Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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idéias em risco de extinção

A revista Foreign Policy traz artigos sobre 16 conceitos em perigo de desaparição nos próximos 35 anos. Entre os autores está nosso excelentíssimo ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso. Ele sugere que os partidos políticos podem sumir, mas infelizmente não se pode acessar o texto sem ser assinante da revista.

Peter Singer abre os trabalhos sugerindo que a santidade da vida humana vai desaparecer sob o peso do progresso científico, que agora começa a trabalhar com genética e embriões. Além disso, a eutanásia provavelmente será legalizada na maioria dos lugares, já que a maioria da população será idosa e estará pensando a sério se prefere apodrecer em um hospital ou dar um fim digno à própria vida. O resultado, para Singer, é que ser um indivíduo da espécie Homo sapiens já não será requisito para ter os direitos humanos.

Lawrence Lessig vê riscos para o domínio público. O jurista acredita que a reação hidrófoba das corporações contra a pirataria pode levar à extensão do direito de copyright pela eternidade e sobre todas as coisas. Além disso, a tecnologia permite um controle muito maior do uso de obras sob proteção.

Esther Dyson supõe a hipótese de que as redes telemáticas levarão ao fim do anonimato, mas isto não é necessariamente ruim. Para ela, um mundo em que todos sabem todos os erros e falhas de caráter dos outros pode levar também a uma maior tolerância entre as pessoas.

Christopher Hitchens acha que a extrema burocratização da União Européia vai transformar o euro em algo como o esperanto. Simplesmente porque comitês não entendem o papel das emoções na política, muito menos que as pessoas têm afeição por sua língua e por sua moeda. Enfim, por sua nacionalidade.

Os hedonistas de plantão ficarão felizes com as previsões de Peter Schwartz e Jacques Attali. O primeiro pensa um futuro com drogas personalizadas, um tanto ao estilo de Admirável Mundo Novo, mas sem ser necessariamente uma distopia. Já Attali acredita no fim da monogamia, com cada ser humano tendo a liberdade de viver mais de um amor ao mesmo tempo.

Ligando-se os pontos entre os autores, na maior parte otimistas, pode-se ter uma boa idéia do mundo que virá. Quem ainda perde algum tempo para contemplar o mundo já percebe os sinais inequívocos de todos estes movimentos. O "amor livre" e as drogas, por exemplo, já fazem parte da formação dos jovens de elite e dos jovens pobres, restando apenas conquistar a classe média-média.

No entanto, pode ser tornar um mundo em que a cultura sufoca sob o peso dos interesses dos acionistas das corporações e herdeiros de artistas. Não morre, obviamente, mas quem violar as regras ficará na marginalidade cultural, talvez mesmo fique mofando na prisão, caso a previsão de Dyson se concretize. Ou pode se tornar um mundo que aceita a pena de morte sem pestanejar, bem como a eliminação de seres humanos "inúteis". Finalmente, o fracasso da União Européia pode aprofundar a descrença em um mundo melhor através da política.

1 de setembro de 2005, 17:11 | Comentários (3)



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Livraria Cultura

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mãos de cavalo,
por daniel galera

 

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