Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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vote nulo!

Então é isso, Aidimim será o adversário do déspota cachaceiro. O primeiro reflexo é imaginar que vai perder feio, mas após a experiência com Germano Rigotto em 2002 no Rio Grande do Sul, não dá mais para afirmar categoricamente que um político sem a menor graça não tem chances de crescer. Rigotto, aliás, ficou tão animado com o resultado anterior que o olho cresceu.

Sempre votei no PT. Em 1989, quase fui preso por fazer boca de urna junto com um dos meus tios, em Lajeado. Carreguei bandeira em todas as eleições subseqüentes. Em 2002, já estava um pouco deprimido com os rumos do partido e da democracia brasileira em geral, mas ainda assim não resisti a votar no Lula para presidente. Depois de quase 20 anos, o mínimo a fazer era concretizar o sonho de ter alguém realmente do povo no Planalto e verificar o que o Partido dos Trabalhadores podia fazer.

É. Pois é. Arrependi-me logo de não ter anulado a porcaria do voto.

Não vou me arrepender de novo. Nesta eleição, seja lá quem for que esteja com Lula no segundo turno, anularei. O governo petista já comprovou que é tudo sempre a mesma merda. Enquanto isso, no Congresso, a palhaçada progride, já descendo ao nível do deboche. A democracia representativa pode ser a melhor forma de governo encontrada até hoje, em comparação com as anteriores, mas nem por isso se deixou de fazer política como sempre se fez: com conchavos na calada da noite. Nada importante é realmente decidido conforme regras limpas e claras. Pelo menos desde Bismarck, as leis são feitas do mesmo jeito que as salsichas.

O ideal, claro, seria simplesmente não votar, para não legitimar a palhaçada. Por mais que a população não vote, porém, sempre é possível haver um vencedor com mais de metade dos votos válidos. Por isso o melhor é anular, se a idéia é fazer um protesto. Caso 51% dos votos válidos sejam anulados, novas eleições têm de ser marcadas, como mostra o Código Eleitoral:

Art. 224. Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 a 40 dias.

Já que o povo brasileiro não gosta de levantar a bunda da cadeira para nada, como diz o nosso presidente, muito menos para ficar gritando e levantando cartazes ou botando fogo nas coisas em frente ao Congresso, pode ao menos apertar uma tecla em vez de outra no dia da votação e anular. De qualquer modo o sujeito teria de perder tempo em um domingo para ir até seção eleitoral. Ao menos que use esse tempo para mandar um recado.

Uma eleição anulada melhoraria alguma coisa? Dificilmente. Mas daria um enorme prazer ver os políticos constrangidos por uma ou duas semanas. Como no caso do referendo sobre a proibição do comércio de armas, mantenho-me aberto e esperançoso para ser convencido do contrário por um projeto de governo realmente bom.

16 de março de 2006, 9:14 | Comentários (50)



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