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agosto 16, 2007

A noite
ou Da arte de não morrer no estádio

Há exato um ano, também por volta das dez da manhã, eu acordei com a coluna estropiada no sofá. A primeira coisa que pensei foi que não queria ter acordado, se pudesse pularia aquele dia e despertaria apenas em 17 de agosto. Acho que fazia algum frio, certamente chovia, mas de forma preguiçosa. Liguei no Sportv, que já estava transmitindo direto do Beira-Rio.

No curto tempo em que permaneci deitado, pude perceber o quão diferente seria aquele dia. Nada mais precisava ser feito até que Elizondo erguesse o braço por volta da meia-noite. Nada podia seri feito. Qualquer coisa que não considerasse o embate gigantesco entre Inter e São Paulo não constava na angustiada pauta do dia.

Mas era preciso - e inevitável - pensar. Dois grandes panoramas se colocavam e aguardavam as nuanças que nunca permitem flertar com advinhações. Um era O desafogo, tão grande e tão feliz que se confundiria com um sonho de um sono bêbado. O fim da maldita flauta de não passar do Mampituba, com milhares de bônus extras, já que passaríamos também do Rio da Prata, da Cordilheira dos Andes, da Tríplice Fronteira, do Tietê, e sei lá que mais. O outro era o lado negro da força, o pavor, o medo e a necessidade de se continuar vivendo depois de uma derrota. A derrota.

A única certeza era que seria desfeito o estado profundo de ansiedade pelo qual estava passando há semanas. Impossível não imaginar os diversos desfechos cabíveis para aquela noite perdida nos séculos, pequeno espaço de tempo que ainda servia de obstáculo para o passo mais alto do Colorado e sua multidão de doentes incuráveis. Uma noite de agosto para o mundo. A noite para nós.

Fui cedo para o estádio, fiz questão de percorrer a pé os cerca de 4 quilômetros que separavam o trabalho da arena dos prazeres desconhecidos. Tentava registrar tudo, o momento, as pessoas, as bandeiras nas janelas, os ambulantes, a comoção da torcida nos menores gestos. Eu tinha que gravar aquilo tudo, era meu dever passar todas as impressões no futuro breve e no futuro distante, tamanho era o privilégio que sentia por viver aquele momento tão aguardado desde sempre, tão sonhado, pensado e ansiado desde tempos imemoriais, começado pelos irmãos Poppe, escapado de Falcão e desperdiçado por Nílson.

Entrei no portão 2 quando faltava pouco para iniciar o jogo. Tantas pessoas aglomeravam-se naquele setor que a arquibancada inferior apresentava vazios. Dividi com mais duas pessoas um lugar onde eu não cabia. A tensão no estádio era visível e representava-se poeticamente na colcha de fumaça dos fogos que se colocava no limite superior do estádio. A torcida queria gritar, mas não conseguia, era sufocada por cada mínimo movimento no campo. Como a vantagem era do Inter, os 90 minutos serviam bascamente como uma contagem regressiva infernal.

Ali estava eu, entre 57 mil colorados, no mesmo estádio em que vi uma partida contra o Esportivo em 2002, num frio de rachar, quando ganhar um Gauchão já estava mais do que bom. Eu contra o Confiança. Eu contra o Gama. Pois. Quando o intervalo chegou e nos passou a falsa impressão da tranqüilidade, um guri de uns dez anos olhou para seu pai, com os olhos faiscantes e todo o assombro do mundo na voz: "pai, a gente vai ser campeão da América...". Mas ele não era bobo, não queria dar mole para o azar e resolveu não enfrentar sozinho o segundo tempo. E sumiu. Depois de instantes, o pai percebeu a ausência e se apavorou. ""Tu viu ele? Cadê o guri?". Procuramos entre pernas e vultos, eu achei. O piá estava sentado uns degraus acima, com a cabeça baixa. Nas mãos firmes, um santinho, que, vejam só, tinha mesmo a estampa de uma santa. Eu quis entrar no concreto. "Pelo amor de Deus, não acabem com a vida desta criança", pensei.

O jogo recomeçou. Lá pelas tantas, o São Paulo empatou, Tinga marcou e foi expulso, o ferrolho foi armado. Faltavam 20 desgraçados minutos. O São Paulo empatou de novo. E os oito minutos seguintes foram o maior desafio ao entendimento sobre o funcionamento dos relógios e do tic-tac dos ponteiros em todos os tempos. Todos vestíamos camisas 3 e 4, comemorando e nos aliviando até com arremessos laterais. E veio aquela seqüência de escanteios nascidos no inferno. Teu time precisando não levar gol. Final de Libertadores. Se mira o se toca?. 48 do segundo tempo. Lembrei de um torcedor no final de um jogo contra o Cruzeiro em 2002, resultado que praticamente rebaixava o Inter. Ele carregava um cartaz: "Colorado até o fim". É isto, meu velho. Nunca me esqueci do teu cartaz e sempre te respeitei por ele. Por tudo que houve e haveria de sagrada, que a bola explodisse no quarto de círculo, e todas as outras sumissem. Até hoje me pergunto como sobrevivi àquele jogo, 93 minutos de taquicardia. Então, Elizondo ergueu seu braço sagrado, e o que senti foi O alívio. Fracassos, pequenos colorados tristes, Felipão e Olímpia, tudo arrancado das costas.

Não pensava em fazer festa, simplesmente tinha racionalizado demais, queria aproveitar tudo, olhar ao redor, ver as mínimas reações em todos os semblantes. Queria sentir a leveza e a resposta dos músculos que relaxavam como se eu tivesse consumido 30 quilos de Dorflex. Mais do que cair na farra, eu tinha a missão de chegar em casa e dar um abraço no meu pai. O abraço no sortudo filho da puta que trabalhou de garçom na Churrascaria Saci de 1973 a 1981. Em 2005, ele tinha sido consumido pelas chamas com a perda do título brasileiro. "Eu estive nos três, mas queria que tu e teu irmão vissem". Pois é, ficamos sem aquela taça, não vimos. Mas nada nunca vai pagar o que ouvi já na madrugada do dia 17, no meio de um tríplice abraço: "Isto nem eu tinha visto, e estamos vendo juntos!".

Fui dormir às seis da manhã, reconstruindo mentalmente todo aquele dia, todos os anos desde 1986, quando comecei a sentir o futebol, mastigando com calma cada derrota e pensando "puta merda, como a gente se ferrou", e ria. Tudo estava justificado. Então dormi, já ansioso para acordar pela manhã, pegar um café e abrir o jornal.

Saudações,
Douglas Ceconello.

Publicado em agosto 16, 2007 10:02 AM

Comentários

Estava no estádio, nem lembro em que portão entrei... fiquei mudo, estático, praticamente o jogo todo, inclusive nos gols... eu não conseguia, não tinha força pra mais nada além de pensar...
Quando o jogo acabou lembro que eu apenas ajoelhei e comecei a chorar... uns 20 minutos depois levantei... comecei a gritar... feito louco... parecia que tinha cheirado 50 carreirinhas de uma vez só... totalmente insandecido...
Saindo do estádio fui tomar todas... também junto do meu velho... vendo ele sorrir, também chorar... e me dizer "eu tinha medo..." e eu também tinha...
Quatro da manhã... quase sem voz, pego o telefone e escolho a dedo na agenda o número do meu amigo gremista mais fanático... juntei minhas últimas forças pra acordar o cara...
seis e meia, chego na casa dos meus pais (já morava em Brasília)... olho pro meu quarto, que eles conservaram como eu deixei... pôsteres, flamulas... me passa na mente todos os jogos que eu assisti... contra o Santo Ângelo, Tá-Guá... Contra o Olímpia (Cerro PorteñO?) no Sessinzão... contra o Boca, tanto em casa quanto na Bombonera... as 2 vezes... aquele 0x4 na semi da copa do brasil contra o juventude... os jogos contra o zequinha que eu assisti inclusive no passo d'areia (morando no IAPI era fácil)... e voltei a chorar...
não dormi aquele dia... e acho que dormi pouco por mais uns 3 ou 4 dias... aquele foi um dia que não acabou...

Publicado por: Rudi em agosto 16, 2007 10:28 AM

Faço aniversário dia 17.

Pior presente.

uaiosdhfiuasdhfuiasdf

Publicado por: fino em agosto 16, 2007 10:34 AM

uma das minhas teses furadas é que só OS ELEITOS POR JEOVÁ tiveram direito de chorar naquela noite.

eu também fiquei nesse estado de leseira análica, olhando as reações, entrando em digressões horríveis, admirando o nada

foi uma grande noite, mas parceria que eu tinha fumado uma baura ruim até a hora que vi a edição especial da ZH sentado do Alfredo's, ali na cristovão.

A AMERICA É VERMELHA

daí ficou tudo claro

Publicado por: mauricio em agosto 16, 2007 10:56 AM

O que foi que aconteceu mesmo naquele dia ? sdfsdfsdf

Publicado por: Renato K. em agosto 16, 2007 11:08 AM

naquela noite, fui encontrado na sarjeta de uma rua próxima à protásio, desacordado, com uma garrafa de cerveja [mas cheia de CACHAÇA] na mão e algumas marcas de BATOM e CARVÃO pelo corpo.

lenda é lenda.

Publicado por: dante em agosto 16, 2007 11:17 AM

Fino, meu parabéns. Minha signora também faz aniversário amanhã. Aliás, ano passado eu temia ter que enfrentar a festa e todos os amigos COM ALEGRIA se o Inter não tivesse vencido. Como no dia da final, não bebi nada, no aniversário da Aline fui BEM BONITO, com a camisa do Colorado meio escondida embaixo de um casaco, e tomei o maior trago da história do recinto. Uns 15 canecos de chopp. Voltei DE RÉ pra Cachoeirinha. dsahud

Publicado por: Douglas Ceconello em agosto 16, 2007 11:24 AM

Fino, meu parabéns. Minha signora também faz aniversário amanhã. Aliás, ano passado eu temia ter que enfrentar a festa e todos os amigos COM ALEGRIA se o Inter não tivesse vencido. Como no dia da final, não bebi nada, no aniversário da Aline fui BEM BONITO, com a camisa do Colorado meio escondida embaixo de um casaco, e tomei o maior trago da história do recinto. Uns 15 canecos de chopp. Voltei DE RÉ pra Cachoeirinha. dsahud

Publicado por: Douglas Ceconello em agosto 16, 2007 11:25 AM

Não sou bom com datas... o que aconteceu mesmo nesse dia??? :p

feliz aniversário vermelhos...

Publicado por: Guillermo em agosto 16, 2007 11:27 AM

Parangolé?

Publicado por: Leo Ponso em agosto 16, 2007 11:31 AM

Não, Ponso. IMPERATORE. Cheguei às sete e saí às quatro, duvidando que eu merecesse tal CONJUNÇÃO DE FATORES e ainda com uma sede de JESUS. Se pudesse, aquele dia teria dormido dentro do caneco. Cheio, claro. huahsusa

Publicado por: Douglas Ceconello em agosto 16, 2007 11:35 AM

ô dotor, 15 choppes no imperatore... mas o senhor já ganhou essa loteca e não contou pra ninguém!
dakljshaskjdasdas

Publicado por: Anonymous em agosto 16, 2007 11:38 AM

Naqueles tempos OS GRINGO ainda não estavam com tanta GANA CAPITALISTA. Ainda dava pra se encharcar vez que outra. Mas também é fato que quase tive que pagar com as CALÇAS minhas inúmeras extravagâncias por lá.

Publicado por: Douglas Ceconello em agosto 16, 2007 11:53 AM

Que belo texto!
Engraçado ler isso, porque minha perspectiva é praticamente igual, mas INVERSA hahaha.

Ansiedade, ponderações, o jogo ocupando a mente.

Brincava com meus amigos dizendo que era um dos dias mais importantes da história...do GRÊMIO.

Ao invés de ir ao Beira Rio, fui à casa do GRALHA fazer uma corrente para trás. Não deu.

O que resta é levar a flauta com bom humor e parabenizar os colorados. Eu sei o que é ganhar a Libertadores. Comemorem sempre, vale à pena!

Publicado por: Gabriel Divan em agosto 16, 2007 11:55 AM

shhsahsahs

Valeu, Gabriel. Então GRALHA andava se MANCOMUNANDO para o mal colorado? Genial.

Publicado por: Douglas Ceconello em agosto 16, 2007 12:03 PM

Gente, OLHA A MARGEM.

Publicado por: Lila em agosto 16, 2007 12:09 PM

Eu lembro que imaginava durante anos como seria o meu comportamento ao ganhar uma Libertadores.

Quando isso aconteceu, me sentia culpado por não conseguir chorar como durante anos imaginei que choraria.

No dia seguinte, caindo a ficha, percebi que tudo era culpa do estado catatônico e do nervosismo e que durante uma semana qualquer vídeo da conquista me faria chorar feito uma donzela.

Publicado por: Bueno em agosto 16, 2007 1:03 PM

porra, muito certo isso. no dia da conquista eu não chorei.

no outro dia, ouvindo uma asneira qualquer na rádio gaúcha eu fiquei todo transtornado e comecei a chorar no meio do trabalho.

dlashdaklsjdhaskjdas

Publicado por: mauricio em agosto 16, 2007 2:10 PM

Passei o maior PAVOR da minha vida na manhã do dia 16. Como estava meio letárgico, só fui dormir pelas 3h, e meio que deixei minhas roupas sujas no banheiro. Quando acordei, mais nervoso do que nunca esperando o dia passar, fui conferir minha carteira, meu PASSAPORTE para aquela noite terrível que aconteceria e... não achei a carteira.

Como eram 7h da matina, pensei que estava sonhando. Tomei meu café, fui me escovar e aí comecei a procurar de verdade. Não encontrei, e aí sim fiquei todo cagado. Não me importava com os documentos ou com o dinheiro, o que quase me matou é que a minha carteira de sócio estava ali dentro. Uma situação terrível.

Quando o desespero começou a bater fundo, fui falar com o pai, e ele estava com a desgraçada na mão. Aparentemente deixei cair no quarto deles, não sei como. Ali eu já previ as FORTES EMOÇÕES daquele dia.

E nada substitui ter visto o gol do nego Tinga atrás da goleira mítica do placar. E de ter tomado um banho de cerveja depois. E de chegar em Novo Hamburgo às 5h, cantando baixinho, comendo um pastel da Padaria Brasil, e de repente chorar que nem uma criança. Foi tudo muito perfeito e melhor do que jamais imaginaria.

Publicado por: Francisco Luz em agosto 16, 2007 2:18 PM

Passei o maior PAVOR da minha vida na manhã do dia 16. Como estava meio letárgico, só fui dormir pelas 3h, e meio que deixei minhas roupas sujas no banheiro. Quando acordei, mais nervoso do que nunca esperando o dia passar, fui conferir minha carteira, meu PASSAPORTE para aquela noite terrível que aconteceria e... não achei a carteira.

Como eram 7h da matina, pensei que estava sonhando. Tomei meu café, fui me escovar e aí comecei a procurar de verdade. Não encontrei, e aí sim fiquei todo cagado. Não me importava com os documentos ou com o dinheiro, o que quase me matou é que a minha carteira de sócio estava ali dentro. Uma situação terrível.

Quando o desespero começou a bater fundo, fui falar com o pai, e ele estava com a desgraçada na mão. Aparentemente deixei cair no quarto deles, não sei como. Ali eu já previ as FORTES EMOÇÕES daquele dia.

E nada substitui ter visto o gol do nego Tinga atrás da goleira mítica do placar. E de ter tomado um banho de cerveja depois. E de chegar em Novo Hamburgo às 5h, cantando baixinho, comendo um pastel da Padaria Brasil, e de repente chorar que nem uma criança. Foi tudo muito perfeito e melhor do que jamais imaginaria.

Publicado por: Francisco Luz em agosto 16, 2007 2:22 PM

Bah, eu fiz um terrorismo com meus amigos. peguei um bumbo que eu tenho, financiamos duas caixas de foguetes e uns 12 rojões, e após o jogo fomos à frente da casa de cada gremista que conhecíamos, tocar o terror, porque ninguém é de ferro.

Foi clássico.

E me lembrei de um Inter x Bragantino, em 1995, quando tinha uns dez anos, com 700 pessoas no beira-rio, 2x2 o jogo, dois gols do Aílton gordacho, que jogou em todos times da Alemanha, pensando que há um ano atrás tudo estava sendo pago com juros e correção monetária.

Máquina de jogar. Que se arme outra parecida, pra buscar novamente aquela taça, agora situada na Bombonera.

Publicado por: Ernesto em agosto 16, 2007 2:52 PM

Lembro deste dia desde a saída aqui de Chapécó as 11 da matina até a chegada, as imensas filas para se aproximar do Beira, correria para entrar no estádio, com aquela estoria de que as 9 horas fechariam o portão.

Quanto desespero sem ingresso, tendo que correr atrás dos organizadores da viagem que detinham os ingressos, ficar o tempo todo de pé na mureta que divide a coréia, porém tudo foi recompensado com a até então maior gloria do meu time.

Publicado por: Christian em agosto 16, 2007 2:55 PM

Meu pai tava em São Paulo a trabalho, aonde moro, e fui ver o jogo com ele. Na rua Augusta. Assisti o jogo com a camisa do Grêmio, sendo saudado pelos sãopaulinos presentes. Porém, depois do certame subi a fadada rua pra voltar pra casa chorando de desgosto, entre putas e bêbados.

Porém, aproveitem. Ganhar a Libertadores é algo mágico, perfeito.

Publicado por: Marcelo em agosto 16, 2007 3:25 PM

Esse dia foi foda de dormir...tenho um vizinho filho da puta q é daqueles torcedores de ocasião...qdo o time está mal, ele é o primeiro a dizer q "futebol é coisa pra trouxa, bla bla bla"...e naquele dia não parou de berrar...qdo o inter se fudia, não podia me arriar nele pq ele simplesmente vinha com esse papo de "nem olho futebol, cara"...

Publicado por: Carlos em agosto 16, 2007 3:57 PM

Ernesto, eu não acredito que tu tens a minha idade.

Bom, a contar sobre o jogo, só que eu quase não o vi.

Tomei um trago absurdo de vinho de garrafa de plástico ANTES da partida, junto com amigos meus fundadores da popular.

Antes do jogo, comecei a passar MUITO MAL, vomitando na entrada do portão 7. Como todo mundo estava ENLOUQUECIDO, aquela situação de porre que era para ser absolutamente PESSOAL se transformou numa CATÁSTROFE. Muita gente em volta de mim achava que eu iria morrer.

Além do mais, se vocês não lembram, tinha bafômetro naquela final. Eu, evidentemente, passei pela roleta sem baforar. Só que quando a Brigada Militar viu o meu porre, rolou um boato de que me ARRANCARIAM do estádio para não passar vergonha.

Apavorado, me ESCONDI na Popular e passei o resto do jogo sem beber nada. Só sei que até o primeiro gol, do Fernandão, andava de um lado para o outro no corredor. Não conseguia ver o jogo.

Mas enfim, depois escrevo sobre isso no meu blog.

Feliz aniversário a todos.

Publicado por: Luís Felipe em agosto 16, 2007 4:13 PM

Cara, quando terminou o jogo, desandei a chorar.
Meio ano antes, quase morri num acidente de carro. Não conseguia parar de pensar que talvez eu não estivesse ali.

Choro até hoje quando olho o DVD. Lembro do meu avô, falecido em 96, que escutava os jogos do Inter ao meu lado comendo bolinho de chuva e me contando as histórias que sedimentam a paixão de um guri por um time.

Foi o dia mais intenso da minha vida. Só não foi o mais feliz, porque esse foi quatro meses depois.

Publicado por: Giordano em agosto 16, 2007 5:11 PM

Esse dia, para mim, começou na véspera, quando saí aqui de Palmas rumo a Porto Alegre, com o único objetivo de VIVENCIAR o momento. Já no aeroporto de Brasília, na noite de 15/08, me chamou a atenção a ENORME quantidade de colorados, vindos de todos os cantos do Brasil. Não havia muita conversa, apenas alguns breves diálogos quase monossilábicos: "vamos lá, hein!", "é amanhã!", "vamos que vamos!", "dá-lhe Colorado!" e coisas do gênero. A tensão era visível e generalizada.

Chegando em POA, encontrei a família, que havia acampado no Gigante para garantir os ingressos. Sendo sócio, o meu já estava garantido, mas meu pai, meu irmão e, principalmente, minha mãe, companheira de várias jornadas ao Beira-Rio, incluindo o fatídico 0x4 para o Juventude, mereciam demais estar lá também.

De resto, 16/08/2006 realmente foi um dia que serviu para alimentar e rediscutir todas as teorias, ensaios e reflexões sobre o tempo: cinzento e chuvoso, cada minuto tinha o peso de uma hora, e as transmissões constantes pelo rádio e pela TV só serviam pra aumentar ainda mais o nervosismo, que, por sua vez tornava o relógio cada vez mais lento.

O início do jogo com TODO o estádio cantando "Vamo Vamo Inter!", o gol do Fernandão, as quase-lágrimas com a cabeçada do Nêgo Tinga, o assustador empate... Cada momento uma imagem inesquecível! Contudo, tenho certeza que minha principal recordação do jogo são os minutos finais, o PAVOR de que o ANJO DA MORTE pudesse descer novamente ao Beira-Rio, o TREMOR nas mãos e nas pernas e a TONTEIRA que fizeram pensar que também eu estivesse próximo do infarto. Depois, com o apito final, a incredulidade seguida pela sensação de que muita coisa tinha mudado, pra sempre.

Acho que também não consegui chorar, na hora. Fiquei estático, vidrado, abracei meus pais e meu irmão, olhei ao meu redor, vi aquele monte de marmanjos aos prantos e depois não desgrudei mais os olhos do campo, esperando pela TAÇA e pela VOLTA OLÍMPICA. Nos dias seguintes, tal qual o Mauricio disse logo acima, qualquer especial da Gaúcha, da Guaíba, da TV-COM e até mesmo os vídeos sobre a conquista no Youtube me deixavam completamente transtornado e emocionado. Na verdade confesso que, até hoje, a narração daqueles gols e do final do jogo me deixa no mínimo abobado...

Parabéns a todos nós, colorados, e que, mesmo tendo a certeza de que igual nunca haverá, não demoremos demais a ter outro dia semelhante.

Publicado por: Marcio em agosto 16, 2007 6:25 PM

lindo texto, Douglas.

Publicado por: izabel em agosto 16, 2007 6:56 PM

Parabens pelo texto
Emocionante
Quase chorei, descreveu perfeitamente a angustia desse dia para todos os colorados.
PARABENS!!!

Publicado por: Gabriel em agosto 16, 2007 7:26 PM

Até hoje simplesmente ler os relatos dos companheiros colorados me emociona...
Esse foi mesmo um dia que nunca acabou...

Publicado por: Rudi em agosto 16, 2007 10:34 PM

Bah, e eu não acredito que o Ernesto E o Luis Felipe tem a minha idade.

Class of 85 comandando o Impedimento.

Publicado por: Francisco Luz em agosto 16, 2007 11:07 PM

Porra... eu "class of 82" me senti um velho agora... hehehe

Publicado por: Rudi em agosto 17, 2007 12:15 AM

E o que dizer da "class of 79"? hehe

Publicado por: Giordano em agosto 17, 2007 4:05 PM

Safra de 80 e me sentindo IDOSA.

Publicado por: Lila em agosto 17, 2007 4:13 PM

Bom de ser de 79 é poder dizer que não nasceu na DÉCADA PERDIDA.

Álcool > cocaína.

hrhshs

Publicado por: Douglas Ceconello em agosto 17, 2007 4:26 PM

Bah, a Lila tem 27 aninhos então.

Idade do talento, com certeza.

Publicado por: Ernesto em agosto 17, 2007 4:35 PM

Suellen, se os anos 2000 só começaram em 2001, os anos 80 só começaram em 79. Logo, eu posso dizer que sou setentista.

JEMTCHY, OLIA O ERNESTO!!!!!!!!!!111111 Passada.
hshshshahahah

Publicado por: Lila em agosto 17, 2007 4:38 PM

Erensto enfim mostra suas reais intenções. hrhshhs

Publicado por: Douglas Ceconello em agosto 17, 2007 5:08 PM

Erensto enfim mostra suas reais intenções. hrhshhs

Publicado por: Douglas Ceconello em agosto 17, 2007 5:11 PM

Gente, o que eu tavabebendo ontem? Os anos 80 só comeram em 81. Grata.

Publicado por: Anonymous em agosto 18, 2007 12:48 PM

Os anos 80 comeram em alguém? huahsudfhasdfha
Definitivamente a concorrência tá fogo...
E falando nesse termo "setentista..." faz quase uma semana que a seguinte canción não sai da minha mente...

Setentistas
Attaque 77.

Hasta que no te pase a vos, no vas a entender,
Siempre así, tan egoísta
Hasta que no te pase a vos, no vas a entender,
Clásico individualista

Decido que no te quiero escuchar,
Decido no formar parte de tu plan,
Cuantos ríos de sangre han de correr,
Tanta muerte ya, tanto horror, tanta injusticia
Cuanto tiempo para reconocer que la historia es,
Otra vez y todo de vuelta

Deciles que no les sirve luchar,
Decime que no me sirve luchar…
Si estaba en el cordobaza hace tiempo atrás,
Y estaba en el rosariazo y en Tucumán

Espíritu setentista vuelve hoy,
Gente que no puede decir:
Hey, hey, no te metas
En Neuquén resiste Zanon
Lucha obrera, movilización
Los bastones acechan, también voy yo


video aqui...

Publicado por: Rudi em agosto 20, 2007 10:13 AM

Sou do fatídico ano 1980, bem do começo dele, diga-se.

Publicado por: Gustavo em agosto 20, 2007 11:32 AM

Gente, definitivamente eu preciso parar de beber.

Os anos 80 só começaram em 81.

E eu fui concebida em 79, então tá tudo tranquilo e eu continuo super idosa.

Publicado por: Lila em agosto 20, 2007 3:05 PM

Tens 28 anos então. Melhor que a encomenda. No auge.

Publicado por: Ernesto em agosto 20, 2007 3:35 PM

jogar decimes

Publicado por: karine em dezembro 2, 2007 8:51 PM

jogar decimes

Publicado por: karine em dezembro 2, 2007 8:52 PM

j

Publicado por: karine em dezembro 2, 2007 8:54 PM

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