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Costumo defender uma posição que não agrada muitos entendedores de futebol e que diz o seguinte: é mais difícil ser campeão brasileiro do que ganhar a Libertadores da América. Achava isso quando a competição nacional ainda era disputada com quadrangulares e finais e agora, com pontos corridos, muito mais tenho essa convicção. Tecnicamente, é indiscutível que o Brasileirão é mais equilibrado. A cada temporada temos ao menos dez times que, se não se configuram como esquadrões da bola, têm condições de levantar o troféu. Sem contar aqueles chatos, como Juventude, Ponte Preta e Paraná, que não caem nunca e ainda fazem uns crimes que acabam com todos os meus jogos na loteria e avacalham as campanhas de possíveis candidatos ao título.
Na competição máxima da América do Sul, que agrega também seu filho exilado, o México, podemos escolher alguns candidatos, quase sempre os mesmos: dois brasileiros, dois argentinos, um mexicano, um colombiano e o azarão que chega. Ano passado a surpresa ergueu o caneco: Once Caldas campeón. Obviamente que a Líber tem um diferencial, representado por seu charme, pela mística dos confrontos que proporciona. A semifinal entre River e Boca, em 2004, foi um dos maiores jogos de futebol que assisti, com magnitude semelhante ao Gre-Nal do Século (1989) e à Brasil e Holanda (1994). No entanto, apenas duas ou três equipes que disputam o torneio teriam condições de terminar o campeonato brasileiro na ponta da tabela. Vejam bem, não discuto que a conquista da Libertadores é mais importante, mas é menos tortuosa que ganhar o Brasileiro
Nesse ano, seguindo a tradição das últimas edições, temos semifinalistas inesperados. O primeiro é o Chivas Guadalajara, que utiliza a tática CHAPOLIM de atacar. Procurem observar a quantidade de pessoas que comparecem ao estádio vestidas com a roupa do tradicional super-herói da marreta biônica. Acho que esse é o segredo da equipe. No primeiro jogo contra o Boca, deu um laço nos argentinos, algo realmente constrangedor. Na partida de volta, na Bombonera, levou o jogo como as condições exigiam até que a histeria tomou conta de todo o elenco castelhano e acabou naquela bestialidade que vocês devem ter visto. Mas o pior da confusão foi a injusta expulsão de Bautista, bom jogador mexicano que eu vou ser privado de assistir devido à incompetência da arbitragem.
O adversário do Chivas é o Atlético – PR, que provocou meu maior fiasco como palpiteiro. O problema foi que eu negligenciei um fator preponderante: o EFEITO GALLO. Como o Santos é apenas um time ruim que conta com quatro jogadores acima da média (Léo, Robinho, Deivid e Ricardinho) precisa de um treinador diferenciado para comandá-lo. Quando Leão saiu, deixou uma boa formação tática, uma dinâmica de jogo que resistiu até o trabalho do novo treinador começar a aparecer. Infelizmente para os torcedores da baixada, isso aconteceu justamente nas quartas-de-final da Libertadores. Junta-se a isso o fato de a CBF ter convocado Robinho e Léo e está feita a porcaria. Suspeita-se até que o Casagrande esteja fazendo mal ao Robinho. Não sei como, não perguntem, apenas ouvi falar. Parece que o Casagrande inclusive já comprou um apartamento com ofurô em Madrid.
Do outro lado, temos São Paulo e River. Um grande confronto que, sem dúvida, poderia ser a final da Libertadores. O River conquistou a vaga ao bater o Banfield por 3 a 2, numa grande partida disputada no Monumental de Nuñes. Nem River nem São Paulo são equipes maravilhosas, mas foram as mais equilibradas do torneio. Prevejo que o campeão sairá desse confronto, embora o Chivas tenha me causado ótima impressão. Mas tudo depende: se as pílulas de polegarina forem flagradas no exame antidoping teremos uma grande confusão nos tribunais.
(DC)