« Inter e Libertad por uma vaga na final | Capa | Inter na final, quase a minha vida inteira depois »
Ao mapa do futebol mundial. E o que gente como eu, aí pelos 20 e poucos / quase 30, dificilmente acreditava que pudesse acontecer, ocorreu hoje. É pelas mãos do INTERNACIONAL que voltaremos a ver mais um jogo de categoria internacional máxima, a finalíssima (segundo jogo) da Liber-06, inacreditável até 2002.
Os próprios colorados devem confessar que, antes do QUASE DE 89, feitos gloriosos do seu clube eram apenas aqueles ouvidos da boca do pai. Enfim, jogos que nunca vimos nem ouvimos ao vivo. E depois do QUASE DE 89, o Inter nunca mais deu sequer a chance do seu torcedor sonhar. Os resultados foram ruins demais para qualquer esperança de fama que faria jus ao nome do clube.
Até a Liber-93 tinha cheiro de fracasso desde 92. A ilusão de superioridade frente ao Grêmio (jogando na 2a. em 92), levou os colorados a crer que a América já era sua. Esqueceram-se que não jogariam contra o rival de toda história e sim contra Flamengo, América de Cali e Nacional de Medellín. Resultado final, o fiasquento último lugar disparado num grupo de quatro equipes na qual apenas a última seria eliminada.
De onde vêm os colares de pérolas
Sucessivos acontecimentos de QUASE REBAIXAMENTO e QUASE CLASSIFICAÇÃO, estes mais conhecidos pelo nome genérico do fenômeno, o FLANELISMO; levam o colorado ao ostracismo. A prova evidente se dá em minhas andanças pela América no início da década.
Em Buenos Aires, na sede do San Telmo, equipe do barrio de mesmo nome (2002):
VEC: - Soy de Porto Alegre.
ST: - Ah... De Gremio sos?
VEC: - Sí, sí. Pero además hay otros equipos en la ciudad.
ST: - Sí, cuales?
VEC: - Bueno, hay el Inter. Juega en Primera, pero este año va mal.
ST: - Inter?!? Yo sé del equipo italiano este. Es un filial de los italianos en Brasil?
VEC: - No, no. Es un club con casi cien años. Te acuerdas de Falcão? Fue campeón nacional con Inter en los 70.
ST: - Falcao? Sí, sí. Un pedazo de jugador. Pero bueno, fumate el porro?
E a conversa derivou para outros assuntos, igualmente polêmicos.
Em Paysandu, no Festival de la Cerveza, às margens do Rio Uruguay, Páscoa de 2004:
VEC: - Soy de Porto Alegre. Te gusta el fútbol?
P: - Sí, me gusta más la liga local de Paysandu que el fútbol de primera, de la AUF.
VEC: - Allá no hay muchas equipos. Son solo cuatro; Gremio, Inter, São José e Cruzeiro. Los otros desaparecieron a lo largo del tiempo.
P: - Solo sé del Gremio, los otros me parecen desconocidos.
VEC: - Inter es el otro grande de la ciudad, juega en primera. Hubo una Liber, años atrás en que ganó a Peñarol por 6 a 1.
P: - Ah, sí. Creo que me acuerdo. Y como juega Inter? De azul y negro? Como el Inter de Milán y el propio Gremio de Porto Alegre?
VEC: - No, es rojiblanco. Como Liverpool, como Manchester United.
P: - Ah, bueno. A mí no me gusta el rojo. No se porque pero es así. Otra copa?
E por aí foi um diálogo interessante, em certos momentos divertidos mas que no final teve o mesmo resultado de sempre, de quase sempre. Não peguei.
Estes trechos fazem parte da minha memória e não estão transcritos em lugar algum. Até hoje, pelo menos. A memória trai, mas não creio que seja o caso, dado que recordemos melhor os bons momentos da vida. E viajar e sair da rotina cotidiana certamente se inclui nesta lista.
Passe o seu cartão. Transação aprovada
Mais dez anos são necessários e é preciso e também que sejam extintas a Supercopa e a posterior Mercosur para que seja criada a Sudamericana, nova oportunidade para os colorados. Mas... no meio do caminho havia uma pedra, havia uma pedra no meio do caminho; como já previam Dante Alighieri e Olavo Bilac.
Não deve ser coisa fácil encarar o fedor que vem do Riachuelo em zonas de la Boca. E de quatro em quatro, o Inter encheu o papo; de experiência. Apenas o que continua inexplicável no time é a manutenção de Clemer-a-luz-de-um-foguete-da-torcida-me-atrapalhou e de Clemer-esse-vento-tá-muito-forte-e-me-atrapalhou na equipe.
E aí está. Agora é o momento. "A HORA É AGORA!", como dizia um anúncio da VISA.
Pra mim, esta é das piores finais que poderia acontecer. Não tenho pra quem torcer.
O São Paulo é odiável e o quarto título da América o colocaria numa distância irreal dos outros clubes do país no quesito 'sucessos internacionais'. Definitivamente não torcerei por estes.
O Inter é o rival histórico, de toda a vida. É o motivo da gozação, é o alvo das críticas e principalmente é de quem se pode contar vantagem sem medo de errar, por enquanto.
É bom aproveitar enquanto é tempo. Talvez faltem apenas duas semanas pro colorado fazer jus ao nome que vem carregando nos últimos 97 anos de história.
Na real, até teria um pouco mais de simpatia pelos tios, parentes, vizinhos, colegas de faculdade e de trabalho que vestem vermelho. Mas seria duro de aguentá-los, melhor que morressem na praia, mais uma vez.
Que perdessem os dois. Nestas horas que mais precisamos não aparece ninguém pra denunciar um caso de armação de resultados na Liber. Investigarei.
Saúdos, Vitor VEC
P.S.: Já ia me esqucendo, mas ainda restará se vangloriar de DUAS conquistas continentais. Bieno, esta vantagem também poderá acabar logo, em 2007. Mas é melhor nem pensar nisto.
apesar do RANCOR e da AMARGURA do post, a homenagem ficou muito bonita, VEC.
ei, quem aí tá na final levanta a mão!
_ol
Publicado por: dante em agosto 4, 2006 8:50 AM
Putz, eu sempre quis ir neste festival de Paysandu!
Publicado por: Hermano em agosto 4, 2006 9:48 AM
Pô até que enfim meu time vai ficando conhecido na américa, muito bom o post os dialogos sensacionais, ao menos agora o pessoal da argentina e uruguai devem conhecer o colorado hehe
e q venha o SP
Publicado por: Christian em agosto 4, 2006 10:46 AM
Parabéns aos vermelhos, tenho que admitir que chegar a esta final, é mais do que merecido a este grande time que o Inter montou.
Mas não pensaram que eu ia parar de secar né?
E se eu disser que sou tricolor desde pequeno certamente não estarei mentindo.
Ainda resta esperança!
Publicado por: Roger em agosto 4, 2006 11:04 AM
Apenas lembrando que Porto Alegre, na verdade, voltou ao mapa futebolístico da América no ano passado, quando recebeu a primeira partida da final da Libertadores. Obviamente, o time que escolheu o Beira-Rio como cancha (a saber, o Atlético do Paraná) ficou com o vice. É lindo de ver como, mesmo quando nem sequer o time colorado está envolvido, a instituição Inter dá um jeito de se envolver de alguma forma num vice-campeonato. Não creio que seja diferente agora. Por via das dúvidas, no entanto, só pra garantir a derrota colorada, na final eu não secarei.
Publicado por: Gustavo Faraon em agosto 4, 2006 11:15 AM
Que barato.... nunca ví tanta "secagem" explícita em ambos os lados. Os Gremistas se abraçando e orando em carreatas intermináveis, e os Corinthianos vendendo a bunda pro capeta (o clube já foi vendido faz tempo) em troca de uma desgraça Tricolor. Aliás, os Gambás não terão que vender a bunda somente uma vez. Terão que vender duas, já que precisam escapar do rebaixamento também.
De qualquer forma, nem seria preciso convocar o Capeta pra fazer o serviço, basta olhar pro nosso banco de reservas e para o nosso camisa 10 em campo..... Muricy e Danilo.
Colorados, podem ficar tranquilos. O título ficará no Beira-Rio. Podem ter certeza.
Com Muricy e Danilo do nosso lado? Ahhhh..... nem de inimigos precisamos.
Publicado por: Daniel Lazzaro em agosto 4, 2006 11:55 AM
Acompanhei o jogo ontem pelo Terra, estava no trabalho, e a cada "refresh" era um sufuco, pois segundo o site, o Clemer quase entrega o jogo em dois lances do segundo tempo, logo depois na TV vi que realmente ele não é confiável.
Publicado por: Fabricio Grzelak em agosto 4, 2006 2:03 PM
Ouvi falar que o Clemer foi o único do Inter a NÃO receber proposta de compra. Ninguém quer um baiano velho no time, só o Presidente Carvalho.
Publicado por: Hermano em agosto 4, 2006 3:39 PM
Esse desespero dos gremistas em ver a hegemonia se invertendo criou um insuportável clima de recalque nos segmentos mais jovens da torcida tricolor. O GreNal está aí para provar...
Nunca pensei que viveria para ver esse comportamento vindo de um campeão do mundo...
Publicado por: Hilton em agosto 4, 2006 3:41 PM
Não reclamem... o Clemer está com muita sorte. No jogo de ida a bola bate nas costas do cara e volta pra fora. Se fosse em outros tempos, a bola teria batido nas traves 6 vezes e entrado de trivela.
Além de um puta time, uma sorte de campeão também.
Acho até que o Inter ganha os dois jogos.
Publicado por: Daniel Lazzaro em agosto 4, 2006 3:44 PM
Só pela justiça histórica:
Nunca entre 95-98 se comentou da ABSURDA superioridade gremista aqui no estado. O que os fatos comprovavam - títulos e mais títulos; três anos sem perder gre-nal e por aí vai - eram minimizados pela gente colorada.
Pois agora parece que o Inter nunca foi ruim e apenas perdeu por 'detalhes' como o Zveiter (uma injustiça de fato);
encarar o Boca (cair de quatro, não tem preço);
ou o regulamento (gol fora vale mais, isso é injustiça, o Inter foi melhor, só perdeu a final por causa do regulamento).
Sem o suposto 'recalque', é só pra fazer lembrar de como os fatos na história foram vistos anteriormente de uma forma e que hoje se vê de outra forma, bastante diferente.
Publicado por: Vitor VEC em agosto 7, 2006 11:09 AM
E Paysandu na Páscoa é mesmo uma festa impressionante.
Publicado por: Vitor VEC em agosto 7, 2006 11:09 AM
"Nunca entre 95-98 se comentou da ABSURDA superioridade gremista aqui no estado. O que os fatos comprovavam - títulos e mais títulos; três anos sem perder gre-nal e por aí vai - eram minimizados pela gente colorada."
Perdão, Vitor, mas no período que tu citou era sabido, notório e irradiado aos quatro ventos que o Grêmio estava atropelando a tudo e a todos, enquanto o Inter patinava na lama. Tanto gremistas quanto colorados reconheciam e sabiam bem disso.
Essa "minimização" claramente era o último - e falso - recurso para evitar cair no desespero profundo.
Publicado por: Douglas Ceconello em agosto 7, 2006 12:01 PM
ah, VEC, o post tava tão bonito, não precisava "justiçar" nada, não...
Publicado por: dante em agosto 7, 2006 1:36 PM
Não esqueci da final do ano passado, estávamos lá. Porto Alegre volta ao mapa este ano; o fato inusitado é que seja pelas mãos coloradas que isto ocorra.
E o Douglas finalmente dá o braço a torcer; quase cinco anos depois. Antes tarde do que nunca.
Publicado por: Vitor VEC em agosto 7, 2006 6:06 PM