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outubro 13, 2005

Salto alto prejudica Venezuela em jogo cercado de constrangimentos

Quarta-feira, 11 de outubro, véspera do jogo do Brasil, dia de treino dos canarinhos. 50 mil pessoas se expremem no Mangueirão para ver os jogadores fazendo embaixadas no gramado. Outras 30 mil fazem uma correria do lado de fora porque não conseguem ver os jogadores fazendo embaixadas. Um criança morre pisoteada nos arredores do estádio. Mas nada disso importa, afinal Ronaldo Fenômeno deu a camisa do jogo para uma outra garota, que, no tumulto, teve sua cadeira de rodas destruída. Ela foi adotada pela jornada da Globo como uma torcedora símbolo, ignorando-se totalmente a tragédia da véspera.

Um figurão da comissão técnica conseguiu marcar uma consulta médica para a garota. Que santo homem. Pena não ter conseguido ressuscitar a criança que faleceu devido à incompetência da organização do evento. Mas não tem problema, ela foi trazida novamente à vida cada vez que as câmeras da Globo focalizavam a menina da cadeira de rodas e o pai. Um renascimento midiático. Esse assistencialismo imbecil e populista que se faz para mostrar que há preocupação com dramas individuais. Afinal, a Seleção Brasileira TEM QUE SER sinônimo de espetáculo.

Antes do jogo, Fafá de Belém - FAFÁ DE BELÉM - entoa o hino nacional, transformando-o num tema de novela das oito e arfando os faróis num gozo patriota. "Nunca se viu uma interpretação do hino tão emocionante", afirmou Galcão Bueno. Lamentável. Triste. Emblemático. Começa o jogo, o Brasil demora 30 minutos para perceber isso. A Venezuela também quer participar do show e fazer seus fru-frus. O locutor da grande mãe não consegue esconder a decepção cada vez que os zagueiros recuam a bola para Dida.

Obviamente, o time de Parreira é melhor em campo, mesmo que cada jogador com a bola tentasse dar um lençol no adversário, não importando o momento ou a circusntância. Num bonito lance, Ronaldo Gaúcho passou para Adriano fazer o gol. Delírio do Nordeste brasileiro, de torcedores que seriam capazes de fazer greve de fome não para evitar a transposição do Rio São Francisco, mas para ver os melhores do mundo.

A Venezuela evoluiu muito nos últimos anos, mas chegou nessa última partida sem chance alguma. Apesar de ter se mantido durante algumas rodadas entre os classificados, sucumbiu quando a corda apertou. Aposto que em na Copa de 2014 ela brigará a sério por uma vaga, se Hugo Chaves não implodir o país antes. Resultado da pelada: Brasil 3 x 0 Venezuela. Ronaldo marcou, Robinho entrou. A Globo deu o seu show de transmissão e tudo que cercou esse jogo mostrou porque o Brasil é um país de infames e miseráveis.

Até mais,
Douglas Ceconello.

Publicado em outubro 13, 2005 3:36 PM

Comentários

O jogo foi em Belém. Do Pará.

Sem mais.

Publicado por: Hermano em outubro 13, 2005 3:51 PM

É mesmo lamentável acontecer uma tragédia dessas, justamente na cidade onde Jesus nasceu!

Publicado por: Roger em outubro 14, 2005 11:16 AM

Não concordo,

acho que cada um pensa na morte de uma maneira, mas pensando da maneira sentimentalista inata a nós latinos, temos sofrimento da família, mas, se eu fosse pai ou a mãe acompanhando uma criança pequena e visse uma multidão de 30mil pesssoas, no mínimo não chegaria perto aos primeiros sinais de aglomeração. Irresponsabilidade da família, talvez a menina não ligasse tanto pra futebol pela pouca idade, mais seu pai ou sua mãe que se deleitariam em ver a seleção, num país onde cansamos de ver violência gratuita nos estádios, ou falta de estrutura dos mesmos eu não levo meu filho ou filha enqto não tiverem mais que 18 anos e ainda sim com receio.

Publicado por: Socrates em novembro 1, 2005 4:04 AM

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