Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


barômetro das américas

O brasileiro parece estar a cada dia mais maduro. De acordo com uma pesquisa publicada pela Economist, só 37% dos brasileiros acham a democracia preferível a qualquer outro tipo de governo — uma queda de 13 pontos desde 1996. Por outro lado, cada vez menos brasileiros acreditam que um governo autoritário seria melhor: apenas 15%, uma queda de 9 pontos desde 1996. Ou seja, achamos a democracia uma bela bosta, mas também não acreditamos em outros sistemas. Viramos niilistas. Tendência igual à do resto da América Latina.

É de fato difícil acreditar na democracia quando se vê todos os dias na imprensa os parlamentares perdendo tempo em disputas pelo poder e picuinhas irrelevantes. Quem está na oposição vive apenas para impedir que quem está no governo possa governar, com o objetivo de tomar o cargo na próxima eleição. Basicamente, Brasília é isso.

Quando resolvem se mexer, os políticos só nos fodem. Ou aumentam os próprios salários, ou nos fazem perder tempo em um domingo de sol para votar em um referendo inútil. De qualquer modo, só torram nosso dinheiro — ou roubam. Como diz Michel Maffesolli, o trabalho do político hoje é nos convencer de que ele é necessário. Ao menos no Brasil, estão indo mal.

Pior de tudo: os jornalistas nem mesmo se surpreendem mais. Arthur Virgílio, líder do PSDB, diz no Jornal Nacional que o governo terá de arregar muito mais agora para aprovar qualquer medida. O repórter nem sequer replica algo como "mas onde fica o interesse público, excelência?". Aceitam tudo. Brasília não estraga somente os políticos, estraga os repórteres também. É muita distância do povo e muito pouca distância do poder. Suruba total.

29 de outubro de 2005, 10:15 | Comentários (6)

kafka e a felicidade

O Globo Repórter de hoje à noite anuncia um teste durante o programa: descubra se você é feliz.

Impossível não imaginar milhares de brasileiros ansiosos preenchendo o teste por cerca de uma hora. Ao final, para sua própria surpresa, descobrem-se felizes. Aí olham para as paredes cheias de manchas, o cônjuge engordado dormindo no sofá, pensam nos filhos imbecis, na carteira vazia, no trabalho maçante e sem sentido.

Suicídio em massa no país esta noite.

28 de outubro de 2005, 20:59 | Comentários (14)

e no entanto, move-se

Lembram daquele scanner que virou piscina? Por incrível que pareça, está funcionando. Bastou deixar secar por seis meses.

27 de outubro de 2005, 19:56 | Comentários (2)

comunicação não existe

David Foster Wallace e Daniel Galera estão certos: é admirável que as pessoas consigam entender, mesmo que mal, umas às outras. Quando se começa a estudar lingüística, semiótica ou cognição humana, parece que tudo concorre para fazer com que ninguém seja capaz de estabelecer contato com as outras pessoas. E, no entanto, conseguimos nos entender.

Infelizmente, muito pouco. Maturana & Varela mostram como nossos sistemas nervosos se constroem de forma totalmente única dependendo da pessoa e como isso determina diferenças em maneiras de reagir ao mundo, de forma que seja impossível duas pessoas enxergarem as coisas exatamente da mesma forma. Por outro lado, mostram que a mente tem caráter relacional, ou seja, não está exatamente dentro de nossas cabeças, mas nas interações que estabelecemos com as coisas e os outros seres. Um pardoxo: estamos condenados à solidão em um mundo particular, mas este mundo só existe por causa de nossas relações com os outros.

O problema da comunicação é sentido em especial quando se tenta explicar seus sentimentos a alguém que você ama e depende disso magoar ou não a pessoa. Simplesmente desesperador notar que é impossível transmitir com exatidão o que se passa dentro de si. Nesses casos, as ações possivelmente sejam melhores do que palavras.

27 de outubro de 2005, 10:30 | Comentários (12)

email bizarro da semana

Uma tal de Mariana Brandão enviou mensagem sem nenhum texto no corpo, apenas o título "Abduções por ETs são ilusão mental". Agradecemos o aviso.

26 de outubro de 2005, 18:49 | Comentários (5)

brasileiro é um povo criativo

O Partido Progressista do Rio Grande do Sul acaba de inventar a reação progressista. O Estado, definitivamente, está na vanguarda do pensamento político mundial.

25 de outubro de 2005, 15:14 | Comentários (6)

repórteres sem estribeiras

Os repórteres com mania de filmar boletins em frente à costa ou mesmo em um pier durante um furacão são sérios candidatos a um Prêmio Darwin — dado àqueles que melhoram o patrimônio genético da humanidade removendo voluntariamente seus próprios genes.

Não entendam mal, o maior problema do jornalismo brasileiro é a flacidez nos quartos traseiros. Triste é ver que as bundas só se endurecem quando é por algum motivo ridículo, sem qualquer objetivo mais relevante. É apenas um showzinho infantil para os espectadores. Furacões, afinal, podem ser filmados em segurança, dentro de uma casa ou carro.

O correspondente gordinho da Globo até levou um galho de palmeira na cara. Pena que não caiu a árvore inteira em cima, para aprender.

25 de outubro de 2005, 10:02 | Comentários (6)

o recado das urnas

A caseira da propriedade da família em Garopaba anulou o voto. É alfabetizada e consegue escrever alguns bilhetes, mas nunca lê jornais ou revistas. Não se interessa quase nada por política. Mas é esperta o suficiente para construir um certo patrimônio com o pouco que ganha. Pode-se considerá-la uma brasileira média, sem dúvida. Pois a caseira considerou o referendo uma "perda de tempo", por isso anulou.

Então, é isso: venceu o "não" com quase dois terços dos votos válidos. A abstenção de cerca de 20% é considerada normal. Por incrível que pareça, somente 3% foram brancos e nulos — possivelmente porque as pessoas nem sabiam da possibilidade de anular; até mesmo gente letrada como os leitores deste blog. Muitos dos votos "não" talvez fossem nulos, com um melhor esclarecimento deste ponto. Vá saber. Seja como for, "não" era o voto pela manutenção de tudo como está.

As duas informações acima poderiam sugerir que o povo entendeu muito bem o significado deste referendo. Em primeiro lugar, sua completa inutilidade. Isto já foi discutido em outros posts, então não merece muito mais digitação.

Em segundo lugar, a absoluta incompetência que cercou todo o processo. Desde a redação confusa do estatuto até a péssima defesa por parte da frente do "sim", que nunca explicou nada direito. Talvez porque, devido à incompetência do Congresso, ninguém possa explicar. Mesmo sendo prevista a possibilidade de compra de armas e munição por certas pessoas, com proibição e tudo, a forma como isso se daria só seria decidida após o referendo. Palhaçada. Como se pode decidir algo sem saber direito como vai funcionar?

É bonito pensar que tenha sido um protesto contra a irrelevância e a incompetência dos nossos governantes: "em vez de perderem tempo e dinheiro decidindo essas mesquinharias, concentrem-se em solucionar as causas reais da violência, sem tentar nos enrolar com medidas cosméticas".

O governo Lula comprou a briga pelo "sim". O próprio presidente escreveu um artigo defendendo a opção. Até que ponto se pode considerar o "não" um protesto contra o governo em si? E até que ponto se pode considerar um protesto contra as campanhas apelativas com artistas globais, contra a irracionalidade no debate político? O povo não é tão burro quanto se costuma pensar.

Provável é que no fim das contas seja apenas a troca de uma irracionalidade por outra. Em vez de ir atrás dos artistas da Globo, vai-se atrás do terrorismo oportunista da frente do "não". Se os votos nulos e brancos fossem mais altos, até se poderia pensar em um protesto contra a palhaçada em geral. Não é o caso, aparentemente. Pena. Os dois lados foram totalmente imbecis.

A imprensa, para variar, ficou devendo muito. Nenhuma reportagem explicou decentemente como funcionaria o estatuto, sobretudo os aspectos que seriam decididos após o referendo. Nada digno de nota sobre os integrantes de cada frente e seus financiadores, ou mostrando quem coordenava cada campanha. Nada sobre quem pagou a campanha do "sim", muito superior à do "não". Isso sem falar na Veja, que mais uma vez arrastou o jornalismo na lama, publicando uma matéria de capa apenas com argumentos contra a proibição.

23 de outubro de 2005, 23:31 | Comentários (25)

gente que faz

Brasileiro não desiste nunca. Quando está desempregado, dá um jeito de se virar na economia informal, apelando para uma carrocinha de pipoca ou cachorro-quente, o camelódromo ou o artesanato.

Obrigado, Nay.

23 de outubro de 2005, 18:25 | Comentários (3)

referendo imbecil

votenulo.gif

Falta pouco tempo, mas ainda dá para copiar o gif acima, botar como imagem em seu MSN ou ficha do Orkut e participar da campanha.

21 de outubro de 2005, 17:23 | Comentários (22)

treinadores de prestadores de vestibular

O Parada já comentou, mas esta entrevista é tão boa que merece toda repercussão possível. Trechos:

As escolas são lugares abandonados do ponto de vista intelectual. Nisso a escola privada e a escola pública não têm diferença significativa. A estratégia do abandono dos alunos da escola pública tem a sua contrapartida na teatralização da escola privada. Em ambas, pouco de inteligente se constrói.

[...]


As escolas privadas são a cara da elite brasileira. Fazem parte do seu "pacote existencial": academia, shopping, condomínio fechado, escola privada. Elas vendem aquilo que a elite quer: uma farsa com fachada de excelência. O processo de desinstitucionalização escolar, que na escola pública assume a forma de deserção, na escola privada confirma-se como fraude pedagógica.

[...]


Estamos cercados desses repetidores midiáticos, como o Gilberto Dimenstein. Gente que prega o "aprender a aprender", "aprender a fazer", "aprender a ser" etc. Clichês que pouco significam quando confrontados com a prática escolar. A educação exige uma certa solidez clássica. E não me venham dizer que as novas gerações não estão interessadas nisso. Elas são a cara do que a gente oferece para elas. Damos alfafa e reclamamos da falta de massa crítica.

21 de outubro de 2005, 10:26 | Comentários (10)

critical art ensemble na berlinda

Você é um artista que trabalha com bactérias inofensivas, professor em uma universidade e criador do Critical Art Ensemble. Um dia, acorda, vê sua esposa morta a seu lado, chama a polícia. E aí, é acusado de bioterrorismo pelos panacas do FBI. É o que está acontecendo a Steve Kurtz.

20 de outubro de 2005, 12:24 | Comentários (4)

inveja branca

O Láudano criou um blog para se comunicar com o filho que mora em Porto Alegre. Publica fotos de brinquedos ou coisas legais, daquele tipo que as crianças adoram. Escreve os posts em formato de conversa para o guri, conta novidades da vida dele em São Paulo. Por tabela, está ensinando o piá a usar computadores, conhecer um tipo de mídia que será importante no futuro e, de maneira geral, incentivando-o a ser geek.

Poucos pais fazem algo assim pelos filhos. Ao menos dá para aproveitar depois de velho, já que a maioria das coisas interessa ao lado infantil de qualquer sujeito.

19 de outubro de 2005, 22:01 | Comentários (12)

o assunto é irresistível

Paulo Roberto Pires defende o voto nulo no referendo. A cada dia que passa, parece a opção mais sensata.

19 de outubro de 2005, 10:39 | Comentários (24)

da arte de desperdiçar tempo e dinheiro

Como os leitores já sabem, meu voto é pelo não. No fundo, a questão que temos de nos fazer é a seguinte: proibir o comércio de armas de fogo para pessoas físicas civis vai diminuir o número de homicídios? Ser a favor ou contra a existência de armas, achar ou não que ter arma em casa deixa as pessoas mais seguras, acreditar no direito dos cidadãos de possuírem pistolas e revólveres, nada disso vem ao caso — ao menos, se o sujeito estiver preocupado menos com questões morais e mais com meios práticos de diminuir a violência. E o mais provável, corta o coração admitir, é que nada vai mudar, ou até pode piorar.

No fim das contas, o que incomoda mesmo é a irrelevância do processo todo. Gastou-se centenas de milhões de reais — entre R$ 250 e R$ 700 mi, dependendo da fonte — para se tomar uma decisão que, na prática, não vai influenciar em quase nada. Por que não votar "sim", então, e parecer muito mais simpático aos leitores, sem falar na vantagem de ficar em paz com a própria consciência e não se enfileirar junto à laia de bárbaros ignorantes que nem mesmo deveriam ser autorizados a andar nas ruas?

O motivo principal é que, como provam as drogas, como provou a lei seca nos anos 1920 nos EUA, qualquer proibição acaba criando tráfico, que gera violência. Sem se atacar as causas da demanda, de nada adianta proibir coisa alguma. Muita gente nas fileiras do "não" é maluca o suficiente para ir até o Paraguai, ou subir o morro, para adquirir uma arma. Ilegal por ilegal, provavelmente ainda vai comprar uma arma mais pesada, de uma vez. Tendo de lidar com marginais, o sujeito se expõe à violência, ou mesmo a entrar na criminalidade. Sem falar no patrocínio a operações de tráfico de drogas, assaltos e seqüestros.

Outro aspecto é a deterioração ainda maior da polícia e dos burocratas, inevitável com o aumento do contrabando de armas. Desde policiais vendendo armas apreendidas — como já fazem com drogas —, ou as da própria polícia, até agentes da alfândega recebendo propinas — ou tiros — para deixar uma carga de pistolas passar. Propinas também vão rolar para superar os entraves burocráticos e poder comprar uma arma de forma "legal". O Brasil definitivamente não precisa disso.

A proibição também não deixa de ser manobra diversiva do governo. Em vez de investir em fiscalização efetiva, depuração dos quadros da polícia e neutralização das causas principais da violência por meio de investimento em educação e pela distribuição de renda, faz-se um referendo, finge-se proibir o comércio de armas e gera-se a impressão de que alguma coisa foi feita.

Certo, então a proibição do comércio vai poupar algumas dezenas de vidas por ano. Isso não se discute. Porém, tenho a firme convicção de que os efeitos perversos da proibição vão superar os efeitos benéficos. Só por isso voto "não". No entanto, espero até o último momento algum argumento que me permita votar "sim" e ficar parecendo uma pessoa bem melhor aos meus próprios olhos. Este post estava planejado para sábado, mas resolvi publicar antes para receber as repercussões a tempo. No fim, talvez fosse melhor anular, ou simplesmente não ir votar, para não legitimar mais essa palhaçada.

A seguir, desconstruo alguns dos argumentos reunidos durante este mês inteiro de discussão no insanus.org:

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17 de outubro de 2005, 23:11 | Comentários (35)

ninguém perguntou

Meus veículos de imprensa favoritos são o Estadão e a Carta Capital. Curiosamente, um à direita, a outra à esquerda. A uni-los, o fato de assumirem suas posições políticas, sem perder a inteligência.

Sempre detestei a neutralidade de faz-de-conta da Folha ou a obtusidade da Veja.

17 de outubro de 2005, 13:22 | Comentários (3)

fucku fuckme

Algumas piadas jamais perdem a graça.

16 de outubro de 2005, 22:59 | Comentários (2)

um nulo

Hefestus faz uma das melhores análises sobre o referendo até agora — procure pelo post "referendum", já que não há permalinks.

16 de outubro de 2005, 19:54 | Comentários (0)

um sim meio não

A deputada federal e ex-juíza Denise Frossard, cuja opinião é muitíssimo respeitável, votará "sim" no referendo. No entanto, não deixa claros seus argumentos. O artigo inteiro dá a entender um voto no "não".

16 de outubro de 2005, 10:42 | Comentários (2)

demoraram a aderir

A Folha Online inaugura seu primeiro blog. É capitaneado pelo colunista político Josias de Souza. Junta-se ao Moreno e ao pioneiro Noblat.

15 de outubro de 2005, 23:27 | Comentários (2)

o A e o Z

Benvinútil está como de costume cáustico e observador em seu dicionário da geração 21, publicado no Cortiça. Pelo que se pode depreender, Geração 21 compreende os autores que começaram a publicar a partir do ano 2000 e iniciaram suas carreiras na internet.

15 de outubro de 2005, 19:04 | Comentários (0)

estou quase acreditando em paulo coelho
Prezado/a Bolsista,

temos o prazer em comunicar-lhe, que você foi contemplado com uma bolsa de estudo do programa Deutschlandkundlicher Winterkurs do DAAD em Essen, para o ano letivo de 2006, conforme deliberação da comissão de seleção de 2005.

A bolsa tem a duração de dois meses, a vigorar a partir de 4 de janeiro de 2006 a 17 de fevereiro de 2006.

Você receberá até novembro próximo, diretamente de Bonn, uma declaração oficial da concessão da bolsa.

Com os nossos parabéns pela obtenção da bolsa, desejamo-lhe boa sorte para os preparativos de sua viagem.

Atenciosamente,
Ursula Nagel
Coordenadora do Winterkurs

14 de outubro de 2005, 14:09 | Comentários (17)

mamo rad reina nas trevas

Pela configuração de cinco lojas do McDonald's em Porto Alegre, o Emiliano descobriu que o portal para o inferno aqui leva o nome de Mamo Rad.

Uma ajuda do oráculo Google permite decifrar o anagrama proposto pelo Lorde das Profundezas. Incrível coincidência, ou mensagem de Satã? Decida você mesmo.

DAR AM OM - Ou seja, "dar a mão". A quem? A satã, evidentemente.

DAM AMOR - Aparentemente contraditória no sigficado "dão amor", faz muito sentido quando entendida como "damn amor", ou "dane-se o amor".

MAMA ROD - Não podemos explicar neste horário, mas é algo bem satânico.

A RAD MOM - "Uma mãe radical", em inglês. Notem ser o contrário do "pai amoroso" ou "serenidade eterna" cristãos. Ou seja, trata-se do caído, da besta.

A MAD ROM - "Uma ROM louca". Mensagem de interpretação complicada, mas se levarmos em conta que ROM remete a CD, ou suporte de softwares, e que o software que mais age feito um crioulo doido é o Windows, chegamos nada menos que à Microsoft! Como todos sabem, Bill Gates é testa-de-ferro do cão.

12 de outubro de 2005, 12:37 | Comentários (12)

por isso que o lama é o lama

Em uma palestra hoje no CEBB, o lama Padma Samtem falou sobre o sentido da vida, transitoriedade e tudo o mais. Ninguém perguntou sobre a questão do apego, mas suas ações respondem. Às 22h, disse ao público:

— Bom, preciso encerrar. Deixei dois seres me esperando e, se não for agora, o samsara vai ficar ainda pior.

Levantou e foi, depois de passar duas horas explicando como o objetivo do budismo é chegar à compreensão de que todo suposto movimento, tudo o que acontece, é na verdade ilusório e, portanto, não devemos nos apegar.

11 de outubro de 2005, 22:49 | Comentários (5)

destruindo mitos científicos

"We've heard that a million monkeys at a million keyboards could produce the complete works of Shakespeare; now, thanks to the Internet, we know that is not true."

Robert Wilensky.

10 de outubro de 2005, 15:13 | Comentários (3)

desapego

Não entendo nada de budismo, mas ao contrário do Galera, discordo. Não parece que seja exatamente esta a noção de desapego de que os budistas estão falando. Ou, ao menos, não todos os budistas. Deve ser algo como a noção de pecado no cristianismo, em que há desde as definições mais radicais e simplistas até as mais complexas e amplas. Parada? Bruno?

10 de outubro de 2005, 14:29 | Comentários (16)

gourmet parvenu

Está no ar a mais nova coluna gastronômica do Semana 3.

10 de outubro de 2005, 9:56 | Comentários (0)

ainda as vestais do intelecto

Mario Sergio Conti escreve:

Recebi uns cinqüenta emails sobre os comentários que fiz aqui na semana passada. Os mais comedidos me chamavam de ultrapassado, ranheta, ranzinza e energúmeno. Não nessas palavras porque os que escreveram não as conhecem. A maioria das mensagens era de xingatório. E boa parte delas era de proveniência inidentificável. O que de certa forma confirma o que escrevi: a comunicação na internet tende à boçalidade e à agressividade. Ela revela mais falta do que fazer do que empenho em, digamos, trocar idéias, impressões, vivências.

Este tipo de gente acha, é óbvio, que eles e seus coleguinhas são os mais espertos e, portanto, seus joguinhos de palavrinhas são os únicos válidos. Falham em ver que blogs são, antes de mais nada, jogo. Uma grande diversão para quem os escreve, e somente isso, com poucas exceções profissionais. Trata-se de mais um caso de intelectual horrorizado com os apedeutas e beócios que compõem a maior parte da humanidade. De fato, poderia-se responder assim a Conti:

Recebi uns cinqüenta emails sobre os comentários que fiz aqui na semana passada. Os mais comedidos me chamavam de ultrapassado, ranheta, ranzinza e energúmeno. Não nessas palavras porque os que escreveram não as conhecem. A maioria das mensagens era de xingatório. E boa parte delas era de proveniência inidentificável. O que de certa forma confirma o que escrevi: a comunicação HUMANA tende à boçalidade e à agressividade. Ela revela mais falta do que fazer do que empenho em, digamos, trocar idéias, impressões, vivências.

9 de outubro de 2005, 12:48 | Comentários (3)

meu novo amigo

Muito boa a idéia e a execução da reportagem em que a Clarah passa um dia se fingindo de homem. Se até ela — que, apesar de muito feminina, sempre teve uns arroubos testosterônicos — achou difícil, imagine-se o resto.

8 de outubro de 2005, 16:41 | Comentários (4)

como agradar aos homens

Anda rolando por email um texto que ensina a se tornar um homem razoável na visão feminina, que pode ser lido abaixo. Segue sugestão de uma lista semelhante, direcionada às mulheres que queiram agradar aos homens:

1) Não encha o saco

É, só tem um ítem mesmo. Homens são muito fáceis de agradar.

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7 de outubro de 2005, 21:03 | Comentários (16)

idéias geniais da ciência

Você consideraria ressuscitar um dos vírus mais mortais de todos os tempos, para estudá-lo, uma boa idéia? Pois pesquisadores que só se pode considerar completos imbecis ressuscitaram o vírus da gripe espanhola em laboratório. O objetivo, verificar se havia saltado direto de pássaros para humanos, como o da gripe aviária, foi atingido. Sem querer soar paranóico, mas como diz um outro cientista na reportagem, trata-se de uma das piores armas biológicas conhecidas. Recriada. Acidentes acontecem. Terrorismo também.

6 de outubro de 2005, 10:00 | Comentários (25)

felicidade interna bruta

Não chega a ser uma grande novidade, mas a matéria do New York Times sobre o índice de Felicidade Interna Bruta, usado pelo Butão para calcular o desenvolvimento do país, é bastante extensa e profunda. Um país fundado por Drukpa Kunley só podia ser do cacete.

5 de outubro de 2005, 20:04 | Comentários (3)

ainda o referendo

A irracionalidade domina as campanhas para o referendo, tanto do lado do "sim", quanto do lado do "não". Uns fingem que impedir o comércio vai impedir quem realmente quer uma arma de adquiri-la. Outros batem na tecla do direito a andar armado, como se adiantasse alguma coisa contra bandidos. Ambos fazem puro terrorismo com a população.

Alguns números podem jogar luz sobre as coisas. Como o Alexandre já comentou, finalmente foi feita alguma pesquisa sobre o uso de armas legais em crimes. Mostra que em 33% das ocorrências policiais as armas eram registradas. Número bastante significativo. As tabelas por tipo de crime, no entanto, indicam uma presença de armamento registrado em número maior: quase metade dos casos. Se alguém entendeu, por favor explique nos comentários.

Enquanto isso, a Veja faz terrorismo — é duro agüentar certas companhias na fileira do "não" —, mas traz alguns dados interessantes:

O país produz em torno de 200.000 armas por ano e exporta 70% delas, sobretudo para os Estados Unidos e para a Indonésia. Uma parte é vendida aqui diretamente às Forças Armadas e à polícia. Chegam às lojas em torno de 20.000 armas. A maioria é adquirida por empresas de segurança e 3.000 são compradas por pessoas comuns para uso particular. Os defensores da proibição do comércio legal desses artefatos argumentam que as armas acabam nas mãos de bandidos, roubadas em assaltos a residências ou nas ruas. Em vista das pesadas restrições que cercam a venda de armas no Brasil, todo o mastodôntico referendo foi criado, em última análise, para decidir sobre um reles arsenal de 3.000 revólveres e armas de caça vendidos por ano.

[...]

O governo federal gasta, por ano, 170 milhões de reais com segurança pública. Isso é menos do que os 270 milhões de reais que serão gastos com o referendo. Com esse dinheiro seria possível comprar 10 500 viaturas e 385 000 coletes à prova de bala para a polícia.

Com alguns dados, pode-se começar um debate mais produtivo. Lembrando sempre que, a rigor, o comércio continuará existindo, por causa da polícia, caçadores, praticantes de tiro ao alvo e empresas de segurança privada, todos com direito a comprar armas. E que o referendo é só sobre comércio, não sobre desarmamento, como andam dizendo por aí.

4 de outubro de 2005, 10:10 | Comentários (68)

banzé no oeste

A nova novela da Globo começou bem: uma animação ilustra um massacre que, de acordo com as clássicas regras de narrativas da indústria cultural, será o motivo de todos os atos subseqüentes de algum personagem principal, criança na época e único sobrevivente. Além da animação, a vinheta de Bang Bang usa bonecos parecidos com Playmobil em stop-motion. Nos melhores momentos, a trilha sonora lembra Man or Astroman?.

Até começou bem, mas neste primeiro capítulo já deu para notar que a emissora vai insistir em enfiar gostosas sem o menor talento como protagonistas. Fernanda Lima é pelo menos tão ruim quanto Deborah Secco, senão pior. Aliás, na verdade, nem uma, nem outra é tão gostosa assim. Realmente não dá para entender onde a Globo pretende chegar.

3 de outubro de 2005, 19:50 | Comentários (18)

otávio germano quebra recorde de incompetência

Depois a Brigada Militar reclama que não tem o respeito dos cidadãos. Crianças são pisoteadas por culpa de seus comandados e tudo o que o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul consegue dizer é que não sabia de nada. E há poucos dias, eles mataram um sindicalista.

3 de outubro de 2005, 10:31 | Comentários (7)

não se mate

Algum cretino decidiu denunciar o NAO-Til por incentivo ao suicídio, devido a este texto. Fim do mundo. Não existe mais humor neste país.

2 de outubro de 2005, 9:59 | Comentários (7)

iniciado o plano de dominação mundial

Dois trabalhos aceitos em congressos de comunicação. O primeiro será apresentado na tarde de 3 de novembro, no Seminário Internacional de Comunicação da PUCRS, GT Tecnologias do Imaginário e Cibercultura. O segundo, no encontro da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Jornalismo, em Florianópolis, entre 27 e 29 de novembro. Ambos tratam do Wikinotícias. Aceito convites para tomar uma cerveja com leitores que estejam por perto.

1 de outubro de 2005, 15:52 | Comentários (8)

regras de etiqueta

Por que as pessoas que vão ao Bambu's ou ao Bell's usando terninhos comprados em brechó, quando convidadas a um evento que exige traje passeio completo [terno escuro, sapatos sociais], aparecem de All-Stars e camiseta?

1 de outubro de 2005, 15:49 | Comentários (6)



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