Quando a nostalgia bate em excesso, alerta: algo não está muito bem no presente.

Meu tio, irmão do meu pai, que está com uns 70 e poucos anos será operado hoje. Fiquei sabendo agora pouco a causa: um câncer de pulmão. Sabe quando ele deixou de fumar? Década de 60.

No meio tempo, fez três safenas.

É, realmente, o êxtase que é botar fuligem amarga pra dentro do pulmão vale a pena.

Pra quem anda com saudade da minha voz de mangolão (sempre tenho impressão de que tenho voz de retardado quando ouço gravada, mas desta isso ficou bem, bem destacado), está no ar a entrevista que Fred fez acho que um mês atrás. No mesmo programa, dá pra ouvir o famosérrimo "Olha como sou macia", de Amor, Estranho Amor.

* * *

É rodízio de merdas entre as favelas da Zona Sul. Minha mãe tem razão quando diz que isso só acontece quando esquenta. Quando tá uma temperatura de gente a bandidagem fica encolhida em seus cobertores, lá em cima do morro.

* * *

34° às 8h30min. Acordei todo suado, grudando. Não há meio termo, que inferno.

Não costumo ser invejoso com a riqueza dos outros. Como todo mundo, me tomo para padrão do resto e acho que as posses de minha família estão no limite do que é decente para um país como o nosso. Nada de luxo, apenas conforto. Acharia absolutamente normal ter muito mais, só que não cabe num país como o nosso. Isto é indecente, imoral, sujo, revoltante. Tive um mal estar quando vi as fotos, que são muitas. 225, para ser exato. Acho que em toda minha vida não tirei tantas fotos de mim mesmo. Não é nem necessário os outros elementos do babado para que tudo adquira estes contornos de imoralidade - dizque o pai do guri está envolvido nas maracutaias do BMG - o simples fato de se fazer uma festa tão obscenamente cara já se basta per se. Você me pergunta: TU não gostaria de ter tido uma festa dessas quando fez 18? Sim, poderia dizer que é um sonho de festa. Realizá-la é que é indecente. Muita gente come merda de café da manhã por aí para que se aceite com naturalidade uma gastança desbragada dessas. E, convenhamos, foi uma coisa muito nouveau riche PAGAR para gostosas te darem beijinho na bochecha.

Ficamos mais de uma hora, eu e o Mené, definindo imagens e conceito. Isso TINHA que ser capa. Quem disser que é inveja ganha de brinde uma camiseta com a cara do bundinha. Depois desta capa, das máscaras e das fotos de 5 metros por três, ele tem que virar um dos símbolos do Insanus.

Logo mais, na Tela Quente, o prêmio cereja de várias categorias em 2003, também conhecido pelo enorme teor de humorismo involuntário.

Mas eu não agüento mais ouvir falar em Robinho. Não me interessam os "galáticos" do Real Madrid, não me interessam que sejam brasileiros. Estou cagando um enorme cagalhão para o futebol espanhol que vive às custas de importação.

A simples menção à "pedalada" de Robinho me revira coisas não digeridas no estômago.

E, Meu Deus, para que CAPA DE JORNAL sobre um cara que foi jogar em um time na Espanha? É o cúmulo da subserviência: parir, alimentar, treinar e exportar aquele brinquedinho de gente e depois ainda acompanhar, babando entre exclamações, seu sucesso milionário em um país estrangeiro. Puta que pariu, que paisinho triste que é este brasilzinho. Sempre.

diz:
MAIOR UNIVERSIDADE DO BRASIL

diz:
sexta descobri que NÃO VENDEM CHIP DA TIM NO AEROPORTO
diz:
só consegui comprar no sábado de tarde, depois ANDAR MUITO
diz:
obviamente no mesmo lugar que eu comprei não tinha cartão pra botar crédito
só consegui colocar crédito ontem
diz:
depois ainda me perguntam por que eu prefiro morar em Porto Alegre
diz:
peraí, vou cagar no banheiro desses paulistas

Saindo da casa do Delfin, que fica no Baixo Gávea, topo com ninguém menos que Debora Bloch. De óculos azuis e saia floreada.

"Once a woman turns against you, forget it. They can love you, then something turns in them. They can watch you dying in a gutter, run over by a car, and they'll spit on you."

Também tenho minha imagem bonita de hoje. Uma menina, aparentando segundo grau em curso, chega ao restaurante. Olha em volta, não vê mamãe. Faz uma cara de "que saco", aquela que as adolescentes fazem quando não encontram aquela bolsa própria pra levar o celular e outros apetrechos pras festinhas. Ela abre a mochila, tira o celular. Com o aparelho no ouvido, procura enxergar alguém olhando a entrada do restaurante. Resignada e absolutamente constrangida pelo que ela considera o vexame: ter que ficar ali esperando, guardando uma mesa.

Um tempo transcorre sem que ela faça nada além de olhar para o buffet de quando em quando, mão no queixo, para a entrada, um suspiro, um sorriso para alguma garçonete conhecida. Estranho que ela conheça garçonetes tanto quanto eu, deve freqüentar o restaurante e nunca havia reparado nela. Finalmente, chega a mãe. Uma sua versão com ventre proeminente, óculos, cabelo ruim e camiseta de quem visitou New York ou foi presenteado por alguém que visitou. A mãe a beija, sorridente. Ela perdoa a mãe pela espera, ainda magoada, mas prontamente docificada pela troca de carinhos.

Cruzo os talheres. Desisto de terminar o prato.

Com os sinus faciais podres, colocando soro o tempo todo, princípio de febre, uma chuva de irrigar plantação caindo, estou no Real Chopp esperando um caldo verde e a hora de ir pro estádio.

Uma senhora não muito elegante bebe um uísque, entre grasnados de Heleninha: UJ JOVENSH NÃO TEM MAISH RESHPEITUM. NEM PELO PAI, NEM PELA MÃE NEM PELA AVÓ. VOU APAGAR TODUJ UJ COMPUTADORIJ DU MUNDU... NU CÉU!

O Ceará aparece na minha mesa, rindo: MUTCHOLOCA A TIA, NÉNÃO, RUSSO? TÁ DESDE ONZORA DA MANHÃ E NÃO LARGA O COPO.

Pode crer. Eram 18h30min, passava da hora de sair para a Ilha. Dei cinco barão pro Ceará e não esperei troco. Trânsito infernal, chego no Centro justo a tempo de pegar o Diogo no horário combinado: 19h30min. Para sorte não há muitos momentos de contenção de tráfego até chegar à Ilha do Governador. Em menos de meia hora já é possível ver a movimentação de torcedores e polícia. Muito, muito pouca gente. Desses públicos que eu estava acostumado a pegar nos domingos de inverno dos campeonatos gaúchos da década de 90. O estádio luso-brasileiro também dá esta impressão de desimportância. Arquibancadas de madeira, ao relento. Um escudo da falecida Portuguesa Carioca, da qual nunca havia escutado até então. Os times entram em campo sem pompa, as crianças da escolinha de futebol não acompanham Botafogo. Não há fogos. O grito de uma torcida de não mais que duas mil pessoas é melancólico. FOOOOGOOOOO FOOOOOOGOOOOO. Parecia ilustrar a chama da refinaria de Manguinhos, que se via ao longe. Fraca, opaca, perdendo força por falta de vontade.

Muitos cambistas tiveram que enfiar seus ingressos rabo adentro esta noite, como os botafoguenses enfiaram sua bandeira. O ex-líder do campeonato não entrou em campo.

Não há mais por que temer o dia 25 de agosto, ou o próprio agosto.

O resto é jornalismo.

Finlandeses vêm ao Rio mostrar seu suingue, sobre o grupo de heavy metal melódico finlandês Stratovarius.

Críticas reais feitas a um prefeito virtual, evidentemente sobre o melhor prefeito do Brasil.

Para se tomar o melhor chope do Rio há que se ir a um SHOPPING.

Os quiosques da Brahma, especialmente feitos para serem instalados em corredores de malls, é o único lugar para se tomar chope sem adição de água no mercado carioca.

Porto Alegre é melhor, neste aspecto: tem o Via Imperatore.

Nem atentei ontem ao comprar meu ingresso que hoje não é um dia de muita sorte na história. Foi neste dias que há sete anos fui detido, numa história que já me cansei de contar.

Ainda por cima, chove barbaridade na Guanabara.

E eu tô ficando doente.

Acho que sou meio colorado mesmo, só pode.

Finalmente um atacante que é gente como a gente. E ainda FAZ.

Não sei se é fruto do cansaço a sensação de dejà vu que acompanhou toda a visita desta tarde à PUC-Rio. Há bambuzais, vista da floresta da Tijuca bastante próxima e muitos espécimes raros plantados com a respectiva plaquinha identificatória. Mais: um córrego com GARÇAS. Isso fazendo um bom ambiente para instalações bacanas, com lanchonetes meio de grife (franchise style) e muitas meninas e meninos em trajes de meninos e meninas. Tive a certeza: era o prédio do Direito. Eu sabia que quando achasse um cabeludo meio gordo com uma camiseta do Motörhead eu estaria no prédio da comunicação. E não tardou a aparecer. Como acontece em Porto Alegre, o Direito e a Comunicação estão lado a lado.

A biblioteca foi facilmente encontrada. O sistema de pesquisa é idêntico ao da PUCRS, computadores por todos os lados. Ambiente asséptico, silencioso. Pessoas respeitando o silêncio. Debord.

É curiosa a sensação de ler teoria. Eu sempre experimento a vontade de que todas as pessoas compartilhem daquelas idéias como de uma doutrina obrigatória. A Sociedade do Espetáculo é um livro que deveria ser lido e compreendido por todos. Mudaria o mundo se obtivesse a penetração de uma Bíblia ou de um livro recém lançado do Paulo Coelho. Mas não. Ele não está lá para ajudar. E muito menos para ser entendido por todos. Eu mesmo vou ter que comprar e ler algumas vezes para poder me arrogar a condição de entendido em algumas daquelas idéias.

Antes disso, ainda durante os primeiros momentos no Campus, passei por umas intervenções em postes que lembraram as que meu saudoso amigo Pilla (curiosamente, no momento em que digito o nome do Pilla tenho a nítida sensação de ter uma veia rompida dentro do nariz depois do uso de neosoro. Não, não tinha nada no Neosoro além do próprio) espalhava por Porto Alegre há um tempo atrás:

Você crê no que lê?

É bonito ver os jovens espalhando o terror mal digerido do que leram.

(O mal estar não está passando, se esta for a última coisa que escrevo em vida quero registrar que acho uma puta obviedade do caralho morrer em agosto, preferia até fevereiro que pelo menos tem carnaval. Tô com medo de ir dormir. Acho que vou caminhar até clarear o dia.)

UPDATE: Parece que é só minha hipocondria mais uma vez dizendo que é hora de ver o Dr. de cabeça.

Instalei o Sitemeter só por causa do mapinha. O mapinha eu achei sensacional.

Nenhuma surpresa, os acessos se concentram nas regiões sul e sudeste do Brasil, com eventuais ocorrências no Pará, Amazonas e Bahia. Mas me intriga o reiterado número de vezes em que ocorrem visitas de Houston, Bayer/Munich e Suécia. Tenho conhecidos nestes lugares, no fim das contas. Pessoas, por favor, comuniquem-se.

Pessoas estranharam que eu votei no Cesar Maia ano passado.

Acreditem, viver na Zona Sul te faz tranqüila e rapidamente um reaça porcalhão de direita.

Depois de abordado com um pedido por cigarro nada sutil - afinal ter a manga da camisa segura confirgura já um assalto, ainda mais no calçadão - virei um defensor incondicional da violência por parte de agentes da lei. Tô com o ishculacho e não abro. Xilindró de delegacia por um mísero dia é muito pouco pra estes filhos da puta.

O Fred e a Cecilia estão com um genial programa de não-debate, já na segunda edição. O melhor quadro sem dúvida alguma é o impagável letras mal-traduzidas, que provoca a inutilização imediata da cueca que porventura eu esteja vestindo.

Minha voz participa dos dois programas em vinhetas nas quais faço Diogo Mainardi e Cesar Maia, respectivamente. A do Cesar Maia é um pouquinho menos constrangedora.

*Você está criando paradigmas de consumo.* - tendo o pênis alisado

*Eles estão emitindo boletos e notas promissórias.* - ao ouvir barulho de água correndo

*É bom quando o amor do sexo é neutro.* - gran finale

Minha irmã tem duas amigas portuguesas. Irmãs, uma da outra. É uma graça vê-las falando, perceber o quanto da sonoridade do português se perde com a transposição de um extremo a outro do Atlântico.

Uma coisa é igual: o complexo de vira-lata. A mais velha estava indignadíssima com uma inglesa que não tivera pudor de falar que Portugal era uma porcaria. Falei pra ela: se estivessem falando mal do meu país de origem, o Rio Grande do Sul, eu ainda ajudava a terminar de detonar. Mas no caso de uma inglesa a resposta era tão fácil. Envolveria vaselina e velcro.

Outra coisa que reparei nas portuguesas: não estão nem aí pra Atkins. Enchem pratão de arroz, comem com vontade e repetem. Comem mais que eu. Sério. E nem são muito gordas.

Eu nunca me sinto mais feliz de estar no Rio do que quando eu percebo que os melhores bares do mundo estão aqui. Há bares para todos os gostos em matéria de gênero, na minha rua existe até um Sports Bar (Tvs em todos os cantos transmitindo a reprise do torneio de Wimbledon enquanto uma jukebox toca *A Hard Days Night* pra um bêbado dançante). E o padrão é chopp Brahma. Poderíamos pedir mais, mas não por este preço e não a esta hora. É só descer e lá estão, putas, michês, bolachas de chopp e porção de salaminho vencido.

Só faltava meus amigos.

Hoje conheci mais um must: o Bar do Manoel (Sujinho), que responde pela demanda das faculdades de comunicação e psicologia da UFRJ na Praia Vermelha. Reencontrei aquele sentimento de deslumbramento. E queria mais uma vez ter a energia, desenvoltura, cara de pau, motivação de 1998. Aquele ano que foi marcado exatamente por isso: deslumbramento, exclamações, os melhores orgasmos (dos quais não lembro), as primeiras doenças venéreas (curadas), uma detenção, o começo da noção estética e de conduta (primeiros ensaios).

Foi bonito ver aquelas pessoas de menos de 20. Sua esperança e energia nos seus corpos de menos de 60 quilos de massa e menos de um milhão de ressacas na bagagem. Eles ainda têm saúde pra escolher Itaipava enquanto poderiam por apenas dez centavos mais tomar Antarctica ou com mais um real uma classuda Bohemia. Heh. Jovens.

Ainda passo despercebido por eles. E não sou mais um.

Poluição em SP mata oito por dia
Dados, baseados em diversos estudos do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP, mostram que a poluição atmosférica mata indiretamente, em média, oito pessoas por dia na cidade de São Paulo. A exposição aos diversos poluentes emitidos também reduz a expectativa de vida dos habitantes: pesquisas indicam que o paulistano perde dois anos de vida por morar em um local poluído. Apesar de assustadores, esses números já foram maiores, chegaram a 12 mortes diárias indiretamente causadas por poluentes e três anos de vida perdidos. IN: FSP, 18/8, Cotidiano, p.C5.

O pior é que a maioria esmagadora da população ainda fuma.

O Sindicato dos Jornalistas do RS está com novo serviço para facilitar ainda mais o contato com os associados - é o Financeiro On-line.

(...)

Nessa forma de pagamento não é necessário dirigir-se ao Sindicato, o Sindicato é que vai até você.

Os grifos estão no original. Vou imprimir correndo o meu boleto.

- Ichquiusmi, mei ai révi iór atenchion, plis?

- Por que tá falando em inglês comigo?! (BA-BA-CA)

- Fala português?

- ...

- É que cê tem cara de gringo (sorriso).

- E você tem cara de VIADO.

Prevejo algum trabalho, mas muita diversão também.

Virgínia (com medo) - Morrer, não. Não posso morrer. (como uma fanática) Nunca. (desesperada) Se eu morresse, ele não me enterraria, tenho certeza. Deixaria meu corpo na cama, esperando que eu, apesar de morta, continuasse tendo filhos, (lenta) filhos pretos...

Nunca fui até o final de uma peça da bicha louca inglesa. Em compensação, tenho que interromper o ranger de dentes que é uma constante na leitura de qualquer uma das inúmeras peças que compõem o meu Teatro Completo para soltar urros animalescos de gozo angustiado.

Não vejo qualquer autor de teatro que possa lustrar os sapatos de Nelson Rodrigues.

Já fui a algumas encenações de suas peças. Já vi o sagrado ser conspurcado por aquela bicha véia tarada por merda, já vi Marília Pêra gritando de dorrr nos ovários como Geni, até se não me engano assisti montagens da Terreira da Tribo. Deposito minhas melhores expectativas na tentativa do Nelsinho de encenar uma das peças mais doentes do pai, Anjo Negro.

Aguardo com impaciência pelo fim de semana.

Qualquer coisa feita no México tem um quê de cafona. O México adjetiva tudo o que é relativo a si com mau gosto. E o SBT é mister em veicular produções mexicanas há anos. Isso acabou por contaminar qualquer produção de Silvio Santos de uma atmosfera brega, anos 80, poluída de atrozes escolhas estéticas. Antes eu achava que era a velhice dos equipamentos. Com o SBT rico de hoje em dia se provou o erro. Não adianta a tecnologia de equipamentos novos: qualquer produção do SBT está fadada ao mau gosto, ao kitsch.

Não foi diferente com a estréia do SBT Nacional, o telejornal da Ana Paula Padrão. Corajosa, a minha apresentadora favorita resolbeu embarcar no delírio jornalístico do Silvio que, mais uma vez, resolveu brincar de jornalzinho. Corajosa, sim, porque volta e meia o homem que mais paga imposto de renda no país resolve que não quer mais brincar de notícia e demite todo mundoomm.

Uma pena. Gostava dela bem onde estava, no Jornal da Globo. Com o cenário BRANCÃO que ganhou no SBT e todo o concreto que esculpiram em sua cara teve o efeito de transformá-la numa Marisol do telejornalismo. Só falta terminar com *una buena noche para vos, y hasta mañana*.

O SBT nunca vai ser sério. Não entendo a insistência. Que continuasse jogando aviãozinho com nota de cinqüenta para as empregada que era de muito melhor tom.

A falta de talento para a maior parte das coisas práticas me fez adiar este post de considerações finais sobre a estadia em São Paulo. Mas foi bom para garantir a certeza do item *saúde*, que com algum exagero poderia levar o nome *sobrevivência*.

A lista:

1) O ar de São Paulo pode, sim, te levar a adoecer. Combinado com o frio, me provocou um resfriado que só passou aqui. Catarreira desgraçada.

2) Independente de fazer mal, é desagradável respirar a atmosfera carregada da cidade. Saindo do avião, foi incrível sentir o oxigênio entrar por todos os poros. E isto que eu estou na segunda maior cidade do país, com problemas de poluição já bastante sérios. Mas barulho é melhor que respirar, comer, cagar e absorver por todos os poros fuligem e poeira.

3) Nunca mais reclamo dos preços no Rio. Sampa revelou uma capacidade única de cobrar os preços mais superdimensionados do país. Da comida aos transportes públicos, é uma manifestação clara de que mercado competitivo não quer dizer preços justos ao consumidor.

4) Existem filhos da puta paulistanos, eu que ainda não conhecia.

5) A Rua Augusta é a Barros Cassal.

O prêmio HAVAIANAS DA ADIDAS São Paulo 2005 vai para o bar REI DAS BATIDAS, no bairro Butantã, na Rua PIRAJUÇARA.

Preço da cerveja: Bohemia (e similares) R$ 4,40 Brahma (e similares) R$ 3,40.

Me senti ao mesmo tempo num subúrbio de São Leo (pelo ambiente) e na Vila Madalena (pelos preços).

Foi aqui mesmo que eu disse: está encerrado qualquer ensaio de fanatismo, qualquer ato de loucura pelo Inter.

Se alguém acreditou, fui eu quem mais queria acreditar nesta lorota.

Hoje rolou uma subida ao terraço do Edifício do Banespa, também conhecido como Empire State Building wannabe. Legalzinho. Mas é impressionante como se sobe, fica cinco minutos e é o suficiente. Ao contrário de uma vista de Nova York, uma de São Paulo não provoca êxtase estético. No máximo assombro.

Caminhei até me intoxicar, mais uma vez. Depois de muito relutar na necessidade por uma comida, acabo indo no tal do lugar que inventou o Bauru. Tudo bem que é o primeiro, mas poderia custar R$ 3 ao invés de R$ 10. Prêmio Havaianas da Adidas edição SP continua disputadíssimo.

Pegar metrô em horários de pico é experiência-limite. Multidões se atravancando mesmo com trens de minuto em minuto. Mas o que eu queria dizer é imagine a seguinte situação:

a) uma estação lotada

b) de japinhas saindo de um colégio Japa

Sim, muitas. Diversas. E com saias plissadas. Uma ORDA de nisseis. Dizque tavam saindo de um colégio chamado Etapa. Etapa. Um nome de japa, sem dúvida.

Entendam, uma cidade não está completa sem uma CHINATOWN. Toda cidade precisa ter um bairro oriental. Qualquer cidade.

Queria muito um sobretudo da PM paulista. Muito. Aquela bandeira de São Paulo para mim representa quase uma suástica.

E deve esquentar que é uma beleza.

Quando será o próximo concurso?

É normal mesmo ficar com a pele vermelha ao ponto de parecer uma vítima de napalm no inverno de verdade?

Acho que esqueci como era.

Ontem e hoje dei boas caminhadas. A da véspera foi da Aclimação até a Paulista no Masp, mais precisamente aquele botequinho chamado CHARME DA PAULISTA, ao lado do Trianon. Depois rolou uma pernada insana até a Liberdade, uma pesquisa de preços para a compra do saquê japonês mais em conta e mais uma subida de descida de lombas até a Vergueiro, onde descobrimos um bar com chope bom e barato e uma pizza com preço e qualidade regulares. A volta para casa foi num unânime metrô.

A chegada e o banho revelaram os efeitos da caminhada: a pele se resseca com o frio, mas é diferente de Porto Alegre. A ardência parece devida a alguma toxicidade do ar. Não sei se é somatização, até pode ser.

A caminhada de hoje foi mais suave. Abrangeu desde o Itaim Bibi, mais nova morada do meu amigo yuppie e sua top namorada, até Pinheiros. Atravessamos dois bairros e a distância cobriria com facilidade mais da metade de Porto Alegre. Sinto a poeira e a poluição obstruindo os poros. Não é legal, mas também não é o inferno. Vamos fumar e ver Sin City, mais um programa moderno. Depois, barzinho na Augusta, que já se torna monótona mas agradavelmente familiar.

Domingo não há nenhum movimento na rua depois de 23h. Zero. Mas os cachorros, perturbados, latem. Nem o dia amanheceu já se nota a efervescência de veículos produtivos. Nem sinal dos cachorros histéricos.

Durante a noite houve a invasão de um gato, que premiou um dos colchões com uma bela instalação.

You're born, you take shit. You get out in the world, you take more shit. You climb a little higher, you take less shit. Till one day you're up in the rarefied atmosphere and you've forgotten what shit even looks like. Welcome to the layer cake son.

Era pouco passado de meio dia quando irrompe uma amiga voz em sotaque baiano do quarto:

- Bom dia, cê já almoçou? Não? Bora cumê uma MASSA NO BIXIGA.

Não há proposta que supere esta em carinho. Mais uma novidade para a divertida rotina de descobertas. O lugar era a Cantina Roperto que, acabo de saber, não é no BIXIGA e sim no Bela Vista. OU NA BELA VISTA. Sei lá. Sei que desde uma visita à Itália não entrava em uma cantina tão autêntica. Há uma em Imbé que se chama Cantina da Figueira e inclusive te permite comer à vontade (admirável o fato de ser no LITORAL GAÚCHO e ter mais de 15 anos ainda em plena atividade), existem algumas no Rio, mas nenhuma pode ser comparada. Um pão que parecia realmente feito nos fornos de barro de Roma. Um antepasto de sardella que eu achei simplesmente de chorar, com uma azeitona meio preta meio azul de um VOLUPTUOSO GOSTO SALGADO que me fazia querer mais e mais. A expectativa criada pelo antepasto gerou uma espera demasiado otimista pela massa, que acabou revelando um carbonara meio decepcionante. Mas a de molho ao sugo provou ser de respeito, mesmo fria. Ah, as massas são caseiras, feitas lá mesmo. Não quero desdenhar o Copacabana, mas o profissionalismo é muito mais evidente.

Completou um filmezinho que supera expectativas no Unibanco da Augusta e alguma socialização sem álcool com meu primo Lino, que ainda não me deu seu endereço do blog. Ah, sim. E ontem eu comi rã. Rã assim, o animal. Sim, aquele que pula. Tem o gosto de um peixe com a consistência de uma galinha. Muito estranho.

O Galera se antecipou (mais uma vez) e disse bastante do que eu teria dito sobre São Paulo caso ele já não o tivesse feito. Estou aqui desde quinta, devo quebrar o recorde de estadia na próxima semana. A diferença é que posso comparar a capital paulista ainda com uma outra de porte semelhante: o Rio. Mesmo sabendo que tive sempre o privilégio de estar hospedado nos melhores bairros aqui tenho certeza de que a experiência urbana de uma Copacabana é muito mais intensa que em qualquer lugar desta cidade. Creio que as dimensões mais largas são um elemento que "estica" a sensação de claustrofobia. Donde São Paulo pode ser muito mais suave que o Rio. E organizado. Seja jogando um bilhar na Augusta esperando o metrô abrir, seja tomando uma cerveja no Sujinho (perfeito HAVAIANAS DA ADIDAS), seja caminhando para me perder, estranho bem menos São Paulo que um dia estranhei o Rio. Parece que se encaixa numa categoria mais familiar. E os expressos sempre são ótimos.

O objetivo de vir para cá não foi cumprido. Fiz a prova de hoje de manhã mas a aprovação seria daquelas evidências de que Deus existe e é capaz de injustiças. Comprei também um lápís, uma régua e uma borracha desnecessários. Caminhei para casa na volta, o estômago queimando. Mas tudo parece fazer sentido e dar certo aqui. Tudo se encaixa perfeitamente. Como as borboletas que se amavam com os cus colados aqui na porta da casa de Fabio. São Paulo estranhamente parece fazer sentido.

- Tu é FEIO, VELHO E AINDA POR CIMA É GA-Ú-CHO!

Tô indo. Até dá pena, o dia tá tão bonito.

O show que Moby faria em Porto Alegre, em 19 de setembro, deve ser
cancelado. Nesta data, o norte-americano tocará em São Paulo, em festa
no hotel Unique.

Meu espírito de porco comemora. E os bares da Padre Chagas também, mais um dia de faturamento.

Ontem eu descobri que as pastas da padaria aqui de perto, que eu achava tão baratas no seu preço de R$ 6 por cada 100 gramas, não passam de maionese (marca vagabunda, não Maionese com M maiúsculo) + qualquer coisa que dá nome à pasta, como salmão, caviar, etc.

Mas não é sobre isso que vim resmungar.

É que ontem é o dia de uma promoção de uma conhecida multinacional de pizzas, que se autodenomina *THE PIZZA DELIVERY EXPERTS*. Nem vou lincar, todo mundo sabe que estou falando da DOMINÓS. Pois bem, o contrato que se firma verbalmente é o de *minha pizza em 30 minutos ou ela DE GRAÇA*. Terças-feiras é o dia da promoção duas por uma desta pizzaria. É natural que o movimento aumente, mas isto não é um problema meu: a pizza tem que estar aqui na minha porta em 30 minutos, a proposta da Dominos no mundo inteiro é esta. A gerência sabe que esta é uma condição inflexível. Mas o que fazer, se a pizza não está pronta no prazo de ser entregue? Mandam QUALQUER UMA que esteja pronta para não tomar o preju. Na verdade, nem sei se esta é uma iniciativa da gerência, mas é o tipo da MALANDRAGEM de FLEXIBILIZAR UMA CONDIÇÃO DE SERVIÇO que é o ESPÍRITO DA DOMINOS. OU SEJA: para a loja não tomar o preju de seguir o princípio da multinacional, dá o GODÔ no cliente mandando pizza errada no tempo certo. Se colar, colou. Senão, simplesmente manda a certa e deu. Perde-se uma pizza - que já estava feita e velha esperando o pedido - mas não o dinheiro.

Por estas malandragenzinhas que o Rio de Janeiro cobra o alto preço de sua beleza. Puta que pariu, que bando de filha da puta.

Só uma ressalva: a pizza é realmente CORRETA, ainda que não cumpra os prazos de entrega.

A maior diversão das audiências nas CPIs é ver Luciana Genro ser invariavelmente humilhada.

Me pelo de medo. Pensei seriamente em viajar para São Paulo dia 31, mas o passar pela Ponte Aérea na volta ainda seria Agosto. Uma boa solução seria ficar em São Paulo o mês inteiro. Mas numa cidade maior a chance de dar uma merda maior tem ainda mais amplas dimensões. A coisa cresce, percebam.