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aquela marca arbitrária no tempo que faz pensar na vida
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aquela marca arbitrária no tempo que faz pensar na vida
Não consigo compreender as pessoas que ficam melancólicas no aniversário, acometidas de nostalgia pela infância. Acho trimassa envelhecer. A cada ano que passa fico mais esperto, mais sábio e, por incrível que pareça, meu físico só tem melhorado — em grande parte, porque só angariei paciência e disciplina suficientes para fazer exercícios regulares há um ano ou dois. Com isso, a cada 12 meses passo a aproveitar melhor os poucos prazeres que a vida oferece, sem falar nas novas brincadeiras divertidas que vão aparecendo. Ninguém mais manda em mim e tenho um rumo. Em poucas palavras: a cada ano fico mais livre, no sentido existencial.
Com exceção de um par de anos na adolescência e de 2003, quando, como alguns leitores mais antigos podem lembrar, quase fui comer capim pela raiz, todos os anos da maturidade têm sido melhores do que os da infância. No fundo, no fundo, tenho a impressão de finalmente estar chegando à idade que sempre tive. Talvez isso explique a tremenda aporrinhação que a infância me pareceu.
Tem gente que procura a alma gêmea. Outros procuram riqueza, fama ou poder. Ainda outros, o conhecimento. Sem falar na cannaile que não procura nada, além de sobreviver. Seguindo Aristóteles, Diógenes, Erich Fromm, Camus, Sartre e algumas outras poucas ótimas companhias, procuro apenas ter a capacidade de reflexão necessária para dar à minha vida o rumo que me parece mais adequado. Que, no caso, é adquirir o máximo de sabedoria possível e dividi-la com a sociedade em um futuro próximo. A carreira universitária pode me dar alguma fama, mas poder e riqueza, é certo que não. Já alma gêmea é uma imagem para vender livros e palestras. No fim das contas, acabamos todos na cova, mesmo. Melhor gastar o tempo com o que se está a fim.
b a l a
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