Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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a coisa está mais preta do que urubu comendo papel carbono

Para não dizerem que só se fala mal da elite por aqui, é preciso concordar com o Walter, quando ele diz que:

O discurso combinado do PT está dizendo que "todos os partidos fazem isso". O objetivo é querer inocentar o partido, dizendo que ninguém é santo. Isso é argumento de BANDIDO. Crime é crime e ponto final.

Enquanto isso, o Roda Viva de hoje começa com uma inovação cenográfica e outra no formato do programa. Três parlamentares do PT e mais três da oposição debatem as denúncias, tendo ao centro do estúdio, no lugar da habitual cadeira giratória, um tanque cheio de lama.

Todos foram burocráticos, exceto Denise Frossard [PPS], que já saiu dizendo ter levado um soco no estômago ao ver ontem a entrevista de Lula ao Fantástico. Para ela, a entrevista demonstrou que o presidente está agindo de maneira coordenada com Delúbio e Valério. Ou seja, Lula provavelmente sabia, sim, de todas as falcatruas. O desconsolo de Frossard pareceu bastante sincero. Para quem não lembra, a ex-juíza ficou famosa ao mandar prender um bando de bicheiros cariocas há uns 15 anos.

O segundo bloco do programa já mostrou Denise Frossard durante o depoimento de Karina Somaggio à CPI dos Correios, reclamando do tratamento de réu dado à testemunha pelos parlamentares. Coerente, para uma ex-juíza, já que nenhum depoente de CPI está sendo processado por nada. As tentativas de desqualificação por parte dos deputados e senadores são pura falta de elegância.

A senadora Ideli Salvatti [PT-SC] tenta engambelar o povo, sugerindo que o crescimento na quantidade de dinheiro circulante nos Correios seja o motivo pelo qual "os interesses" fizeram as denúncias aflorarem. Diz ela que há motivos econômicos escusos por trás de tudo. Só não diz em que isso livra a cara do PT.

Um parlamentar careca da oposição faz enorme catilinária sem sentido algum, apenas para dizer que a CPI tem de investigar e punir. Alguém discorda? Maurício Rands [PT-PE] responde dizendo que a CPI não pode se tornar palco de disputa política. Certo. Critica também Rodrigo Maia, líder do PFL na Câmara, por ter divulgado uma lista cheia de erros e informações duvidosas sobre assessores de petistas que foram ao Banco Rural. Maia é um imbecil, porque até assessores dele mesmo foram ao tal banco em dias de saque de Marcos Valério.

Denise Frossard não pára de interromper todo mundo. Desta vez, foi o petista José Cardozo. Ela queria dizer que não adianta chamar Deus e meio mundo para testemunhar, como os parlamentares adoram fazer. Quando Cardozo voltou a falar, foi o apresentador Paulo Markun que interrompeu.

César Borges acusa o PT de procrastinar a CPI ao não apoiar os requerimentos. Os petistas se revoltam. Rands diz que Borges está torcendo os fatos de maneira política. Diz ele que o PT apóia os requerimentos de quebra de sigilo de acordo com uma "lógica investigativa".

O nome do careca é Gustavo Fruet [PSDB-PR]. O parlamentar diz que não quebrou o sigilo de Dirceu e Delúbio imediatamente, quando eles ofereceram mostrar as contas, porque é preciso ter o aval da Justiça. Os petistas, evidentemente, sabiam que a CPI não poderia abrir os sigilos. Foi manobra diversiva.

Frossard traz dados: enquanto no Brasil há quase 20 mil cargos preenchidos por indicação na União, no Reino Unido há 120. Ela denuncia a tentativa de seqüestrar o Estado usando estes cargos. "Fui enganada, vocês provavelmente também foram", diz. Impossível discordar. Fomos enganados por TODOS os partidos, desde sempre.

Salvatti é uma imbecil e não pára de falar em "interesses econômicos" escusos por trás de tudo o que acontece no país. Não que eles não precisem ser investigados, mas se os integrantes do PT fossem honestos, nenhum interesse econômico escuso teria alguma influência sobre os rumos do governo.

O debate está chatíssimo. Os petistas estão sem vontade de entrar de sola na oposição para defender um partido moribundo. A oposição, exceto por Frossard, é pouco incisiva. São uns moleirões. Enquanto isso, o espectador pode se distrair imaginando se o odor do lodo que enche o cenário incomoda os debatedores.

O clima esquenta subitamente, quando Cardozo acusa Borges de evitar levar a questão do caixa 2 para um nível global, preferindo falar apenas no PT. Sendo do PFL, Borges faz bem em evitá-lo. Rands se exalta e diz que o PT quebrou espontaneamente o próprio sigilo. Exige que Borges pare com a hipocrisia de aparentar que "oh, estou descobrindo agora que existe caixa 2".

Rands diz que o PT foi o partido que mais trabalhou no projeto de reforma política, mas que tudo naufragou na hora da votação, com muita ajuda do PFL. Frossard Concorda. Borges revida com golpe de mestre: "O PT poderia ter aprovado a reforma, já que conseguiu maioria no Congresso pagando o mensalão."

"O PFL deixou de ser poder agora e, no entanto, estranhamente, parece que para ele a corrupção nasceu agora", intima Cardozo. Borges acusa o golpe, começa a balbuciar e todo mundo fala ao mesmo tempo. A palavra "Collor" voa para lá e para cá. Fruet diz que não é bom comparar a situação atual com a de Collor. Também pede que se pare de generalizar, como faz Roberto Jefferson, ao jogar suspeita sobre todos os políticos. Para Fruet, há muita gente honesta no Congresso. O coelhinho da Páscoa salta de um buraco dentro do mar de lama e dança o can-can.

Para finalizar, Markun pergunta se os debatedores acham que o presidente sabia a respeito de toda a bandalheira.

Fruet: Não diz se Lula sabia ou não, mas acha péssimo se ele não souber nada, porque "um presidente tem de fazer mais do que se indignar e chorar".

Cardozo: Acha que o presidente não sabia de nada. Para livrar a cara de Lula da incompetência por ignorar o assunto, diz que FHC também não ficava sabendo.

Frossard: Tem certeza de que Lula sabia. Para ela, ele deu a entrevista de ontem para justificar as declarações de Valério e Delúbio. Está desiludida e pede a investigação do presidente.

Salvatti: Diz que a corrupção está "encardida" na máquina política brasileira. Fala um monte de merda tentando defender o governo.

Borges: As más companhias foram a perdição do PT. Declara que o presidente é o maior responsável, soubesse ou não o que estava acontecendo.

Rands: Atocha que o governo manda apurar todas as denúncias. Alfineta Borges, dizendo que na Bahia o PFL não deixa investigar nada. "O povo brasileiro sabe que o presidente Lula não tinha conhecimento." Ã-hã. Bem certinho.

Vencedor do debate: Denise Frossard.

18 de julho de 2005, 22:55 | Comentários (7)



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