Quem explica? Vai saber...

Depois de perder a Tuttinha, que o câncer levou às vésperas de que ela me acompanhasse em mais um Mundial embaixo do cobertor. Depois de saber que a 'Casa de pedra' - a casona de quase 300 anos (feita simplesmente com pedras uma em cima da outra e assim 'substantivamente') de onde partiram Iglesias e Martínez desde Galicia para o mundo e se dividiram por Madrid, Catalunya, Portugal, Canárias, Argentina, Porto Alegre - está a ponto de ser derrubada para dar lugar a uma estrada asfaltada. Depois de tudo isso, tem a Copa. Depois de lembrar que já são 20 anos sem 'abuelita' e constatar que ela fica cada vez mais distante na memória. Depois disso tudo, eu lembro do gol de Juan Antonio Señor nas 4as.-de-final contra Bélgica e ela vem, rindo, batendo palmas, balançando a cadeira de palha.

Doña Alicia Martínez Iglesias Vecchi estaria a completar 86 anos neste 19 de junho. Certamente Niño Torres não sabe disso, mas contribuiu para avivar a lembrança.

Num jogo que haveria de acontecer sem maiores exaltações, Aníbal e seus elefantes invadiram destemidamente a Península e fundaram Ghades e Carthago Nova. Isto foi lá por 300 a.C. e também às 16h10 (hora local) de ontem, com a Tunísia marcando 1-0 e transformando a zebra em elefante.
Depois foram 60 minutos e mais 700 anos para a Reconquista. Caíram os últimos mouros em Granada e Raúl, o legítimo representante do centralismo estabelecido pelo poder de Castela em Madrid, derruba a muralha de Túnis.
Niño Torres, covardamente, ainda arremata a faina com uma terceira estocada desleal sobre o elefante moribundo para se coroar 'El Matador' da disputa momentaneamente.
No final, dos orejas.

Ao clarín,
Saúdos, Vitor Martínez Iglesias VEC

Comovente, Vitor :-)

A Historia, sua historia e a vitoria da Furia. Achei que eles jogaram o fino, mesmo estando perdendo durante todo o jogo. No final, fez-se a justiça.

Ouvi hoje que Nostradamus previu que no ano de 2006 o Rei de Espanha traria um trofeu do centro da Europa. Vamos ver :-)

Realmente sensacional o texto, tanto que não tive a coragem de comentar na hora em que li, fiquei com um nó na garganta.

Cuidado que assim a Aline vai desconfiar!