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morde e assopra
A mídia costuma fazer um carnaval em torno de crimes que envolvam a Internet de alguma forma. Se torcidas combinam confrontos pelo Orkut, o foco recai no Orkut, não nas causas da guerra entre fãs de futebol. Se uma mulher é assassinada pelo namorado que conheceu via site de relacionamentos, a ênfase é nisso, deixando-se de lado o fato de que muitas mulheres são mortas por homens que conheceram no mundo "concreto". Não é o caso da reportagem sobre o adolescente gaúcho que se suicidou com ajuda de um fórum online.
É um dos poucos casos em que o uso da Internet parece de fato ter influenciado de forma decisiva no desfecho. O adolescente era depressivo e talvez planejasse se suicidar de qualquer modo, mas no tal fórum contou com incentivo de outros participantes. Descreveu todos os seus passos até o momento da morte. Ninguém tentou demovê-lo da idéia. Pode-se inferir que, se fosse tentar obter as mesmas informações e incentivos com amigos na rua, não teria conseguido. Teria soado um alerta entre as pessoas de sua relação e talvez pudesse ter sido salvo. Mas talvez não.
Por outro lado, o próprio fato de usar um fórum gerou uma tentativa de salvação: uma canadense viu as mensagens e avisou a polícia de Toronto, que avisou a Brigada Militar em Porto Alegre. Infelizmente, muito tarde. A matéria é equilibrada ao apontar este fato e ao lembrar que na rede há de tudo, coisas boas e más. Evita a histeria dos pais, garantindo que o rapaz era doente. Nenhuma das entrevistas com psiquiatras propõe a restrição da liberdade de navegação a todos os jovens, mas apenas àqueles doentes. Parabéns ao repórter Carlos Etchichury.
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