Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


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pederastia deu origem ao ocidente

O que dizer sobre 300 que esse vídeo já não diga? Pareceu um clipe de duas horas do Village People com a fotografia de Traffic, os campos de trigo de Gladiador e a equipe de efeitos especiais do Senhor dos Anéis, com direito a Gollum e tudo o mais. Falando sério, há motivo mais pederasta para ir à guerra do que o fato de os atenienses efeminados terem dito não a Xerxes? Os espartanos são todos bichas ciumentas.

VILLAGE_PEOPLE_1.jpg
Spartans! Tonight we dine in hell!

A tese que perpassa toda a história é que a luta do rei Leônidas não era apenas contra uma bicha louca gigante liderando uma trupe de saltimbancos metidos a soldados, mas sim a luta da razão contra o misticismo. O que aliás fica bem claro no discurso final aos 300. Nem vale a pena contestar o fato de um grego da época saber que sua cultura seria a base do Ocidente milhares de anos depois. Mas talvez fosse bom notar que os persas e outras culturas asiáticas eram tão ou mais desenvolvidas do que o helenismo.

De qualquer modo, o filme acaba mostrando algo sobre o Ocidente por tabela: enquanto os persas "obscurantistas" se esforçam em negociar e evitar derramamento desnecessário de sangue, os gregos "racionais" sentem grande prazer na matança e tentam justificá-la com ideais. Os espartanos mostram total falta de civilidade durante todo o filme, sugerindo que matar mensageiros é uma atitude correta, só porque eles são contra a cultura ocidental. Os persas são mostrados como talibãs avant la lettre.

Por falar na futurologia da problemática principal, também é interessante descobrir que já existia vacina BCG lá por 500 A.C., a julgar pelo braço da rainha Gorgo na cena em que ela está pedindo ajuda para conseguir uma audiência no conselho.

Mas criticar essas incoerências num filme de ação é coisa de gente chata. O problema é que nem como filme de ação 300 funciona muito, já que abusa da câmera lenta e a derrota no final já deveria ser conhecida de qualquer um que vá assistir e tenha freqüentado aulas de história. Se tem uma qualidade, é agregar um blockbuster ao movimento dos últimos anos no cinema de se afastar do realismo. Os personagens fazem movimentos impossíveis e a luz é sempre onírica, aparecem gigantes e deformados que não teriam como estar vivos no mundo real, mas nada disso compromete a verossimilhança. Outros filmes nessa linha foram Sin City, também baseado em quadrinhos de Frank Miller, e Delicatessen. Isso é uma boa tendência. Não há por quê o cinema tentar ser tão realista nas imagens, mesmo em filmes que não se passem em mundos alternativos, no futuro ou passado.

7 de abril de 2007, 23:16 | Comentários (26)



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