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materialismo cultural
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materialismo cultural
A maior prova de que "ter cultura" anda na moda é o fato de um dos eixos da novela Páginas da Vida se desenrolar em torno de uma casa de cultura. Isso sem falar em um monte de cenas de balé, fotografia e vernissages no Leblon — bairro que já dá nojo mesmo sem conhecer, por culpa da Globo, mas isso é outra história. Essa moda também se manifesta em fenômenos como a Daslusp, em que peruas endinheiradas pagam centenas de reais por algumas horas de aula com professores tornados celebridades.
Pode-se argumentar que ao menos estão gastando tempo e dinheiro em algo importante e que, mesmo o fazendo apenas para seguir a moda, as pessoas que mantém uma relação materialista com a cultura podem reter uma ou outra coisa aproveitável para suas vidas. Isso é mais ou menos como dizer que Harry Potter prepara as crianças para ler obras mais sofisticadas. Não prepara. Prepara para ler Harry Potter, como diz Harold Bloom. No caso do materialismo cultural, é ainda pior, pois o que se ganha com a glamurização do conhecimento é um monte de peruas arrotando citações enquanto seus maridos enochatos discorrem sobre as qualidades de um desconhecido vinho neozelandês que acabaram de descobrir.
Conversar com pedreiros é mais intelectualmente estimulante.
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