Demasiado Humano

Em geral, me mantive afastado da cobertura da Libertadores, ficando na sobra e deixando o Douglas atacar pelas duas pontas. Com toda a legitimidade e mérito, o colega colocou o coração vermelho na ponta dos dedos e "datilografou" para o leitor de Impedimento a melhor cobertura do torneio. Todos que aqui estão sabem que imparcialidade é palhaçada. Para contrabalançar, o Vitor aparecia de vez em quando com uma corneta do tamanho do Olímpico.

Já que neste momento meu amigo Ceconello deve estar bebendo chopp dentro daquela taça - que acaba de receber o vigésimo primeiro nome de clube em sua base -, e como não consigo dormir com o buzinaço, exercerei meu papel de ombudsman insône. Ganho muito bem para isso. Por favor, ignorem qualquer coisa que possa parecer corneta ou flauta, vamos divagar.

Naturalmente, torço contra todos os clubes brasileiros que não o Grêmio em torneios internacionais. Assim sendo, esta final me foi lamentável. De maneira geral, quando o Velez foi eliminado, vi os caminhos abertos para o Internacional. Se é nas derrotas que se aprende, LDU, Libertad e São Paulo não seriam páreo para a motivação e a vacina que o Inter acumulou em mais de vinte anos de fracassos. Sinceramente, nenhuma corneta aqui. E como amigos mais próximos podem confirmar, desde então eu achava praticamente impossível que o título não ficasse no Beira-Rio desta vez.

Quanto ao jogo, todos viram. Acho que podemos concordar que o São Paulo jogou melhor, mais posse de bola, mais iniciativa. Obviamente, isso não é garantia de nada. O Inter tinha em Sobis o desafogo mais perigoso da América. Rogério Ceni é, definitivamente, o Anticristo. Que cara lamentável.

Abel Braga pareceu querer arruinar absolutamente tudo com suas substituições, tirando Sobis e Alex, que me pareciam os melhores do Inter. A expulsão de Tinga e a pressão total do São Paulo trouxeram certa esperança aos que secavam, eu entre eles.

Acho que secar é sofrer demais. Não costumo ver jogos do Inter, e seria burrice fazer isso nesta boa fase vermelha. Mas é claro, não perderia a final da Libertadores. A princípio mantive certa indiferença, mas cheguei a fazer promessas estapafúrdias durante o jogo para o caso de título São Paulino, envolvendo grandes períodos de ausência ao estádio Olímpico e nudez em locais públicos. Estava meio transtornado, admito.

Então, aconteceu. Aos 47:45 do segundo tempo, escanteio do São Paulo, close em Abel Braga. Chorando.
Me lembrei do que eu havia dito pro Douglas quinta-feira passada, em uma "reunião de pauta etílica", a respeito da incrível roda da vida que faz com que pessoas como Abel Braga e Clemer acabassem, uma hora ou outra, se redimindo de tudo, absolutamente tudo.

Lá estava, Abel Braga olhando pra cima. Na leitura labial, entendi algo como "meu pai do céu, por favor...".
Senti um nó na garganta, e percebi que no fundo eu sou uma boa pessoa.

"OK, podem ganhar. Eu sobrevivo. Ganhem de uma vez."
Escanteio batido e final de jogo.

Parabéns aos colorados.
Não me incomodem muito e não sejam Campeões do Mundo.

abraço,
Antenor Savoldi Jr

Excelente texto. MUITA CLASSE. Vimos exatamente o mesmo jogo.

Muito bom o texto. Adiciona-se aí, o dedo do Murivice Ramalho.

belo texto, muito autêntico. imagino como deve estar sendo pros gremistas...
mas nao dava pros secadores. era a nossa hora.
o inter precisava desse título. e mais que isso, merecia muito.
mas que dois jogos fantásticos!

e como colorada te digo, é muito bom ser campeão da américa! demorou mas chegou.
lindo, inter! lindo!

Eu quase chorei quando vi o Abel tendo um pré-ataque cardíaco aos 45 e meio. Ele tava com os olhos vermelhos e mal conseguia levantar o braço.

primeiro comentário, tava esperando acabar tudo isso. ótimo texto, como todos do impedimento.

pros gremistas, nós, no caso: bom, a gente sabe como está sendo, como vocês também sabem, pro bem e pro mal.

e dale al-ittihad.

Parabéns ao colorado gaúcho, acompanhei pela RBS via web devido estar no meu trabalho, e, quando aparece que o Abel começa a colocar um monte de zagueiros para segurar o resultado, só me veio na cabeça o "Fator Abel", porém Clemer superou as expectativas nos minutos finais (Apesar de ter falhado no 2 gol do SPFC, deve ter sido para dar para dar emoção ao jogo), mas no final tudo como eu havia colocado no post do primeiro jogo, o campeonato decidiu-se na primeira partida.

OBS: Voltando do serviço, liguei na rádio CBN para ouvir os comentários e a coletiva dos times, os repórteres paulistas só ficaram se queixando dos problemas que tiveram, do mau trato da diratoria à eles, pergunto: Será que eles ouvem os colegas de imprensa de outros estados, quando estes vão à SP cobrir os jogos ? Já ouvi o mesmo da imprensa de outros estados em relação à jogos feitos no estado de SP.

Agora é esperar pelas notícias do final do ano no Japão, e aposto que, a imprensa dará destaque ao Grenal, leia-se R.Gaúcho x Inter.

na verdade, acho meio bobo quando começam a falar do grêmio (ou do inter, mas não é o caso) a respeito de uma competição onde o time nem estava inserido. essa "rivalidade", pra mim, às vezes tem um limite claro.

à parte a américa vermelha, merece muito o destaque do título ter sido tomado do - nada mais, nada menos - campeão do mundo.

e eu acho 'meio bobo' vcs darem tanta bola pra imprensa paulista, q é na verdade quase uma assessoria de imprensa dos são paulinos...
sabe como foi a chamada na capa do lance de hoje? "alguém aí é tri?" ... dava pra ser mais babaca q isso?

vale a pena ler a coluna do Xico Sá da sexta feira passada, do caderno de esportes da Folha de SP. muito boa, garanto q os jornalistas deste Impedimento vão gostar.

Quem falou do Grêmio?

algumas pessoas aí em cima, no meu celular, na VIDA, antenor.