Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


de onde vêm os bebês?

Alemães...

22 de setembro de 2006, 10:55 | Comentários (4)

chucrutes não sabem gargalhar
Um homem pula de um avião pela primeira vez. A 3 mil metros ele tenta abrir o pára-quedas, mas falha. A 2 mil metros ele tenta abrir o pára-quedas de emergência, mas ele também falha. A mil metros, ele atinge um homem vestindo macacão azul, carregando uma chave de fenda. "Você conserta pára-quedas?", pergunta o primeiro. "Sinto muito", diz o outro, "eu só trabalho com aquecedores".

A piada acima é uma amostra do humor alemão. Em um artigo do Guardian, um comediante inglês tenta convencer que os alemães têm senso de humor, sim. A tese principal é que os alemães têm um tipo de humor diferente, porque a gramática germânica não permite certo tipo de piada muito comum em inglês ou português. O alemão é uma língua muito mais precisa, é difícil criar ambigüidades.

Em todo caso, em dois meses lá, não houve sinal algum de humor no trato com os nativos. Por outro lado, alguns programas de televisão revelaram um tipo de humor bizarro.

Um dos programas era um show de auditório, apresentado direto de Saint Moritz. O sujeito, na casa dos 30, meio gordo e de cavanhaque, era até engraçado. Tinha um painel com vários botões na mesa. Ao apertar um botão, aparecia alguma cena de gente se acidentando de maneira patética com esquis. O quadro humorístico principal era um visita do apresentador a um restaurante tradicional um tanto chique, em que ele enchia a cara, se portava como um huno e ficava enchendo o saco do garçom. Enquanto o tempo passa, ele vai tirando peças de roupa, até ficar só com a camiseta térmica, causando enorme constrangimento ao pobre suíço bigodudo que lhe atendia. Algo na linha do Pânico.

O outro programa já foi comentado aqui: Bernd das Brot, um pão integral mau-humorado e depressivo, cujo bordão é Mist! [bosta!]. Com seus amigos, um molho de Brócoli e uma Ovelha, faz sátiras de filmes e programas famosos. Um dia, simplesmente ele apareceu no vídeo e começou a mandar as pessoas irem dormir. "Vão dormir! Está tarde! Não tem mais nada para vocês verem aqui." Este programa é realmente bom. Se fala alemão, tente baixar alguns episódios.

24 de maio de 2006, 10:56 | Comentários (8)

favela chic

Poucas coisas podem ser mais alemãs do que tirar férias na favela.

11 de maio de 2006, 22:56 | Comentários (5)

existe gente interessante em qualquer lugar

Em uma viagem sempre se encontra pelo menos uma pessoa muito interessante, que dá vontade de conhecer mais a fundo. Em Emden, extremo noroeste da Alemanha, conheci a Frau Karin Janssen. Ela é proprietária da pensão im NavTec-Haus e é um doce.

emden_fraujanssen.jpg

No telefone, ao fazer a reserva, já deu para notar que era ao menos uma senhora muito simpática. Não tinha celular nem prova alguma de que realmente apareceria para tomar posse do quarto, mas ela respondeu "ach!, eu acredito que você vem". Depois engatou em uma longa explicação sobre como chegar à pensão, da qual eu realmente não precisava, mas tentei não pensar nos créditos voando embora do cartão telefônico. Ficou particularmente interessada no fato de eu ser jornalista.

Ao chegar, ela me levou a um quarto parecido com os da casa de uma avó. Não pediu documentos, nem falou nada sobre pagamento. Expliquei que teria de fazer uma reportagem no porto. Na hora ela lembrou: "Ora, mas eu tenho um recorte de jornal sobre o descarregamento de um carro brasileiro aqui. Interessa? Vou pegar." Coincidentemente, era sobre a primeira carga do Fox, justamente o assunto da matéria. Pura sorte. Ela também trouxe uma caixa cheia de livros de história a respeito de Emden.

No dia seguinte, teria de sair às 5h30 para ver o descarregamento no porto. Ao chegar na cozinha, encontrei uma garrafa térmica cheia de café e um bilhete da senhora Janssen me oferecendo boa sorte. Não acreditei.

Esse tratamento VIP e alguns contratempos me motivaram a ficar mais um dia na pensão. Aí, pude conversar melhor com ela e conhecer sua história. Seu marido é engenheiro naval. A família Janssen trabalha com navegação há gerações. Depois de construir de navios na China e nos Estados Unidos, hoje ele se dedica a arranjar financiadores para seu projeto mais querido: um tipo de catamarã cujos flutuadores funcionam como submarinos e o fazem submergir e emergir muito rápido. Sobre a plataforma, ficam chatas com contêineres, que podem ser retiradas por rebocadores. Assim, o navio não precisa entrar no porto para carregar e descarregar, deixando tudo muito mais rápido e barato. Aliás, nem precisa de porto. "Enquanto ele pensa no projeto, eu ponho a comida na mesa", diz a dona da pensão.

Karin Janssen nasceu na China e viveu boa parte da juventude lá. Seu pai, Edmund Fürholzer, era agrônomo e conselheiro de Chiang Kai-Shek. Último de dez filhos, ele foi adotado por um tio que era fazendeiro na África, mais ou menos na região onde hoje fica a Namíbia. Veio a primeira guerra e ele foi convocado para o batalhão de comunicações — aqueles sujeitos que andavam com um telefone nas costas. Perdeu um olho e perdeu a fazenda, porque a Alemanha perdeu a guerra e teve de ceder as colônias aos ingleses. Por isso mudou-se para a China.

Na China, acabou sendo convidado pela Reuters para ser correspondente. Recebia notícias da Alemanha só pelo jornal e ficou entusiasmado com o nazismo. Em uma viagem para lá, juntou-se ao partido. "Ainda não sabíamos sobre a morte dos judeus na época", diz sua filha. Ela também não sabe direito se ele não foi obrigado a se juntar ao partido Nacional-Socialista, como muitos intelectuais na época. Em todo caso, não era um bom nazista e por isso um agente foi enviado à China para verificar sua adesão à ideologia. Chiang Kai-Shek, avisado disso, mandou-o fazer uma expedição ao Tibet.

Edmund Fürholzer conheceu lá os lamas vermelho e amarelo, que dividiam o poder político na época. Tirou centenas de fotos do cotidiano local e na volta escreveu o livro Arro! Arro!. A expressão significa "Amigo! Amigo!"; ao mesmo tempo, os tibetanos estendiam um lenço de seda branca e botavam a língua para fora. O objetivo era mostrar que não tinham nada nas mãos nem na língua contra a pessoa.

Quando a situação na China ficou ruim, com Mao Tse-Tung, Fürholzer fugiu com a família para os Estados Unidos, onde se tornou lingüista na Universidade da Califórnia. Depois voltaria ao Tibet para comparar os habitantes locais com os nativos norte-americanos, colaborando na pesquisa das migrações da Ásia para a América pelo estreito de Behring.

Já a Frau Janssen casaria com Herr Janssen e voltaria à China e aos Estados Unidos para construir navios. Sua casa é lotada de livros sobre culturas diversas e de mapas nas paredes. É uma das raras pessoas que conheço a ter mostrado um interesse quase vital em saber como é a vida em outros lugares do mundo. Por exemplo, no Brasil. Talvez por isso tenha me dado tão bem com ela. Na hora de ir embora, ainda me brindou com um enorme elogio: "Você parece uma pessoa que viaja porque PRECISA conhecer o mundo, não porque precisa de desafios." Devolvi dizendo que ela é uma pessoa extraordinariamente boa. "Eu tenho filhos morando longe daqui e alguém sempre ajuda a eles. Por isso eu procuro ajudar aos filhos dos outros", ela me respondeu.

Espero um dia poder voltar a vê-la.

19 de março de 2006, 11:59 | Comentários (21)

a flor e a abelinha germânica

E como funcionam os relacionamentos amorosos na Alemanha, ou mesmo a simples putaria? Melhor traduzir uma letra da banda Wir sind Helden da melhor maneira que se conseguir. A música Aurélie diz tudo:

O sotaque de Aurélie é sem dúvida muito encantador
Também quando ela silencia é considerada maravilhosa
Ela não precisa economizar em pretendentes
Pois seus cabelos são mar e trigo
Até mesmo careca teria todos comendo em sua mão

Mas Aurélie não entende nunca
Toda noite ela pergunta a si mesma:
"Quando é que alguém
vai se apaixonar por mim?"

Aurélie, assim nunca vai dar
Tu esperas demais
Os alemães são muito sutis no flerte

Aurélie, os homens gostam muito de ti aqui
Olha, na rua todos te seguem com o olhar
Mas tu não notas nada, e porque eles não assobiam
Tu mesma assobias e vais embora
Tu precisas saber, aqui menos é freqüentemente mais

Ah! Aurélie, na Alemanha o amor precisa de tempo
Aqui só após dias se está pronto para o primeiro passo
Nas semanas seguintes é só falação
Conhecer-se o básico
E só então encontrar-se a dois em algum lugar

Aurélie, assim nunca vai dar
Tu esperas demais
Os alemães são muito sutis no flerte

Aurélie, a vida não é assim tão fácil
Aqui palavras diferentes têm pesos diferentes
Todos os rapazes a teus pés
Gostariam de beijá-los, também os legais
Mas tu, tu não percebes
Porque enquanto isso ele fala de futebol

Ah! Aurélie, tu diz que eu deveria te explicar
Como podem os alemães se reproduzir
Quando as flores e as abelhas só tiram com a nossa cara em Berlin
e mandam ao diabo quem faz perguntas idiotas

1 de março de 2006, 12:43 | Comentários (8)

hiperdocumentação

Comecei a subir as fotos da viagem. Criei ainda o fotolog Verboten, dedicado às proibições germânicas. Esse povo elevou ao nível de arte a manufatura de placas.

27 de fevereiro de 2006, 17:13 | Comentários (2)

entre o céu e a terra

Alguém lá em cima realmente gosta de mim. O vôo Frankfurt-Guarulhos da Varig estava completamente lotado, porque mudaram a aeronave que normalmente cobre esta linha para outra menor. O resultado é que eu fui parar na classe executiva. Vou contar uma coisa para vocês: é outro mundo. O sujeito se sente até tratado como ser humano.

executiva3.jpg
Meus pés, lives, leves e soltos. Notem que a poltrona da frente não faz sombra.

Em primeiro lugar, há espaço de sobra. Não sou alto, mas tenho certeza de que mesmo um sujeito de 1,90 m conseguiria sentar-se confortavelmente nas poltronas. Por mais que esticasse as pernas, não conseguia tocar no assento da frente com o pé. Além disso, é possível não apenas reclinar, mas ainda regular a região lombar, estender o comprimento da poltrona e há um descanso para os pés.

A sacolinha com mimos não é de plástico, mas de algodão. Inclui meias, um tapa-olhos, escova de dentes e pasta, mais um hidratante. Antes de dormir, cada passageiro recebe uma garrafinha de água mineral Vittel, francesa. Gostaria de ter tirado fotos mais ilustrativas, mas não queria me portar como um parvenu em frente aos homens de negócios. Já bastava estar vestido como um mochileiro.

Há três banheiros para cerca de 30 lugares. E pelo menos quatro comissários. No entanto, é na hora do jantar que se percebe o abismo existente entre a classe executiva e a cannaile lá do fundão.

executiva2.jpg
Ao centro, o rosbife com a alcaparra. Acima, o saleiro e pimenteiro individuais.

Para começar, os talheres são de verdade. De aço, não aquelas porcarias de plástico da classe econômica. Isso confirma minha resposta habitual a quem dizia que os talheres são de plástico por segurança: balela. São de plástico é porque custam menos. As companhias só aproveitaram o terrorismo internacional para cortar custos. Mas tergiverso: como dizia, os talheres são de verdade e os copos também, mas não de cristal. A comida vem em tigelas de porcelana, não naquelas sarcásticas caixinhas de plástico. Toalhas quentes foram distribuídas antes da refeição.

— O senhor quer beringela ou rosbife de entrada?

Entrada! A isso seguiu-se uma sopa cremosa de cogumelos e a opção entre peixe, frango ou carne. Pedi carne, pois não vira um só bife nos últimos dois meses. Veio acompanhada de arroz branco com arroz selvagem. Junto ao rosbife, por sinal, veio a maior alcaparra que já presenciei. Nem sabia que elas podiam chegar ao tamanho de uma uva. Sob pretexto de ensinar alongamentos, uma gostosa protagonizava no vídeo um filme erótico ono-lésbico, auto-estimulando-se em todos os pontos do corpo.

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Copos de verdade para vinho de verdade e o prato principal.

Fora isso, havia ainda uma salada e pão. Para a salada, uma dose de vinagrete muito maior do que a oferecida aos desgraçados da classe econômica. Cada bandeja da classe executiva vem com seu próprio saleiro e pimenteiro. Os comissários oferecem pãezinhos extras a quem quiser — mas os pães estavam meio dormidos. Para beber, vinho italiano ou chileno, ou champanhe. Porém, mesmo na classe executiva a Varig continua servindo Kaiser em vez de cerveja. Após o jantar, havia a opção entre salada de frutas ou um tipo de Apfelstrudel. Os mais afrancesados podiam contar, alternativamente, com um prato de queijos.

Mais importante de tudo: a comida tem gosto! É possível servir algo que preste em aviões.

O café da manhã seguiu no mesmo nível, com iogurte, croissant, pão ciabatta, presunto de Parma, queijo brie, bolotas de manteiga em forma de flor, pão doce e folhado com recheio de tomate. Fico pensando como deve ser a primeira classe, se a executiva é assim. Imagino que a entrada seja caviar servido por uma gueixa japonesa, que lhe faz uma massagem nos pés enquanto você come assistindo a um show de dança do ventre, tudo regado a champanhe.

Infelizmente, na viagem entre São Paulo e Porto Alegre fui defenestrado para junto da arraia-miúda novamente. Esmagado em um assento da classe econômica, procurei manter a calma enquanto esperávamos no solo por uma hora e meia, sem ar-condicionado, a resolução de um problema de overbooking — confusão que prefiro atribuir ao clima de Carnaval, não a uma possível desestruturação da Varig. Revoltado, tentei mesmo incitar um motim por melhores condições entre os companheiros de tortura da classe econômica, mas foi impossível tirá-los de sua alienação. O espírito bovino do proletariado é de fato o maior culpado por seus sofrimentos.

26 de fevereiro de 2006, 14:07 | Comentários (20)

epifania

Ontem no supermercado, ao converter o preco de um pao de linho para reais, finalmente me caiu a ficha de que as coisas aqui NAO sao mais caras do que no Brasil. Muitas sao até mais baratas. As únicas notavelmente bem mais caras sao as verduras e frutas. O resto se equivale mais ou menos. No caso, o pao de linho custa € 0,99, o mesmo que o similar da Nutrella.

Ou seja, estamos sendo roubados aí no Brasil.

23 de fevereiro de 2006, 19:46 | Comentários (23)

sempre é bom contar com os amigos

Um pouco de sorte, uma ligacao e estou na casa de uma amiga em Würzburg. O bom dos dias ruins é que duram só 24 horas.

21 de fevereiro de 2006, 16:55 | Comentários (14)

ilhado no emden da alemanha

Detesto quando as coisas dao errado. Ainda mais num dia em que acordei às 5h da manha para ver um navio descarregar carros.

O dia ontem, meu último em Essen, já comecou mal: o trem para Emden estava em uma plataforma meio esquisitona e, como eu cheguei cinco minutos antes da partida, nao consegui achá-lo a tempo. Tudo bem, um atraso de meia hora. Descobri também que calculei mal e minha mochila nao consegue transportar todos os livros que comprei e mais as roupas que trouxe do brasil. Mas até aí sao problemas superficiais.

Estou em Emden para uma matéria sobre a exportacao do Fox do Brasil para a Alemanha. Na quinta-feira, devo cobrir o resto da matéria na Autostadt, em Wolfsburg. Neste meio tempo, pretendia ficar na casa de uma amiga em Hildesheim. No entanto, nao consegui mais falar com ela ao telefone. Decidi passar mais uma noite em Emden por seguranca e, ao abrir meu email hoje, descubro que ela teve hemorragia interna e está com febre alta. Além de uma amiga com uma doenca que parece grave, agora tenho de pensar no que fazer.

Agora, a pauta acabou de se tornar anti-economica, caso eu tenha de pagar hospedagem. Nao fosse por ela, estaria voltando ao Brasil amanha mesmo. Por outro lado, largar tudo deixaria um amigo na mao. Pior de tudo, estou completamente sem saco de viajar para qualquer outro lugar, mas Emden nao chega a ser a cidade mais excitante do mundo.

No fundo — e apesar de isso poder ser supreendente para quem acompanhou meu périplo de seis meses pela Europa em 2002 neste blog — descobri que desenvolvi alergia a viajar sozinho. Com um parceiro seria tudo mais fácil agora. Poderia até ficar em Emden, que seria divertido. Sem ninguém, trata-se apenas de estar exilado no fim da Alemanha até pensar em algo melhor.

Esse é um daqueles momentos da vida em que seria muito legal poder chamar a mae para resolver tudo.

20 de fevereiro de 2006, 12:45 | Comentários (10)

gripe do frango

É com certa apreensao que leio notícias como esta. Por enquanto só há casos em pássaros e, a nao ser que algum mané beije um cisne na boca, há pouca chance de a gripe aviária se tornar uma epidemia entre humanos. As pessoas que pegaram a doenca na Ásia eram, no início, aquele tipo de agricultor que dorme com os bichos dentro de casa, o que nao acontece muito por aqui. No entanto, se algum humano pegar a doenca e houver epidemia, a Europa inteira entra em quarentena. Ou seja, ninguém entra, ninguém sai, até tudo estar normalizado. Pergunto-me quem seria o responsável pelo meu sustento nesse caso: o governo alemao ou a embaixada brasileira mais próxima?

18 de fevereiro de 2006, 13:19 | Comentários (27)

está no sangue

Nos jornais, uma discussao totalmente sem sentido para gente criada em um país de imigrantes como o Brasil: o governo alemao está preocupado com o possível fim do povo alemao. A taxa de natalidade anual é baixa demais para repor a populacao. Assim, a chanceler Angela Merkel suplica aos casais que tenham mais filhos, porque de outro modo o estado de bem-estar social terá sérios problemas para se manter nas próximas geracoes.

Tudo bem, tudo muito sensato, até que lá pelo meio da matéria voce descobre o que os políticos consideram alemaes: os filhos de pais alemaes. Ao contrário do Brasil, onde vale o princípio territorial, aqui vale o princípio sangüíneo [Blutprinzip] para definir a nacionalidade de alguém. E é assim que por exemplo os turcos, mesmo a família estando há décadas na Alemanha, sao considerados apenas "trabalhadores convidados", mas nao cidadaos alemaes. Só que os únicos que tem filhos por aqui sao os turcos e outros imigrantes, o que, aos olhos do governo, nao conta como aumento do "povo alemao".

E ainda reclamam que os imigrantes, sobretudo os muculmanos, nao se integram à sociedade alema.

POST SCRIPTUM: Toda a pregacao anti-imigracao nao passa de hipocrisia: os políticos conservadores sabem muito bem quem é que limpa os banheiros de seus hotéis e prepara sua comida. Ainda que se conseguisse arranjar alemaes suficientes e com vontade de fazer isso, o fato de terem de pagar os direitos trabalhistas deixaria tudo ainda mais caro por aqui.

Evidentemente, o governo alemao cobra direitinho todos os impostos dos "trabalhadores convidados", exceto que eles nao tem o direito de votar, já que nao tem cidadania. Mas até aí, qualquer alemao que tenha passado algum tempo fora só pode votar se voltar com tres meses de antecedencia. A idéia é que a pessoa tenha tempo de se atualizar com o noticiário. Nisso até sao coerentes.

17 de fevereiro de 2006, 12:25 | Comentários (12)

general inverno

O inverno na Europa é realmente depressivo. Nao admira que muitos europeus se fascinem com o clima tropical e troquem todo o sistema de seguridade social daqui por uma vida caótica na América Latina. Nao pouca gente perguntou por que diabos viemos para cá em pleno inverno, ainda mais para passar dois meses na melhor candidata a cidade mais chata da Alemanha. Ninguém entende por que um sujeito trocaria a malemolencia tupiniquim pela rigidez teutonica.

Sempre achei que os relatos de depressao invernal fossem balela de gente fresca. Depois de agüentar os dias curtos e frios por dois meses, sou obrigado a admitir que o inverno dos climas temperados deprime mesmo. O frio nao chega a ser tanto um problema. Quem mora no sul do Brasil pode aguentar temperaturas até -10 Celsius tranqüilamente, bastando acrescentar uma ceroula às roupas normais e usar um casaco pesado e impermeável.

Problema mesmo é escuridao. No pico do inverno, anoitece às 16h. Em poucos dias o sujeito comeca a se sentir cansado, ter sono o tempo inteiro e vontade de ficar só em casa. A isso se segue um certo mau humor e má vontade geral com a vida. Se a pessoa nao está atenta para perceber o que se passa, pode jogar a culpa toda nos alemaes e na Alemanha. Em pouco tempo passa a odiar o país e todos os seus habitantes. O melhor remédio que conseguimos encontrar foi sair e encher a cara volta e meia. Lentamente, muita coisa na cultura européia comeca a fazer sentido.

16 de fevereiro de 2006, 14:13 | Comentários (22)

unsere uni brennt langer

Hoje o alarme de incendio tocou de novo. Mais uma vez, pegamos nossas coisas e descemos as escadas correndo. Refugiamo-nos na cafeteria embaixo da Mensa, que fica na outra ponta da universidade. Infelizmente, era alarme falso ou algo muito pequeno, entao tivemos de voltar para a aula.

15 de fevereiro de 2006, 10:50 | Comentários (4)

valentins tag

Hoje é dia dos namorados aqui na Alemanha. A data homenageia Sao Valentim, um padre que casava cristaos quando isso era proibido em Roma e pagou por isso virando santo. As meninas do curso deixaram coracoes vermelhos com um trecho de uma música de Wir sind Helden em um lado e frases diversas no outro, como: bitte sei mein Valentine [Sejas meu namorado.]

Nos 30 segundos entre achar o cartao e me dar conta de que todos deviam ter recebido um igual, fiquei realmente feliz.

14 de fevereiro de 2006, 14:13 | Comentários (9)

política aqui e lá

O curso de alemao que estou fazendo aqui inclui seminários sobre literatura, política e "comunicacao intercultural". Nosso professor, Herr Westerhoff — aquele que sofreu uma revista proctológica pela polícia — é bastante interessado no assunto e em geral passa metade da aula nos fazendo perguntas sobre a política em nossos países. Em uma destas ocasioes comentou-se sobre o mensalao.

Herr Westerhoff entao lembrou de um caso igual ocorrido na Alemanha. O ex-chanceler Helmut Kohl recebeu dinheiro de alguma fonte privada para o seu partido, a Uniao Crista Democrática [CDU]. Eram uns trocados, coisa de poucos millhoes de euros. Pois bem, quando o caso foi descoberto, o parlamento pediu explicacoes a Kohl. Ele admitiu tudo, mas se negou a revelar a fonte do dinheiro, dizendo que havia °dado sua palavra" quanto a manter sigilo. Com isso, teve de pagar os impostos cobrados sobre doacoes privadas a partidos, algo como € 600 mil. Até hoje todos se perguntam quem ressarciu o ex-chanceler, que depois de tudo isso ainda ficou mais 14 anos no poder. O SPD, social-democrata e oposicao ao CDU, ameacou investigar a fundo o caso, mas voltou atrás quando os conservadores prometeram investigar casos parecidos na esquerda.

A licao é: política é igual no mundo inteiro. Nao precisamos continuar com nossa síndrome de vira-latas. A política no Brasil é feita como no primeiro mundo.

Aliás, a política é tao parecida nos dois países, que aqui na Alemanha também existem partidos tao imbecis quanto o PCO ou o PAN. Meu preferido é o Partido dos Cristaos Fiéis à Bíblia. Ou entao o Partido dos Nao-Votantes. E, claro, o Partido Anarquista, cujo slogan é Arbeit ist Scheisse [Trabalho é uma merda].

14 de fevereiro de 2006, 10:13 | Comentários (14)

anotacoes alemas

  • Sabe-se lá o porque, mas existe um grande revival de Trinity rolando aqui na Alemanha. Encontra-se todos os filmes para comprar em DVD, caixas com todos as producoes, camisetas, posteres, etc.

    13 de fevereiro de 2006, 10:47 | Comentários (0)

    falando francamente

    A Tacheles Haus, um prédio invadido por anarquistas e hoje usado como centro cultural e abrigo de atelies, cinemas, e bares alternativos, está promovendo a Tromanale, evento paralelo à Berlinale. Chegamos tarde, infelizmente, entao só deu para assistir a um vídeo de uma perfomance feita na casa, em que um sujeito era amarrado com cabos de computador e espancado com pecas de eletronicos diversos por um outro cara vestido com aquelas roupas isolantes usadas por médicos em locais com risco de infeccao. Coisa pra macho!

    Tacheles é uma palavra do dialeto ídiche e significa algo como "diretamente, sem rodeios".

    10 de fevereiro de 2006, 7:35 | Comentários (7)

    anotacoes alemas

  • Um jornal trouxe na capa, semana passada, uma reportagem sobre os atrasos causados pela necessidade de raspar o gelo dos vidros dos carros todos os dias pela manha. A maior parte dos carros dorme na rua por aqui.

  • Os filmes alemaes de maior sucesso tem bilheteria de um ou no máximo dois milhoes de espectadores. E isso em um povo muito mais culto do que o brasileiro. Talvez nossos cineastas nao devessem reclamar tanto.

    8 de fevereiro de 2006, 10:35 | Comentários (9)

    berlim

    Estou em Berlim há tres dias. Já fui a um bar decorado com pecas tipo as do H. R. Geiger — o sujeito que criou os aliens —, em um beco cheio de monstros de metal e esculturas; assisti a um concerto da melhor orquestra filarmonica do mundo; conheci o escritório da Chanceler; peguei metro no meio da madrugada sem perigo algum; e comi pato em molho de coco com curry vermelho e brotos de bambu em um dos muitos restaurantes de culinária do sudeste asiático que há na cidade.

    Nao volto nunca mais.

    6 de fevereiro de 2006, 18:29 | Comentários (16)

    anotacoes alemas

  • Os alemaes aplaudem ainda mais do que os brasileiros em apresentacoes artísticas. Tem ainda o péssimo hábito, como os brasileiros, de aplaudir orquestras e atores no meio das cenas, em vez de esperar o final do espetáculo.

  • Ninguém mais usa os caixas de bancos. Tanto que o pessoal do balcao de informacoes nem sabe mais dizer como funcionam operacoes que nao sejam pela internet ou em um caixa eletronico.

    6 de fevereiro de 2006, 11:05 | Comentários (11)

    anotacoes alemas

  • Um alemao pode deixar seu carro em cima de um reboque, pronto para viagem, durante a noite inteira sem se preocupar com nada. Ninguém encosta o carro e leva embora.

  • Aqui existe a cultura da Pfand. Qualquer tipo de lata, garrafa plástica ou de vidro implica no pagamento de uma fianca que varia entre € 0,08 e € 0,25 por peca. Quando voce leva de volta, recebe o dinheiro. Também existem máquinas onde se pode trocar as latas e garrafas vazias por dinheiro. Em algumas festas é necessário pagar a fianca por copos e garrafas.

    2 de fevereiro de 2006, 10:55 | Comentários (10)

    was tun, wenn es brennt

    Hoje pegou fogo no subsolo da universidade de Essen. Estávamos assistindo a um filme alemao chamado Rossini quando tocou um alarme insuportável. Nosso professor, Herr Westerhoff, nao se abalou. Abriu a porta, olhou o movimento no corredor e apenas comentou que nunca tinha ouvido aquilo. "Pausa para o café", disse. Por via das dúvidas, peguei todas as minhas coisas.

    Nao deu outra: as escadas estavam cheias de gente. Primeiro pensamos ser somente um exercício, mas quando chegaram cerca de 15 caminhoes dos bombeiros e mais uma meia dúzia de carros de polícia em menos de 10 minutos, percebemos que a coisa era séria. O pessoal ficou peruando por lá, até que os bombeiros mandassem evacuar a frente do prédio, para que pudessem passar com mangueiras e caminhoes. Um homem em cadeira de rodas saiu muito tempo depois do resto dos alunos, ajudado por colegas. Tinham os olhos vermelhos de fumaca.

    O prédio ainda está isolado por faixas vermelho-e-branco. Acho que nao vamos ter aula à tarde.

    ATUALIZACAO: matéria sobre o incendio.

    1 de fevereiro de 2006, 10:49 | Comentários (6)

    herr westerhoff

    O meu professor de alemao é um sujeito muito bizarro. Digo, mais bizarro do que a média dos alemaes. Ele é muito, muito magro, meio ruivo, usa um corte "capacete" e tem nariz adunco. Veste sempre a mesma calca apertada, o que ressalta a magreza, o mesmo casaco de couro e muda o pulover toda a semana, variando entre um preto e um vermelho. Deve ter entre 45 e 55 anos.

    Toda a aula descamba para discussoes a respeito de álcool, drogas ou sexo. Na volta de Amsterdam, quando comentamos sobre o controle da alfandega alema no trem, ele nos contou como foi parado pela polícia na fronteira com a Holanda há alguns anos. Encontraram um cachimbo com restos de maconha dentro, uma deixa para revistarem o carro. "Haviam 3 policiais e um cachorro dentro do meu carro", conta. Depois, revistaram suas roupas. Finalmente, pediram que retirasse a roupa e se curvasse. De acordo com Herr Westerhoff, ou Andreas, foi uma revista "muito desagradável". Espero que as conclusoes que tirei sobre esta última parte estejam erradas. Em todo caso, fiquei feliz de nao ter trazido nada de Amsterdam.

    26 de janeiro de 2006, 14:37 | Comentários (16)

    anotacoes alemas

  • Os alemaes nunca seguram o elevador, mesmo quando percebem que alguém está correndo para tentar pegá-lo.
  • Nos supermercados, é preciso comprar uma sacola, ou levar uma de casa. E obviamente nao há lacaios para enche-las.

    24 de janeiro de 2006, 10:52 | Comentários (18)

    amsterdam

    Nao fumei, nao cheirei e nao injetei.

    Sempre tive preconceito com Amsterdam, por conta do turismo maconhista. Em todos os albergues da Europa o sujeito encontra grupos de jovens, em geral norte-americanos, que planejam ir ou já foram à cidade com o único objetivo de fumar maconha. Mas Amsterdam é muito mais do que isso. A cidade é muito bem conservada; os prédios e casas sao belíssimos, construídos em um estilo único e marcante; e é um prazer indescritível flanar pelos canais. Além disso, há de tudo. Aposto que se pode passar um ano inteiro indo todos os dias a um local diferente. Os holandeses sao muito mais abertos do que os alemaes aqui da regiao do Ruhrgebiet e realmente curtem frequentar café e bares — até porque os apartamentos em geral sao muito, muito pequenos. Existe um clima permanente de alegria na cidade, difícil de explicar.

    Posso facilmente imaginar uma vida em Amsterdam.

    Easter egg para o Mojo: comi em um restaurante SURINAMES.

    23 de janeiro de 2006, 13:36 | Comentários (4)

    träsel on ice

    Anteontem uma boa parte dos alunos do Winterkurs aproveitou a pista montada no centro de Essen pela prefeitura e foi patinar no gelo. Isso mesmo: com aqueles patins com uma lamina de metal. Fui junto. Posso dizer que patinar, no sentido popular usado no Brasil, é o verbo mais adequado para descrever o que fizemos. A maioria nem conseguia ficar em pé. Apenas um colega — gordinho e meio careca, vejam só — pareceu ter nascido para aquilo. Entrou na pista e saiu deslizando numa boa.

    Tive dificuldades no início, mas após uma hora e meia já conseguia deslizar com pouco mais velocidade do que um bebe aprendendo a andar. Caí apenas uma vez e descobri que o gelo nao era tao duro quanto parecia. Sorte que pus as maos embaixo do corpo sem querer, pois um alemao avisou mais tarde que cair com os dedos abertos é perigoso: se alguém passar com a lamina dos patins em cima, já era. Pretendo voltar toda semana. Até o final do curso devo atingir a velocidade de uma crianca aprendendo a andar de bicicleta.

    Hoje vou para Amsterdam fumar maconha com os colegas de curso.

    20 de janeiro de 2006, 10:24 | Comentários (6)

    hiperdocumentacao

    Publiquei mais algumas fotos da Alemanha.

    18 de janeiro de 2006, 13:17 | Comentários (1)

    anotacoes alemas

  • O banheiro masculino de alguns estabelecimentos públicos tem um espaco para trocar fraldas de bebes. [Dessa o Firpo ia gostar.]
  • Nas Autobahne há trechos cercados por muros de aco sólido de mais de 3 metros de altura. Há inclusive túneis artificiais em cruzamentos mais movimentados, em que existam viadutos.

    17 de janeiro de 2006, 12:18 | Comentários (3)

    o curso

    Existe um motivo para a falta de novidades neste blog: o curso de alemao é puxadíssimo. Como disse Frau Karatas, a coordenadora, no discurso inaugural: "o Daad nao pagou uma bolsa a voces para irem fazer compras". Provavelmente, nem para ver a cidade em que estamos hospedados. As aulas vao das 9h às 15h30 todos os dias, isso quando nao há alguma atividade extracurricular, como visitas a museus. O problema é que às 16h já comeca a escurecer na cidade. Nos finais de semana sempre há excursoes também. Assim, sobra pouco tempo para desfazer a impressao de que essen é uma cidade feia e levemente chata.

    Até agora já fomos a um castelo sem-graca, porém rodeado de casinhas em estilo enxaimel, fizemos um city-tour de onibus com apenas uma parada — ou seja, nenhum sentido —, o Folkwangmuseum — que é muito bom, tem Monets, Rodins e Picassos em um espaco pequeno — e tivemos um passeio de orientacao no centro da cidade. Sábado passado o pessoal foi a Köln, mas fiquei em Essen, porque vou visitar meu pai na cidade em duas semanas. Domingo fui a Dortmund, em vez do castelo Linn, como programado, porque havia perdido completamente a fé nas excursoes coordenadas pelos "tutores" do programa. Eles nao sabem nada sobre os locais e às vezes nem conseguem se orientar direito. Pois é, desta vez parece que foi legal: Linn é um castelo que ainda tem reproducoes e até alguns originais dos móveis, ferramentas e armas medievais. E deixam voce experimentar as armas.

    Dortmund, em todo caso, foi interessante. A cidade é simpática e pode-se subir em uma torre de 140 metros, onde há um restaurante giratório. Ve-se todo o vale do Ruhr de lá. Fomos também ao estádio do Borussia e no fim a um bar irlandes onde felizmente rolava um happy hour: € 3 a pint de Guinness.

    16 de janeiro de 2006, 12:04 | Comentários (9)

    anotacoes alemas

  • As carteiras na universidade nao tem nenhuma pichacao ou risco.
  • Assoar o nariz em público fazendo ruído semelhante ao de um Boeing 767 é normal. Puxar o material para dentro é considerado nojento.

    13 de janeiro de 2006, 10:46 | Comentários (14)

    fotos

    Como prometido, aqui tem algumas fotos da Alemanha.

    10 de janeiro de 2006, 9:37 | Comentários (6)

    essen

    Cheguei na terca-feira passada a Essen, para concretizar o pretexto de toda essa viagem: um curso de língua e cultura alemas patrocinado pelo DAAD. O curso é mais puxado do que eu esperava, até. Das 9h às 12h e das 14h às 16h. O problema é que às 16h está escuro já aqui e nao dá muita vontade de conhecer a cidade, entao ainda vi muito pouco da paisagem.

    A maioria dos prédios sao novos, já que 90% da cidade foi destruída durante a II Guerra. Aqui se fazia o mais fino aco alemao, nas indústrias Krupp. Alfried Krupp era conhecido como "o rei do canhao", e isso nao tinha nada a ver com o gosto dele para mulheres. Essen pagou pela amizade dele com os nazistas. A maior parte da cidade é tao bonita quanto qualquer outra cidade industrial. Mas há subúrbios preservados, como Hattingen, onde se pode ver as casinhas com madeira na fachada e paredes brancas que fazem a fama do país.

    E meu alemao é melhor do que eu pensava.

    O detalhe bizarro é que fomos recebidos pelo prefeito de Essen. Ele aparentemente nao tem muito o que fazer, já que discursou por meia-hora sobre as glórias e honras da cidade. Notei uma certa dor de cotovelo por causa da muito mais famosa Köln, aqui ao lado. Essen, de fato, tem muito para se ver em termos de cultura, embora seja de maneira geral uma cidade feia. Depois do discurso, o prefeito ficou trocando figurinhas conosco e nos foram servidos docinhos, café e Coca-Cola na sala de reunioes da prefeitura. Fotos quando for possível.

    Outro motivo por que ainda nao vi muita coisa é que peguei minha primeira gripe semana passada. Justo quando achava que meu sistema imunológico tinha resistido ao ataque de cepas desconhecidas de influenza, comecei a ter febre, dor de garganta e a assoar o nariz o dia inteiro. Se nao passar logo, terei problemas com o projeto de tomar o máximo de cervejas diferentes possível.

    8 de janeiro de 2006, 14:36 | Comentários (9)

    nem tao ordeiros assim

    A festa de réveillon mostrou que os alemaes nao sao taaaaao ordeiros assim. Saímos à rua após um jantar de lombo de porco assado e salada. Teutoes embriagados jogavam bombinhas para todo o lado, nao importando quem estivesse na frente. Alguns jogavam ao seu lado até de propósito. Uma foi parar bem embaixo do tanque de combustível de um carro.

    Na Marktplatz de Würzburg a situacao era pior. O maior fumace tomava conta do local. Os alemaes acionavam foguetes daqueles que vem presos a uma haste. Com o detalhe de que seguravam pela mao. A certa altura um foguete foi lancado quase na horizontal, acertando o telhado da igreja gótica. Resolvemos sair dali.

    No cerne do centro, uma reconfortante demonstracao de organizacao: tudo foi cercado e policiais exigiam que todas as garrafas de vidro fossem esvaziadas em copos de plástico, para evitar acidentes. Fotos em poucos dias.

    4 de janeiro de 2006, 19:11 | Comentários (6)

    frohe neues jahr!

    Desejo que os caros leitores tenham sucesso em tudo aquilo que desejarem no ano de 2006.

    Sempre achei que nao existe felicitacao melhor do que esta. Ou pior, dependendo do que a pessoa deseja para si mesma. Em todo caso, todos ficam contentes.

    Para mim, o ano-novo já comecou muito melhor do que o esperado.

    Agora, vou ali tomar um pouco de prosecco italiano e comer queijo frances para comemorar. De sobremesa, chocolate suíco e café 100% arabica. Obrigado, Jesus!

    31 de dezembro de 2005, 12:42 | Comentários (6)

    nao tem preco

    Resolvi fotografar todas as placas com proibicoes e explicacoes que existem aqui na Alemanha. Acho que vou montar um fotolog ou coisa do genero só para isso. Pura diversao.

    Hoje, depois de quase congelar durante uma visita ao castelo de Würzburg durante uma nevasca ontem, decidi tomar uma atitude e comprar roupas decentes. Elas incluem:

    — meias grossas, inclusive de alpaca;
    — luvas com Thinsulate;
    — um casaco de la superchique;
    — calcas de veludo;
    — cachecol de la;
    — camisetas de gola role para usar por baixo da roupa.

    Ainda falta um bom par de sapatos, mas esta dificil encontrar. Os bons sao caros, os baratos nao parecem ter um isolamento adequado contra neve derretida, uma das coisas que mais dá sensacao de frio. No entanto, as meias já ajudam bastante. Por incrível que pareca, as coisas aqui nao sao muito mais caras que no Brasil. Algumas, até mais baratas. A compra toda nao chegou a € 100, ou cerca de R$ 300. Mesmo preco que teria saído no Brasil.

    30 de dezembro de 2005, 18:30 | Comentários (8)

    würzburg menos 3 graus

    Da janela do aviao vi o que pareciam ser pocas causados por alguma inundacao. Em uma altitude mais baixa, no entanto, logo percebi que era neve. Tudo neve. Nas arvores, no chao, nas estradas. Assim que a porta da aeronave se abriu em Frankfurt, tomei o choque do frio de menos um grau Celsius. Nevava. Infelizmente, ninguem sabia que teria de pegar um onibus ate o terminal, entao todos estavam somente de camiseta ou camisa. Sorte que ao menos o casaco levei no bagageiro. Ainda assim foi preciso correr do frio.

    Apos uma viagem de trem de uma hora cheguei a Würzburg, o primeiro destino da viagem. Nevava bastante. Pela manha, os telhados estavam todos cobertos de branco. Foi um excelente primeiro dia para um morador dos tropicos: os flocos de neve estavam enormes. E dificil descrever o efeito de milhoes de pedacinhos de gelo caindo juntos, movendo-se conforme o vento. Ao final destes dois meses provavelmente estarei de saco cheio disso, mas por enquanto a neve ainda me fascina. Interessante que nas calcadas e ruas onde ha um tipo de asfalto ela nao se acumula, apenas nos chaos de pedra.

    Minha primeira atitude foi comer Weißwürste com mostarda vermelha e Brezel. Acompanhado de uma cerveja de trigo, o mesmo tipo da Bohemia Weiss. O frio nao e tao desesperador como eu imaginava. So depois de andar muit o sujeito comeca a sentir frio nos pes — esta certo que estou usando duas meias. Comprei luvas, o que ajuda bastante. E uso um gorro de la que a graca tricotou para mim. Ajudam bastante.

    Mas me senti mesmo na Alemanha foi quando apareceram as primeiras placas de verboten isso, verboten aquilo. "Proibido tomar vinho na beira do rio", "proibido soltar fogos nas ruas principais durante o ano-novo", etc. etc. etc. Sao um povo muito civilizado. E meu alemao esta dando bem para o gasto.

    28 de dezembro de 2005, 15:57 | Comentários (12)



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