Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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dois sinais de inteligência na cobertura das eleições

A cobertura de eleições no Brasil precisa de matérias mais corajosas, como a desconstrução do discurso de Alckmin feita pelo jornal O Estado de São Paulo. Pegaram 14 trechos de uma entrevista com o candidato tucano e mostraram as incongruências com os dados da realidade. Tomara que façam o mesmo com Lula. Fizeram o mesmo com Lula.

Outro bom serviço quem tem prestado é a Folha de São Paulo, com sua série de 20 questões aos presidenciáveis — apesar de eles não se darem o trabalho de listar todas os links anteriores ao final de cada matéria. Serão ao todo 40 perguntas, o que dá uma amplitude suficiente de temas e espaço para que se possa ler melhor nas entrelinhas do costumeiro blablablá eleitoral.

Está certo que a Lei Eleitoral restringe, muitas vezes de maneira estúpida, a liberdade editorial dos jornalistas. É preciso sempre dar o mesmo espaço a todos os candidatos, mesmo que sejam nanicos ou não tenham feito nada digno de nota. Também é preciso evitar juízos de valor como os do Estadão, que podem sempre ser considerados parcialidade. Isso é injusto com os jornais sérios, mas as restrições parecem o menor dos males quando se pensa que ACM tem um jornal em Salvador, ou no que o candidato dono da rádio de Cacimbinhas do Jequitinhonha pode fazer se não houver a possibilidade de sofrer retaliações jurídicas.

Nada disso impediria, porém, os jornais de se debruçar sobre programas de governo, entrevistando possíveis secretários e ministros, e fazer reportagens extensas sobre as idéias dos partidos e dos candidatos. Ou melhor ainda, mandar repórteres atrás dos parentes, da professora do primário, ex-colegas de trabalho, enfim, todo mundo que tenha tido contato com o candidato, e publicar perfis o mais completos possível. Poderia-se inclusive dedicar um caderno com essas informações a cada concorrente, saindo um por semana.

De qualquer modo, não se deveria tomar as declarações dos candidatos pelo valor de face, como acontece hoje, com honrosas exceções. No geral, prefere-se poupar dinheiro e trabalho e tratar a eleição como se fosse um Fla-Flu.

26 de outubro de 2006, 14:17 | Comentários (5)



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