Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


não custa nada

O trecho abaixo foi reproduzido do site Avaaz.org:

Depois de décadas de uma ditadura militar repressiva, o povo de Mianmar está se manifestando - e eles precisam da nossa ajuda. Monges budistas deram início a uma marcha pacífica que vem ganhando o apoio de toda a população do país. O número de manifestantes já chega a 100.000 em mais de 25 cidades.

Na última manifestação contra a ditadura em 1988 o governo militar massacrou milhares de pessoas. Não podemos deixar isso acontecer de novo, precisamos e podemos defender os manifestantes. Vamos enviar uma mensagem ao Conselho de Segurança da ONU incluindo a China, o principal apoiador do regime em Mianmar, assim com toda a mídia presente no encontro da ONU essa semana.

Duvido que o Conselho da ONU faça qualquer coisa a respeito, muito menos que isso influencie na política de Rangun — até porque o massacre já começou. Por outro lado, nunca é demais as pessoas deixarem claro aos políticos que são contra a violência estatal.

27 de setembro de 2007, 21:50 | Comentários (1)

você é um idiota?

Descubra a resposta à pergunta acima fazendo esse teste aqui, que devia ser aplicado a todas as pessoas antes que elas pudessem ter acesso à Internet. Caso você não saiba inglês, não perca seu tempo com isso.

25 de setembro de 2007, 21:37 | Comentários (8)

to twit or not to twit?

Quando ouvi falar do Twitter pela primeira vez, fiquei me perguntando para que diabos serviria aquele Orkut reduzido à página de recados. Continuei me perguntando isso até semana passada, quando o André Pase teve a genial idéia de usar essa ferramenta para a cobertura que a Cyberfam fez do SET Universitário da PUCRS. Foi uma maneira simples de manter a capa da revista eletrônica dos alunos da Famecos atualizada. Também meti minha mão na massa e ajudei no minuto-a-minuto das palestras. O Twitter é muito fácil de usar e se presta bem a esse tipo de cobertura, pretendemos manter o widget na capa do site e aproveitar sempre que possível.

Mas na verdade o objetivo deste post é fazer uma pequena egotrip. Primeiro, porque a Vanessa Nunes publicou na coluna/blog dela na Zerohora.com um texto sobre nosso uso do Twitter e a cobertura que nossos alunos fizeram do lançamento do novo site do jornal gaúcho. Segundo, porque minha participação no SET, ministrando uma oficina em conjunto com o Pase, rendeu uma citação no Correio do Povo. Clique aqui se quiser dar uma olhada, mas já adianto que não falei nada de especial. Aliás, fui pego de surpresa e mal consegui articular duas frases coerentes. Fico feliz que o repórter tenha conseguido usar algumas aspas.

24 de setembro de 2007, 14:36 | Comentários (3)

o brasil nunca vai dar certo

A epifania no título desse texto me atingiu quando deixava o shopping center Iguatemi de Porto Alegre, hoje à tarde, após comer um lanche no Burger King (o legal é que dá para desprezar o McDonald's e seus sanduíches inssossos enquanto mastiga, porque ambos ficam lado a lado).

Primeiro, fomos pagar absurdos R$ 3,50 por estacionamento em uma região em que ninguém deixaria o carro por outros motivos além de gastar nas lojas do shopping. Tentamos pagar com uma nota de R$ 50, porque somos novos-ricos ostentadores, mas a mal-humorada moça do caixa disse que não teria como dar o troco. Produzi uma nota de R$ 5. Ainda assim, ela insistiu para procurarmos 50 centavos e completar o troco. Por que não cobram R$ 3 ou R$ 4? Pagar estacionamento em shopping é absurdo mesmo, R$ 1 não faria diferença para ninguém.

Ao sair, percebi graças ao solado velho do meu calçado que havia muita água da chuva empoçada no asfalto. Aliás, o asfalto é completamente irregular e os pontos alagados eram bem maiores e mais numerosos que os pontos secos. Lembrei que no banheiro uma torneira estava desativada, as ativadas funcionam mal e não há toalhas de papel.

Isso em um centro comercial cujo objetivo é isolar o consumidor das agruras das ruas sob tutela do poder público. Aí a epifania me atingiu: se nem a iniciativa privada é capaz de prestar um bom serviço, como esperar algo que preste do Estado? O Brasil está condenado. Só resta apagar as luzes e ir embora — de navio, porque a gasolina está cara e os aviões, quando levantam, caem.

20 de setembro de 2007, 23:39 | Comentários (18)

alguém tire do ar essa propaganda, por deus

Se os artistas gaúchos fossem realmente unidos, deveriam exigir que a RBS tire do ar o comercial sobre a importância dos incentivos [monetários, supõe-se] para a cultura local. Assinam também a peça publicitária o governo estadual da Yoda e o Banrisul. Todos são patrocinadores de primeira hora dos eventos culturais mais festejados do Rio Grande do Sul, especialmente daqueles com grande potencial de visibilidade. Qual o problema do anúncio?

O problema é a afirmação implícita sobre os valores e desejos dos artistas, nada lisonjeira -- embora em alguns casos possa ser verdadeira. O texto diz algo como:

Quando ele aparece, há luz, câmera e ação. Até os críticos de arte mais exigentes o elogiam. Ele é poesia para os ouvidos dos artistas.

Quem é ele? O "incentivo". Supõe-se que estejam falando do incentivo fiscal, mecanismo que permite às empresas fazer filantropia com o chapéu do governo, isto é, do contribuinte, destinando recursos dos impostos para projetos culturais. Até porque, do contrário, o anúncio traria as palavras "doação" ou "patrocínio" ou "mecenato". Enfim, o texto faz parecer que os artistas só se interessam por dinheiro. Se fosse comigo, no mínimo escreveria uma carta de reclamação aos responsáveis.

Antes que perguntem, sou, sim, a favor dos incentivos fiscais para artistas. Muito melhor seria se as empresas tirassem dinheiro do próprio bolso para garantir o desenvolvimento da cultura local. Ainda melhor seria que tivéssemos uma população educada o suficiente para garantir sustento aos artistas, sem necessidade de apelar para incentivos. Mas aí seria pedir demais. Sou contra, no entanto, incentivos para espetáculos medíocres e babacas, que poderiam muito bem se pagar sozinhos. Infelizmente, em geral são esses os incentivados.

13 de setembro de 2007, 18:28 | Comentários (22)

não, não vou pôr "mi buenos aires querido" no título desse post

Só agora consegui mais ou menos sentar para escrever sobre a viagem a Buenos Aires. Devo dizer que a boa impressão que o guia da prefeitura passou se manteve durante toda a estadia. Buenos Aires é, mesmo, uma cidade espetacular, e os argentinos são um povo a se admirar. Agradeço às dicas que os leitores deixaram nos comentários e aos amigos que enviaram mensagens por correio eletrônico. Seria impossível fazer uma viagem tão boa sem essa ajuda.

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Limusine à venda em frente a uma cafeteria recém reformada em Palermo

Em primeiro lugar, esperava uma cidade mais decadente e suja, por causa da crise financeira do início do século. Graças a essa crise, os preços na Argentina baixaram a um patamar em que fica barato para os brasileiros fazer turismo por lá. Antes, contava-se que um simples espresso podia sair US$ 3. Agora, custa 4 pesos, e o peso valia aproximadamente R$ 0,70 quando estivemos na capital porteña. Apesar de certamente estar decaindo, Buenos Aires decai com elegância. As coisas são velhas e detonadas, mas são limpas. As pessoas olham feio se você joga lixo na calçada. E um passeio no bairro Palermo mostra sinais de retomada econômica, com muitas casas sendo reformadas para dar lugar a lojas de roupas finas e restaurantes.

Uma das melhores impressões que tive foi dos taxistas. Nenhum tentou nos enrolar. Aliás, o primeiro nos deu dicas de como indicar melhor o caminho, porque dissemos uma forma errada de chegar ao endereço e ele teve de dar uma volta maior. As viagens também são baratas. À noite, custa apenas uns 12 pesos para ir de Palermo ao centro. Parece apenas que não é recomendável pegar táxi do aeroporto para o hotel, porque há muitos casos de assaltos em que os taxistas são coniventes. Prefira pegar o ônibus da Manuel Tienda Léon, que fica à esquerda quando se sai do setor de desembarque em Ezeiza. Uma passagem até a porta do hotel no centro custa 32 pesos, sendo que você vai de ônibus até a central deles e depois pega uma minivan. Já para voltar ao aeroporto é tranqüilo pegar táxi e custa algo entre 70 e 80 pesos a viagem, o que faz valer a pena para duas pessoas.

Quanto ao hotel, ficamos no albergue El Firulete Downtown, pagando cerca de US$ 40 a noite por um quarto privado com banheiro, o que é metade da diária dos hotéis da região que pesquisamos ou nos indicaram. Fora o fato de o quarto ter duas camas de solteiro, em vez de uma de casal, como tínhamos reservado, o albergue ainda está sofrendo as últimas reformas e fomos acordados alguns dias pela manhã por operários operando serras e soldas. Em compensação, todos os quartos têm ar-condicionado e a água é quente. Também oferecem um bom café da manhã e acesso grátis à Internet, além da boa localização. Eles também têm uma casa em Palermo Viejo, que parece melhor negócio. Em todo caso, Buenos Aires está cheia de albergues que parecem bons e provavelmente são melhores que o Firulete.

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Interior da confeitaria La Ideal, na Suipacha, quase esquina com Corrientes


Não chegamos a visitar muitos pontos turísticos. Não fomos à Boca, nem ao Puerto Madero, nem ao Malba. Ficamos mais nos entornos do centro da cidade e demos alguns passeios em San Telmo e Palermo. Dedicamo-nos mais à boa mesa e às caminhadas. No domingo, com um tempo ensolarado e quente, tivemos a sorte de passar pelo parque no entorno do Rosedal e aproveitamos um passeio por lá, junto aos porteños. A dica é descer na estação Plaza Itália, da linha D (verde) do metrô, com as famílias carregando cestos de pique-nique. Impressionante o cuidado com que os parques são mantidos. Mais impressionante ainda é as pessoas respeitarem os avisos de não pisar na grama e não jogar lixo. Apenas os donos de cachorros argentinos poderiam aprender a juntar o cocô que seus bichos fazem por todos os cantos da cidade.

Outra grande atração de Buenos Aires são os idosos. Todos muito dignos. Todos extremamente bem arrumados e bem educados. É fascinante ver senhores de 70 anos com um terno impecável tomando o metrô para ir comer uma media luna com espresso em alguma confeitaria da cidade. Ou senhoras andando pelas calçadas da Recoleta envergando seus melhores chapéus e tailleurs.

Aliás, vale a pena comprar roupas por lá. Os preços até podem não ser menores do que no Brasil, mas a qualidade é infinitamente superior. Se estiver procurando um bom casaco impermeável, sugiro a Perramus, na Sarmiento 701. Se quiser casacos de couro de segunda mão ou jaquetas da Adidas baratinhas, vá à galeria Sta Avenida, na avenida Santa Fe 1270. Comprei uma pasta de couro muito boa na Lamarca (Santa Fe 902), embora não tenha sido barata. Outros produtos recomendáveis são livros, na avenida Corrientes, subindo a partir do obelisco. Na verdade, comprei apenas um álbum dos quadrinista Liniers, na Club del Comic (Montevideo 335). Durante a busca por essa loja, encontramos a Ferretería Artística, onde se pode comprar todo tipo de maçaneta, pendurador de casacos e chapéus e trancas decorativas, atendido pelo bando de velhos mais mal humorados de todos os tempos. Para mais objetos de decoração, tente a Lago, em San Telmo.

No final das contas, o que mais chamou a atenção em Buenos Aires foi o esmero com que mesmo as coisas mais simples são feitas. Qualquer boteco de esquina tem ao menos um pouco de fileteado nas janelas e se esforça em servir boa comida. O metrô é velho, mas funciona e é barato. O país pode estar saindo de uma crise, mas há policiais nas ruas e os serviços funcionam. Nos mercados, as frutas e verduras são arrumadas quase artisticamente. Os senhores andam com os sapatos perfeitamente engraxados, ainda que sejam pobres. Dignidade. É isso que os porteños têm e falta ao brasileiro.

ATUALIZAÇÃO: Para ver a crítica dos restaurantes, vá ao Garfada.

10 de setembro de 2007, 15:40 | Comentários (14)



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