Indigestão

O público assistiu de pé, roendo as unhas aos primeiros tiros de doze passos. A torcida gritou gol do Racing. Em seguida veio o gol do Argentinos Juniors, aclamado pela torcida da outra arquibancada. Houve ovação quando o arqueiro do Racing se lançou contra uma trave e desviou a bola. Outra ovação felicitou o goleiro do Argentinos, que não se deixou seduzir pelas caretas e esperou a bola no centro do arco.

Após quarenta e quatro pênaltis, terminou a partida. Foi o recorde mundial de pênaltis. No estádio já não havia ninguém para celebrá-lo, e nem se sou quem tinha ganhado.

Mais um relato de Eduardo Galeano, em Futebol ao Sol e à Sombra.

Saudações,
Douglas Ceconello

Galeano não deveria ter escrito "nem se soube quem tinha GANHO?"

não, Rudi. nada há de errado com o ganhado.

situação louca essa aí. e improvável também.

hmmm, ok, ando de birra com camões mesmo...
a situação em si é improvável, mas ninguém ter visto o fim e etc, sei lá...

Gosto do conto sobre fanatismo, nesse mesmo livro. Aonde ele fala do torcedor xeneize que, no leito de morte, pediu pra ser enrolado numa bandeira do River. Nisso, seu último suspiro foi "Morre um deles!".

Genial!

falando em camp. argentino, viram o glorioso tigre?

Esse livro é mesmo muito bom. Só não gosto de uma passagem que que Galeano diz algo como "o Flamengo é o único time do Brasil que joga em casa em qualquer estádio do país". É muito delírio.

gurizada abusada