A Vida Mata a Pau

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eu sou respeitado na Hungria - o fim da série

Manfred, a saga

Comecei a trabalhar na Hungria ilustrando matinais e guias acadêmicos, coisa pouca. A ilustração da Galinha (galinka na língua corrente) foi para a convensão do partido social democrata de 97 e o Herói uruguaio Artigas foi para ilustrar a página de variedades, naqueles desenhos bagaceiros que aparecem nas cruzadinhas coquetel.

Não demorou muito para encontrar um tradutor e me dedicar a escrever e desenhar tiras para o La Nacion. A torração e saco mal traduzida foi tanta que o editor logo concordou um publicar esporadicamente a tirinha Manfred, que sai uma terça feira sim e outra não. Foram 2 anos nessa penúria, mesmo não custando tempo algum, frustante.

Por ter uma margem de leitores razoável, mais por hábito do que por qualidade, me encorajei a bancar a impressão do primeiro manual de sobrevivência em quadrinhos, estrelado pelos 11 personagens das tirinhas. Por pressão do editor, que tinha na mão os meios de distribuição e por isso apitava muito (afinal, não moro na Hungria), acabei batizando o periódico de palotas – sjoka – szabo – polgar – vincze – farkas – torocsik – czibor – hidgkuti – bursca – esterhazy - nome dos 11 intrépidos moços que figuravam nas tirinhas. Bobagem sem tamanho. A desculpa do editor era que os húngaros, já familiarizados com as histórias, poderiam temer a falta de um dos seus figurantes.

Era a hora da virada, as vendas iam mau mas o material era bom e tinha apelo, já arriscava até uma papinho no canal Hungarian Rocks do KaZaa – peguei meus últimos dólares arrecadados com a venda do meia Emerson e envestí na mesma publicação, só que com o nome alterado. A Manfred arrebatou o mercado Húngaro e fez cóssegas em regiões da antiga-Iuguslávia. Fui convidado para assumir a pasta de Cultura do governo da província de Vojvodna – cargo que exerci simbolicamente por 3 minutos.

Hoje a Manfred está no número 50, comemorando 4 anos de Hungria e esperando um tradutor competente e um editor ousado para lançar tal troçulho em território brasileiro.

A grande maconha da Manfred é a confusão absoluta entre seus personagens, que são 11 homens de mesma idade e idênticos fisicamente. Na personalidade apresentam alguma variação, suficiente para criar conflitos de média força na escala Richard e apimentar o debate principal da trama: O que se passa?

As teorias são muitas, defendidas por diferentes membros da turma. Sjoka acha que todos encarnaram no mesmo corpo, o grupo liderado por Farkas acredita que os 11 são a mesma pessoa.

Fechando o post, um breve histórico de cada um dos Manfred, um time de personalidades inspiradas nos meus colegas de semestre na faculdade, que só agora sabem desse “empréstimo” de conduta que tomei. Nomes reais não divulgados.

Sjoka
O mais maroto do grupo. Filho de um comerciante da região metropolitana de Budapeste é o responsável pelo abastecimento da casa, comprando cerveja a preço de custo e transportando no seu Lada tri campeão da categoria. Continua freqüentando o meio acadêmico atrás de mocinhas interioranas, passando facilmente por bixo, mesmo com 32 anos. Um farrista moderado

Palotas
Nascido no centro nervoso da capital foi educado sob as normas rígidas do colégio militar, contra as quais já mostrava umas especial resistência desde moleque. Passou a estudar arte em Viena de forma autônoma, passava metade da semana e um trem. Escreveu um tratado de musica dadaísta e manteve relações com seres híbridos. Acabou acomodado numa função burocrática do banco da província. Casado e com um filho, visita os dois, que moram em Kerkcskemet, regularmente.

Farkas
Meio espírito esportivo / meio espírito de porco. Exerce, ou tenta, uma liderança pela boa vontade na casa, motivando todos a fazer coisas sem sentido, apenas pela curtição. Distraído demais para trabalhar, acaba maquinando asneira o dia todo, e procura executores para os projetos na esperança de juntar a grana pra comprar um rifle AK 47.

Vincze
Goleador nato. O animado Vincze trabalha com outro dos habitantes da casa em uma empresa que começou com design e terminou fazendo comida para casamentos, com ênfase no empadão de frango. O humor caustico o faz um grande imitador, que denuncia sua capacidade impar de observação. Já fumou mais.

Polgar
Mudou-se para Budapeste com 2 anos de idade, sua família de caixeiros viajantes pariu uma tríade de meninos arteiros. Chegou a liderar uma banda de Emocore com relativo sucesso na pós-adolescência entre os pré-adolescentes. Conhecido como Pecs entre os íntimos, nome que batiza sua província natal, no árido sul da Hungria.

Szabo
Trabalhou desde cedo na central de notícias do sistema nacional ferroviário, onde colecionou grande parte de seu arsenal de histórias. Como radialista começou cobrindo eventos culturais e acabou se apaixonando pela polca – organiza atualmente o concurso de miss semana da polca e tem bons motivos para ainda acreditar no jornalismo.

Torocsik
Uma mente silenciosa. Um articulador calculista e ansioso. Tem em Farkas seu grande incentivador, que junto com o cão “Marca” são os únicos que merecem sua total confiança. Ganha dinheiro especulando no mercado de carne e grãos – lobista consagrado. Como parte de suas transações são ilegais, todo o dinheiro está na suíça, numa conta numerada e vigiada via internet. Torocsik promete que um dia sai de casa e pega um trem para Zurique ao menos para sentir o cheirinho da especulação.

Czibor
Estudou com Polgar nos tempos de colégio. Empreendedor nato, dito como o responsável pelas coreografias de footloose, ritmo quente, gerencia um bar que comanda a cena alternativa da região. Sua rotina inclui dormir o dia todo e sair para trabalhar no inicio da noite, o que faz que muitos só o vejam uma vez por mês. Uma lástima. Tido como o cara mais legal da casa causa constrangimento nos outros, além de operar como mágico fulltime.

Hidgkuti
Realizou seu sonho de entrar para a polícia federal há 3 anos, quando largou de fumar a erva danada e passou distribuir. Quando não está na delegacia está tocando uma guitarra com o coração. É considerado o co-autor das tirinhas e histórias do Manfred, com ele se travam os diálogos metalingüísticos entre personagem e autor – que faz os demais estranharem muito o comportamento de Hidgkuti, ou Hids, ou Dihat, ou Kuti.

Burcsa
Viajou o mundo como criador, dono de um texto ótimo. Trabalhou nos centros todos da Europa, inclusive na rússia, terra de origem de sua família. Nascido em um vilarejo o menina mudou-se cedo para uma cidade contígua, e mais tarde veio estudar na capital. De volta à Budapeste, tenta converter seu irmão comunista e vijiar sua irmã adolescente, tarefas que sua mãe desistiu há tempos.

Esterhazy
Judeu, comunista e músico.

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por Menezes - 5 minute não-design de Gabriel - um blog insanus