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é a despretensão
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é a despretensão
Dois filhos de Francisco é um bom filme. A história de Zezé di Camargo e Luciano, se não fosse verdadeira, seria apenas mais um relato de gente que vence todas as dificuldades para atingir um sonho. Mas aí está uma das maiores qualidades do filme de Breno Silveira: a despretensão. Depois da pura incompetência, pretensão é o defeito que mais acomete as películas nacionais.
Os diálogos não tentam ser espertinhos-série-do-Guel-Arraes. Não há nenhuma tese sócio-psicológica de fundo. Os planos são o que de mais simples há no cinema. Os atores não são estrelas e se limitam a atuar direito — destaque para Ângelo Antonio no papel de Francisco. Ao contrário do que se possa esperar, a música brega sertaneja aparece quando é necessária e não enche muito o saco. É tudo muito simples, mas limpinho. Há somente uma ou duas cenas românticas um tanto fora de esquadro no enredo, mas em se tratando de cinema brasileiro é muito pouco.
Nem mesmo é um filme para fãs. O pai dos cantores é o verdadeiro protagonista. Difícil saber o que aconteceu mesmo e quais os fatos inventados pelos roteiristas para temperar a história, mas se metade for verdade, era um grande sujeito o Seu Francisco. Exemplo de como tirar o melhor da vida.
Mas pseudo-intelectual não pode ficar elogiando nada que tenha a ver com duplas sertanejas, então aí vai: triste notar que os irmãos Camargo só foram fazer sucesso quando começaram a compor músicas ruins. As do início da carreira até tinham alguma qualidade popular. Depois de É o amor, virou indústria cultural.
b a l a
kuro5hin
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