Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


enchendo o calção de areia

Embarco amanhã à noite para Garopaba, onde fico até o dia 7 de janeiro. Se algum leitor que esteja por lá quiser combinar de tomar uma cerveja, entre em contato pelo meu e-mail, que está aí do lado.

27 de dezembro de 2006, 16:29 | Comentários (9)

bananão voador

A baderna no transporte aéreo brasileiro já estava ridícula o suficiente quando era apenas o Estado a fazer bobagens. Agora que a iniciativa privada decidiu quebrar o monopólio e investir no caos, a coisa toda está ficando inacreditável. É um nível de negligência só encontrado em lugares como o Brasil. Se a auditoria confirmar o overbooking, TAM pode ficar com danos à imagem mais irreparáveis do que os causados pelos constantes acidentes. De fato, pode ser soterrada sob uma avalanche de processos por danos morais. São uns irresponsáveis. Um diretor apareceu na televisão pedindo desculpas aos passageiros. Eles talvez preferissem que ele cometesse seppuku.

25 de dezembro de 2006, 23:49 | Comentários (22)

um carteiro muito louco

A Empresa de Correios e Telégrafos parecia ter ficado mais confiável nos últimos anos, mas essa imagem está se dissipando com alguns acontecimentos recentes. Ano passado, mandei um livro como correspondência normal para São Paulo, mas esqueci de pedir que fosse carta registrada. Obviamente, nunca chegou ao destino. Uma carta registrada enviada para mim na Alemanha também desapareceu. Cartas enviadas do Rio para cá demoraram semanas. Só hoje chegou um convite para uma festa que foi na quinta-feira.

O mais bizarro, porém, são as cartas erradas que tenho recebido. Já foram pelo menos umas cinco desde que mudei, há dois anos e pouco. Duas tinham o mesmo número de meu prédio e apartamento, mas eram destinadas a outras ruas. O resto tinha endereços nada a ver. Quando é possível, levo as cartas erradas até as casas das pessoas.

Outra irritação é que não se encontra selo de porte internacional [R$ 1,55] em nenhuma agência dos Correios. Agora, tentem achar espaço para selar um cartão postal com valores menores e ainda escrever algo.

23 de dezembro de 2006, 21:43 | Comentários (15)

para você perder a esperança na humanidade
A Revista Já É, uma publicação carioca que retrata o comportamento da sociedade moderna, mais uma vez está inovando o mercado editorial. Lançada na Internet no início de 2005 e a edição impressa em setembro deste ano, o veículo criou mais um meio de comunicar seu conteúdo: a revista digital, onde a versão que vai para as ruas pode ser "folheada" com um clique do mouse no site da publicação.

A idéia surgiu com o objetivo de aumentar o alcance de público da revista, antes segmentado apenas para os cariocas. Agora, leitores de todo o país, antenados com o que acontece no Rio de Janeiro, podem conferir, na íntegra, a publicação mensal que é distribuída gratuitamente em pontos estratégicos pela Cidade Maravilhosa.

Achei o nome dessa revista tão bisonho que me senti obrigado a legitimar o spam entrando no site. O esforço não ficou sem recompensa. Há na primeira página um artigo sobre os aborrecimentos de se brigar na "night". Notem que o foco não é nos aborrecimentos advindos de levar uma sova de um bando de pitboys. O artigo é voltado para os pitboys.

O autor, Paulo Lage, já esteve "por 15 minutos" em uma cela e não gostou nada da experiência. Usa isso como argumento para desestimular o envolvimento em brigas? Não. Ele sugere, na verdade, que você se preocupe apenas em chegar primeiro na delegacia para dar sua versão dos fatos. Assim, o agressor — ou agredido — ficará em uma posição defensiva e será considerado culpado até prova em contrário. É comovente o espírito humanitário que permeia a matéria, sobretudo quando Lage faz uma lista dos gastos envolvidos em liberar sua testosterona no primeiro idiota que passar: "Em resumo, além dos R$80 que você provavelmente vai gastar com a noitada, dependendo do dia e da hora não vai pagar menos de R$1.150 pra um advogado te acompanhar à Delegacia."

Nada é mais desestimulante do que se perceber vivendo num mundo cheio de imbecis psicopatas.

21 de dezembro de 2006, 10:58 | Comentários (21)

encha o saco do seu deputado

Envie um e-mail para todos os parlamentares e proteste contra o absurdo aumento de quase 91% nos próprios salários. Aproveite e também participe deste abaixo assinado.

O ideal seria ir até Brasília queimar o Congresso, mas com o caos nos aeroportos o protesto tem de ser virtual, mesmo.

19 de dezembro de 2006, 10:05 | Comentários (4)

frase da semana
Olhando por este ponto de vista a coisa funciona mais ou menos assim: tratar com o diabo dá no mesmo que usar um cartão de crédito, você adquire o objeto de desejo antes e paga depois. Com deus é como o sistema de consórcio: você paga primeiro e depois é contemplado.

Extraída da revista O Martelo. Que inclusive receberá a visita de meus advogados em breve, por estar se aproveitando da marca deste tradicional blog.

18 de dezembro de 2006, 10:54 | Comentários (4)

devia estar escrevendo minha dissertação

Enquanto inflo meu saco explicando numa manhã de sábado como pretendo fazer uma análise de conteúdo do Wikinews e do Kuro5hin, na laje do prédio em frente duas amigas de meia-idade fazem um churrasco e tomam banho de sol sob 35ºC. Fora do horário definido pelos dermatologistas. Espero que estejam usando filtro solar.

Não consigo deixar de simpatizar com elas, mesmo que não sejam as ninfetas voluptuosas que costumam animar a vista da minha janela nessas tardes de verão. Nenhuma das duas tem encanto algum, embora também não sejam balzaquianas feias. O interessante é o perfil das duas que essa cena desenha em minha cabeça.

Ver duas mulheres fazendo algo em geral restrito a homens é legal. Não que as fêmeas não tenham capacidade para isso — uma amiga faz um dos melhores churrascos que já comi —, mas em geral elas não se interessam muito por assar carne. De fato, estão apenas com um espeto ali. Há algo de existencialista em se acender um fogo para fazer só um espeto. É um trabalho enorme e desnecessário. Agora terminou de assar e elas foram comer em outro lugar.

Posso imaginá-las de manhã em casa, meio de saco cheio por não terem companheiros. "Foda-se, vamos fazer um churrasco na laje!" Já passaram por muita coisa para acreditar que arranjar um namorado e outras aspirações femininas vá melhorar suas vidas. Sabem que bom mesmo é dividir o pequeno prazer de assar uma carne na laje com o grande prazer da amizade. Tomarão cervejas para afastar o calor, darão risadas e descansarão assistindo TV.

Passado esse breve interlúdio filosófico, voltemos à ABNT.

16 de dezembro de 2006, 13:54 | Comentários (15)

ajudinha

Ando muito ocupado para publicar qualquer coisa. Minha dissertação de mestrado está na reta final, então os posts ficam para depois. Pretendo ainda fazer um relato do BarCamp e publicar algo que estou tentando apurar devagarinho. Preciso de uma ajuda na apuração, inclusive: algum dos leitores tem uma impressora Epson atual, de preferência da série jato de tinta Stylus, e sempre usou cartuchos originais? Favor entrar em contato por e-mail.

14 de dezembro de 2006, 10:38 | Comentários (5)

barcamp POA é amanhã

Só para lembrar que amanhã e domingo acontece o BarCamp. O evento é totalmente gratuito — embora contribuições sejam bem vindas — e o local é a Federação dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação, na Jerônimo Coelho, 303, centro da cidade. Começa às 10:00. Mais informações, inclusive lista de hotéis, aqui.

Sábado

  • 10h-12h: Organização dos grupos de trabalho e apresentações
  • 12h-14h: Intervalo para almoço
  • 14h-20h: Desconferência

    Domingo

  • 10h-12h: Desconferência
  • 12h-14h: Intervalo para almoço
  • 14h-18h: Desconferência

    É bastante importante que os interessados preencham a ficha de inscrição e cliquem em "sign-up", mesmo ainda hoje à noite. Caso não consiga, porém, não há problema algum. Faça como quiser, mas apareça.

    8 de dezembro de 2006, 17:26 | Comentários (0)

    ...

    Eu me perguntei muitas vezes se deveria escrever algo mais sobre a morte do Gabriel. O texto que saiu no calor do momento é um tanto seco, mas na verdade essa aridez reflete minha sensação de total perplexidade. Usei a palavra "inacreditável" naquela hora. Creio ser a palavra que melhor descreve tudo isso. Mas escrevi este novo texto. Queria tê-lo publicado na quarta-feira, mas uma pane em meu computador impediu.

    Nos últimos meses andava muito com o Gabriel. Um dos motivos era ele ser o único da turma ainda sem a namorada por perto e com paciência para a boemia. Não tinha proposta de farra que ele não aceitasse. Isso me deu uma chance de conhecê-lo bem melhor e me tornar ainda mais amigo dele, algo para além da afinidade de projetos que tínhamos no início. Trabalho em casa e por isso vejo pouca gente no meu cotidiano. Gabriel talvez fosse a pessoa que vi com mais freqüência nos últimos tempos.

    As pessoas entram e saem das nossas vidas enquanto elas se desenrolam. Meus amigos de hoje não são os amigos da época do colégio. Quando alguém novo entra em sua vida, você passa a freqüentar novos lugares, novas pessoas, novas idéias. Cria novos hábitos. Vira outra pessoa. Essa presença tão forte do Gabriel ultimamente fez com que eu desenvolvesse um modo diferente de ser no mundo. Amizade é isso, acho: assimilar aspectos de uma outra personalidade e se tornar um pouco aquela pessoa. De certa forma, é como se esse ponto de intersecção entre sua personalidade e as de seus amigos fosse um filho seu com cada um deles. Não é à toa que muita gente diz que sua família de verdade são os amigos.

    E talvez seja justo essa forma de ser no mundo que criei em por causa dele o motivo de não conseguir acreditar. O mundo é em parte construído por nossos pensamentos e emoções, que influenciam a forma como vemos e interpretamos tudo. Porque ainda tenho o hábito do Gabriel, o mundo ainda não mudou para mim. Mesmo tendo comparecido aos atos fúnebres, parece que a qualquer momento ele vai aparecer no messenger para falar bobagem, mandar e-mails com alguma idéia para um novo projeto, ou ligar convidando para alguma festa. Aí eu penso que o pior está por vir, quando eu perceber que ele não vai mais entrar no messenger, nem mandar e-mails, nem ligar. Que não vou mais planejar uma parte da minha vida em torno dele. Pensar "pô, isso parece legal, vou chamar o gabriel". Bem aí, quando o dia estiver bom para tomar uma cerveja na calçada, quando tiver uma dúvida sobre os templates do blog, quando tiver uma idéia para revolucionar a Internet, aí é que o hábito vai se manifestar e eu vou pensar em chamar o Gabriel. Aí, então, eu vou me dar conta de que ele não está mais aqui. Que o mundo mudou.

    É esse o momento que eu temo. Já tive perdas na família, mas nenhuma das pessoas ocupava uma parte tão grande do meu mundo quanto ele. Agora essa parte está vazia. Com o tempo, vou encontrar outras pessoas e coisas para ocupá-la. A vida vai seguir, o mundo vai se remanejar outra vez. E outra. E outra. Mas se uma coisa serve de consolo quando penso nessa dinâmica de mudança, é que esses mundos nunca somem completamente. Os mundos que se foram permanecem como uma influência em todos os mundos que se seguem. Disso eu tenho certeza: o que criei em conjunto com o Gabriel vai moldar a minha vida até chegar minha vez de deixar partes vazias no mundo das pessoas que se relacionam comigo.

    E é por isso que, como o Parada, eu não vou sentir saudades do Gabriel. Porque sei que, embora eu não possa mais chamá-lo quando o dia estiver bom para tomar uma cerveja na calçada, quando tiver uma dúvida sobre os templates do blog, quando tiver uma idéia para revolucionar a Internet, há uma parte dele que ficou aqui comigo. E essa não pode ser extraída do mundo de uma forma abrupta e estúpida.

    8 de dezembro de 2006, 11:30 | Comentários (22)

    luto fechado

    O nosso amigo Gabriel Pillar faleceu na madrugada desta segunda-feira. Ao descer a rua Mostardeiro, ele aparentemente perdeu o controle do carro e bateu em um poste na esquina da Comendador Caminha. Morreu no local.

    Fui acordado com a informação há pouco mais de uma hora. É difícil dizer qualquer coisa quando ainda não se consegue nem acreditar na notícia. Talvez seja isso, mesmo: é inacreditável que um grande amigo, com quem tenho compartilhado projetos, com quem fui a uma festa no sábado mesmo, de cuja banca de monografia eu iria participar amanhã, perdeu a vida. E assim, de repente.

    Fiquemos com as boas lembranças.

    4 de dezembro de 2006, 7:48 | Comentários (78)

    homens na berlinda

    A Vanessa Valiati enviou outra sugestão de blog que busca educar as leitoras sobre os perigos da personalidade masculina: Homem é Tudo Palhaço.

    É um fenômeno interessante, esse. Por que não existem blogs como "Mulher é Tudo Tarja-Preta" ou "Já pra Cozinha"? Provavelmente porque os homens, ao contrário das mulheres, não passam o tempo inteiro pensando no sexo oposto. Têm mais coisas para se ocupar, como futebol ou fusão nuclear.

    1 de dezembro de 2006, 10:02 | Comentários (32)



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