Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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moral da educação está baixa

O Ibope fez uma pesquisa sobre educação básica, aferindo seu lugar entre as prioridades do Brasil na visão da população. Ficou em sétimo. Em primeiro lugar está a saúde [43%], em segundo o emprego [41%], em terceiro, fome e miséria [31%]. À frente da educação básica, que ficou no topo da lista para apenas 15% dos entrevistados, ficaram ainda a segurança pública, corrupção e até drogas. Um dado pitoresco é que a cultura vem em 24º lugar, com 1% de votos.

É interessante notar que todos os problemas citados antes da educação poderiam ter seu impacto reduzido significativamente, se os brasileiros tivessem acesso a boas escolas. Qualquer médico pode atestar que muita gente tem problemas de saúde por ser ignorante. Ao mesmo tempo, cada vez mais empresários têm reclamado que não conseguem preencher vagas por causa da má qualificação dos candidatos. Isso tem relação direta também com a miséria. Os problemas sociais evidenciados na corrupção, crime e uso de drogas também podem ser mitigados pela educação, seja garantindo perspectivas e emprego às pessoas, seja ensinando a elas como fazer valer seus direitos de cidadão.

Não que a educação possa resolver tudo, mas note-se que combater de forma isolada qualquer um dos problemas listados nas primeiras posições não necessariamente influencia os outros seis, enquanto a educação é o único que influencia a todos sem sombra de dúvida. O pior dado, entretanto, indica que as pessoas que mais precisam da educação não têm capacidade nem de ajudar a si mesmas:


O percentual de entrevistados que coloca a Educação como prioritária se mantém praticamente inalterado entre os que têm nível de escolaridade até o Ensino Médio. No entanto, entre os que completaram o Ensino Superior, 31% acreditam que a Educação vem em primeiro lugar. A diferença de percepção quanto à qualidade da Educação Básica oferecida às crianças e jovens brasileiros também varia de acordo com o nível de escolaridade e a classe social.

Quanto mais baixas a escolaridade e a classe social, menos importância as péssoas dão à educação. Isso faz com que não apenas desistam de mandar os filhos à escola quando há obstáculos, mas também com que não tenham incentivo para cobrar melhores condições para os filhos ao governo. Por outro lado, a elite educada, embora se preocupe com o ensino básico — até porque a má qualidade a obriga a pagar pelo ensino — também não tem motivos para chiar, pois não manda os filhos para a escola pública. Assim fica difícil melhorar qualquer coisa.

Não é que as pessoas estejam erradas em identificar na saúde, emprego, miséria, corrupção, insegurança e drogas as piores mazelas do país. O problema é ver a árvore e perder a floresta, ou seja, não perceber que os fatores que levam a eles são complexos e têm relação direta com a ignorância.

17 de novembro de 2006, 10:36 | Comentários (12)



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