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para gostar de ler
Qualquer pessoa que tenha em casa uma biblioteca gostaria que todo o resto de seus concidadãos superasse o nível de analfabetismo funcional. Por mais que os professores de literatura e campanhas do governo se esforcem, entretanto, não vai acontecer.
Não vai acontecer porque, aparentemente, ou a pessoa nasce para isso, ou não. É duro admitir, mas talvez o gosto pela leitura — e conseqüentemente, pelo raciocínio — tenha pouco a ver com o ambiente.
Para usar um exemplo próximo, posso citar meu irmão. Temos somente um ano de diferença, fomos criados da mesma maneira, freqüentamos o mesmo colégio e passamos as mesmas tardes entediantes na casa de meu avô em Lajeado. Lá havia uma biblioteca com diversas enciclopédias e uma coleção dos Irmãos Grimm. Li todos estes livros, mais de uma vez. Meu irmão, pelo que me lembro, jamais tocou num deles. Hoje, até lê alguma coisa, especialmente se tiver relação com medicina, a profissão que escolheu. Mas não gosta de verdade.
Há muita gente com acesso fácil a livros que não lê nada. Por outro lado, sujeitos como o coveiro entrevistado pelo Parada em São Joaquim da Barra, mesmo com todos os obstáculos, provavelmente leu muito mais do que eu, que sempre ganhei dinheiro para livros de meus pais, quando pedi.
Existem milhares de casos iguais a estes dois. Chega a ser desesperador tentar achar um só caso de sucesso em incentivo à leitura. Uma luz no fim do túnel. Há alguns anos isso me incomodava muito. Perceber-me rodeado de ignorantes que se esforçavam em permanecer assim era frustrante. Mas pensar que talvez não tenham nascido para habitar o ar rarefeito do conhecimento, por incrível que pareça, faz com que seja bem mais fácil conviver com eles.
Mas se alguém tiver provas em contrário, pelo amor de Deus, envie!
b a l a
kuro5hin
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