« não, não vou pôr "mi buenos aires querido" no título desse post |
alguém tire do ar essa propaganda, por deus
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alguém tire do ar essa propaganda, por deus
Se os artistas gaúchos fossem realmente unidos, deveriam exigir que a RBS tire do ar o comercial sobre a importância dos incentivos [monetários, supõe-se] para a cultura local. Assinam também a peça publicitária o governo estadual da Yoda e o Banrisul. Todos são patrocinadores de primeira hora dos eventos culturais mais festejados do Rio Grande do Sul, especialmente daqueles com grande potencial de visibilidade. Qual o problema do anúncio?
O problema é a afirmação implícita sobre os valores e desejos dos artistas, nada lisonjeira -- embora em alguns casos possa ser verdadeira. O texto diz algo como:
Quando ele aparece, há luz, câmera e ação. Até os críticos de arte mais exigentes o elogiam. Ele é poesia para os ouvidos dos artistas.
Quem é ele? O "incentivo". Supõe-se que estejam falando do incentivo fiscal, mecanismo que permite às empresas fazer filantropia com o chapéu do governo, isto é, do contribuinte, destinando recursos dos impostos para projetos culturais. Até porque, do contrário, o anúncio traria as palavras "doação" ou "patrocínio" ou "mecenato". Enfim, o texto faz parecer que os artistas só se interessam por dinheiro. Se fosse comigo, no mínimo escreveria uma carta de reclamação aos responsáveis.
Antes que perguntem, sou, sim, a favor dos incentivos fiscais para artistas. Muito melhor seria se as empresas tirassem dinheiro do próprio bolso para garantir o desenvolvimento da cultura local. Ainda melhor seria que tivéssemos uma população educada o suficiente para garantir sustento aos artistas, sem necessidade de apelar para incentivos. Mas aí seria pedir demais. Sou contra, no entanto, incentivos para espetáculos medíocres e babacas, que poderiam muito bem se pagar sozinhos. Infelizmente, em geral são esses os incentivados.
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