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Ironicamente impedidos de ficarem no gramado do Beira-Rio e plenamente acomodados nas arquibancadas, os repórteres de Impedimento acompanharam o jogo em meio à torcida. Não foi necessário entrevistar nenhum jogador nem conceder atenção demasiada à partida. Tudo aconteceu como havíamos previsto. Entraremos com uma ação judicial contra a Conmebol pelos gols terem acontecido na goleira diametralmente oposta ao local que escolhemos no estádio.
Nossa vida não foi fácil. Como nossas credenciais de imprensa foram sistematicamente rejeitadas por todos, juntamo-nos à multidão para a penosa tarefa de escalar a rampa 3 do estádio, onde tivemos nossa integridade física ameaçada por oponentes. A testemunha que vos fala foi revistada duas vezes somente por não se enquadrar nos padrões estéticos aceitos. Antenor Savoldi Júnior teve que ser contido para não chegar às vias de fato com um policial que teimava em impedi-lo de exercer sua profissão. “Estou apenas cumprindo meu dever profissional”, repetia Antenor ao longo do primeiros 45 minutos de partida, vitimado por uma idéia fixa. Nosso colaborador, Carlos Bencke, tentou apresentar uma liminar que anularia a partida e foi levado de camburão. “Essa partida é ilegal”, bradava com a cabeça enlaçada por braços fardados.
Na chuvosa noite em que a Libertadores começou a ser decidida, podíamos observar, do outro lado do estádio, salas falsamente denominadas “torcida VIP”, localizadas abaixo do setor de cadeiras. Na verdade, esses antros abrigavam representantes da CBF, Conmebol e Federação Gaúcha, dançando músicas techno e funk. Vez que outra, modelos colombianas e argentinas colocavam suas pernas para fora e atiçavam a turba nas sociais.
Desidratando-se sistematicamente ao longo dos noventa minutos, a equipe foi surpreendida pela aparição de um membro perdido e dado como desaparecido. Vitor Vecchi materializou-se completamente alucinado na arquibancada superior do Beira-Rio. Trajando uma camisa do Quilmes, clamava pela presença de Grafite no gramado. "Apareça, apareça Grafite, meu nome é De Sábato", insistia quando qualquer jogador não-branco do São Paulo tocava na bola. Encharcados, os repórteres deixaram o estádio com a sensação do dever cumprido e imediatamente organizaram uma reunião de pauta no estabelecimento do Irineu, na avenida Padre Cacique, onde dividiram suas atenções entre a corneta gratuita e uma peculiar análise da situação política do país. (DC)
quanto foi o jogo?
Publicado por: Menezes em julho 7, 2005 4:45 PM
Que jogo?
Publicado por: Douglas Ceconello em julho 7, 2005 4:52 PM