« Começa a briga pela Sul-Americana | Capa | Colo Colo com a mão na taça »

novembro 30, 2006

Aclamações, trapaças e dois canos fumegantes

Vejo com maus olhos os recentes processos eleitorais em Inter e Grêmio. Mesmo que ambas gestões tenham sido vitoriosas em seus objetivos, é dever da oposição contestar. Quando isso não acontece, bem, a saúde administrativa do clubes tende a deteriorar-se.

Digo isso porque é obrigação das alas oposicionistas participarem dos pleitos. Por interesse do clube, que garantem um agente investigador atuante, mas também para que os quadros com diferentes visões políticas não sumam pela omissão e acabem tornando o clube um império de apenas um movimento, como a lamentável influência de Asmuz e da família Záchia no Beira-Rio durante os anos 80 - que ocorre até hoje, mas em menor grau.

Tanto Paulo Odone quanto Vitório Píffero foram aclamados nos conselhos de Grêmio e Inter. Venceriam a eleição fácil, se ela acontecesse, mas teriam mais legitimidade para seguirem como supremos mandatários da dupla.

No Grêmio, ninguém conseguiria rebater o argumento de "assumi o clube na Segunda Divisão, coloquei de volta na Primeira. No outro ano, fomos campeões gaúcho e voltamos à Libertadores". Já no Inter, bem, seria mais difícil ainda bater o candidato de uma gestão que conquistou o título mais cobiçado pelos colorados.

Ainda assim, a oposição deveria estar presente. Nem que fosse para perguntar, no caso do Grêmio, sobre a crise financeira que o clube atravessa e as possíveis soluções para por fim à situação. Também a contratação de atletas de categoria duvidosa poderia ser trazida à baila.

No caso de Inter, sobre a relação com empresários, que acabou trazendo ao Beira-Rio jogadores sem qualquer qualidade, ou ainda a respeito do desmanche do time após a Libertadores ou à negociação prévia dos direitos federativos de Rafael Sóbis, que acabou deixando o clube com apenas 25% do montante final. Se não por isso, para encher o saco e incomodar já estava bom. Fato é que a oposição deveria marcar presença.

Essa aparente preguiça não se reflete nos conselhos dos clubes. A eleição para a renovação de 150 vagas na casa colorada está sendo uma tremenda confusão. O pleito estava marcado para sábado, mas a CBF passou o jogo do Inter para esse dia, já que a delegação viaja ao Japão três dias depois.

A oposição suspeita que se trata de uma jogada política para inibir sua atuação: como o futebol do clube está bem, há o temor da reação da torcida contra aqueles que se opõem a Fernando Carvalho. Se foi a intenção da situação, ontem o tiro saiu pela culatra, pois a Polícia Militar afirmou que não tem condições de garantir a segurança para os dois eventos simultâneos - jogo e eleições. Algo até engraçado para quem está acostumado a atuar em clássicos.

Existe a possibilidade de que a escolha dos novos conselheiros aconteça em 9 de dezembro, com o time no Japão, o que seria lamentável. O presidente do conselho, Pedro Paulo Záchia, disse que é medida não é política, assim como eu posso dizer que Michel é maior que Francescoli.

No Grêmio, a coisa assumiu ares de faroeste. O conselheiro Marco Antônio Souza afirmou que vem recebendo ameaças de morte ligadas a outros quadros da casa deliberativa do clube. Ele sempre foi conhecido por suas posições fortes, principalmente na investigação do caso ISL, quando participou de uma comissão para averiguar as negociações do clube com a empresa. Parece que durante a parceria dirigentes do Grêmio teriam cometido atos ilícitos, entre eles desvio de dinheiro.

Coerente com suas posições, Souza renunciou essa semana. Ontem à noite, afirmou que vem recebendo ameaças de morte, que um conhecido conselheiro teria lhe dito "não mexe nesse assunto porque ele é fétido. Qualquer dia uma bala perdida pode te acertar". Marco Antônio Souza disse que fez um "seguro de vida": um dossiê falando barbaridades, "muito pior do que aquilo que apareceu", segundo ele. O documento estaria espalhado em quatro lugares diferentes e será distribuído se algo acontecer a ele.

Saudações,
Douglas Ceconello.

Publicado em novembro 30, 2006 2:11 PM

Comentários

enCHer, ao final do 6o. parágrafo.

de resto, concordo contigo até se tu me pagar uma ceva quente.

Publicado por: dante em novembro 30, 2006 2:39 PM

Opa, valeu.

Pago duas geladas, então. : )

Publicado por: Douglas Ceconello em novembro 30, 2006 2:43 PM

Pois é. A oposição do Inter meio que se afundou sozinha durante a gestão do Fernando Miranda (que eu não achei ruim; o time de hoje só tem algum crédito por causa dele). Os resultados no campo foram uma merda, mas se a situação - se não me engano, na época erao João Patrício Hermann - tivesse ganho, o Inter teria passado pela mesma situação do Grêmio, sendo rebaixado e por aí afora.

Mas o brabo é que não se vê nenhuma mobilização da oposição. Tem essa falação das eleições de sábado, mas ninguém apresentou alguma proposta diferente, tipo vão manter o Beira Rio, vão reformar mais, o que será feito. Sobre as categorias de base, o Inter B, etc. Isso ninguém fala. Ninguém fiscaliza, ninguém pergunta por que pagaram mais pelo gordo Pinga do que seria pago no Guiñazu. Fernando Carvalho tem crédito, ÓBVIO, mas não é infalível.

Meu plano para o futuro inclui a volta da plataforma mandarim: cada jogador deve ter duas entre as três, altura, velocidade e habilidade. Só que não existe nenhuma chapa com abertura para esse tipo de proposta, e criar um bloco do eu sozinho é temerário.

Se algum colorado sócio gostar da idéia, ou tiver recomendações, aceito de bom grado.

Publicado por: Francisco em novembro 30, 2006 2:51 PM

concordo contigo. os movimentos do inter não querem nem parecer que são oposição, com medo do desgaste frente ao torcedor/sócio/sei lá o que. jamais concorreriam com o carvalho. é difícil ter uma oposição séria em futebol, geralmente são sempre reflexos da campanha do time. lamentavelmente as críticas q poderiam ser feitas, como as que tu citaste acima, não são seriamente discutidas nas internas do clube. as campanhas da(s) oposição(ões) pouco fazem a respeito.

Publicado por: rodrigo em novembro 30, 2006 2:58 PM

Outros assuntos que deveriam entrar em pauta sobre o Inter:
- A pressão de alguns empresários para escalação de jogadores(ex: Renteria)
- Aliciamento das categorias de base. Tem piá com 12 anos recebendo salário de empresário. E todos no beira-rio sabem quem são.
- Qual o uso vai ser dado ao setor aonde ficava a Coréia?

Nem os assuntos que apareciam em todas as eleições do Inter vieram à tona esse ano:

- O uso do eucaliptos;
- A deterioração do Gigantinho

Publicado por: Bueno em novembro 30, 2006 3:09 PM

cada vez que eu ouço a palavra ACLAMAÇÃO, logo vem na minha cabeça a imagem do PRESIDENTE DO CENTENÁRIO... medo!

Publicado por: zeh em novembro 30, 2006 6:08 PM

Publicado por: träsel em novembro 30, 2006 7:54 PM

Cadê o Antenor quando se precisa dele? Esperemos todos que esteja escondido na sala do Conselho gremista, preparando um dossiê FALSO.

Publicado por: Gustavo "Xinho" Faraon em dezembro 1, 2006 12:26 AM

euaaeuheuahueh muito bom XINHO!

Publicado por: Menezes em dezembro 1, 2006 12:01 PM

Faça um comentário





Comer uma bolacha?




Busca


Categorias

Arquivos