Comentários sarcásticos, crítica vitriólica e jornalismo a golpes de martelo por Marcelo Träsel


usando crowdsourcing para criar massa crítica em redes sociais

A Amazon.com criou em 2006 um sistema de distribuição de trabalho chamado Turco Mecânico. Funciona assim:

  • Uma empresa precisa que determinadas tarefas simples sejam desempenhadas, mas elas necessitam de inteligência humana, não podem ser realizadas por inteligência artificial;
  • A empresa abre um pedido no Turco Mecânico detalhando a tarefa e oferecendo uma recompensa, em geral de alguns centavos;
  • Uma pessoa que esteja com algum tempinho livre aceita a tarefa e recebe a gorjeta.

    O objetivo do sistema é permitir às pessoas direcionarem seus "ciclos livres", como por exemplo a comutação de casa para o trabalho ou a fila do banco, para alguma atividade produtiva e ajudar empresas a realizar essas tarefas de que software não conseguem dar conta sozinhos. É o crowdsourcing, equivalente humano das experiências de computação distribuída como o SETI@Home.

    Sem entrar no mérito das questões trabalhistas envolvidas -- aliás, o nome deve ser muito sugestivo na Europa --, a experiência é interessante e algumas start-ups norte-americanas encontraram um uso criativo: gerar massa crítica de usuários para projetos de mídia social. A Newsbeet, "uma plataforma para a construção de seu próprio site de notícias, focado em qualquer pauta ou assunto que você queira" lançou um pedido no Turco para busca, coleta e organização de feeds RSS. Pagam US$ 1 por agregador criado, mas dividem com o responsável o lucro em publicidade contextual se ele colaborar também na geração de links remetentes àquele site.

    mechanicalturk.jpg

    Trata-se de uma interessante estratégia para conseguir o mais difícil em qualquer projeto colaborativo na Web: reunir conteúdo e usuários o suficiente para atrair mais usuários, ultrapassar a massa crítica e atingir velocidade de cruzeiro. As pessoas não entram em redes sociais mortas, elas participam das redes onde seus amigos e/ou pessoas interessantes já estão. Ninguém gosta de estar numa festa vazia, ainda que seja open bar e ofereça boa música. Obviamente, também é uma estratégia que beira o black hat e inverte o princípio de espontaneidade da mídia social. Ainda assim, a idéia de delegar essa geração de conteúdo inicial é boa e talvez possa ser colocada em prática sem as características de spam do caso do Newsbeet.

    29 de setembro de 2008, 11:26 | Comentários (4)

    proposta indecente da abril blogs

    Anteontem recebi da equipe da Abril Blogs um convite para me juntar à "área VIP" do serviço. Pedi mais detalhes e a resposta segue abaixo (grifos meus):

    Oi, Marcelo. Tudo bem?

    Basicamente, é o seguinte: estamos montando um ambiente onde os blogueiros e fotógrafos mais relevantes do país possam ter um espaço maior para expor as suas opiniões e visões de mundo. Como a Aline comentou, essa seleção será feita pelo próprio usuário – mas começa conosco, aqui no I-Group.

    Como parte desse time da Abril Digital (batizado de Área VIP), os blogueiros terão acesso prático a informação em primeira mão (perdoe a rima), audiência (via destaques periódicos na home da Abril), workshops gratuitos com especialistas, promoções específicas apenas para esse time e assim por diante. Se quiser, tem mais informação no http://blogs.abril.com.br/areavip

    Para fazer parte, você precisará transferir o seu blog para o ambiente da Abril Digital. E, para tanto, basta "criar" um blog no http://blogs.abril.com.br (algo como blogs.abril.com.br/seublog ) e começar a postar. Esse será o endereço que divulgaremos nos ambientes da Abril Digital e pelo qual você terá acesso aos benefícios.

    Te peço também que você me envie um email tão logo crie o blog novo. Convidamos, inicialmente, um número extremamente seleto de blogueiros – e o controle que estamos fazendo aqui está bem rígido sobre quem recebe e quem não recebe o acesso à área VIP.

    Alem disso, estamos estruturando um evento de apresentação dos blogueiros VIP (dentre os quais, esperamos, você) para a imprensa. Será um coquetel na noite do dia 1 de outubro, no prédio da Abril (aqui em SP).

    Essas são apenas as primeiras das ações que faremos com os membros desse time. Se tem uma coisa que podemos garantir é que, caso você decida fazer parte desse grupo, certamente não se arrependerá. ;-)

    Bom.... estou deixando os meus contatos abaixo, caso você queira esclarecer qualquer ponto. Podemos contar contigo?

    Tenho uma proposta muito melhor: a Abril me paga honorários de consultor e eu ajudo esse projeto a não fracassar miseravelmente. Algumas dicas:

    Solicitar a transferência de um blog demonstra total desconhecimento da blogosfera e da própria Web. O projeto visa trazer autores de qualidade e conhecidos para a Abril Blogs, que emprestarão sua credibilidade e darão um pontapé inicial na audiência. O problema é que esses blogueiros são os menos interessados em fazer qualquer parceria. Eles andam sobre as próprias pernas há meses ou anos. Provavelmente já ganham dinheiro com anúncios e programas de filiação. Por que se mudariam para uma hospedagem nos servidores da Abril, perdendo esse faturamento? Não faz sentido algum.

    A Abril Blogs não sabe com quem está falando. Literalmente. O assunto da primeira mensagem de correio eletrônico era "sobre o seu blog". Completamente genérico. O texto era padrão, em momento algum citava o nome do blog ou os assuntos abordados. Isso provavelmente explica o fato de terem oferecido a um jornalista a possibilidade de escrever de graça para uma editora, sendo que para isso ainda teria o trabalho de mudar meu blog para o ambiente deles. Também saberiam que resido em Porto Alegre e, portanto, o evento em São Paulo não tem qualquer apelo -- e nem ofereceram uma passagem e estadia.

    Os benefícios são vagos e não-contabilizáveis. A Abril quer que as pessoas fechem seus blogs atuais e abram novos apenas para assistir a workshops e ter "informação em primeira mão". Bem, se um blogueiro é considerado importante, provavelmente ele já sabe como conseguir informação em primeira mão, ou a recebe diretamente das fontes. E o que seria essa informação? Documentos aos quais apenas os repórteres da Veja tiveram acesso? Relatórios de escutas telefônicas? Ou poder ler antes da publicação alguma idiotice requentada da Boa Forma? Porque, francamente, até o blogueiro mais lamer sabe que pode ler tudo o que sai na imprensa nacional bem antes e em outras línguas, navegando na Web. Blogs são, afinal, veículos de filtragem da Web. E esses workshops, quem serão os ministrantes? Fernando Henrique Cardoso? Diogo Mainardi? Ou, com todo respeito, algum repórter semidesconhecido da editora? Tampouco se sabe quantos serão os workshops e a quanta informação o blogueiro terá direito. Enfim, é bem claro que o sujeito tem de fazer concessões importantes, mas nada claro o que receberá em troca.

    Os templates são ruins. E a pessoa nem pode mudar e configurar da forma que quiser, ou instalar plugins e widgets.

    Finalmente, mas não menos importante, participar desse projeto é trabalhar de graça para a Abril, como se pode verificar nos Termos de Serviço. Observe-se esses dois trechos:

    9. Publicidade nos blogs

    O Usuário concorda que a Abril pode publicar banners e/ou anúncios publicitários nos blogs que utilizam sua ferramenta de publicação.

    Esses anúncios podem ser da Abril, dos produtos e serviços da Empresa, ou ainda de qualquer terceiro a quem a Abril tenha cedido espaço publicitário, a seu exclusivo critério.

    10. Direitos autorais

    [...]

    A Abril é proprietária de todas as compilações, trabalhos coletivos ou derivados criados pela Empresa, e que podem, eventualmente, incorporar o conteúdo dos blogs criados pelos Usuários.

    O Usuário concede licença de uso irrevogável, perpétua, global e livre de royalty para uso, exposição pública, publicação, exibição pública, reprodução, distribuição, transmissão, adaptação, alteração e promoção de seu conteúdo publicado nos blogs em qualquer mídia da Abril.

    Ou seja, a editora pode se aproveitar do conteúdo criado pelo usuário para veicular publicidade e auferir lucro dessa atividade e, ainda, detém os direitos de uso de todo o material criado pelos blogueiros, sem pagar um centavo por eles. Para que contratar jornalistas e outros profissionais para produzir conteúdo, quando os indivíduos conectados em rede estão aí para serem explorad... -- perdão! -- crowdsourceados?

    4 de setembro de 2008, 16:00 | Comentários (128)

    dois dias e contando

    Parece que dessa vez o Large Hadron Collider realmente vai ser ligado. Há quem pense que ele pode criar um buraco negro e destruir a Terra, mas segundo estudos a chance de isso acontecer é inferior a 0,01% -- sendo reservado sempre aquele espacinho para uma falha nas teorias que garantem a segurança do projeto.

    O mais legal na ciência é essa nonchalance em relação às conseqüências de seus atos. Cientistas são como crianças que destroem seus brinquedos para ver como funcionam. A primeira colisão de partículas no LHC pode destruir o mundo? Embora a possibilidade seja infinitesimal, pode. Enquanto qualquer cultura ficaria horrorizada ante a possibilidade de provocar os deuses, a tecnocultura ocidental faz o sinal da cruz para Einstein e dispara o feixe de prótons. Teller achava que o teste da primeira bomba atômica poderia causar a ignição da atmosfera e, conseqüentemente, uma morte bastante desagradável para todos os habitantes do planeta. Mas eles foram em frente!

    Não me entendam mal: não sou contra o LHC, apenas não posso deixar de perceber a fé religiosa que alguns de nós têm na ciência, um traço bastante pitoresco da cultura greco-romana. Provavelmente os temores são bobagem, apesar de a coincidência de datas com o início das Olimpíadas dar um certo sabor de conspiração cósmica a tudo isso.

    De fato, se o mundo acabasse, seria no mínimo algo interessante de se ver. Vamos todos morrer mesmo, por que não presenciar o segundo maior evento de todo o tempo-espaço? Você pode acompanhar aqui a contagem regressiva.

    5 de agosto de 2008, 17:04 | Comentários (16)

    internet e legislação

    Em seu mais recente podcast, Diogo Mainardi defende que os culpados de crimes de opinião na Internet sejam responsabilizados judicialmente. Concordo. A rede mundial de computadores é um ambiente privilegiado para a expressão da opinião e de pontos de vista divergentes da média, e precisa continuar assim. Por isso mesmo, não deve se tornar -- ou continuar, se quiserem -- uma casa da mãe Joana jurídica. A impunidade só dá argumentos àqueles que são contra a liberdade de expressão.

    Diogo comenta:

    Digamos que um dos comentaristas anti-semitas de Caio Blinder seja professor de uma universidade pública. Como ele pode ser punido administrativamente? Só o Ministério Público tem a autoridade para pedir seu IP e tirá-lo do anonimato, identificando-o como autor do crime.

    Está corretíssimo. Toda máquina que se conecta à Internet recebe um endereço IP que permite rastreá-la. Digamos que Fulano acesse um blog usando o provedor X às 15:00 do dia Y. Digamos que ele cometa calúnia, injúria ou difamação no espaço de comentários desse blog (ou fórum, ou rede social) usando o pseudônimo "Sicrano". Caso o autor do blog se sinta lesado, pode entrar na Justiça contra o comentarista. A vítima analisa os dados de "Sicrano" e passa o IP a seu advogado, além de documentar a injúria, calúnia ou difamação. O advogado então pedirá ao MP que solicite ao provedor X os dados do usuário que acessou a Internet no dia Y às 15:00 com determinado IP. O provedor, que deve guardar essa informação por cerca de dois a três meses, levanta os dados e aponta Fulano como o cliente culpado. Assim, pode-se processar fulano por calúnia, injúria ou difamação.

    Infelizmente, Diogo cai na lengalenga de se criar leis específicas para a Internet:

    A internet precisa de regras, de normas, de leis. E ninguém me amole dizendo que isso é coisa de estados totalitários, como a China. Nos campeonatos de futebol da Europa, quem é pego cantando coros nazistas é afastado dos estádios. A internet tem de fazer o mesmo: arrumar um jeito de desconectar seus hooligans.

    A Internet não precisa de leis específicas. Injúria, calúnia e difamação continuam sendo injúria, calúnia e difamação, não importa se publicadas em um jornal impresso ou na Web. Fraude e estelionato continuam sendo fraude e estelionato, mesmo que se use e-mails e sites falsos. No máximo, necessita-se de uma ou outra regra que permitam maior rapidez no acesso aos dados de IP e um ou outro ajuste nalguma lei. O Congresso já tentou criar leis para a Internet e, obviamente, só conseguiu criar demência.

    Mais importante do que criar leis e regras seria forçar uma reciclagem dos funcionários do poder Judiciário, que em geral demonstram um desconhecimento preocupante dos conceitos mais básicos relacionados à Internet e outros meios eletrônicos.

    23 de maio de 2008, 14:36 | Comentários (3)

    algum jornal dê uma coluna a essa moça

    Não conhecia o blog Paris, Pinheiros, da Sílvia Deveraux. Tornou-se imediatamente meu blog favorito.

    25 de abril de 2008, 14:42 | Comentários (4)

    como se transformar em um escândalo na web

    Na semana passada a atriz Preta Gil ameaçou processar o Google. A celebridade -- não sei como classificar a filha do ministro da Cultura, Gilberto Gil; atriz, cantora ou o quê? -- se irritou quando soube que as buscas pelas palavras-chave "atriz gorda" no Google Imagens retornam junto com os resultados a sugestão "Experimente também: preta gil". Preta, que de fato é gorda, cometeu um grave erro, como mostra a imagem abaixo:

    atriz_gorda.jpg

    Agora a busca normal do Google por "atriz gorda" resulta apenas em artigos relacionados à ameaça de processo. Se o objetivo de Preta Gil era evitar danos à sua auto-estima e à sua imagem, e não desencadear uma nova série de factóides para se manter na mídia, ela errou feio na estratégia, ou foi mal assessorada. O aceno com um processo judicial baseia-se numa completa ignorância do funcionamento da ferramenta de busca.

    Em primeiro lugar, o Google Imagens não tem absolutamente nenhuma culpa pela sugestão relacionada aos resultados da busca por "atriz gorda". Essas sugestões são fornecidas automaticamente por um algoritmo que contabiliza links remetentes, isto é, links apontando para uma ou outra página. Quando muitas páginas da Web criam links com as palavras "atriz" e "gorda" apontando para outras páginas cujo conteúdo seja relacionado com Preta Gil, algoritmo entende que Preta Gil é considerada uma atriz gorda pelos criadores das páginas e passa a relacionar a busca à celebridade. (Para mais informações sobre o funcionamento do Google, leia esse artigo.)

    Ou seja, o Google Imagens não tomou nenhuma atitude discriminatória ou difamatória ao sugerir que o usuário busque por fotos de Preta Gil quando procura por uma atriz gorda. Se é para arranjar culpados de discriminação ou algo do gênero, melhor buscar por todas as pessoas que criaram páginas que tenham contribuído para o estabelecimento dessa relação pelo algoritmo de busca. No entanto, o Google Imagens pode bloquear essa sugestão específica, para que não apareça mais, caso seja obrigado por uma decisão judicial ou queira fazer uma gentileza à moça.

    Em segundo lugar, a ameaça de processo contra o Google foi uma estratégia ignorante porque não levou em conta os efeitos da reação na mídia e em blogs nos resultados da própria busca do Google. Como se vê acima, a criação de centenas de páginas da Web comentando o caso reforçou ainda mais a relação das palavras "atriz gorda" com Preta Gil. Casos anteriores, como a da modelo-e-apresentadora Daniela Cicarelli vs. YouTube, já mostraram que em termos de redução de danos o confronto judicial é a pior opção — embora seja um grande sucesso em termos de aumento da exposição na mídia. O Google é praticamente um serviço público e qualquer atitude que interfira com a qualidade da operação tende a irritar profundamente os usuários. E na Web o público irritado tem uma notável tendência a criar posts em blogs, tópicos em fóruns, banners avacalhadores, circulares via correio eletrônico etc. etc. etc. Tudo isso significa mais páginas relacionando Preta Gil a "atriz gorda" e, portanto, reforço da associação entre a celebridade e a gordura nos resultados das buscas.

    Quase toda semana aparecem casos de celebridades tentando abafar escândalos na Web por meio do confronto. É um tiro no pé, sempre. Nada melhor do que o silêncio para fazer um assunto sumir da rede mundial de computadores. O advogado de Preta Gil poderia muito bem ter enviado um pedido informal ao Google Imagens para bloquear a sugestão, antes de criar uma tempestade midiática baseada na ignorância. Isso, é claro, se o objetivo desde o início não era fazer marola.

    Porém, se você é um assessor ou advogado de celebridade e realmente quer evitar ter o nome de seu cliente arrastado em lama digital, sugere-se estudar um pouco o funcionamento do site ou serviço que está incomodando. Até para não ficar parecendo um idiota perante este e outros clientes, quando a ação não der em nada mais que xingamentos Internet afora.

    18 de fevereiro de 2008, 12:53 | Comentários (42)

    os blogs já eram

    Desde terça-feira da semana passada falta tempo para publicar um comentário a respeito da palestra na Semana Acadêmica da Ecos/UCPel. Antes de mais nada, gostaria de agradecer ao Eduardo, Davi, Juliana e Reizel, do Diretório Acadêmico, que me receberam muito bem e foram gentis e eficientes o tempo inteiro. Fiquei com uma ótima impressão da faculdade e seus alunos. A maior surpresa foi o comparecimento de mais de cem pessoas na platéia, sobretudo porque os estudantes ganharam uma semana de folga das aulas para participar do evento. Nos meus tempos de Fabico, provavelmente teria ido à praia.

    Como sou adepto da escola Juremir Machado da Silva de apresentações, passei a semana anterior me perguntando qual seria a proposição mais chocante que poderia expor aos alunos de Jornalismo e Publicidade. Como o tema era "A força dos blogs como mídia alternativa", brinquei com a idéia de decretar o fim dos blogs.

    O problema é que comecei a levar essa brincadeira a sério e acabei me convencendo dessa afirmação. Os blogs terminaram. Acabaram. Foram comer capim pela raiz. São um ex-formato de mídia alternativa na Web. E o motivo principal dessa desaparição é justamente o sucesso que o formato blog obteve, tornando-se onipresente.

    Veja aqui os slides da palestra

    Fazendo-se uma análise das definições mais difundidas para blog, a conclusão é que esse formato envolve:

  • conteúdo tipicamente produzido por um autor, ou um pequeno grupo de autores, em geral como hobby;
  • publicação freqüente, no mais das vezes diária a semanal;
  • o conteúdo assume a forma de posts, publicados em ordem cronológica reversa, sendo o mais recente no topo da página;
  • os posts trazem quase sempre atrelados a si espaços para comentários do leitor.

    Além disso, os blogs costumavam ser vistos como diários pessoais na Web e repositórios de links e impressões sobre a vida, o universo e tudo o mais, mas como essas definições são referentes ao conteúdo, e não ao formato, ficarão de lado. O que define um blog não é seu conteúdo, mas o modo como ele é produzido, apresentado e as opções de interação oferecidas.

    O problema é que os elementos listados acima como sendo típicos dos blogs se disseminaram por todo tipo de site. Por outro lado, sites que em geral seriam reconhecidos como blogs não apresentam mais esses elementos. Torna-se cada dia mais difícil diferenciar uma coisa da outra. Os blogs estão se integrando tão profundamente à estrutura mesma da Web que estão em vias de desaparecer do campo de visão.

    Abaixo, uma desconstrução das definições mais comuns de blog.

    AUTORIA INDIVIDUAL

    Tome-se como exemplo o blog do Noblat. Ele atende a todas as características definidoras de weblogs, como ordem cronológica reversa, espaço para comentários e publicação freqüente. Apesar de ter a foto e nome do jornalista Ricardo Noblat, é um site de autoria coletiva. Noblat conta com uma equipe profissional para ajudá-lo a cobrir os bastidores da política. Aí é que as dúvidas começam.

    Qual é a diferença entre o blog do Noblat e um jornal ou revista de pequeno porte? Já trabalhei em revistas produzidas por quatro ou cinco pessoas, em que as matérias eram assinadas por diversos repórteres contratados ou free-lance, capitaneados por um editor. É mais ou menos o que ocorre neste caso.

    Pode-se argumentar que o blog do Noblat é um blog coletivo como tantos outros que existem por aí, inclusive aqui no próprio Insanus.org. Mas há uma grande diferença neste caso, que é a profissionalização. Noblat e seus colaboradores precisam se ater às técnicas e valores do jornalismo, significando um texto impessoal e equilibrado, o mais livre de opinião possível. Basta comparar com a Nova Corja para perceber do que estou falando.

    Nos blogs coletivos, a autoria costuma se manter individual em cada post. Isto é, cada autor tem sua própria linguagem, seu estilo retórico. As exigências do texto jornalístico profissional matam qualquer retórica individualizada. Por conseguinte, não se pode falar em autoria no mesmo sentido da definição clássica de blog.

    PUBLICAÇÃO FREQÜENTE

    Foi-se o tempo que a maioria dos sites na Web mostrava nas páginas um monte de GIFs animados de "em construção". A Web deixou de ser estática há anos. Mesmo empresas de fundo de quintal já têm condições de criar páginas que possam ser atualizadas constantemente com listas de notícias. Os webjornais, por outro lado, tiveram antes mesmo de surgirem os blogs seções de "últimas notícias" ou "plantão", em que as informações mais recentes são publicadas à medida que aparecem.

    Assim, não se pode usar como parâmetro definidor de blog o fato de a publicação de novos posts ter freqüência diária a semanal. O que se pode atribuir aos blogs, com toda certeza, é a disseminação das páginas dinâmicas para toda a Web. Ferramentas como o Blogger abriram caminho para o WordPress e o Joomla!, que permitem criar estruturas hipertextuais complexas sem a necessidade de um conhecimento profundo em HTML e outras linguagens. Mais do que isso, educaram o público para esperar de qualquer site uma atualização constante. Não se admite mais uma Web que não seja dinâmica.

    ORDEM CRONOLÓGICA REVERSA

    Observe-se o site do Judão. Seu autor, Thiago Borbolla, trabalha praticamente sozinho e se apresenta como blogueiro. A ferramenta por trás dele é o WordPress. Porém, a organização da informação é muito mais semelhante à de um webjornal do que à de um blog. Isso porque os posts não estão ordenados cronologicamente, mas hierarquicamente. Os considerados mais importantes ganham mais destaque.

    Tradicionalmente, todo post em um blog é uma manchete. Todo novo conteúdo assume o lugar mais privilegiado na página, seja qual for sua importância, até ser substituído por conteúdo ainda mais recente. Na blogosfera valor máximo é o imediatismo. Porém, cada vez mais autores que se apresentam como blogueiros estão usando as possibilidades das novas ferramentas de publicação para criar sites organizados hierarquicamente, não cronologicamente.

    Isso significa que ou eles não estão produzindo blogs, ou os blogs não podem mais ser definidos pela ordem cronológica reversa dos posts. Em compensação, webjornais como o falecido No Mínimo e o Observatório da Imprensa passaram a organizar a informação cronologicamente, não hierarquicamente, seguindo o modelo estabelecido pelos blogs.

    ESPAÇOS PARA COMENTÁRIOS

    Quando até a Zero Hora abre para o leitor a possibilidade de fazer comentários às notícias, é porque essa prática já é mais do que aceita pelo resto da mídia. Todo webjornal que se preze hoje oferece espaços para comentar as matérias diretamente. Por outro lado, percebe-se que os blogs da "nova geração", como o Jacaré Banguela, e da antiga geração, como o Imprensa Marrom, estão deixando de lado os comentários.

    Aí está mais uma azeitona na empada dos blogs: educaram o público a tal ponto para a interação que ninguém mais admite uma notícia qualquer sem um fórum atrelado. As empresas de comunicação certamente não têm o menor interesse na opinião dos leitores. O que interessa a elas é atender a uma demanda do público e ainda fazê-lo permanecer mais tempo no site, voltando muitas vezes ao dia para conferir a caixa de comentários de que está participando. Depois, as empresas somam esses números de audiência e vendem anúncios.

    De qualquer modo, a ferramenta de comentários não pode mais ser usada como um traço definidor dos blogs.

    ONIPRESENÇA DOS BLOGS

    Como espero ter conseguido mostrar acima, as ferramentas e funcionalidades típicas dos weblogs estão sendo integradas à estrutura de toda a Web, fenômeno que borra a fronteira entre os blogs e outros sites. É isso que entendo por onipresença dos blogs.

    Um outro aspecto dessa onipresença é o fato de muitas empresas terem adotado as ferramentas de publicação usadas em blogs para criar seus sites institucionais, ou então ter criado blogs em seus sites corporativos, como forma de "humanizar" sua imagem. O caso clássico desse efeito de humanização é o de Robert Scoble e seu blog sobre a Microsoft. Também se pode lembrar que muitos veículos estão adotando o formato de blog para seus colunistas, embora seus textos muitas vezes continuem idênticos aos do jornal impresso.

    O fenômeno das colunas de jornal em formato de blog apontam para uma faceta importante da onipresença dos blogs, que é a "canibalização" de suas funcionalidades por outros tipos de serviços e sites. O Orkut e o Twitter, por exemplo, oferecem a seus usuários uma plataforma para manter diários pessoais na Web, um dos usos mais conhecidos dos blogs. Serviços de social bookmarking como o Del.icio.us e o Stumble Upon são ferramentas muito melhores para armazenar e compartilhar links, uso primevo dos blogs. Outra utilidade específica dos blogs costumava ser a hiperespecialização. Isto é, se você gosta apenas de esportes, podia ler um blog de esportes em vez de acessar todas as editorias de esportes de todos os webjornais, e assim ter as notícias já filtradas para você. Com o RSS, no entanto, é possível montar listas com todas as notícias de esportes de todos os jornais e lê-las de forma mais eficiente do que nunca.

    Essa dispersão das funcionalidades dos blogs em diversos outros serviços e sites da Web colabora para a lenta desaparição dos blogs como os conhecemos -- embora na verdade tenhamos uma imagem de blogs que remonta há coisa de 5 anos atrás. As pessoas no Brasil recém começam a deixar de lado o preconceito de que blogs são meros "diarinhos adolescentes" na Web, mas o desenvolvimento desse gênero informativo já está bem adiante.

    Finalmente, outro motivo que contribuirá para a desaparição dos blogs é a histeria da monetização. Nada contra querer ganhar dinheiro, mas percebo que muitas pessoas já entram na blogosfera pensando no Google AdSense. Isso resulta naqueles blogs horrendos, cheios de anúncios por todos os lados, que prejudicam a leitura. Podem me chamar de romântico, mas no meu tempo o sujeito primeiro se preocupava em ter algo de que falar, e os anúncios só eram aceitos se não interferissem no objetivo principal do blog, que é publicar uma informação ou opinião original e honesta.

    Tendência ainda mais prejudicial é a dos posts pagos -- o blogueiro recebe dinheiro de alguma empresa para citar ou falar bem de seu produto. Infelizmente, os autores mais preocupados em ganhar dinheiro com blogs, a ponto de venderem sua alma tão barato, não percebem que estão degradando seus próprios recursos. Qualquer empreendimento que viva de informação ou opinião tem como principal ativo a credibilidade, que é construída historicamente, à medida que os leitores verificam a honestidade do autor e a precisão das informações.

    O problema dos posts pagos é que as pessoas não são burras e logo se darão conta dessa mutreta, o que vai prejudicar não apenas os blogs que vendem seu espaço editorial, mas a blogosfera como um todo. Ninguém mais vai acreditar que não recebo um centavo sequer para falar de restaurantes no Garfada. Com a perda de credibilidade dos blogs, as pessoas voltarão à imprensa profissional ou então migrarão para outro tipo de serviço.

    ONDE ISSO VAI PARAR?

    Antes de mais nada, os blogs continuarão existindo. Ao menos, ninguém no Insanus.org pretende fechar seus veículos no futuro próximo e passar a usar outras ferramentas, ou arranjar um emprego em uma redação. Os blogs como ferramenta seguirão muito úteis, mas seu sentido de mídia alternativa revolucionária vai se perder. A maioria das pessoas passará a usar uma diversidade de ferramentas e serviços para inúmeros fins de que antes apenas os blogs davam conta. Só em casos muito específicos o formato atual continuará sendo o melhor.

    O futuro está em um killer app ainda não inventado, mas que terá o poder de reunir de maneira simples todo o conteúdo produzido pelas pessoas nos Twitters, Diggs, Last.fms e YouTubes da vida -- e, claro, em seus blogs. Em minha opinião, o Facebook e o Ning apontam o caminho. O que vocês acham disso tudo?

    12 de novembro de 2007, 19:59 | Comentários (42)

    podcast acadêmico

    Acho que havia esquecido de recomendar o debate semanal dos professores do núcleo de Comunicação Digital da Famecos. Toda sexta-feira, uma nova conversa com André Pase, Andréia Mallmann, Eduardo Pellanda e Silvana Sandini sobre algum tema nerd.

    25 de outubro de 2007, 15:20 | Comentários (3)

    a integração do público na propaganda

    Depois de dominar o jornalismo, a interação mediada por computador começa a causar mudanças mais profundas na propaganda. Hoje em dia, todo webjornal que se preze tem uma seção de notícias enviadas pelos leitores. As diretorias das redações se deram conta de que as pessoas gostam de aparecer na mídia e estão dispostas a trabalhar de graça para isso — e faço esse comentário sem qualquer intenção de condenar esse tipo de jornalismo participativo como "exploração" do público. Colaborar com um jornal sem receber dinheiro não é pior do que usar uma camiseta com o logotipo de uma marca famosa na rua: você está beneficiando uma empresa privada em troca de algum tipo de satisfação pessoal. Seja feliz.

    As agências de publicidade mais antenadas já andavam produzindo ações que integram o consumidor, em geral fazendo com que ele participe de alguma atividade online ou offline. No entanto, esse tipo de propaganda — e uso o termo aqui de propósito, porque essas ações de publicidade seguem a lógica da propagação, não mais a da difusão — cada vez mais se torna um item importante nos orçamentos de marketing de grandes empresas. A vantagem é que em geral custam muito menos do que um anúncio na televisão e atingem apenas os consumidores interessados. E na televisão sempre existe a chance de a pessoa trocar de canal ou botar o aparelho no mute durante os comerciais.

    Durante os últimos meses, tive a satisfação de participar do que talvez seja a primeira campanha no Brasil a usar peças em vídeo desenvolvidas somente para a Web. A LiveAD criou para a marca Ilhabela, da Grendene, uma série em três capítulos, protagonizada por um ator da Malhação. Até aí, seria apenas um anúncio normal em vídeo usando um suporte diferente.

    O novo mesmo está na forma de escolha das atrizes: foi feita uma seleção entre as potenciais consumidoras da sandália, através de recrutamento em colégios, uma parceria com a revista Capricho e o YouTube. Dez meninas foram selecionadas para participar da websérie como atrizes. Mas o importante mesmo é que muito mais meninas receberam a mensagem da Grendene nos colégios, na revista e no YouTube, onde foram postados mais de 90 vídeos, somando 30 mil visualizações. O primeiro episódio está no ar.

    Esses vídeos vão continuar lá, nos perfis das meninas que participaram, espalhando o nome da marca indefinidamente, mesmo quando a campanha acabar e for esquecida. Trata-se de um grande acerto o uso do YouTube. Primeiro, poupa-se espaço de servidor e incomodação, porque caso a websérie gere muito tráfego pode derrubar o servidor onde o site da marca está hospedado. Segundo, conta-se com todo o élan comunitário do YouTube, que pode fazer esse conteúdo emergir através das listas de vídeos relacionados e pela facilidade de se trocar links.

    Além disso, o site da campanha oferece conteúdo interessante para quem é fã de Malhação e permite que o público faça comentários em um "videofotolog". Não há maneira melhor de encantar o público do que fazê-lo se sentir parte da construção de um "bem público". Essa é a lição que o Linux e a Wikipedia ensinaram, a imprensa seguiu e agora a publicidade começa a levar bastante a sério. Pode-se até considerar a websérie boba e a idolatria de um ator da Malhação uma enorme bobagem, mas a verdade é que as meninas que comprariam as sandálias da Grendene acham esse conteúdo muito interessante. Sejam felizes.

    9 de outubro de 2007, 11:32 | Comentários (9)

    você é um idiota?

    Descubra a resposta à pergunta acima fazendo esse teste aqui, que devia ser aplicado a todas as pessoas antes que elas pudessem ter acesso à Internet. Caso você não saiba inglês, não perca seu tempo com isso.

    25 de setembro de 2007, 21:37 | Comentários (8)

    to twit or not to twit?

    Quando ouvi falar do Twitter pela primeira vez, fiquei me perguntando para que diabos serviria aquele Orkut reduzido à página de recados. Continuei me perguntando isso até semana passada, quando o André Pase teve a genial idéia de usar essa ferramenta para a cobertura que a Cyberfam fez do SET Universitário da PUCRS. Foi uma maneira simples de manter a capa da revista eletrônica dos alunos da Famecos atualizada. Também meti minha mão na massa e ajudei no minuto-a-minuto das palestras. O Twitter é muito fácil de usar e se presta bem a esse tipo de cobertura, pretendemos manter o widget na capa do site e aproveitar sempre que possível.

    Mas na verdade o objetivo deste post é fazer uma pequena egotrip. Primeiro, porque a Vanessa Nunes publicou na coluna/blog dela na Zerohora.com um texto sobre nosso uso do Twitter e a cobertura que nossos alunos fizeram do lançamento do novo site do jornal gaúcho. Segundo, porque minha participação no SET, ministrando uma oficina em conjunto com o Pase, rendeu uma citação no Correio do Povo. Clique aqui se quiser dar uma olhada, mas já adianto que não falei nada de especial. Aliás, fui pego de surpresa e mal consegui articular duas frases coerentes. Fico feliz que o repórter tenha conseguido usar algumas aspas.

    24 de setembro de 2007, 14:36 | Comentários (3)

    imprensa contra os blogs

    Que Estadão que nada! Ataque aos blogs de verdade vem do Diário do Nordeste, jornal de Fortaleza afiliado à Rede Globo — que, aliás, usa muito o formato blog em seus veículos. Em um editorial de agosto, fazem parecer que os blogueiros são responsáveis por todas as mazelas culturais do mundo.

    A pretensa democratização da mídia alegada pelos titulares de blogs estaria, pelo contrário, ocasionando o surgimento de nova oligarquia, pela qual inúmeras pessoas, em alguns casos agindo de má-fé, podem usar seu talento de persuadir a favor de causas desonestas. Sobretudo os mais jovens, pela natural falta de experiência característica da idade, tendem a acreditar em tudo aquilo que lêem, principalmente se as mensagens chegam numa linguagem que lhes pareça simpática e envolvente. Essas são as principais vítimas de blogs com intenções indisfarçáveis de fomentar preconceitos e disseminar tendências extremamente perniciosas à sociedade.

    Na verdade, o editorialista do jornal cearense parece ter lido mal o livro de Andrew Keen — ou as entrevistas que ele deu à Época ou à Folha — e resolvido macaquear suas idéias para se defender do concorrente, o jornal O Povo, segundo conta Glaydson Lima. O blogueiro — ô raça! — também dá a entender que a publicação, pertencente ao Grupo Edson Queiroz, é pelego do clã Jereissati comprometido com interesses políticos. Sabendo disso, o trecho a seguir do editorial fica até engraçado:

    O pior, no caso, é que também se constata a existência de blogs que, aparentando ser de indivíduos, são, na verdade, manipulados por grandes grupos ligados a objetivos inconfessáveis.

    É, jornalistas nunca são guiados por objetivos inconfessáveis, não é? Os repórteres de jornais, redes de televisão e rádio ligados a políticos e a grandes grupos financeiros, especialmente, jamais se deixam influenciar por interesses escusos. Nunca os objetivos inconfessáveis de deputados, governadores ou empresários maculam a edição de uma notícia. Só essa plebe sem diploma de jornalismo que de repente tomou conta do espaço público comete erros ou distorce os fatos, pura e simplesmente.

    Blogueiros não são piores nem melhores do que jornalistas. Como qualquer outro ser humano, têm seus preconceitos, opiniões e interesses e muitas vezes nem percebem que um texto está sendo guiado por eles. Por outro lado, os blogs são muito diferentes dos jornais e não deveriam representar uma ameaça. Se representam, é porque as empresas de comunicação do Brasil preferiram se restringir à irrelevância cultural do que investir em jornalismo de qualidade. Não estão falando a mesma língua do público. Não mostram os problemas que interessam de verdade aos cidadãos. De fato, em lugar de investir no jornalismo, as empresas têm cada vez mais reduzido suas equipes e as verbas para coberturas internacionais e reportagens longas. Para compensar, dão quinquilharias aos assinantes.

    A vantagem dos blogs é poder cobrir as lacunas deixadas pela mídia. Se a Globo não mostra as competições de esgrima do Pan 2007, os que se interessam por esse esporte terão de buscar informação noutros lugares. Se os cadernos de gastronomia de sua cidade só elogiam todo mundo e reproduzem releases, crie um blog dedicado a isso. Se o jornal da sua cidade não dá notícias de seu bairro, publique-as na Web. A imprensa não tem como estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Se o Diário do Nordeste ou o Estadão acham isso ruim, que contratem mais repórteres e cubram todos os assuntos.

    21 de agosto de 2007, 10:41 | Comentários (17)

    iphone no brasil

    O Eduardo Pellanda traz uma boa notícia aos macmaníacos: alguns hackers informaram no hackintosh que deram um jeito de o iPhone funcionar com as operadoras TIM e Claro. Finalmente os fãs de Steve Jobs poderão resolver a crise de abstinência que se abateu quando souberam que seria preciso ter uma conta na iTunes Store para registrar o telefone.

    18 de agosto de 2007, 12:27 | Comentários (4)

    estadão contra blogs

    Muita gente boa já escreveu sobre a recente polêmica causada pela campanha publicitária do Estadão. É na verdade irônico logo o jornal que tem o melhor caderno de tecnologia do Brasil aceitar uma campanha tão imbecil quanto a produzida pela agência Talent. O gerente de marketing que teve a infelicidade de aprovar essa campanha poderia ter ido se aconselhar com a equipe do caderno Link.

    Por outro lado, não fico ofendido com a campanha, como a maioria dos colegas de blogosfera. Fico até feliz. Um dos maiores jornais do país reconhecer os blogs como inimigos é uma grande vitória para os blogueiros sérios. O Estadão está admitindo que muita gente aprendeu a publicar e buscar informações por si mesmas na Web. Isso parece deixar os diretores do jornal preocupados, mas não deveriam. Não é em busca de notícias gerais que o público vai até os blogs, mas sim em busca de opinião embasada ou, pelo menos, estimulante, e dados sobre assuntos que só vão chegar aos jornais daqui meses ou anos.

    Isso não acontece por incompetência dos repórteres. Ocorre que um jornal precisa veicular informações que interessem à massa de leitores, não apenas a meia dúzia de aficionados por tópicos específicos. E no campo dos tópicos específicos, os blogs são e continuarão sendo imbatíveis.

    Além do mais, o jornalismo não precisa competir com os blogs. Leitores de blogs em geral podem ser considerados internautas que têm a malandragem de lidar com a Web, e gente assim costuma ler sobre o mesmo assunto em várias fontes, seja na blogosfera, seja nas versões digitais da mídia tradicional. O Estadão parece ter errado a mira na hora de atingir o inimigo — e não é o único representante da imprensa a fazer isso, apenas o que causou mais estardalhaço até agora. Em vez de gastar pólvora com os blogs, a imprensa poderia usar seus recursos para criar formas de fazer com que as versões digitais de suas publicações passem a recuperar o lucro que estão perdendo com as versões impressas.

    14 de agosto de 2007, 10:40 | Comentários (14)

    scrapertube

    Depois dos scraper blogs, estaremos na iminência de uma praga de ladrões de conteúdo no YouTube? É o que parece, infelizmente. Os spammers costumam ser muito espertos em criar formas de usar as ferramentas para criar fazer com que o internauta mais desavisado caia em sua rede de links.

    O que eles têm feito no YouTube é roubar os vídeos de pessoas como Lasse Gjertsen, refazer o upload para uma outra conta no repositório de vídeos e fingir ser o autor, recomendando um site qualquer. O usuário Gleaker13, por exemplo, oferece um link para um site que roda um script — ao menos, é o que parece, mas não sou louco de apertar o botão. Nesse caso, parece ser phishing, mas poderia muito bem ser um site com anúncios do Google Ads. Ou talvez até seja mesmo um jogo online, mas é plágio seguido de spam de qualquer forma.

    Triste.

    8 de agosto de 2007, 10:15 | Comentários (4)

    web 2.0 com chimarrão

    Entrou no ar esses dias o Eu Acho Que, um site que, segundo seu criador, o jornalista PC Flores, "foi concebido com o objetivo de criar um espaço na internet para que as pessoas tornem públicas a suas opiniões e posicionamentos sobre qualquer assunto". Não é um site de notícias, mas de artigos. Os melhores ganharão destaque na capa, e também há um box para o "mais comentado".

    Duro é agüentar o festival de clichês na justificativa para sua existência:

    Criado em um momento chave para a comunicação mundial, em que as informações estão, mais do que nunca, fragmentadas, Eu Acho Que entende que este tipo de site tem um caráter agregador, baseado no conceito de conteúdo colaborativo da web 2.0.

    Parece um parágrafo saído de um daqueles geradores automáticos de texto que usam qualquer tipo de expressão retardada sobre Web 2.0. (Aliás, nesse quesito nada supera a expressão lounge networking, usada pela organização do Digital Age 2.0 para se refererir à troca de cartões de visita durante o cafezinho.) Mas o grande problema mesmo de mais esse site de mídia cidadã é que não parece ter nenhuma diferença de tantos outros que andam por aí. O Jornal de Debates e o Overmundo são ferramentas muito melhores, por exemplo.

    A única vantagem que dá para apontar no Eu Acho Que é ter mais assuntos locais. Mas, é claro, isso depende de conseguirem manter o foco à medida que novos colaboradores começam a usar o serviço. Porto Alegre bem que precisa de um site que agregue discussões abertas e troca de idéias sobre os problemas da cidade.

    Dica da Helena Kempf.

    27 de julho de 2007, 13:50 | Comentários (10)

    por que nunca terei nada da apple

    Antes de mais nada, admita-se: a Apple faz computadores muito simples de usar, que funcionam decentemente a maior parte do tempo e ainda por cima são muito, muito bonitos. São feitos com componentes de primeira linha e os periféricos se integram perfeitamente uns com os outros, assim como os programas. O sistema operacional também é bastante estável.

    Ainda assim, não pretendo comprar nada dessa empresa, se ela continuar a trabalhar com o único objetivo de prender seus clientes às suas lojas e assistências técnicas -- talvez esse seja um dos casos em que "usuário" é mesmo a palavra mais adequada para cliente.

    Veja o caso do iPhone: a bateria só pode ser trocada enviando-se o aparelho para a Apple, supõe-se que por uma módica quantia. Além disso, os usuários são obrigados assinar a AT&T, considerada uma das piores operadoras de telefonia, só porque há um acordo entre as duas corporações. Isso sem falar que a Apple sempre arriou as calças para os interesses da indústria de entretenimento, inserindo DRM em tudo. Particularmente, não gosto de ter o Steve Jobs me dizendo de quais empresas serei cliente.

    É bem verdade que, conhecendo um pouco melhor a comunidade de usuários, descobre-se a existência de pessoas dedicadas a criar hacks e aplicativos que permitem burlar algumas das restrições impostas pela Apple a seus usuários. Só que, se as pessoas têm de sair correndo atrás desse tipo de programa, de que adianta seus produtos serem "intuitivos"? Melhor ter um PC, com muito menos restrições e muito mais pessoas trabalhando para quebrá-las.

    Por outro lado, não é verdade que os sistemas da Apple nunca travam e não têm falhas de segurança. Tendo usado Macs nos últimos tempos, posso atestar que eles travam, sim, e bastante.

    Mas por que esse ataque à Apple? Bem, ontem resolvi dar mais uma chance ao iTunes, programa que sempre me encheu o saco por conta do problema de sincronização de pastas. Explicando melhor: incomodava o fato de ter de reacrescentar uma MP3 à biblioteca de músicas toda vez que mudava o arquivo de lugar ou criava uma nova pasta via Windows Explorer. Pior: ficava com uma duplicata errada do mesmo arquivo na biblioteca, e era preciso apagá-la à mão.

    Um amigo nerd, porém, lembrou-me da possibilidade de isso ser feito automaticamente. Como, de fato, o iTunes é melhor para gravar discos em MP3 e tem uma interface amigável, pensei em testar novamente. Baixei os absurdos 55Mb do programa e instalei. Pedi que sincronizasse minha pasta de músicas e... Bem, vejam por si mesmos:

    folder.jpg

    O iTunes simplesmente criou uma pasta nova, com subpasta, para cada arquivo com um nome de artista diferente. Como tenho várias coletâneas reunindo artistas diversos, minha pasta esmeradamente organizada se tornou a maior avacalhação. Pior: não faço idéia a qual disco pertencem algumas das músicas, então nem que me desse o trabalho de reorganizar tudo conseguiria fazê-lo decentemente. Depois criticam os programas da Microsoft por tomar decisões que os usuários não aprovaram...

    Enfim, tentei recuperar o sistema, mas a pasta ficou na mesma. Se alguém tiver uma solução melhor para o caso, por favor explique nos comentários. Por enquanto, só vejo a possibilidade de gravar as coisas mais importantes e baixar de novo o resto, esvaziando completamente a pasta. Ou, claro, usar o iTunes para o resto da vida.

    Se isso não for suficiente, aqui vai mais uma historinha sobre a Apple: recentemente, a placa lógica do Powerbook da minha senhora estragou. Ela enviou o computador à Soma, uma assistência técnica com atendimento medieval, mas que detém o monopólio da Apple aqui em Porto Alegre. Algumas semanas depois, finalmente conseguiram dizer qual era o problema. Nesse meio tempo, ela ressucitou um iBook antigo, para ao menos poder acessar o correio eletrônico.

    Só que o cabo de força deu um curto-circuito e, claro, nenhum eletricista tinha condições de consertar, como sugeri. Foi preciso comprar um novo, pela bagatela de R$ 150, para não ficar sem computador -- quanto custa um cabo de força para PC, R$ 20? R$ 30? O Powerbook estragou há uns dois meses e nada de a Soma conseguir trazer a placa lógica dos Estados Unidos, que de qualquer maneira custaria R$ 1600 (preço pelo qual é possível comprar um PC notebook chinfrim ou um PC desktop de primeira linha, sem monitor).

    Há a possibilidade de um amigo trazer de Nova York, mas parece que a assistência técnica não aceita usar peças não importadas por ela mesma. Isso sem falar em várias outras incomodações menores com a Soma, que nem vale a pena relatar aqui. E não se trata de um caso isolado. Para comparar, quando o gravador de CD do meu PC estragou, bastou ir à esquina comprar um novo, pegar uma chave phillips e ligar os fios nos lugares certos.

    Em resumo, nunca terei nada da Apple porque gosto de ter controle total sobre meu computador. Para quem entende de informática um pouco, as restrições de um Mac são um inferno tão grande quanto os constrangimentos de um programa da Microsoft. A diferença é que para PCs existem centenas de alternativas, para Macs, não. Mas reconheço que, para usuários iniciantes, editores de vídeo e diretores de arte, são computadores bem melhores. E bonitos.

    14 de julho de 2007, 18:50 | Comentários (52)

    buzzzzzzzzz

    Hoje foi lançado mais um diretório de blogs brasileiros, o Buzzca. É coisa do pessoal da Riot, agência de marketing viral em que trabalha o Inagaki. Fizeram um bom trabalho. Um dos grandes acertos é a categorização bem extensiva e de fácil acesso, na capa, porque quem entra em um diretório de blogs está procurando justamente por isso. Também dá para votar nos blogs cadastrados, mandando-os para o topo da lista [até o fechamento dessa edição, este blog era o terceiro colocado, ajudem ali!], ou publicar comentários sobre eles. Por outro lado, falta um feed de últimos posts, como o do BlogBlogs. Para ver essa informação, é preciso ver o perfil de cada blog. De repente, poderia estar no lugar da tag cloud. Nunca entendi por que tantos sites de Web 2.0 dão importância a isso.

    2 de julho de 2007, 17:02 | Comentários (5)

    por outro lado, ainda existe justiça
    Em seu texto, o juiz chega a classificar a ação de "cômica". "É de conhecimento de qualquer pessoa minimamente integrada ao mundo atual que ocorre essa multiplicação exponencial da informação via Internet. A utilização dos mecanismos jurídicos tradicionais, como o desta ação, é completamente inócuo e até mesmo cômico."

    Além de considerar improcedente, o juiz afirmou que Cicarelli e Malzoni terão que arcar com as despesas legais do caso, inclusive os honorários dos advogados de defesa do YouTube e dos dois portais de notícias envolvidos no caso.

    Bem-feito, Cicarelli.

    26 de junho de 2007, 10:51 | Comentários (7)

    mas que merda é essa?

    Untitled-1.jpg

    Como o Rodrigo noticiou na Nova Corja, o provedor de acesso grátis à Internet Pop resolveu que também pode desfrutar gratuitamente do conteúdo produzido por outras pessoas. No caso, nós. Nem vou tecer maiores comentários sobre o assunto, mas apenas fazer a seguinte pergunta: quantos segundos levaria para recebermos uma ligação dos advogados da GVT, caso decidíssemos fazer o contrário?

    20 de junho de 2007, 23:40 | Comentários (25)

    portfólio

    É provável que poucos leitores saibam, mas desde fevereiro estou coordenando a Blog Hunters. Ontem, finalmente, meu primeiro grande projeto como gerente foi ao ar: BloggersCut. Os mais atentos logo vão perceber as referências ao Digg e outras iniciativas de filtragem na Web. Isso porque esse é um projeto colaborativo. A idéia é reunir posts sobre cinema publicados nos melhores blogs brasileiros, argentinos e mexicanos.

    Desenvolvi com minha valorosa equipe todo um sistema de filtragem de blogs, do qual sou particularmente orgulhoso, porque pude aplicar nele muitas das teorias que estudei durante esses anos de mestrado — e, pela qualidade do que rolou até agora, parece ter ficado bom. Um dos principais motivos para que decidisse tomar parte no BloggersCut, por sinal, foi a possibilidade de ver as teorias na prática. Todo esse papo sobre colaboração, comunidade e Web 2.0 é muito bonito, mas agora eu quero ver se funciona mesmo.

    Enfim, entrem lá, dêem uma olhada e sugiram críticas. E, se quiserem participar, entrem em contato.

    14 de junho de 2007, 17:12 | Comentários (12)

    fim da discussão

    Em um exemplo de bom jornalismo, o UOL comprovou que Azeredo prega moral de cuecas. Seu tão querido projeto de lei exige que seja pedida autorização do internauta antes da instalação de um cookie, mas a página pessoal do senador faz isso sem avisar.

    Há duas possibilidades:

    — Azeredo está tentando passar esse projeto sem saber do que está falando, por isso não se deu o trabalho de adequar sua página a um projeto de Lei que tem tentado emplacar há anos.

    — Azeredo sabe muito bem o que está fazendo, mas como o faz apenas para agradar aos seus patrocinadores, não se preocupou em adequar sua página a um projeto de Lei que tem tentado emplacar há anos.

    Escolha conforme suas convicções a respeito do senador. De qualquer modo, parece que isso encerra a discussão sobre mais esse projeto inútil proposto por um parlamentar brasileiro.

    23 de maio de 2007, 15:08 | Comentários (7)

    não aprendem nunca

    O projeto do senador Eduardo Azeredo que tipifica os crimes praticados na Internet voltou das cinzas. Para quem não lembra, Azeredo virou motivo de chacota por causa de sua idéia de identificar os navegantes toda vez que praticassem alguma "operação interativa" — mandar e-mails, acessar o MSN, publicar comentários em blogs etc.

    A idéia impraticável de identificar os internautas foi retirada do projeto, mas ele continua apresentando um festival de imbecilidades. Por exemplo, cria um amparo legal para "legítima defesa" na Internet, dando licença a "profissionais de segurança da informação" para interceptar dados e invadir redes, caso se sintam ameaçados. Isto é, legitima grampos em correio eletrônico, instant-messengers e outras formas de transferência de dados a pessoas que nem mesmo são policiais. Na prática, os administradores de sistemas ganham o direito de decidir quais redes e indivíduos são criminosos e puni-los imediatamente, contra-atacando.

    O projeto também exige que os provedores avisem às autoridades quando notarem indícios de crimes ocorrendo em suas redes. Só não explica quem vai pagar pelos custos dessa vigilância, nem por que a própria polícia não pode investigar os crimes, para variar.

    E nem vale a pena entrar no mérito de se criar nomes para crimes no ciberespaço, quando a maioria deles já tem algum correspondente no Código Penal. Roubo de senhas mediante o uso de e-mail falso para tirar dinheiro da conta do cidadão, por exemplo, pode ser enquadrado em fraude, estelionato e/ou roubo. Calúnia, difamação e injúria continuam sendo calúnia, difamação e injúria, seja num jornal ou rádio, seja num blog.

    Resumindo: temos um senador da República, eleito pelo povo, propondo a criação de um vácuo no Estado de Direito e querendo jogar a responsabilidade pelo policiamento da rede no cidadão. E isso parte de um sujeito envolvido nas falcatruas eleitorais do Valerioduto e que recebeu doações de empresas ligadas ao setor bancário, o maior interessado em ver um controle maior da Internet.

    22 de maio de 2007, 18:27 | Comentários (11)

    mais sinais da relevância dos blogs

    Fantástica a história do blog americano Engadget, que está sendo investigado pela SEC. Motivo? Uma informação de que o lançamento do iPhone seria adiado, bem como o novo sistema operacional da Apple, causou uma queda nas ações da empresa durante 6 minutos, até que a informação, recebida de alguém dentro da fabricante de eletrônicos de luxo, fosse corrigida. O problema é que a queda foi de US$ 4 bilhões e causou prejuízo a muita gente.

    Isso mostra a relevância que os blogs vêm adquirindo no ambiente midiático contemporâneo, para o bem e para o mal. Se uma informação publicada em um blog gera todo esse caos entre os investidores, é preciso levá-los bastante a sério — embora alguém que tome decisões sobre dinheiro baseado em notícias de blogs, fóruns, wikis e quetais mereça é levar surra com um gato morto, até miar. Levanta também uma preocupação: o uso de blogs alfa para manipular a opinião pública. Não seria surpresa se descobrirem que o autor do boato faturou com ações da Apple. Ainda pior, não seria surpresa descobrir que alguém invadiu uma conta de e-mail da empresa para enviar a informação falsa.

    Hmmm... Por sinal, vocês sabiam que uma plataforma da Petrobras vai afundar na segunda-feira, assim que abrir o pregão? Se fosse você, leitor, venderia todas minhas ações no primeiro minuto.

    19 de maio de 2007, 19:53 | Comentários (9)

    efeméride ibero-americana

    Feliz Dia da Internet!

    Alguém aí consegue se lembrar como era a vida antes de existirem o e-mail, os instant-messengers e o Google? Um resquício de memória me sugere que a gente tinha de realmente FALAR com as pessoas para fazer as coisas. Barbárie!

    17 de maio de 2007, 15:23 | Comentários (10)

    celebridades adoram enxugar gelo

    Roberto Carlos conseguiu proibir sua biografia não-autorizada. A editora, Planeta, preferiu fazer um acordo a defender o trabalho de Paulo César Araújo. Não sei se é uma boa biografia. Não sei se os fatos narrados são exatos ou caluniosos. Na verdade, não dou a mínima para o Roberto Carlos, que é uma versão diluída do Michael Jackson — ex-bom músico que virou cantor brega e tem excentricidades exploradas pela mídia — e, portanto, pessoa irrelevante.

    Mas me interesso pela comunicação em redes digitais, daí o caso todo fica muito interessante, porque, apesar de proibido, o livro está disponível na rede. Poucos dias depois da proibição, arquivos variados com o conteúdo completo da biografia pipocavam pela Internet, criados provavelmente usando um scanner em conjunto com um programa de reconhecimento de escrita.

    O caso Daniella Cicarelli deveria ter mostrado às celebridades que o melhor na sociedade da informação é ficar quieto sobre assuntos constrangedores. Eu, por exemplo, jamais pensei em ler essa biografia. Agora estou curiosíssimo para ler e descobrir o que incomodou tanto o cantor. E acho que muitos dos meus 500 leitores diários também ficarão.

    15 de maio de 2007, 22:58 | Comentários (16)

    humor no google maps

    1. acesse http://www.google.co.uk e depois clique na opção "english"

    2. clique em "maps"

    3. clique em "get directions"

    4. no campo da origem digite "new york" e no de destino "london, england"

    5. leia o passo número 24 de como ir de um lugar ao outro

    Dica do Cardoso.

    11 de maio de 2007, 10:04 | Comentários (6)

    motorista de buzz

    junior.gif

    Impressionante o sucesso da campanha "Força, Júnior", iniciada pela Cove. A comunidade no Orkut já tem mais de 1.300 membros em uma semana. Todo mundo na minha lista do Messenger está usando o GIF como imagem pessoal. Até a Zero Hora e o Terra citaram essa bobagem, isso para não falar em vários blogs, como o do Inagaki. Até os spin-offs já começaram. E pensar que isso se espalhou como a peste por conta de um papo via Messenger com um dos guris do Jacaré Banguela.

    Como a gente vivia sem Internet?

    1 de maio de 2007, 21:41 | Comentários (8)

    não entenderam a internet

    Parece piada, mas é impossível assinar apenas o conteúdo online da editora Abril. É preciso assinar alguma revista em papel para ter acesso a páginas que já estão na Web de qualquer modo. Isso não faz nenhum sentido. O Brasil não entende mesmo a Internet.

    23 de abril de 2007, 12:32 | Comentários (11)

    a culpa é da internet

    A revista IstoÉ prestou na capa da semana passada mais um desserviço ao público, prometendo uma reportagem sobre as tragédias amorosas ocorridas a partir da Internet. A matéria em si não é tão simplista, apontando aqui e ali que a Internet é tão culpada por esses casos quanto um revólver é pelos assassinatos cometidos com ele. O problema é que, como qualquer jornalista sabe, vale o que está na manchete. Se a capa puxa para o lado da tragédia, não dos casos do sucesso, essa é em geral a mensagem que fica.

    Ainda por cima, o texto é escrito em tom de folhetim de quinta categoria:

    A internet é hoje a grande sedutora. Uma fria, impessoal, mas interessante e útil sedutora com todos os maravilhosos e indispensáveis serviços que oferece, e não poderia ser diferente nos seus sites de paquera, convivência e namoro. E como toda ferramenta de sedução pode funcionar para o bem ou para o mal.

    A revista em questão não é a única a usar o fato de uma tragédia ou sucesso ocorrer na Internet para fazer aquele sensacionalismo amigo. Tudo bem, isso faz parte do jornalismo. É preciso arranjar notícias, afinal, e a tecnologia serve para reciclar a velha história do crime passional. Assim, cabe aos leitores manter a racionalidade. A reportagem diz, por exemplo, que apenas 2% dos relacionamentos iniciados na rede têm sucesso. Pode parecer pouco, mas me parece um nível de sucesso muito maior do que se consegue indo a um bar e encontrar o sexo oposto em pessoa. Esse poderia muito bem ser o enfoque principal.

    18 de março de 2007, 23:56 | Comentários (8)

    embananamento mundial

    Se der chance, o Estado não hesita dois segundos em controlar o cidadão e diminuir as liberdades civis. Depois do Brasil, Índia, Grécia e Estados Unidos se juntarem à China, Irã e Cuba na censura à livre expressão no ciberespaço, agora a França, queridinha dos freqüentadores do Fórum Social Mundial, decidiu transformar qualquer cidadão que filme atos de violência ou divulgue os mesmos em criminoso — exceto se ele for jornalista profissional.

    Isso quer dizer o seguinte: se um francês filmar um policial descendo a porrada de forma abusiva em cidadãos, por exemplo, e publicar o vídeo ou fotos na Internet, pode ser preso por até cinco anos e pagar até US$ 100 mil em multas. O objetivo principal supostamente é prevenir o que se chama por lá de happy slapping: enquanto um amigo filma, outro vai lá e dá uns tabefes em qualquer transeunte, para deleite dos espectadores. O problema é que essa lei vai proteger bandidos que eventualmente sejam capturados em vídeo cometendo crimes. Outro problema é definir o significado de "ato violento". Um bate-boca entre dois políticos pode ser considerado violento? Ou só quando os protagonistas forem às vias de fato o vídeo estará dentro do espectro dessa lei?

    Dica do Láudano.

    9 de março de 2007, 11:02 | Comentários (4)

    azeredo chega ao primeiro mundo

    Ou foi o primeiro mundo que virou república bananeira? Lamar Smith, um senador republicano do Texas, propôs uma lei parecida com a do nosso senador tucano, exigindo que os provedores de acesso à Internet façam logs de todas as atividades de seus usuários. Todas mesmo: troca de mensagens por MSN Messenger e quetais, correio eletrônico, as páginas visitadas. O melhor de tudo é que as informações teriam de ficar disponíveis na Web. O projeto de lei se chama SAFETY: "Stopping Adults Facilitating the Exploitation of Today's Youth".

    Agora, vejam vocês o que é um país em que o cidadão tem importância. Em vez de jogar o peso de se identificar no usuário, a lei proposta por Smith manda a conta para os provedores — que evidentemente a devolveriam ao consumidor, mas isso é outra questão.

    21 de fevereiro de 2007, 12:22 | Comentários (2)

    por falar no dahmer...

    tirinha943_1_.jpg

    19 de fevereiro de 2007, 10:51 | Comentários (2)

    exemplo para o mundo

    Lula tem razão, o Brasil tem muito mais a ganhar com intercâmbios Sul-Sul do que Sul-Norte. Pode, por exemplo, transferir tecnologia jurídica para a Índia, cujo governo anda às turras com o YouTube por conta de um vídeo de Gandhi fazendo strip-tease. Ah, sim, Brasil e Índia também poderiam trocar técnicas para eliminação do senso de humor.

    14 de janeiro de 2007, 14:00 | Comentários (7)

    deixem-me trabalhar, por deus!

    Agora, a Justiça de São Paulo mandou o Orkut eliminar comunidades que façam sátira a Rubinho Barrichello. Seria fácil culpar os juízes, mas a verdade é que eles são obrigados a tomar uma decisão com base na lei quando algum cidadão entra com um processo. E a lei, antiquada e burra, favorece esse tipo de decisão. Os grandes culpados pela censura estar ocorrendo na Web brasileira são em primeiro lugar os nossos parlamentares, incapazes de fazer algo de útil pelo país e mudar leis da época da ditadura.

    Em segundo lugar, os culpados são as próprias celebridades, que não agüentam a menor crítica ou piada sobre si mesmas. O problema aí é bem mais profundo do que simples ignorância sobre o funcionamento da Internet. O caso é que o brasileiro de uma forma geral odeia a ironia e o sarcasmo. Os motivos não são claros. Talvez por causa da "cordialidade", da mania de ser da turma do deixa-disso. Possivelmente por levar mais a sério a imagem de si mesmos do que o conteúdo, o que inviabiliza um processo dialógico refinado como a ironia. Ou quem sabe por idiotice, mesmo. O certo é que esse horror à sátira contamina tanto celebridades, quanto juízes. Dá no que se está vendo por aí.

    O grande problema disso tudo nem é eliminarem algumas comunidades do Orkut. Ruim, mesmo, vai ser quando, incentivadas pelas decisões equivocadas da Justiça, as celebridades resolverem processar os programas de humor, as colunas de jornais que fazem piadas maldosas e qualquer um que tente fazer sátira. E os juízes passarem a aceitar os pleitos, porque não há muita distância entre censurar o Orkut ou o Casseta & Planeta.

    11 de janeiro de 2007, 10:42 | Comentários (14)

    mea culpa além de burra, mentirosa

    Ora, parece que devo desculpas à Cicarelli pelo achincalhe. Já as críticas ao desembargador e à burocracia nacional como um todo seguem válidas.

    A modelo-e-apresentadora e agora atriz pornô praiana Daniella Cicarelli mentiu, seu nome consta no processo contra o YouTube, sim. Ela diz que lembrar do caso é "superdolorido". De fato, fricção na área genital com areia de praia não deve ser nada agradável. Ela também comentou a impagável campanha contra a dengue da Secretaria de Saúde gaúcha.

    É muito burra, mesmo. Como achou que, com toda essa publicidade, ninguém acabaria descobrindo? Já este blogueiro é um tanto ingênuo.

    10 de janeiro de 2007, 9:58 | Comentários (22)

    parabéns, cicarelli

    Este post deveria informar aos caros leitores que, devido à premência dos prazos, este blog está em recesso até o depósito de minha dissertação de mestrado. Espero que isso aconteceça antes da data limite, dia 28 de fevereiro.

    A premência dos acontecimentos, no entanto, exige que se faça aqui um registro: parabenizamos a senhora Daniela Cicarelli pelos esforços em legitimar todos os estereótipos de modelos-e-apresentadoras como pessoas frívolas e imbecis. Senão, vejamos: primeiro, casa com o pobre Ronaldo em um palácio chamado Chantilly e separa-se apenas 86 dias depois, supostamente recebendo R$ 15 milhões de indenização — o que daria R$ 7.267 por hora. Depois, transa em uma praia da Espanha à vista de todo mundo, inclusive de um papparazzo, e fica irritada quando o vídeo é publicado. Em vez de ficar quieta e deixar o assunto morrer, resolve entrar na Justiça e causar um bloqueio do YouTube para os clientes da BrT. De quebra, incorre na ira dos internautas e consegue, praticamente sozinha, colocar o Brasil na companhia de países inimigos da Internet como Cuba, China e Irã.

    Menção honrosa, aliás, para o desembargador Ênio Santarelli Zuliani, que demonstrou incrível ignorância sobre o funcionamento da rede mundial de computadores. Nem vale a pena comentar aqui as conseqüências — ou falta delas — da decisão, porque outros blogueiros já o fizeram muito bem. Ressalte-se apenas que, mais uma vez, a burocracia nacional dá mostras de não estar acompanhando o desenvolvimento da mais importante tecnologia da última década. Pior, parece nem ter feito o exame mais superficial da Internet. Como um entrevistado bem lembrou em um telejornal há pouco, a rede foi criada justamente para impossibilitar o bloqueio de informações. Menção honrosa merecem ainda os assessores da modelo-e-apresentadora, por deixarem que entrasse em uma roubada como essa.

    Enfim, é isso aí: uma grande corrente pra frente no sentido de transformar o Brasil em chacota entre os geeks e nerds.

    ATUALIZAÇÃO: agora já são muitos mais os bloqueados, informa o Solon.

    9 de janeiro de 2007, 0:33 | Comentários (31)

    dez dicas para não fazer um blog

    hilton.gif

    O cartunista Hilton Himmler, do Guarda Nacional, se supera a cada novo post.

    17 de novembro de 2006, 15:27 | Comentários (8)

    brasileiro não desiste nunca

    Eduardo Azeredo recuou sobre a identificação de usuários em seu projeto substitutivo sobre o combate aos crimes cibernéticos. No entanto, faz beicinho quanto a isso e ainda tem esperanças de que seja aprovada ao menos a armazenagem dos logs de IP por três anos — o que a maioria dos provedores já deve fazer de qualquer jeito.

    Melhor assim. Mas ainda melhor seria se, em vez de criar mais alguns artigos no Código Penal, os deputados se dessem conta de que a maioria dos "novos" crimes cai em alguma das categorias de fraude, estelionato e formação de quadrilha, ou em injúria, calúnia e difamação. Em vez de se preocupar em criar condições para que a Polícia Federal investigue melhor, ou mesmo com a educação dos usuários, o que reduziria muito a eficiência das táticas usadas pelos criminosos, preferem criar uma lei bonitinha para dar a impressão de que algo concreto foi feito.

    14 de novembro de 2006, 18:40 | Comentários (6)

    google não entendeu a linguagem

    Se entende a Internet, o Google não entende a linguagem. Estão chateados porque as pessoas transformaram o nome da empresa em verbo. Não satisfeitos em fazer beiço, ainda dão sugestões de como usar e de como não usar a palavra "Google". O texto todo tem um certo tom ameaçador:

    Usage: 'Google' as verb referring to searching for information via any conduit other than Google.
    Example: "I googled him on Yahoo and he seems pretty interesting."
    Our lawyers say: Bad. Very, very bad. You can only "Google" on the Google search engine. If you absolutely must use one of our competitors, please feel free to "search" on Yahoo or any other search engine.

    Alguém por favor envie obras sobre lingüística à diretoria da empresa e a seus advogados. Se entrar nessa briga, o Google vai parecer tão patético quanto a RIIA processando usuários para tentar acabar com a troca de arquivos MP3 em redes P2P.

    Dica da Sabrina.

    11 de novembro de 2006, 14:02 | Comentários (15)

    azeredo for dummies

    formulario.jpg
    Preencha o formulário em três vias indicando seu nome, endereço, RG, CPF, o site para o qual você quer enviar o conteúdo e o comentário que você quer que seja postado online. Não esqueça de assinar.

    Saiba como será a nova Internet brasileira, caso a proposta de Azeredo seja aprovada.

    9 de novembro de 2006, 10:53 | Comentários (8)

    azeredo tem nome manchado mundialmente

    O caso do substitutivo de projeto de lei proposto pelo senador Eduardo Azeredo e atualmente em suspenso no Congresso deu no Boing Boing. Agora Azeredo não se elege mais nem para síndico não apenas no Brasil, mas nem mesmo em Burkina Faso.

    Não se metam com os nerds, excelências.

    8 de novembro de 2006, 9:30 | Comentários (7)

    free the internet!

    Será que o Láudano está recebendo dinheiro do Marcos Valério? CPI já!

    Em outras notícias, o Rodrigo Alvares apurou que o Bradesco, um dos maiores interessados na exigência de certificação digital, financiou a campanha de Azeredo. Haverá fogo na origem dessa coluna de fumaça?

    O Senado, por sua vez, retirou da pauta de votação o projeto substitutivo proposto por Azeredo. Ficou para daqui a duas semanas, quando provavelmente ninguém mais se lembrará do assunto e poderão dar uma morte discreta à proposta.

    7 de novembro de 2006, 17:27 | Comentários (5)

    o bananão nunca decepciona

    250px-Eduardo-azeredo.jpg

    Olhe bem para o rosto do homem acima. Este senhor de meia-idade, até um pouco simpático, é o inimigo público número um da Internet brasileira. Este homem, o senador tucano Eduardo Azeredo, é o responsável por um projeto de lei medieval que pretende controlar o fluxo de informação no ciberespaço.

    De forma bem resumida, qualquer transação — no sentido informático do termo — feita entre servidores ou pessoas físicas e jurídicas brasileiras deverá ser armazenada por três anos, junto com dados como o CPF/CNPJ, endereço e telefone da pessoa. O Láudano dá uma explicação extensa e fala com muito mais propriedade sobre as conseqüências da aprovação desse projeto. Solon promete se mudar do Brasil, enquanto o Walter lembra que quem ganhará com isso serão os "cartórios" de autenticação digital.

    Não há muito a acrescentar sobre os textos dos três, exceto que eles não se propõem a fazer nada. Como este é um blog de esquerda, é preciso inventar alguma comunistice. Logo, sugere-se usar os dados para contato com o senador para aporrinhar-lhe o saco. Aproveitem para pegar os dados da Comissão de Constituição e Justiça e enviar mensagens de apelo e informação a seus integrantes.

    Abaixo, uma lista de endereços eletrônicos da CCJ e um modelo de cartinha.

    Continue Lendo...

    6 de novembro de 2006, 19:09 | Comentários (23)

    terroristas infames desgraçados

    A indústria fonográfica está prometendo processar brasileiros que trocam arquivos por redes P2P. De início, dizem que apenas indivíduos que puseram acima de 3 mil músicas à disposição serão perseguidos. Em todo caso, é bom se manter atento enquanto as gravadoras não reconhecem a inutilidade disso tudo. Digerindo as informações dessa ótima análise sobre o caso e dos comentários do Solon, chega-se à conclusão de que o melhor é buscar os discos na própria Web ou usar torrents.

    O principal argumento da indústria é que estão perdendo dinheiro, idéia bastante questionável. Se ninguém mais compra discos, é porque os lançamentos dos últimos anos são em grande parte uma merda, pela qual ninguém se dispõe a pagar valores absurdos. Pior que isso, fãs de músicos menos famosos acabam financiando o marketing das gravadoras para as porcarias que logo aparecem nos camelôs, já que todos os discos custam o mesmo. Finalmente, é bem possível que grande parte das músicas ilegais no HD de muita gente nem esteja disponível ao consumidor brasileiro. Qualquer fã de música com acesso à Internet pode citar umas cinqüenta bandas de que nunca teria ouvido falar, se dependesse das gravadoras.

    Aproveite para assinar essa petição por uma mudança na lei de direitos autorais.

    23 de outubro de 2006, 20:21 | Comentários (11)

    beam me up, scottie

    Estamos chegando lá.

    Cientistas do Instituto Niels Bohr conseguiram teletransportar uma nuvem de átomos de césio por meio metro. Na verdade, usaram um feixe de luz para analisar uma nuvem de césio no ponto A e ordenar a outra no ponto B que assumisse as mesmas propriedades quânticas da primeira. Ou seja, transportaram apenas informação, não matéria. Porém, um objeto com propriedades quânticas idênticas às de outro é uma cópia fiel.

    O experimento abre caminho para o desenvolvimento de máquinas de teletransporte no futuro longínquo, mas tem aplicações um pouco mais imediatas na computação quântica. A maior dificuldade até agora era, justamente, transportar a informação de A a B de forma confiável, coisa que os cientistas dinamarqueses conseguiram fazer.

    6 de outubro de 2006, 10:13 | Comentários (1)

    grande verdade

    26 de setembro de 2006, 10:35 | Comentários (4)

    brasileiro cria mouse ocular

    O engenheiro eletrônico Manuel Cardoso ouviu minhas preces. O amazonense criou um mouse ocular, ainda muito tosco e direcionado a tetraplégicos. Mas não há motivo por que pessoas afligidas por LER não possam usar. Dá vontade de comprar, para testar.

    8 de setembro de 2006, 10:22 | Comentários (4)

    Urubus sobrevoam os blogs

    Josias de Souza informa que o partido do candidato Luciano Bivar andou querendo saber do Tribunal Superior Eleitoral se blogs podem opinar sobre candidatos. O TSE negou a consulta, porque a campanha já começou. No entanto, parece fácil inferir as intenções do PSL. Provavelmente andam incomodados com alguns blogs, muito provavelmente, com o blog do próprio Josias de Souza e de outros jornalistas famosos. Certamente estão pensando em processá-los. Porém, possivelmente não quisessem fazê-lo sem ter alguma certeza de vencer, porque caso contrário seriam tachados de inimigos da liberdade de expressão e de perseguir repórteres e cidadãos por suas opiniões.

    Estava demorando para começarem com esse tipo de coisa.

    4 de setembro de 2006, 17:03 | Comentários (11)

    Entrevista com o blog Imprensa Marrom

    O blog Imprensa Marrom foi condenado em primeira instância a indenizar um indivíduo em R$ 3500 por conta de um comentário ofensivo publicado por um leitor qualquer. O tribunal entendeu que a responsabilidade pelos comentários é do blog, ainda que se possa rastrear o autor original pelo IP. O pessoal do Imprensa Marrom diz que não quer se declarar vítima de um ataque à liberdade de expressão, já que precisa se submeter às leis brasileiras. Atitude muito digna e responsável, mas eles são vítimas, sim, no mínimo, de ignorância do sistema Judiciário quanto ao funcionamento de fóruns abertos de discussão na World Wide Web. Acabaram tirando o sistema de comentários do ar e recomendam a todos os blogueiros com sites hospedados no Brasil que façam o mesmo.

    A seguir, uma entrevista sobre o caso com Gravataí Merengue, um dos autores do Imprensa Marrom:

    Poderiam me explicar com mais detalhes o caso? O texto no blog não deixa muito claro. Qual foram o post e comentário que deram início ao processo?

    É um post antigo, que falava sobre empresas de RH. Havia comentários falando das empresas, e até aí tudo normal. Num belo dia, o blog foi tirado do ar. E descobrimos que foi por causa de um comentário. Nem vimos o comentário, o post era realmente muito antigo. Depois, por meio do processo, descobrimos que a ação foi movida uma semana após o comentário.

    O reclamante solicitou que vocês tirassem o comentário do ar, antes de entrar com o processo? Caso o tenha feito, o comentário foi prontamente apagado?

    Nâo é bem um reclamente, porque seria apenas se fosse ação trabalhista, né? Nesse caso, é o 'autor'. Ele solicitou que tirássemos TODO O BLOG DO AR. E também que pagássemos uma indenização. Recorremos desse pedido, de tirar todo blog do ar, e tiramos apenas o comentário. Se ele nos avisasse, tiraríamos o comentário na mesma hora.

    Vocês fizeram alguma tentativa de jogar a responsabilidade sobre o autor do comentário? Ou ele comentou de forma anônima?

    Não fizemos nenhuma tentativa. Apenas explicamos, no processo, que é possível descobrir por meio do IP.

    Qual é a base de sua defesa neste processo?

    O pedido se baseia no fato de que os comentários são anônimos e, por isso, blog precisa se responsabilizar. Nossa defesa demonstra que não há anonimato. Mesmo se você não usar um nome, o IP está registrado, é um cuidado que tomamos.

    Basicamente, o embate processual foi esse: anonimato x registro de IP. O juiz, porém, entendeu de uma outra forma. Independente de ser ou não anônimno, o blog é sempre responsável.

    Vocês acham que o autor de um blog é responsável pelos comentários dos leitores?

    Eu acho que sim, desde que ele se recuse a remover esse comentário. Aí sim. No nosso caso, não fomos citados para tirar o comentário. Nem sabíamos da existência dele!

    Vocês acham que os comentários enriqueciam o Imprensa Marrom? A retirada dos comentários prejudica o resultado geral do blog, ou não fez diferença?

    Eu acho que enriquecem, como enriquecem qualquer blog. Os comentários fazem toda a diferença.

    O que essa decisão judicial representa para a blogosfera brasileira? E para o modelo colaborativo da Internet de uma maneira geral?

    Representa um precedente, sem dúvida. A partir de agora, caso seja mantida a decisão, todos os blogs são responsáveis pelo que consta dos comentários. É uma mudança e tanto, não? E isso inclui os sites colaborativos, claro.

    Que conselhos vocês dariam aos blogueiros que queiram evitar problemas?

    Não tenham blogs. Porque ter blog é ter um 'problema'. Já começa daí. Depois, caso insistam em ter um blog e ainda assim não queiram problemas, não deixem comentários.

    Ou então hospedem o blog no exterior, tendo nesse caso que cumprir com a legislação do país em que publica.

    1 de setembro de 2006, 17:24 | Comentários (19)

    morde e assopra

    A mídia costuma fazer um carnaval em torno de crimes que envolvam a Internet de alguma forma. Se torcidas combinam confrontos pelo Orkut, o foco recai no Orkut, não nas causas da guerra entre fãs de futebol. Se uma mulher é assassinada pelo namorado que conheceu via site de relacionamentos, a ênfase é nisso, deixando-se de lado o fato de que muitas mulheres são mortas por homens que conheceram no mundo "concreto". Não é o caso da reportagem sobre o adolescente gaúcho que se suicidou com ajuda de um fórum online.

    É um dos poucos casos em que o uso da Internet parece de fato ter influenciado de forma decisiva no desfecho. O adolescente era depressivo e talvez planejasse se suicidar de qualquer modo, mas no tal fórum contou com incentivo de outros participantes. Descreveu todos os seus passos até o momento da morte. Ninguém tentou demovê-lo da idéia. Pode-se inferir que, se fosse tentar obter as mesmas informações e incentivos com amigos na rua, não teria conseguido. Teria soado um alerta entre as pessoas de sua relação e talvez pudesse ter sido salvo. Mas talvez não.

    Por outro lado, o próprio fato de usar um fórum gerou uma tentativa de salvação: uma canadense viu as mensagens e avisou a polícia de Toronto, que avisou a Brigada Militar em Porto Alegre. Infelizmente, muito tarde. A matéria é equilibrada ao apontar este fato e ao lembrar que na rede há de tudo, coisas boas e más. Evita a histeria dos pais, garantindo que o rapaz era doente. Nenhuma das entrevistas com psiquiatras propõe a restrição da liberdade de navegação a todos os jovens, mas apenas àqueles doentes. Parabéns ao repórter Carlos Etchichury.

    10 de agosto de 2006, 16:12 | Comentários (14)

    algo realmente útil

    Google Notebook. Com ele, você pode copiar trechos de qualquer site, junto com o endereço, e criar cadernos de notas sobre diferentes assuntos. Um jeito bem mais rápido e simples de organizar material online, especialmente para quem está fazendo uma pós-graduação ou monografia. A melhor parte é que os cadernos são acessáveis de qualquer computador, usando sua conta no Google.

    11 de julho de 2006, 10:49 | Comentários (8)

    falta de laço

    O cientista Bruce Charlton anda propondo a teoria da neotenia psicológica, segundo a qual nossa sociedade desfavorece maturação dos seres humanos. Quer dizer, muita gente adulta segue com a mente em formação — o que é o lado bom —, retendo com isso as atitudes e comportamentos associados com a juventude — o lado ruim.

    Os principais fatores para isso seriam a educação continuada, que obriga a mente a se manter flexível, e a instabilidade da sociedade contemporânea. As duas coisas na verdade estão ligadas: porque os empregos não são mais para a vida toda, precisamos nos manter atualizados. Por outro lado, aqueles que estudavam a vida inteira no passado, como cientistas, contavam com um ambiente mais estável à sua volta. Isso de certa forma contrabalançava os efeitos da educação continuada. As pessoas além disso estão vivendo mais e mantém a saúde muito além da juventude — sem falar que precisam arranjar algo para fazer por maior número de anos.

    Pequena divagação: qualquer um que tenha acompanhado as ciências sociais, especialmente gente como Baudrillard, Virilio, Lipovetsky etc. pelos últimos anos, vai perceber que já se previa algo assim. Depois dizem que as humanidades não servem para nada...

    Voltando à teoria, isso é uma explicação para o fato de muitos gênios da ciência serem considerados loucos ou excêntricos? É, sim, conforme Charlton:

    People such as academics, teachers, scientists and many other professionals are often strikingly immature outside of their strictly specialist competence in the sense of being unpredictable, unbalanced in priorities, and tending to overreact.

    Além disso, o pesquisador diz que as pessoas imaturas tendem a atingir o sucesso e, parece, procriar mais do que no passado, devido ao ambiente social favorável. Ele teme que a juvenilização seja inscrita no código genético humano por causa disso, tornando-nos irremediavelmente adolescentes pela vida inteira. A maioria dos leitores vai concordar que é uma felicidade não estar vivo para presenciar algo assim.

    28 de junho de 2006, 10:45 | Comentários (16)

    scanners

    Cientistas chineses aparentemente inventaram um método para controlar objetos sem usar as mãos. Uma interface traduz as ondas cerebrais para um robô — no caso, um robozinho de futebol, mas poderia ser um braço mecânico, ou mesmo um software. É esta última possibilidade que sugere uma aplicação fascinante, além das mais previsíveis, como permitir maior liberdade a deficientes físicos.

    Acontece que as interfaces dos computadores atuais, em especial o mouse, são absolutamente toscas. Embora tenha sido um grande avanço em relação a comandos em texto via teclado, o mouse ainda é dificil de usar e muito pouco preciso. Além do mais, é um dos maiores responsáveis por dores musculares e LER. Em vez de aumentarem a potência de chips, os engenheiros deveriam se preocupar em inventar maneiras mais simples de interagir com o computador. Se o invento chinês puder ser aplicado a isso e comercializado por um preço razoável — e se existir mesmo —, será perfeito.

    ATUALIZAÇÃO: Bem, parece que ao menos para tocar piano, funciona. Cortesia do Charles Pilger.

    18 de junho de 2006, 15:55 | Comentários (10)

    blog é umbigo

    Estava comentando o sucesso do post de ontem via Messenger, registrei a surpresa em perceber que quanto mais pessoais e menos objetivos são meus textos, mais agradam. A interlocutora garantiu que em geral esses textos ficam melhores. Então sou obrigado a admitir que, embora tenha passado estes quatro anos tentando ser o Elio Gaspari — inclusive me proibindo até há pouco de usar a primeira pessoa — estou muito mais para Martha Medeiros.

    Ao menos a responsável pela observação me arranjou algo para consolar: "A Martha Medeiros estraga o banal. Tu melhora."

    22 de maio de 2006, 11:45 | Comentários (12)

    cubram esse buraco, rapazes

    Untitled-1.jpg

    Até cerca de 0h55 da madrugada desta terça-feira, era assim que os defacers do grupo Illusion tinham deixado a página principal do Estadão.

    9 de maio de 2006, 1:56 | Comentários (0)

    picanha virtual

    Os publicitários às vezes inventam umas coisas divertidas.

    3 de maio de 2006, 22:28 | Comentários (8)

    Nordeste já tem seus gaúchos
    Se por acaso um jornalista dos EUA, viesse cobrir o Show dos Rolling Stones e ao invés disso começasse a falar que o Rio de Janeiro era o paraíso dos traficantes e da desordem moral dos bailes funk, que no Rio de Janeiro existia uma polícia pervertida e um povo inculto e sem moral o que você acharia??? Qual seria a sua reação em relação a esse sujeitinho que não conhece a fundo a realidade fáctica-social do Rio de Janeiro e desse ênfase tão somente ao que ele tem de pior???? Apenas de despreso omissivo ou concordante??? É fácil falar quando a pimenta bateu nos "olhos" dos outros não acha???

    Eu acho que esse episódio deve ter servido pra algumas coisas, e em especial: 1) mobilizou todos os alagoanos em prol de um debate ou embate na defesa de Alagoas; 2) servirá (espero) pra que no futuro o Sr. alexandre Maynard Matias, ou quem quer que nos visite, não desprestigie nossa terra, tão ordeira e, apesar de provinciana, acolhedora!!!! Respeito é bom e é DIREITO de todos!!!! Reflitam!!!!!!

    Além de servir para tudo isso, o episódio serviu para mostrar que não é só no Rio Grande do Sul que as pessoas fazem como Zé Victor Castiel e deixam o cérebro em casa na hora de defender os brios locais. Em uma atitude extremamente antidemocrática, criaram um perfil falso para o Alexandre Matias no Orkut. Não chegou a gerar muitos problemas, porque quem conhece o Matias sabe que ele não comete erros básicos de português. Porém, o caso mostra que a Internet não apenas não é um meio instrinsecamente democrático, como ainda dá espaço para toda sorte de linchamento simbólico. É menos grave do que a história da estudante de Marília, mas ainda assim emblemático.

    Ou talvez o problema seja justamente a democracia intrínseca na Internet, que permite a qualquer imbecil dar sua opinião. Em um país onde estudantes quase saem com tochas atrás de uma menina que fez um simples ménage à trois, não se pode mesmo esperar debates inteligentes e respeito à liberdade de expressão.

    3 de maio de 2006, 11:54 | Comentários (12)

    versinho de amor nerd

    Roses are #FF0000
    Violets are #0000FF
    All my base
    Are belong to you

    Cortesia da Nanda Obregon.

    8 de abril de 2006, 20:33 | Comentários (4)

    samba do cogito

    Uma amiga envia a letra de samba abaixo, publicada na comunidade Ê Descartes velho de guerra, do Orkut.

    Pensei, pensei, pensei
    E entrei pelo cano
    Sem encontrar solução
    Pro problema do conhecimento humano
    E descobri
    – e descobri, oooi –
    Que a certeza era importante pra caramba
    Pra filosofia virar um samba

    Fiz um método do discurso
    No Discurso do Método
    E o que não tinha solução aparente
    O problema das outras mentes
    – oi outras mentes –
    Fez se claro como a água
    A água virou vinho
    E o espinho virou flor

    Penso
    Logo existo
    E Deus
    Existe comigo
    – AI MEU DEUS –
    Duvidar é minha prova
    Pra escola
    Da filosofia

    3 de abril de 2006, 12:06 | Comentários (5)

    hype

    O Eduf também entrou nessa de podcast.

    27 de março de 2006, 14:11 | Comentários (1)

    guia de viagem diy

    O Wikitravel ganhou uma versão em português. Para quem não sabe, wikis são sites em que qualquer um pode colaborar com textos e edição, sem precisar de cadastro nem nada. O mais conhecido é a Wikipedia. A grande vantagem é ter toda a Internet colaborando em uma enciclopédia ou guia de viagens, como é o caso do Wikitravel. Perdi a manhã inteira na seção sobre Porto Alegre. Era tudo de que precisava, mais uma coisa para desviar a atenção do mestrado.

    3 de março de 2006, 12:33 | Comentários (7)

    sono polifásico

    Aí está algo útil: sono polifásico. Em vez de dormir oito horas por dia, dorme-se 20 a 30 minutos em intervalos de quatro horas. Isto reduz o total de horas desperdiçadas na inconsciência a apenas três por dia. Estudiosos do sono dizem que, após um período de adaptação de cerca de uma semana, seu cérebro passa a entrar direto no período REM, o único que realmente interessa no sono. Assim, as necessidades fisiológicas são atendidas. Parece que Leonardo da Vinci e Einstein dormiam desta maneira. O sono polifásico também faz parte do treinamento de soldados de elite.

    27 de fevereiro de 2006, 10:43 | Comentários (4)

    brincadeira de criança

    Ei, isso realmente parece legal.

    15 de dezembro de 2005, 17:41 | Comentários (3)

    procura-se cantora desconhecida

    O Nasi mandou uma versão de "What am I to you", da Norah Jones, cantada supostamente por uma jovem de Porto Alegre. Como a versão faz justiça à original, ficou curioso para saber quem é a moça. O arquivo está assinado como "Anabela". Ouça aqui. Alguém sabe de quem se trata?

    12 de dezembro de 2005, 22:18 | Comentários (7)

    ainda outra impostura científica

    Chega a dar vontade de montar um blog só para reclamar de como a imprensa trata artigos científicos, ou dos próprios artigos, quando se lê este tipo de coisa:

    Depois desse processo, foram mostradas imagens neutras [uma letra, um homem montado numa bicicleta], e, em seguida, outras de violência [um homem apontando um revólver para a cabeça de outro], e uma imagem negativa, mas não violenta [um cachorro morto].

    Os pesquisadores concluíram que a resposta dos jovens que utilizavam com freqüência videogames violentos às imagens agressivas foi menor do que a dos demais.

    Os resultados desse estudo sugerem que os jogadores freqüentes de videogames violentos sofrem danos a longo prazo em suas funções cerebrais e em seu comportamento, na opinião dos especialistas.

    Perdão, mas não. Os resultados sugerem é que jogos violentos diminuem a resposta a IMAGENS de violência, não à violência em si. Além disso, homens apontando revólveres para a cabeça dos outros se vê na televisão todos os dias. Interessante seria ver a reação a fotos de pessoas estripadas, varadas de balas ou coisa do gênero.

    11 de dezembro de 2005, 23:19 | Comentários (4)

    alguém terá de cometer seppuku

    É lindo quando a incompetência custa caro.

    10 de dezembro de 2005, 0:26 | Comentários (1)

    firefox = a verdade

    285384-2133-cp.jpg

    Até Deus usa Firefox. Valeu, Coelha.

    9 de dezembro de 2005, 17:44 | Comentários (2)

    bem coisa de comunista — 2

    Se o projeto de gravar todos emails dos brasileiros proposto por Delcídio Amaral [PT] for sério, é o maior absurdo já pensado desde o fim da ditadura no Brasil. O Charles Pilger publicou a íntegra do projeto de lei. Também aponta o fato de que os criminosos usam servidores estrangeiros, então a medida acabaria pegando mais é gente honesta mesmo.

    Pior é o presidente da Associação Brasileira de Provedores de Acesso de Serviços e Informações da Rede de Internet, Antônio Alberto Tavares, ter informado que "os provedores têm interesse em ajudar no trabalho da Justiça, por isso a associação chegou a assinar convênio com o Ministério Público Federal a fim de facilitar o acesso e a busca de informações nas investigações". Já o coordenador do Comitê Gestor da Internet do Brasil, Marcelo de Carvalho Lopes, disse que "devemos consolidar uma legislação e sair na vanguarda do controle". O que é isso, companheiros? As entidades que deveriam defender os direitos dos usuários arriarem as calças assim tão fácil, sem nem gritar, é o fim do mundo.

    21 de novembro de 2005, 11:49 | Comentários (10)

    noticiário google

    Discretamente, o Google lança seu serviço de notícias em português.

    Valeu, Parada.

    17 de novembro de 2005, 20:15 | Comentários (7)

    idéias geniais da ciência

    Você consideraria ressuscitar um dos vírus mais mortais de todos os tempos, para estudá-lo, uma boa idéia? Pois pesquisadores que só se pode considerar completos imbecis ressuscitaram o vírus da gripe espanhola em laboratório. O objetivo, verificar se havia saltado direto de pássaros para humanos, como o da gripe aviária, foi atingido. Sem querer soar paranóico, mas como diz um outro cientista na reportagem, trata-se de uma das piores armas biológicas conhecidas. Recriada. Acidentes acontecem. Terrorismo também.

    6 de outubro de 2005, 10:00 | Comentários (25)

    domingo nerd

    Após uma fracassada tentativa usando tabelas, este blog passa a ter um template totalmente em CSS. Com a ajuda inestimável da Sabrina Fonseca, está otimizado para Firefox e visualização 800x600. Usuários daquela outra porcaria de browser do grande satã verão as colunas um pouco fora de esquadro. Tudo isso apenas para acomodar a propaganda da Livraria Cultura. Se os caros leitores comprarem algum livro usando aquele link, 4% da compra é revertida para minha conta.

    18 de setembro de 2005, 16:56 | Comentários (11)

    hype

    O Google agora tem uma busca restrita a blogs.

    15 de setembro de 2005, 1:24 | Comentários (2)

    concentre-se no pc, seja o pc

    Depois das máquinas que supostamente acessam o inconsciente coletivo, cientistas de Princeton agora chegam à conclusão, após 26 anos de pesquisas, que más vibrações prejudicam computadores.

    5 de setembro de 2005, 20:42 | Comentários (4)

    ovo de páscoa

    As coisas que os administradores de sistemas deixam escondidas...

    15 de agosto de 2005, 16:02 | Comentários (0)

    homero falou, homero avisou

    Incrível. Aparentemente, uma pesquisa com o fim de provar a existência ou não do inconsciente coletivo, ou noosfera, resultou em uma máquina que pode prever com algumas horas de antecedência grandes eventos, como o 11 de Setembro ou o tsunami na Ásia — prevê que algo está para acontecer, mas não diz o que é. Trata-se do Global Consciousness Project.

    Pode ser bobagem, pode ser que não. A Universidade de Princeton está por trás do projeto, bem como dezenas de cientistas sérios. A princípio, a física diz que o tempo pode fluir em ambas as direções. Além disso, o cérebro gera campos eletromagnéticos ao operar. Teoricamente, estes campos poderiam influenciar a matéria, que afinal não passa de forças eletromagnéticas em interação. Os físicos estão a todo momento descobrindo novas partículas. Quem sabe? Os orientais, que treinaram as capacidades mentais mais do que qualquer outra civilização, juram há milênios que a mente pode interferir no mundo concreto.

    Caso este projeto chegue a provar alguma coisa, tem potencial para mudar o mundo. No mínimo, explicaria a intuição e os dèja-vus. Possivelmente, fenômenos como o efeito placebo e somatizações também. Mas como sempre, todo avanço científico traz riscos. Caso os padrões criados pelos Geradores de Eventos Aleatórios possam ser traduzidos em linguagem humana, ou caso se descubra uma maneira de as próprias pessoas enxergarem seu futuro, cabe se perguntar se realmente queremos isso. Homero achava uma péssima idéia.

    Cortesia de Daniel Pellizzari.

    15 de agosto de 2005, 12:33 | Comentários (12)

    it's the economy, stupid!

    O Gabriel fez uma avaliação bastante ponderada sobre os fatores que geram otimismo quanto ao podcasting. Tem futuro porque está muito mais simples e barato produzir e ouvir os programas de áudio, do que quando estes eram veiculados em streaming. É a mesma diferença entre publicar uma página pessoal em HTML há dez anos e ter um blog hoje. Na informática, chama-se isto de "baixo custo de transação". Quanto menos difícil fazer algo, mais gente faz.

    3 de agosto de 2005, 14:56 | Comentários (12)

    podcast é literatura?

    A terça-feira amanhece com duas grandes mudanças no insanus.org. A primeira é o tão esperado — ao menos pelos próprios blogueiros, que não perdem uma chance de ser modernos — podcast. Para quem anda vivendo em Marte, aí vão dois tutoriais sobre podcasting:

  • Em inglês e excelente
  • Em português e decente

    A segunda são os anúncios do Google na capa. Eles rendem dinheiro de acordo com a quantidade de cliques, então dêem uma olhada em alguma página de vez em quando e ajudem seu blogueiro local a pagar os custos de servidor e manutenção do domínio.

    2 de agosto de 2005, 10:49 | Comentários (3)

    o décimo planeta

    Astrônomos descobriram ontem um objeto maior do que Plutão nos limites do sistema solar. Em 2003, já haviam descoberto um planetóide chamado Sedna, com dois terços do tamanho do planeta mais distante do sol.

    No entanto, Sedna não chegou a ser considerado o décimo astro do sistema solar. Este novo, apelidado de Xena, tem mais ou menos o mesmo tamanho do regente do submundo. Logo, ou Plutão deixa de ser planeta, ou Xena também tem de ser considerado um planeta. Se isto acontecer, será curioso ver a revisão teórica a que os astrólogos serão obrigados.

    30 de julho de 2005, 15:16 | Comentários (19)

    spam telefônico

    Pense bem antes de pagar uma conta em um banco diferente do seu. Há alguns dias um gerente de minha agência telefonou para oferecer planos de investimento. O detalhe é que havia mudado a operadora do telefone fixo e ainda não havia informado o novo número.

    Evidentemente eles descobriram através dos códigos de barra, que trazem diversas informações sobre os contratos. Até aí, nada de mais, tenho conta lá mesmo e é direito do banco saber ao menos meu telefone. No entanto, ao utilizar outros bancos, o sujeito se arrisca a deixar um monte de dados disponíveis para as empresas de telemarketing.

    27 de julho de 2005, 13:47 | Comentários (3)

    maravilhas da vida moderna

    Grampos em telefones celulares são tão ou mais fáceis do que nos telefones convencionais. Basta um receptor adequado, ou mesmo subornar alguém na companhia telefônica — método há muito usado. Já tem até gente vendendo grampos pela Internet.

    21 de julho de 2005, 18:12 | Comentários (0)

    metapost

    Como alguns leitores terão notado, os links não vêm mais com target=_blank. Agora todos têm a liberdade de abrir ou não em outra janela as páginas sugeridas. Mas, ok, o motivo verdadeiro da mudança foi preguiça de digitar o código.

    10 de junho de 2005, 10:54 | Comentários (5)

    esses programadores e suas máquinas malucas

    print_rbs_500px.jpg

    A imagem acima mostra o exato momento em que um formulário de inscrição para a feira Globaltech me chamava de palhaço por usar um hífen no campo do CPF. Aparentemente, o programador fez alguma brincadeira enquanto rascunhava o código e depois esqueceu de retirar. Ou está querendo ser demitido. Como se não bastasse a ofensa, está mal escrito.

    Denunciado por Barbara Nickel.

    9 de maio de 2005, 12:20 | Comentários (15)

    keep reachin' for that rainbow

    De acordo com uma pesquisa feita nos Estados Unidos, gays são mais propensos a ler blogs. Diários, afinal, como todos sabem, são coisa de menina.

    23 de abril de 2005, 13:56 | Comentários (2)

    panóptico

    A empresa norte-americana ZabaSearch oferece um sistema de buscas que permite encontrar quase qualquer pessoa que more naquele país. O sistema se
    utiliza, aparentemente, de registros públicos e fichas que o cidadão preenche ao fazer compras online e coisas do gênero.

    A ferramenta de busca imediatamente levanta a questão da privacidade. Se a sua ex-namorada prometeu lhe matar a tesouradas se o encontrar, talvez não seja uma boa ter seu nome listado. Talvez você tenha ganhado a Mega Sena e não queira dividir o dinheiro com os parentes. Ou pode ser que simplesmente não queira gente lhe enchendo o saco. Felizmente, só funciona para os Estados Unidos por enquanto.

    O jornalista David Lazarus comenta o serviço, dando a entender que os proprietários estão longe de ser pessoas idôneas. De acordo com ele, o que tona o ZabaSearch ótimo é oferecer uma notável quantidade de dados sobre qualquer pessoa de maneira simples e sem custos. E o que torna o Zabasearch amedrontador é é oferecer uma notável quantidade de dados sobre qualquer pessoa de maneira simples e sem custos.

    18 de abril de 2005, 10:12 | Comentários (9)


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