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falta de laço
O cientista Bruce Charlton anda propondo a teoria da neotenia psicológica, segundo a qual nossa sociedade desfavorece maturação dos seres humanos. Quer dizer, muita gente adulta segue com a mente em formação — o que é o lado bom —, retendo com isso as atitudes e comportamentos associados com a juventude — o lado ruim.
Os principais fatores para isso seriam a educação continuada, que obriga a mente a se manter flexível, e a instabilidade da sociedade contemporânea. As duas coisas na verdade estão ligadas: porque os empregos não são mais para a vida toda, precisamos nos manter atualizados. Por outro lado, aqueles que estudavam a vida inteira no passado, como cientistas, contavam com um ambiente mais estável à sua volta. Isso de certa forma contrabalançava os efeitos da educação continuada. As pessoas além disso estão vivendo mais e mantém a saúde muito além da juventude — sem falar que precisam arranjar algo para fazer por maior número de anos.
Pequena divagação: qualquer um que tenha acompanhado as ciências sociais, especialmente gente como Baudrillard, Virilio, Lipovetsky etc. pelos últimos anos, vai perceber que já se previa algo assim. Depois dizem que as humanidades não servem para nada...
Voltando à teoria, isso é uma explicação para o fato de muitos gênios da ciência serem considerados loucos ou excêntricos? É, sim, conforme Charlton:
People such as academics, teachers, scientists and many other professionals are often strikingly immature outside of their strictly specialist competence in the sense of being unpredictable, unbalanced in priorities, and tending to overreact.
Além disso, o pesquisador diz que as pessoas imaturas tendem a atingir o sucesso e, parece, procriar mais do que no passado, devido ao ambiente social favorável. Ele teme que a juvenilização seja inscrita no código genético humano por causa disso, tornando-nos irremediavelmente adolescentes pela vida inteira. A maioria dos leitores vai concordar que é uma felicidade não estar vivo para presenciar algo assim.
b a l a
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