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outubro 26, 2006

Pela subversão da Geografia

Para não ser acusado de oportunista nem correr qualquer risco de mudar minha opinião por fatos vindouros, vos digo, sem mais delongas: considero vencer a Libertadores superior a ser campeão mundial. Pronto, já disse, podem me apedrejar, mas já aviso que não viro a cara, apesar de transformar água em whiskey 12 anos.

É claro e sabido por todos que vencer o torneio organizado pela Fifa em dezembro é mais importante e consiste o maior triunfo que um clube pode alcançar. Mas não é esse o ponto. Competição por competição, entendo a Libertadores como o supra-sumo da glória futebolística. É ali que está o charme, a superação dos vizinhos, os xingamentos em castelhano. Mais do que isso, o simbolismo da Copa fala por si.

Desde o começo da participação dos clubes mexicanos na Libertadores, surgiu a possibilidade - absurda - de que um time pudesse vencer o Mundial sem ter ganho o torneio continental. Para tanto, basta que uma equipe do México seja campeã e que o vice, escalado para representar os de cá, ganhasse de algum clube europeu. Algo execrável, já que para um sul-americano conquistar o mundo, deve obrigatoriamente ser campeão da Libertadores.

Quando o Chivas disputou com o São Paulo a semifinal desse ano, vislumbrou-se a possibilidade de o Inter jogar no Japão e vencer sem ter levado a Libertadores. E me pareceu bastante nojento, esse descalabro originado por uma fanfarronice da Conmebol. Não sei se essa chance de levar o mundo pulando sobre a taça do continente agradaria, por exemplo, a Cruzeiro, Vasco ou Palmeiras, que não obtiveram o triunfo no Japão e equilibrariam as coisas. Na minha concepção, isso não tem valor e, conforme Savoldi me informou, a Conmebol está tomando providências.

O título de "Campeão do Mundo" traz na própria denominação a impossibilidade de ser superado, mas para mim sempre foi a cereja do bolo, um jogo até meio superficial, do outro lado do mundo, uma única partida testemunhada por orientais e suas goelas estridentes. Pelos motivos acima explicados, considero a Libertadores superior em mérito e fascínio, mas sei que sou voto vencido. E, para muitos, meus argumentos só parecerão sinceros se houver o segundo sucesso gaúcho em terras nipônicas e ainda assim eu continuar alardeando essa posição.

O que farei, sem dúvida.

(Prevejo que a revolução da República do Pampa comece aí. Se acontecer o que os vermelhos esperam, Montevidéu e Porto Alegre terão oito conquistas mundiais e onze Libertadores)

Saudações,
Douglas Ceconello.


Publicado em outubro 26, 2006 8:00 AM

Comentários

Todos os dois torcedores do Manchester que recepcionaram o time na volta da decisão contra o Palmeiras não concordam contigo.

Publicado por: michel em outubro 26, 2006 9:52 AM

A Libertadores perdeu um pouco a graça depois que times do mesmo país podem disputar uma final. Era muito melhor com a rivalidade de antes, uma final com argentinos ou uruguaios não tem preço.

Publicado por: Patrick em outubro 26, 2006 10:25 AM

Douglas, concordo contigo (ainda que Campeao do Mundo aqui), mas acho que a discussao tem uma falha: o Mundial e' so' consequencia da Libertadores, nao tem valor nenhum em separado. Vide o caso Corinthians: aquele mundial da Fifa tinha varios times excelentes, na pratica era um campeonato bem decente ate', mas a ideia de ser campeao do mundo sem ter conquistado a America causou tamanho repudio que ele e' hoje motivo de piada.

Na Europa nao dao nenhum valor a esse titulo, e' verdade; quando elencam os titulos conquistados por todos os grandes times os mundiais nao sao nem citados. Na Inglaterra, por sinal, o campeonato domestico e' considerado mais valioso do que qualquer outra coisa (talvez porque um campeonato de pontos corridos mostra muito mais a qualidade de um time durante o ano do que um sistema de mata-mata).

Tendo tudo isso em consideracao, acho que o Mundial serve por ser o ultimo patamar de gloria possivel (NADA PODE SER MAIOR), muito mais que recopas da vida. E, obviamente, como padrao de diferenciacao entre grandezas para discussoes de bar, nada mais.

Publicado por: Francisco Mahfuz em outubro 26, 2006 10:56 AM

O valor que a Europa dá ao Mundial é o mesmo que o São PAulo deu à Recopa deste ano. É disputada numa época em que os times já estão fazendo outras coisas, disputando outras competições e a idéia dejogar contra não-sei-quem só porque foram campeões continentais não serve muito. Se fosse no meio do ano, logo após o título da Champions e da Libertadores, talvez isso mudasse. Claro que uma vez lá eles jpgam pra valer, mas só vão até lá pelo dinheiro (e muito dinheiro), nada mais. MAs como moramos na Sudamerica, e aqui isso vale, portanto é melhor o Inter jogar muita bola e conquistar a tal copa intercontinetal se quiser dar uma de bam-bam-bam.

E pelo amor de Deus, o Corinthians não foi campeão do mundo. Dizer que o Corinthians foi campeão de um torneio-teste é como dar um Prêmio Nobel de Medicina para um bombeiro que resgatou um boneco durante um simulação de acidente de trânsito.

Um abraço.

Publicado por: Falstaff em outubro 26, 2006 1:10 PM

A questão do mundial é que ninguém vai fazer uma revolução se não ganhar, já que é justamente um prêmio conquistado por ser o melhor da América. Uma derrota em uma final de Libertadores dói bem mais, já que te priva de tudo.

Mas igual, tem que socar os catalães.

Publicado por: Francisco em outubro 26, 2006 1:53 PM

O fator "campanha" da Libertadores, naturalmente dá mais consistência ao título continental. Por outro lado, a lógica nos obriga a considerar a Libertadores uma espécie de semifinal do Mundial.

A possibilidade de um mexicano vencer a Libertadores sempre será apenas uma possibilidade. Por isso, discordo que a inviabilidade da presença mexicana no Japão via Libertadores seja algo que diminua a importância do Mundial.

Não acho que a atual configuração com representantes dos continentes invalide as edições anteriores do torneio no Japão. Claramente é uma jogada marketeira/boazinha da Fifa - que ainda assim, apenas permite que Conmebol e UEFA se encontrem na final.

Concordo com quem acha que a final continental entre clubes do mesmo país arruína tudo. Semifinais como limite para clubes do mesmo país já me parece bastante justo.

Em tempo: não sei se a Conmebol está tomando providências, mas deveria. Já está ficando chato este "bloqueio mexicano". Eu lamentaria, mas aparentemente a solução é retirá-los da Copa. Ou a Concacaf que faça uma eliminatória para classificar os times para a Libertadores e abra mão de sua vaga no mundial.

(quase um post)

saudações

Publicado por: Antenor em outubro 26, 2006 3:10 PM

"Não acho que a atual configuração com representantes dos continentes invalide as edições anteriores do torneio no Japão."

Verdade. Tem gente que desqualifica, mas isso não faz sentido.

Publicado por: Francisco em outubro 26, 2006 3:39 PM

Esse aparente descaso dos europeus com um mundial é um mito que se criou no brasil, a partir de Manchester e Palmeiras em 1999 (mais precisamente a falta de entusiasmo do Beckham).

em 2003 as agencias de turismos de milão venderam todos seus pacotes, tamanha foi a procura, isso saiu na placar.

Outro dia mostrou um documentario no SPORTV sobre varios clubes no mundo. Mostrou a chegada do Ajax a Amesterdam em 95, se aquilo era descaso não quero imaginar.

a torcida do Atletico de Madrid é até hoje muito orgulhosa do "interticontinental" de 74, que ganhou apesar de ser vice-europeu (o Bayern desistiu).

Publicado por: André em outubro 26, 2006 3:58 PM

O choro da imprensa inglesa contra a arbitragem da final do ano passado reforça a tese do André.

Publicado por: Bueno em outubro 26, 2006 4:40 PM

A mesma imprensa inglesa fez um escandalo porque o Manchester teve que abandonar a Copa da Inglaterra pra disputar o Mundial. Leituras do fato divergem, mas o fato de que a imprensa espanhola praticamente nao fala do mundial (enquanto a Zero Hora fala disso todos os dias) e' um bom sinal da diferenca da importancia dada. Querendo confirmar, marca.com ou as.com.

Publicado por: Francisco Mahfuz em outubro 26, 2006 6:22 PM

Claro que nem todos os clubes ignoram a intercontinental. Mas olha o Hamburgo de 83. Eles nem levaram reservas. Se você acha que um time que não leva suplentes valoriza um tornei eu que não te contrataria para dirigente do meu clube de botão. E parece que estavam tão desmotivados para o jogo que até se esqueceram de se dopar, coisa que o Grêmio, muito mais dedicado à competição, não esqueceu.

Publicado por: Jorge de Castro em outubro 27, 2006 1:09 AM

Mahfuz, concordo que há essa falha no raciocínio, inclusive tentei transparecer isso ao citar a "cereja do bolo". shrs

Mas, em lihas gerais, o que eu quis dizer é que INTIMAMENTE eu prefiriria ganhar duas Libertadores a uma Copa e um Mundial. No entanto, como tu lembrou com muita perspicácia, o fator "conversa de bar" é importante e, por PRESSÃO DA SOCIEDADE, talvez eu venha a escolher um Mundial. Até porque a denominação, o carimbo "Campeão do Mundo" não pode ser superado.

Mas alguém teria dúvidas de escolher entre vencer duas Copas e dois Mundiais ou ganhar, por exemplo, cinco Copas e um Mundial?

Antenor, concordo com teus argumentos, mas os mexicanos constituem uma BRECHA perigosa na lei. E também não entendo que o sistema de cotas asiáticas e africanas desmoralize o torneio.

*vou pegar todos esses comentários com mais de quinze linhas, programá-los para entrar uma vez por dia e tirar férias em Acapulco.

Publicado por: Douglas Ceconello em outubro 27, 2006 1:14 AM

A FIFA considera ainda que Europa-Sudamérica é o confronto a ser feito na decisão.
Não por acaso, o sorteio das chaves é dirigido e os clubes destes continentes sempre têm um 'arrego'.
Entram só na semifinal e não se confrontam a não ser na grande final.

Publicado por: Vitor VEC em outubro 27, 2006 10:01 AM

Sem dúvida alguma, prefiro vencer duas Copas e dois Mundias, a vencer cinco Copas e PERDER quatro dos cinco Mundias disputados.

E a incorporação dos demais continentes obviamente não "desmoraliza" a competição. O que quis dizer foi o contrário - que a ausência deles não tira a legitimidade das edições anteriores, por motivos claros do ponto de vista futebolístico.

Em tempo: mexicanos participam da Libertadores desde 98, apenas. Ao menos até esta data, então, o argumento fator mexicano é inválido. Coincidentemente, a Libertadores deixou de valer a pena naquele mesmo ano, com a coquista do VASCO DE ANTÔNIO LOPES. (heuaheuaha)

Publicado por: Antenor em outubro 27, 2006 10:41 AM

Exceto pelo primeiro parágrafo, concordo com tudo.

Até com a questão da desmoralização. Talvez a minha CONSTRUÇÃO FRASAL tenha sugerido o contrário.

Publicado por: Douglas Ceconello em outubro 27, 2006 11:03 AM

Like begets like... Roger

Publicado por: Roger em novembro 22, 2006 12:56 AM

Little thieves are hanged, but great ones escape... Holland

Publicado por: Holland em novembro 22, 2006 1:55 AM

Publicado por: lesbian sex stories em novembro 24, 2006 2:14 PM

A great ship asks deep waters... Tobias

Publicado por: Tobias em novembro 30, 2006 3:12 AM

vão se fude bando de filhos da puta
da-lhe GREMIO

Publicado por: paulo em dezembro 26, 2006 5:12 PM

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