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HAMLET, O REPÓRTER
Uma ausência tão longa só poderia ser quebrada por uma história que valesse a pena. E é exatamente isso que a história de Hamlet é: uma história que vale a quebra de um silêncio de mais de dois meses.
Conheci Hamlet em uma dessas pautas em frente ao Deic. Me chamou atenção que ele, um cara que já foi loiro e hoje é grisalho, chamava aos homens "canalha" e às colegas de "criança", toda vez no tom mais sério que se pode imaginar.
Hamlet naturalmente não se chama Hamlet. Este foi o nome que dei a ele, sequer lembra em absoluto o original. É para preservar a identidade deste repórter, que existe mesmo.
Existe tanto que o governador José Serra, o Nosferatu, conhece Hamlet pelo nome. Na terceira vez em que o repórter insistiu na pergunta o governador, virou-se irritado para Hamlet: "o que é, fala Hamlet" e respondeu direitinho a pergunta.
Repito, o governador de São Paulo sabia o nome do repórter.
Na verdade, acredito até que foi uma forma de intimidar, porque não duvidaria que o próprio governador saiba da maior excentricidade do Hamlet: ninguém, absolutamente ninguém, sabe onde ele mora.
Isso ele contou às gargalhadas enquanto esperávamos o governador em uma coletiva.
"Ligaram para o meu celular da redação. Eu não atendi, normal, estava fazendo outra coisa. O chefe de reportagem falou 'ah, é? vamos ver se não vai me atender.' E mandou um carro ir na minha casa me buscar."
"Os motoristas todos disseram 'mas a gente nunca pega o Hamlet em casa, ele sempre combina em um lugar perto, sempre num ponto diferente. Ninguém sabe onde ele mora.' O cara espumava, ficou três meses sem falar comigo e ainda me deixou 40 dias morando em Cuiabá."
O Hamlet. Cheguei a ficar orgulhoso quando vi ele se abaixar para ver o que eu estava falando pra uma assessora da presidência. Como todo diabo velho, não despreza nenhuma concorrência.
25/03/2008 22:58 | Comentários (3)