Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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a arte da guerra ao crime

Uma das exigências dos seqüestradores da equipe da TV Globo em SP era aparecer na televisão. No vídeo eles fazem uma série de exigências, mas seqüestram o jornalista pedindo em troca a exibição do vídeo. A partir dessa constatação, gostaria de perguntar se a sociedade está se dividindo entre pessoas e não-pessoas, entre visíveis e invisíveis?

– Não, mas estamos nos dividindo entre aqueles que têm uma vida para viver e os que não têm. Na economia contemporânea é o contrário do capitalismo industrial clássico. No capitalismo contemporâneo, que se move à velocidade do sinal eletrônico e que aplica intensa, ininterrupta e sucessivamente tecnologia à produção da riqueza material, criou-se uma nova categoria que é o refugo humano. O velho Marx falava em exército industrial de reserva, mas o exército industrial de reserva acabou. Não existe mais. O exército industrial de reserva eram as pessoas que não estavam alocadas na divisão social do trabalho, mas que iriam ser integradas, mais cedo ou mais tarde, ou poderiam vir a ocupar um lugar na divisão social do trabalho. O refugo humano é gente que não ocupou, não ocupa e não ocupará lugar nenhum na divisão social do trabalho. Isso acontece no Brasil, assim como na Ásia, na África e nos demais países da América Latina. Com a presença do terceiro mundo no primeiro mundo, também vai acontecer no primeiro mundo. O último filme do Costa Gravas, O Corte, trata dessa questão, só que ao nível dos executivos. Aquilo é a insegurança com o emprego, o efeito daqueles que estiveram empregados no mundo do desemprego estrutural.

O sociólogo Luiz Carlos Fridman explica, sem mostrar aliás nenhuma simpatia pela bandidagem, por que as políticas de segurança pública baseadas APENAS na repressão estão todas fadadas ao fracasso. Quem não tem vida própria, não valoriza a vida dos outros. Os criminosos não têm nada a perder e, como já ensinava Sun Tzu, quem combate esse tipo de inimigo sempre sai perdendo. Por outro lado, Fridman dá alguma esperança ao dizer que esse "refugo humano" sem vida própria não precisa necessariamente entrar para o crime. Está disposto a qualquer coisa, desde ir para a igreja a entrar em uma oficina de artesanato ou música. Só é preciso que alguém ofereça uma alternativa. Ou seja, para vencer essa guerra, é preciso dar ao inimigo algo a perder.

19 de agosto de 2006, 12:41 | Comentários (8)



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