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Anos de pesquisa e observação, acrescidos de experiências clubísticas recentes, permitem-me afirmar que a função do técnico no futebol é muito superestimada. Geralmente - embora seja um pensamento usual, é uma conclusão difícil de alcançar -, a maior contribuição do "professor" é não atrapalhar.
Um bom time se faz com jogadores e entrosamento, alcançando a perfeita harmonia entre talento individual, disposição anímica e dinâmica de jogo. Esses três fatores são conjugados de forma natural, buscados pelos prórpios atletas, que apenas pela índole de rebanho precisam de alguém gritando à beira do campo.
Os fundamentos táticos do futebol há tempos estão balizados e podem ser aplicados por quase qualquer um. Você, leitor de Impedimento, teria plena capacidade de treinar uma equipe, provavelmente com mais sucesso que a maioria dos técnicos. Basta saber quem marca e quem cria, e não colocar um zagueiro para articular a equipe.
As conquistas de Abel Braga em 2006 são a prova cabal da teoria. Tenho sérias dúvidas dos seus méritos táticos - acho que ele nem treina a equipe, para dizer a verdade -, mas o Inter destacou-se por alguns motivos. O time da Libertadores era muito qualificado e tinha vontade de ganhar. A equipe do Mundial não era tão cheia de bons valores, mas a gana ainda estava presente, talvez mais intensa ainda. No entanto, acredito que Abel foi fundamental na motivação da equipe. E quase só isso.
É claro que há exceções, e são justamente os profissionais mais vitoriosos, os poucos que realmente fazem a diferença. E fazem isso das mais variadas formas, mas todas incluem inteligência tática e motivação da equipe, em maior ou menor dose. São dessa espécie Felipão, Luxembrugo, Bianchi e Minelli, apenas para citar alguns. Esse conhecem, são motivadores, enciclopédicos ou inteligentes e, mais importante, não temem fazer o simples.
Portanto, os técnicos são superestimados. Por isso, volta e meia aparece um desconhecido que faz excelente campanha e até conquista títulos. E esse anônimo poderia ser qualquer um de nós. No contexto futebolístico, geralmente os treinadores fazem tanta diferença quanto o tecido do fardamento esportivo e a marca da chuteira. Muito pouca.
Resumo da ópera: um bom cobrador de faltas é mais importante que o técnico.
Saudações,
Douglas Ceconello.
Pessoal, estamos com uma dúvida. Quais foram os jogadores que marcaram no jogo Botafogo 3 x 1 Grêmio em 1991?
Publicado por: Paulo Casa Nova em março 22, 2007 1:52 PM
Perfeito.
Publicado por: Francisco em março 22, 2007 2:02 PM
Dois gols de Pichetti e um de Bujica; Renato Portaluppi não jogou a partida em respeito ao seu ex-time.
Publicado por: Luís Felipe em março 22, 2007 2:10 PM
quanto ao tópico, discordo. O Inter estava fazendo água aos poucos no início do ano passado, não apresentando grande futebol no Brasileiro, perdendo o Campeonato Gaúcho e jogando mal na segunda fase da Libertadores. Durante a Copa do Mundo, Abel Braga viajou para a Europa e voltou encantado com o método de treinamento de alguns grandes times: um treinamento no mesmo ritmo do jogo, preparando a equipe para situações de muita pressão.
Treinando dessa forma durante a Copa, o Inter acostumou-se aos jogos decisivos. Tanto que decidiu as partidas contra LDU e Libertad no segundo tempo, mantendo um ritmo alucinante na defesa e no ataque.
Portanto, Abel foi decisivo para a conquista da Libertadores. E fez o melhor jogo da sua vida contra o Barcelona. Não bastavam simplesmente "cojones" para ganhar do Barça. Comissão técnica e atletas do Inter assistiram as partidas do Barça centenas de vezes, até perceber a tática ideal para o confronto.
Agora, Abel voltou a inventar moda, como no ano passado. Entretanto, está dando indícios de que pode reencontrar o caminho. Depois de todas as presepadas contra o Vélez Sarsfield, montou um meio campo qualificado para enfrentar o Juventude- e deu certo.
Treinadores podem ajudar sim, e muito. Se nada disso te convencer, pega os VTs das partidas do Grêmio do Felipão :D
Publicado por: Luís Felipe em março 22, 2007 2:20 PM
Douglas, acho que custa ressaltar que o papel dos tecnicos e' radicalmente diferente no Brasil e no resto do mundo (nao saberia dizer em qual grupo o resto da America Latina se enquadra). Tecnicos como Alex Ferguson, Mourinho, Rikjaard e Arsene Wenger fazem um papel muito mais de "vice de futebol" do que tecnico de campo, definindo contratacoes, negociando contratos e sendo, efetivamente, responsaveis por todo departamento de futebol do clube. Eles geralmente tem um ou dois ajudantes que fazem as funcoes mais de dia a dia.
Nao quero dizer que concordo; considerando que a maioria dos tecnicos brasileiros alem de incompetentes sao mercenarios, a ideia me parece meio pavorosa se aplicada aqui. Imagina quantos OUTROS jogadores da Ponte Preta o Abel levaria pro Inter? Hm, talvez isso SEJA uma boa ideia...
Publicado por: Francisco Mahfuz em março 22, 2007 2:31 PM
Tanto é que eles são chamados de "manager" lá.
Imagina chamar o Felipão de "manager"? hahaha
Acho que treinador faz muita diferença. Os times de várzea não tem treinador, e ao tomar alguns gols, os jogadores já começam a brigar entre si.
Publicado por: Gustavo em março 22, 2007 3:45 PM
Onde anda aquele cara q treinou o Brasiliense e foi vice da copa do brasil? E Celso Roth? Alguém sabe? Alguem viu? Obs: Não estou concordando, discordando ou ironizando, são só perguntas mesmo.
Publicado por: Eduardo em março 22, 2007 4:27 PM
Mas vale lembrar que no Inter do ano passado quem escolheu contra a LDU colocar mais um zagueiro ao invés de mais um atacante no final do jogo foi o Fernandão, já que o time estava sofrendo com a bola aérea. Ele é o técnico dentro do campo. Aliás, ele orienta o time, chegando a dizer em uma entrevista que 'o meu grupo' é muito bom. Diria mais, orienta o Abel que ao inventar perdeu o gauchão a ponto de os próprios jogadores se reunirem para escalar o melhor time. E deu no que deu. Concordo com o Douglas.
Publicado por: Glauco em março 22, 2007 4:39 PM
Mas vale lembrar que no Inter do ano passado quem escolheu contra a LDU colocar mais um zagueiro ao invés de mais um atacante no final do jogo foi o Fernandão, já que o time estava sofrendo com a bola aérea. Ele é o técnico dentro do campo. Aliás, ele orienta o time, chegando a dizer em uma entrevista que 'o meu grupo' é muito bom. Diria mais, orienta o Abel que ao inventar perdeu o gauchão a ponto de os próprios jogadores se reunirem para escalar o melhor time. E deu no que deu. Concordo com o Douglas.
Publicado por: Glauco em março 22, 2007 4:41 PM
Como disse o Douglas, treinadores só servem para cuidar do instinto de rebanho e fazer o óbvio. Sempre que um técnico quer "mostrar trabalho", não importa quem seja, vai errar.
Minelli fazia o óbvio, Ênio Andrade fazia o óbvio, Felipão faz o óbvio - e nas vezes que o Abel fez o óbvio, ou chegou perto (88 - 89) ou se deu bem (2006). Acredito que, pelo que o Luis Felipe falou, a importância maior foi do Paixão.
Publicado por: Francisco em março 22, 2007 4:42 PM
eu acho que o melhor jogo da vida do abel foi a primeira partida da final da libertadores 2006: inter 2 x 1 são paulo. e do sobis também. ;]
e cabe ressaltar que abel tinha uma DÍVIDA [1989] com a direção/torcida colorada; uma QUESTÃO DE HONRA, digamos. isso deve ter influenciado bastante.
Publicado por: dante em março 22, 2007 4:42 PM
Clemer campeão mundial!
Ainda acho que goleiro é menos importante que treinador.
Publicado por: Marco em março 22, 2007 5:03 PM
acho que se a gente for discutir importâncias, valores, vai gerar uma discórdia eterna. Acho, por exemplo, que a importância de Rafael Sobis é maior até que a de Paulo Paixão nas finais da Libertadores, e poderia justificar o porquê.
Porém, discutir importâncias é bem diferente de afirmar que treinador não serve pra nada. Serve sim, e acho que isto deve ser reconhecido. Discordo do tópico quando este afirma que a função de treinador pode ser desempenhada por qualquer um de nós, dado o valor do cargo.
Publicado por: Luís Felipe em março 22, 2007 5:54 PM
Luís Felipe, acredito que o Abel possa ter tido sua importância, mas desconfio da intensidade com que isso ocorreu. Contra o Barcelona, por exemplo, acredito que houve um esforço conjunto muito grande, da presidência aos atletas.
E essa história de "treino europeu" equivale ao mesmo que gritar "pega pra capá" no início de um coletivo. Apenas se escoram em uma base teórica para justificar seus salários astrnômicos. Desculpe se pareço meio simplista, mas levei algum tempo para perceber que isso de fato acontece.
Concordo com Mahfuz, o conceito de "técnico" na Europa é diferente, praticamente um diretor, o que acaba comprovando parte de minha teoria. Se um clube tem um dirigente que entenda de futebol, um bom preparador físico e uns dois ou três jogadores um pouco inteligentes, a figura do treinador fica esvaziada.
E também na final da Libertadores Fernandão CLAMOU pela entrada de Ediglê para ajudar a espanar os curzamentos do São Paulo. Bem como apontou o Glauco. Abel? Bem, ele entrou com três zagueiros, coisa que não havia feito em NENHUM jogo da Libertadores.
E Francisco também tem razão. Treinador bom faz o simples. Pode ser duro, mas as possibilidades táticas do futebol não são assim tão extensas e não vão além de chavões como o famoso "pega-ratão", "rechear a meia-cancha", "jogar pelas pontas" e outros tantos.
Publicado por: Douglas Ceconello em março 22, 2007 6:13 PM
sobre a discussão antiga da arrogância, aqui vai uma pérola do R.Ceni (fonte:terra.com.br)
"A derrota é sempre ruim. Para times que costumam perder, um resultado adverso não é novidade. Pelos nossos últimos jogos, a derrota não era uma coisa natural. Era uma coisa escassa. Se eu pudesse, tinha me jogado do avião",
e essa última frase: Bambi total!
morri!
Publicado por: Andre R. em março 22, 2007 9:01 PM
Eduardo, Celso Roth está no Grêmio, disfarçado de alemão, sem bigode, em forma de "Mano"
Publicado por: Cachopa em março 22, 2007 10:42 PM
Não posso concordar. O que falar do que o Luis Felipe faz com time de qualidade técnica duvidosa? Se for só motivação e espiríto de equipe e isso bastar para obter bons resultados entãqo o técnico já possui um papel essencial.
Luxemburgo eu nao considero um incentivador, mas o brasileiro que mais conhece de futebol (tática) no Brasil, apesar de ser um mau caráter.
Saindo até do futebol...o que falar do Bernardinho? Será que é coincidência essa era vitoriosa do voleibol brasileiro sob o comando dele?
Futebol ou volei o princípio é o mesmo....
Felipão, luxemburgo, bernardinho...todos conseguem extrair o melhor dos talentos sob sua administração..tá, agora já tô começando a elocubrar...vou parar...mas é real...
Publicado por: Cesar em março 23, 2007 1:53 AM
Bah, comparar o Mano com o Roth é f... Os caras tem estilos totalmente diferentes. O Roth era um retranqueiro, o Mano não.
Publicado por: Gustavo em março 23, 2007 9:11 AM
não? foi ele que inventou o esquema 3-6-0, contra a poderosa União Barbarense... perae...
Publicado por: Cachopa em março 23, 2007 9:31 AM
(4-6-0)
Publicado por: Cachopa em março 23, 2007 9:32 AM
Não vi jogar, então estou citando apenas pelo que se houve falar, mas e Rinus Michels e a Laranja Mecânica?
Tite também implantou boas estratégias na época do Grêmio, além de ser um bom motivador.
Publicado por: André em março 23, 2007 9:48 AM
andré, a laranja mecânica tinha um jogador chamado cruyff - o verdadeiro técnico -, sempre é bom lembrar.
Publicado por: dante em março 23, 2007 11:36 AM
Laranja mecânica:
Antes do primeiro jogo -
Jogador 1 - Qualé pessoal, a gente tamu treinando faiz somente uma semana, não tem tática nenhuma mermão, não vamu passa da primeira fase!
Jogador craque/gênio que todo mundo sabe- Seguinte, vamos jogar com dois zagueiros e dois laterais que não podem apoiar juntos, na frente o grandão magrela ai joga fincado(ui!) e o baixinho parecido com Zico orbitando como um elétron, os outros quatro do meio vão sempre, todos juntos onde a bola for.
Jogador 1- Beleza!
Treinador- Vamos revolucionar o futebol e blá, blá, blá
Publicado por: Melhor treinador do mundo em março 23, 2007 11:47 AM
Holanda classica=melhor time do wining eleven.
Publicado por: Roger em março 23, 2007 12:16 PM
Cesar, tu pode até não concordar, mas estes que tu citou estão entre os que afirmei serem surperiores;. Há técnicos acima da média, mas bem poucos.
Publicado por: Douglas Ceconello em março 23, 2007 12:35 PM
Dizer que a laranja mecânica só funcionou por causa do Cruyff é mesma coisa que afirmar que o Abel é o melhor técnico de 2006! O próprio Cruyff já afirmou inúmeras vezes que o esquema da laranja mecânica só deu certo porque aquele time tinha uns 4 ou 5 jogadores acima da média de inteligência, incluindo o próprio. Coube ao treinador perceber isso e colocar em prática. Jogador por sí só não pensa em tática.
Jogador inteligênte dentro de campo é como um técnico, mas nunca subistitui um. Querer dizer que o Fernandão pediu pra colocar o Ediglê pra espantar a bola da área, assim como quem diz que o Fernandão é mais importante que o técnico é uma besteira tremenda bobagem. Se por isso o Dinho é mais técnico que o Felipão, pq na final do Brasileiro de 96 pediu pro Felipão tirar ele e colocar o Aílton e todo mundo sabe o que aconteceu.
Publicado por: Léo em março 23, 2007 1:00 PM
Baideck campeão mundial!
Ainda acho que zagueiro é menos importante que treinador :p
Publicado por: Eduardo em março 23, 2007 1:17 PM
"Jogador por sí só não pensa em tática"
nenhum sentido.
Publicado por: dante em março 23, 2007 2:31 PM
Sim, to ligado que o Cruyff era o líder e orientava a equipe dentro de campo e tal. Mas de qualquer jeito precisava de alguém para orientar o time, senão ia virar mesmo o que o Zagallo (ou alguém da comissão técnica brasileira) chamou de "Tico-tico no fubá". Afinal, por mais inteligentes que os caras fossem, por melhor que fosse a noção de posicionamento deles, não iria funcionar sem um sistema, que até onde imagino foi organizado pelo técnico.
Publicado por: André em março 23, 2007 2:46 PM
concordando com o André, lembro que Tostão recentemente reiterou a importância que Zagallo teve na seleção brasileira na Copa de 1970. Tostão disse que Zagallo foi praticamente o inventor do 442, ao colocar Rivelino de ponta-esquerda recuado (aproveitando os chutes de longe e a sua experiência na meia-esquerda), o próprio Tostão de centroavante e Pelé de ponta-de-lança, um pouco mais recuado. Assim, Rivelino e Pelé compunham o meio campo, o último alternando-se com Tostão. Era a única forma de Pelé e Tostão jogarem juntos na Seleção, uma vez que ocupavam as mesmas posições no gramado - dizia-se que de Gérson pra frente, só haviam camisas 10 naquele time.
Muitos treinadores revolucionaram o futebol, mesmos os que todo mundo pensa que só entregavam camisas, como Zagallo.
Publicado por: Luís Felipe em março 23, 2007 4:55 PM
Este 'Melhor treinador do mundo' não sabe nada da história do espote.
A Holanda simplesmente NÃO CONTAVA COM CENTROAVANTE 'grandão magrela fincado'.
A base da Laranja sempre foi, conforme ja foi dito ali pelo Léo, o cérebro. O cérebro de todos os envolvidos, inclusive Rinus Michels, inclusive Cruyff.
Publicado por: Vitor VEC em março 24, 2007 2:47 AM
E a 'versão dos vitoriosos' sempre conta com o beneplácito posterior da conquista adquirida.
Brasil num 4-4-2 em 70? Nem sonhando. VT da campanha no Mexico demonstram isto melhor do que eu.
Publicado por: Vitor VEC em março 24, 2007 2:50 AM
"Onde anda aquele cara q treinou o Brasiliense e foi vice da copa do brasil? E Celso Roth? Alguém sabe?"
Eduardo: Aquele cara do Brasilienese é o Péricles Chamusca, ele tá trabalhando no Japão (não sei o time). O Celso Roth deve tá em algum lugar do estado, ainda recebendo salário de um botafogo da vida.
Concordo com o Douglas, em parte. Acredito que um bom cobrador de faltas e um centroavante trombador juntos são mais importantes que um treinador.
Publicado por: Marcelo Brazil em março 29, 2007 5:48 PM