos do blog enquanto hospedado no Exquisite, fui olhar e descobri que eles estavam corrompidos. Eram originalmente arquivos de IE e provavelmente se corromperam quando instalei o Mozilla. Não tinha cópia, ninguém a quem pedir e verifiquei que não há nada em cache.

Não me desesperei. Foi muito mais tranqüilo que uma vez em 99 que perdi tudo o que escrevera no computador até o momento. Perder dois anos de blog não significou muito, até o momento em que, fechados os navegadores, tentei abrir novamente os arquivos e funcionou. Só as imagens e comentários se perderam. Eu, que dava tanto valor a comentários e imagens (e eram tantos) consigo cologar o só, apenas, tão somente, na frente disso.

O próximo passo é acabar com o blog. Organizar tudo pra reunir num livro (não os posts, tolo, as idéias e frases) e VENDER.

Nos últimos dias preciso de um bom motivo pra abrir o sistema de publicação do blog. Bom sinal. Pena que quase sempre é fásico.

Tô achando que é um investimento mais inteligente jogar na loteria do que ficar fazendo concursos. Pelo menos as lotéricas são ao lado de casa, tu não tem que ir até a Zona Norte pra tentar a sorte.

Meu atual boteco preferido, o Clipper, no Leblon, ou tem o pior caixa da história mundial dos butiquins ou a mais genial estratégia de fidelização do cliente: as contas vem todas erradas. A teu favor.

Menos chopes que tu bebeu, 10% arredondado pra baixo e um Itaú de vantagens. Grande Leblon. Grande Clipper. Grande sanduba de pernil e grande sopa de ervilha.

Melhor bar, esta semana.

Alegria teutônica no bar e restaurante Frangó, São Paulo.

Vestido o PIJAMA DE ALMOÇAR, meu pai colocou no bolso uma cebola. Não fiz perguntas porque cada frase tem que ser repetida de três a cinco vezes, o que torna a conversa pouco agradável para ambas as partes. Chegamos no restaurante, servimo-nos.

Sentados à mesa, papai pegou a cebola do bolso e a descascou, cortando em rodelas para colocar em cima do purê de batatas. Eu olhei a cena, pasmo. Uma velha que dividia a mesa conosco ficou dois segundos contemplando as cascas e voltou a comer um pouco mais rápido.

Perguntei: - Pai?

Ele: - NÃO VOU PAGAR 1,99 CADA CEM GRAMAS DE CEBOLA, PORRA.

E riu. quáquáquá

Na saída, o pai ainda deu seu tradicional chutinho na bunda de um poodle.

Muito mais jovem que todos vocês, seus militantes da seriedade.

Em verdade vos digo: o Reino dos Céus é um boteco atrás da boate Help de onde onde sai chope Warsteiner e Erdinger sem parar das torneiras, servido gratuitamente por alemoas em trajes sumários. Arrependei-vos pois o fim está próximo.

Eu tenho um canto na biblioteca da UniverCidade. Apesar de ficar no Humaitá, o prédio é considerado Lagoa, ou pelo menos "região Lagoa". A vista que se tem da Rodrigo de Freitas em dias de sol no meu canto rivaliza com a leitura dos jornais e revistas. Às vezes fico 15 minutos inteiros admirando a estrutura natural diante de meus olhos para constatar, assustado, que tenho diante de mim uma Carta Capital e uma Folha para ler antes de voltar pra aula de nexos de causalidade em Direito Penal.

Com este meu canto e os jornais e revistas dificilmente farei muitos amigos por aqui. A biblioteca vazia é muito, muito melhor que a cantina lotada.

A sensação de que estou de volta ao colégio é inverbalizável.

Maior asneira que já ouvi na vida? Difícil. Esta semana foi:

Eu acho que todo mundo devia escrever. Escrever deveria ser uma coisa tão natural quanto cantar no banheiro.

Não, meu Deus. NÃO. Leiam mais, escrevam menos.

Esta é uma opinião que eu classifico como típica de um REPRESENTANTE DE MINORIAS.

Será que é a turma que eu ando ou uma característica do Rio que INVARIAVELMENTE uma ou mais pessoas se alienem das ocasiões sociais pra ficar no computador vendo flogs e nerdeando no messenger enquanto rola uma festinha de apê em volta?

Quem duvida é PUTO, mas pode comprovar. Por sinal, grande filme este do Gervitz. Comprova que a má vontade com cinema nacional é uma manifestação da síndrome de vira-lata do brasileiro.

COMPANHIA MUNICIPAL DE LIMPEZA URBANA/RJ (COMLURB)
Divulgado o edital do concurso com 1.200 vagas ao cargo de gari. Inscrições no período de 11 de abril a 27 de maio

E vai ter fila de dobrar esquina pelo salário oferecido, de uns R$ 550. Mais do que eu ganhava na Zero Hora.

Não foram muitas as vezes em que arrisquei, é verdade. Mas cada vez que me lembrava de churrasco lamentava que tivesse que deixar este prazer numa carinhosa poltroninha da lembrança por morar no Rio. Na companhia e às custas da família, fomos à mais óbvia e à caríssima Mariu's (Mariu's não tem site). Com a Mariana, fomos na que era reputada a melhor do Rio. Nenhuma impressionou, fora a Mariu's - que é uma churrascaria para as estrelas e a conta também vem com várias estrelas.

Ironia das ironias, a salvação estava ao lado de casa. Não chega a ser uma churrascaria-modelo como uma Na Brasa, Schneider ou uma Fogo de Chão, mas quebra um baita galho. Walter, pode anunciar à vontade os jantares da chusma portoalegrense na Giovanaz que eu não fico mais triste.

Agora só tá faltando aquele empreguinho. MESMO.

UPDATE DA PARANÓIA: Existe outra explicação para eu ter gostado de um rodízio no almoço de segunda na Carretão: estou a um tal distanciamento e desespero pelo churrasco que merece este nome que qualquer carne assada na brasa já tá me servindo.

"Está escrito na Lei. Você ACEITA a LEI? Crê nela? Pois a LEI te salvará. Se não te levar à ETERNIDADE, quando pouco te conduzirá ao SU-CES-SO."

Prof. Hércules Egídio Dias Aghiarian

Não sabia que teve a última rodada do gauchão neste domingo. Que sem graça.

Eduardo Galeano escreveu para O Globo de ontem que o melhor presente para os 100 anos do Boca Juniors é que nunca falte saúde ao arqui-rival River Plate. Peço pernas ao Grêmio, pelo bem do Inter e do futebol gaúcho.

O CHOCOLATE que o Fluminense impôs sem qualquer esforço no Flamengo não podia deixar de consolidar minha simpatia pelo pó de arroz de um dos melhores bairros da cidade. Torcer sem paixão é bem mais saudável.

Só não me chamem o Danrlei de volta que eu viro a casaca na hora.

PS - A grande quantidade de goleadas em Fla-Flu prova o quanto o clássico envolve menos tensionamento e pressão que um Gre-Nal. Cada vez mais me convenço de que não há clássico igual ao gaúcho. 2005 é um pouco mais sem graça sem a ocorrência do campeonato portoalegrense de futebol, que sempre acontece em rodada única a cada Gre-Nal.

amor 10/12/2004 02:30
o mundo é um imenso balde de amor imerso em gim e cerveja.

Leandro 10/28/2004 16:30
o foda é a ressaca do dia seguinte...

Marcelo 12/09/2004 05:02
a ressaca passa quando a gente começa a beber de novo.

Dê 03/08/2005 22:51
mas e o amor, acaba?

Mauro Não 03/09/2005 05:48
Não. Tu te embebeda mais uma vez e começa a amar de novo.

Delírio.

Neil Young sofre aneurismo.

Cargo: Produtor
Título: Produção de platéia
Descrição: Procuramos profissional com EXPERIÊNCIA em produção de platéia, para programa jovem. Candidatos enviar currículos para redegospel@renascer.com.br ou adriana@renascer.com.br, aos cuidados de Claudia Bastos.

Empresa: Rede Gospel de Televisão

Agradeço ao Metallica por não ter lançado Garage Inc. em 1995, ao invés do Load. Se isso tivesse acontecido, eu jamais teria parado de ouvir metal e ainda vestiria camiseta da Megaforce. Last Caress/Green Hell era tudo o que manteria minha fé no metal naquela época, impedindo que eu me bandeasse pro punk/hardcore. Hoje em dia o máximo que acontece é minhas caixas de som pegarem soronidades arenosas.

De um palpite do Domingo de Páscoa:

Cantando a pedra, acho que Mel Gibson ainda vai filmar OUTRO com o Jim Caviezel e os coadjuvantes no papel de Jesus e sua turma. O filme se chamará "Acts", e retratará o livro Atos dos Apóstolos, com tudo o que Jesus fez após a ressurreição e o que seus apóstolos fazem durante os dias em que o Cristo ressuscitado está entre nós. Entre as possíveis cenas de ação e violência, a cegueira momentânea de Saulo, a crucifixão em ponta-cabeça de Pedro, a queima em óleo de João evangelista e um mundo de outros momentos riquíssimos em potencial de dramaticidade, sangue suor e lágrimas. Se Mel for esperto como eu acho que é, confirma.

O Jesus 3 poderia ser sobre o APOCALIPSE, com o título APOCALYPSE NOW. Ou, simplesmente, "REGRET YOURSELF, you stupid fuck".

Religião definitivamente dá bons filmes.

Semana de CRÁSSICO. Reportagem sobre o Fluminense no Globo Shporrtch: uma rápida retomada das expectativas do técnico Abel e dos garotos oriundos das categorias de base. Reportagem sobre o Flamengo no Globo Shporrtch: uma carinhosa entrevista na Praia Vermelha, retomando a trajetória do Cuca. Uns dez minutos a mais de espaço.

Maracanã: provavelmente não irei. As famílias dos cambistas que contem com o dinheiro de outro otário.

Caroline Andreis e a resposta.

Eu também acho que o Jean tem tudo a ver com Porto Alegre. Aliás, a fama que gaúcho tem no resto do país, depois dos Cassetas, passaria a ter alguma justificativa.

No Domingo de Páscoa e hoje peguei a Paixão de Mel Gibson bem na parte em que rola a Via Crúcis. Além de herege, quem não reconhece o enorme esforço artístico e de produção desta obra tem a sensibilidade da Deborah Secco. Eu vejo de boca aberta e com baba caindo do beiço e dizendo: obrigado, obrigado, obrigado.

Ninguém me empurrou dogma nenhum. Aos 10, 11 anos escolhi fazer comunhão. Foi muito bom para mim. Tenho saudades da minha fé.

Sem considerar que lançou os pilares da civilização ocidental, a Paixão de Cristo é a mais bela das histórias. O mínimo indício de que seja verdade e eu acreditaria de novo em tudo. Aliás, sem nada disso já acredito. Só pela beleza. E o Mel se deu pra caralho, falem o que quiser, fez um puta serviço.