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só a ficção se aproxima da verdade
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só a ficção se aproxima da verdade
Ontem falei mal da Globo, hoje falarei bem. A série Antônia está muito boa. Assisti ao primeiro e ao segundo capítulos. Até agora, conseguiram mostrar a periferia de São Paulo sem cair no oba-oba paternalista daquele tenebroso Central da Periferia. Nada contra as bandas péssimas que a Regina Casé põe a tocar, mas a tentativa de fazer lugares miseráveis parecerem mais divertidos que o Leblon é patética. Nesse sentido, a série de ficção sobre as rappers de Brasilândia é muito mais verdadeira do que o programa supostamente não-ficcional.
Destaque do capítulo de ontem foi quando a personagem Bárbara, logo após sair da cadeia, encontra um agroboy e vai com ele para o motel. Depois da putaria, ele vira para ela e diz: "esqueci de perguntar uma coisa superbásica: quanto custa o programa?". Como é televisão, os dois acabam fazendo as pazes, mas sem cair em melodrama, porque quando o sujeito diz que faz qualquer coisa para perdoá-la, ela manda pagar o programa. Com o dinheiro, ajuda uma colega. Mas também, a direção foi de Tata Amaral, com roteiro de Jorge Furtado e Cláudia Tajes. Assim é fácil sair coisa boa.
A Globo, é claro, não resolveu colocar negros pobres como protagonistas porque percebeu que black is beautiful. Percebeu mesmo foi o mercado potencial: os filhinhos de papai que admiram a cultura hip-hop e serão vendidos como público-alvo às agências de publicidade. Se conseguirem favorecer a causa negra e ainda fazer boa dramaturgia no caminho, tanto melhor.
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