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revendo o voto nulo
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revendo o voto nulo
Agora que as candidaturas estão formalizadas e o cenário eleitoral mais ou menos definido, é uma boa repensar a proposta de anular tudo. Em março, dizia que era uma boa opção usar o voto nulo como forma de transmitir um recado aos políticos. Isso continua valendo. Por outro lado, o boato de que 50% de nulidade levaria a novas eleições não se confirmou. Embora o artigo 224 do Código Eleitoral preveja que "se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 a 40 dias", ele só faz sentido quando cotejado com o artigo 220, que descreve o conceito de nulidade:
É nula a votação:I - quando feita perante mesa não nomeada pelo juiz eleitoral, ou constituída com ofensa à letra da lei;
II - quando efetuada em folhas de votação falsas;
III - quando realizada em dia, hora, ou local diferentes do designado ou encerrada antes das 17 horas;
IV - quando preterida formalidade essencial do sigilo dos sufrágios.
V - quando a seção eleitoral tiver ido localizada com infração do disposto nos §§ 4º e 5º do Art. 135.
Ou seja, nada a ver com o voto nulo. Falta agora explicar por que ele tem esse nome. Em todo caso, anular perde muito da graça. A questão dos Sanguessugas também se impôs neste período de quase seis meses. Um quinto do atual congresso está comprometido e muitos dos suspeitos são também candidatos. Não se pode arriscar que sejam reconduzidos ao Congresso. A Câmara e o Senado são muito mais importantes do que presidentes e governadores para os rumos do país. Afinal, apesar da aberração das Medidas Provisórias, são essas casas que decidem o que pode ou não ser feito, e como deve ser feito. Se fosse composto por gente mais honesta e trabalhadora, o Executivo seria naturalmente posto nos eixos. Só para dar um exemplo, se os parlamentares trabalhassem de verdade, as votações seriam mais rápidas e as MPs perderiam muito de sua utilidade.
A proposta, então, é a seguinte: votar a sério apenas para cargos legislativos e anular os votos para cargos executivos. Assim, une-se o útil à agradável sensação de levantar o dedo médio para toda essa corja.
O problema, é claro, é definir quem é honesto e trabalhador entre os candidatos. Comecemos pela deputância federal, que é mais fácil. Aqui, abro meu voto em Manuela d'Ávila, do PCdoB. Em primeiro lugar, ninguém do partido está envolvido em qualquer escândalo. Claro que, quando se é um partido sem poder, ninguém quer corromper seus quadros, mas a curto prazo o PCdoB pode ser considerado honesto. Em segundo lugar, a própria Manuela é honesta, até onde se pode perceber em duas horas de conversa ao vivo e pelas avaliações de outras pessoas que a conhecem. Finalmente, ela não apresenta a principal desvantagem da maioria dos comunistas: a tacanhice. Na entrevista para o Nova Corja, mostrou ter mente aberta e criticou a esquerda sectária. Difícil saber se vai fazer algo digno de nota na Câmara, propor Leis interessantes, mas mesmo que não faça nada por quatro anos, não se corromper já é suficiente. Outra opção é esperar que o Transparência Brasil adicione logo dados de gaúchos a seu dossiê.
No caso do Senado, a situação se complica. Os únicos candidatos com chances reais são Pedro Simon, do PMDB, e Miguel Rosseto, do PT. O primeiro até é honesto, mas infelizmente está metido em um partido mais sujo que pau de galinheiro. O segundo não está num partido muito melhor, mas pertence a uma tendência menos dada a meter a mão no dinheiro público. Porém, Rosseto é um imbecil. Jogo duro. A melhor escolha, por incrível que pareça, seria Vera Guasso, do PSTU. Motivo? Honestidade, aferida com base em relacionamentos pessoais. O partido tem os melhores slogans. Além disso, são grandes humoristas, a galera do PSTU. Seria bastante divertido. Enfim, o ideal seria pesquisar o comportamento legislativo de Simon e Rosseto, mas é proibitivo se afundar naquele lamaçal de salamaleques que são os dados à disposição. Por outro lado, não se pode contar com nossos valorosos jornalistas, que deveriam fazê-lo, para fazê-lo. Quanto a Simon, é preciso notar que seu suplente, ao menos agora, é Hermes Zanetti. Quem é esse cara? Simon está velho, afinal. Como não há mais muita diferença entre PT e PMDB, ou Simon e Rosseto, vou de Vera Guasso.
Restam os candidatos a deputado estadual. Em geral, os deputados que aí estão são todos um lixo. É o caso de se escolher um partido para votar, já que são 499 candidatos e é difícil obter informações, mas hoje em dia nenhum partido merece a distinção do voto na legenda. Nem os próprios sites dos partidos ajudam nesse sentido. Estou aceitando sugestões de bons candidatos.
Na eleição para presidente, no primeiro turno, votarei em Heloísa Helena, só para encher o saco do PT e mostrar que ainda há quem flerte com as idéias de esquerda nesse país, gente insatisfeita com o governo tucano de Lula. No caso trágico de ela ir ao segundo turno e ter reais chances de vencer, é tapar o nariz e votar no outro candidato. Senão, o melhor caminho é o litoral catarinense e a abstenção.
b a l a
kuro5hin
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