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os velhos hippies ficam meio chatos
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os velhos hippies ficam meio chatos
Na pré-estréia de Wood & Stock, ontem, no Espaço Unibanco, Otto Guerra pediu que as pessoas falassem da animação baseada na obra do cartunista Angeli, ainda que falassem mal.
Pois bem: o filme é chato. É bem feito, é fiel aos quadrinhos, a escolha das músicas foi boa, o tema é bom, mas na metade eu já estava com vontade de sair da sala de projeção e ir aproveitar o resto de chope do coquetel. O motivo poderia ser, talvez, o fato de conhecer muito bem a obra de Angeli e, por conseqüência, a maior parte das piadas do filme. Mas não. O problema é que o roteiro é ruim.
Nos primeiros 30 minutos não aparece enredo algum. Depois engrena um pouco, mas a tentativa de incluir a maior quantidade possível de personagens do universo angelístico acaba deixando tudo meio truncado. Só para dar um exemplo, o caso dos assassinatos por sexo é uma história paralela que passa pelo filme sem chegar a conclusão alguma, nem contribuir com a trama. Otto Guerra fez um trabalho dedicado na transposição das tiras para o cinema, mas talvez tivesse feito um trabalho melhor se não quisesse ser tão bom.
Wood & Stock tem bons momentos, é claro. O porco vocalista Sunshine é impagável — e uma das frases memoráveis do filme é "ele já tocou com Hermeto Paschoal". Rampal foi muito bem adaptado como baterista da banda dos velhos hippies, ficou entrosado, ao contrário dos revolucionários Meia Oito e Nanico, que só estavam lá por estar. Rê Bordosa ficou perfeita na voz de Rita Lee e tem as cenas mais engraçadas. Uma das melhores seqüências é quando toda a banda estoura o melão com uma bota metamorfoseada por Rampal e sai pirando por São Paulo. Um retrato bem exato de pessoas chapadas.
Apesar dos pesares, quem não conhece os quadrinhos de Angeli certamente vai ter a chance de rir um pouco, enquanto os fãs não têm motivos para reclamar. Vale o dinheiro do ingresso.
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