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dá uma bala, tio!
Ontem resolvi aproveitar um dia de sol e temperatura amena, uma das melhores coisas do outono, para ler alguns artigos em um parque, em vez de ficar trancado em casa. Feriado, a Redenção estava cheia. Sentei-me em um banco e comecei a ler sobre televisão interativa.
Pouco tempo depois um casal de idosos pede licença para sentar. Concedo-a.
— Está estudando?
— Sim.
— Está na faculdade?
— Faço mestrado.
Volto ao texto, para desencorajar a falação. Os dois começam a falar sobre um parente, creio, que se formou em direito e agora se dedica a estudar para um concurso de juiz. O velho reclama que o sujeito nunca atuou como advogado, que isso é ridículo, que como pode? A velha ficou defendendo o provável neto, dizendo que o cursinho é muito pesado e não sobra tempo para trabalhar. O velho então se vira para mim:
— Posso perguntar a tua opinião?
— Claro.
— Deixa o moço estudar! — diz a senhora.
— Ele disse que não se importa! — responde o idoso, e voltando a mim: — O que você acha de alguém que tem 25 anos, se formou em direito, nunca trabalhou, e está agora só estudando para fazer concurso para juiz?
— Bem... Eu agora me dedico só a estudar, no mestrado, mas trabalhei uns cinco anos como jornalista antes disso.
Após mais alguns comentários, o senhor voltou à sua esposa. Ela bem que tentou tirar o sujeito de perto, pedindo para mudar de banco. Estava obviamente fazendo o possível para me deixar em paz.
— Tá pegando sol em ti? O banco é desconfortável? Então pra quê mudar?
A velha então se calou. Quando o sol começou a atingir o banco, o velho decidiu mudar de lugar. Antes de ir embora, porém, pediu meu nome. Depois, enfiou a mão no bolso e tirou uma bala.
— Pega uma bala de menta, para comer depois.
Adoro idosos.
b a l a
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