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deixem-me trabalhar, por deus!
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deixem-me trabalhar, por deus!
Agora, a Justiça de São Paulo mandou o Orkut eliminar comunidades que façam sátira a Rubinho Barrichello. Seria fácil culpar os juízes, mas a verdade é que eles são obrigados a tomar uma decisão com base na lei quando algum cidadão entra com um processo. E a lei, antiquada e burra, favorece esse tipo de decisão. Os grandes culpados pela censura estar ocorrendo na Web brasileira são em primeiro lugar os nossos parlamentares, incapazes de fazer algo de útil pelo país e mudar leis da época da ditadura.
Em segundo lugar, os culpados são as próprias celebridades, que não agüentam a menor crítica ou piada sobre si mesmas. O problema aí é bem mais profundo do que simples ignorância sobre o funcionamento da Internet. O caso é que o brasileiro de uma forma geral odeia a ironia e o sarcasmo. Os motivos não são claros. Talvez por causa da "cordialidade", da mania de ser da turma do deixa-disso. Possivelmente por levar mais a sério a imagem de si mesmos do que o conteúdo, o que inviabiliza um processo dialógico refinado como a ironia. Ou quem sabe por idiotice, mesmo. O certo é que esse horror à sátira contamina tanto celebridades, quanto juízes. Dá no que se está vendo por aí.
O grande problema disso tudo nem é eliminarem algumas comunidades do Orkut. Ruim, mesmo, vai ser quando, incentivadas pelas decisões equivocadas da Justiça, as celebridades resolverem processar os programas de humor, as colunas de jornais que fazem piadas maldosas e qualquer um que tente fazer sátira. E os juízes passarem a aceitar os pleitos, porque não há muita distância entre censurar o Orkut ou o Casseta & Planeta.
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