A Vida Mata a Pau

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Sábado, conversando com o patrão do insanus, comentei como a capa do sitio tinha se transformado numa espécie de obituário. Primeiro rendemos homenagens a Eisner, agora Hunter Thompson e, possivelmente em breve, renderemos ao Papa. Meu posto sobre a morte do pontífice já está pronto, por sinal – assim como fazem as empresas de comunicação. A morte de Vojtila é aguardada a tanto tempo que é capaz de entrar um VT com o Paulo Francis comentando a repercussão em NY.

Voltando à capa, nada contra a capa, temos a linha de frente que busca tornar o domínio algo mais além de um reles servidor de MT, e sim um canal de discussão, vencendo a barreira do “sou brasileiro e não uso trackback nunca”. Torço para que funcione. para que algo de original saia disso tudo, e mesmo que justas sejam as homenagens, falar de mortos não é nada original.

Acordo hoje com a notícia de que Rinus Michell foi pra banha, bateu os tamancos de madeira e, como boa parte dos holandeses, morreu num hospital belga. Penso imediatamente: caralho, terei eu que defender uma capa sobre o futebol total? Seria minha obrigação? Afinal, o cara era um de meus ídolos, mas apenas meu.

Não, Sem cabimento. Sem obituários insanus, é desagradável. Meu apêlo termina aqui.

Colecionaríamos textos com algumas piadas sobre os cafés de Amsterdan. Farei a minha parte escrevendo e rezando pela alma do homem laranja e para o abreviamento do sofrimento papal.

Talvez, por usar bermudas contra o calor, comer a la minuta e defender a linha burra, eu caia como um buraco intelectual nesse mundo insano, como diria Guima, mas usarei minha cultura de escoteiro mirim e formulas esgotadas para empilhar o que for possível de informação sobre o homem que revolucionou a coisa mais importante das coisas sem importância, o futebol.

“Desde os tempos mais primórdios” o ataque tava aí, tava aí. Antes de tudo, até mesmo das regras, o esporte era um amontoado de homens correndo atrás da bola, uma pelada, semelhante ao que o Joel Santana implanta nas equipes que treina. De 1850 até a grande guerra, nada mudou, até o surgimento do 2-2-6, esquema consagrado pelo time do reino unido e imitado pelo Uruguai, campeão em 1930 com seis homens de frente. Outra grande esquadra que fez história com esse esquema foi o meu time de botão, que dominou o quarteirão do meu bairro por anos a fio, com a marca recorde de um ano invicto jogando em casa e com 300 vitórias consecutivas sobre o meu primo. Quem não lembra da escalação clássica com Inca (ou Tralha), Pedrão, Geléia e Aguirre Garay; Russo e Gilson, Caio, Abidh Pelet, Assim (ou Cuca) Húngaro e Jorginho.

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O primeiro sinal de retranca depois de 1930 quando um lord espertalhão criou o WM, que em origem era um 3-4-3 com tendência a virar um 4-3-3. desse dia em diante, quando o Arsenal conseguiu vitórias incríveis até hoje, apenas Rinus Michell colocou alguém no ataque, em 50 anos de bolas na trave.

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logo da fundação Roberto marinho? Não, o WM.

O Brasil em 1958 ganhou a copa jogando num 4-2-4, um quase suicida esquema ofensivo. Sorte nossa é que com Pelé e Garrincha no mesmo lado nada é impossível, mesmo levando dois gols na semi-final da França e dois gols na final.da Suécia. O ataque ia lá e fazia 5, a última vez que se tem registro que isso tenha funcionado. A solução contra tal poder ofensivo? Defender com unhas e dentes, e assim nascia o ferrolho Suíço. o presente dos suíços para o mundo, depois de um queijo cheio de furos e uma lavanderia monetária só ficou famoso quando os Italianos, até então amantes de um ataque em bloco, resolveram imitar os visinhos. Com uma eficiência incrivelmente chata, o catenaccio Italiano virava moda, com um homem atrás da linha de zagueiros, e ninguém no ataque. Era o fundo do poço.

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Então, uma turma de holandeses encabeçada por Rinus Michell resolve sacudir com tudo. A Holanda pouca sorte tinha defendendo-se loucamente, deixando o time todo atrás pouco conseguia. O carrossel holandês inaugura publicamente o futebol moderno na copa de 1974, com nenhum jogador marcando posição, com o time jogando em bloco, atacando junto e defendendo junto. A teoria da piscina, onde a onda vai e volta de Cruyff foi adotada, e o futebol total choca o mundo. É impossível desenhara tal esquema, o próprio técnico, num momento de humildade afirmou que aquilo só funcionava porque o time tinha um QI acima da média.

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Ensacolaram o Zagallo com um 2 a 0 mais do que justo, e o Forest Gump brasileiro disse que implantaria nas categorias de base do fluminense tal tipo de jogo. Piada a parte, a prova cabal de que o Jorge Lobo nunca soube de nada, é que o técnico holandês declarou que a grande influencia para a laranaja mecânica era o Brasil de 70. Faz sentido. Como posicionar Pelé no campo? Onde exatamente ele jogava? E Gerson, alguém flutuava mais do que ele? Difícil. Ainda tinha o tostão sempre em cima do líbero adversário pra matar a possibilidade de movimentos novos na meia cancha. Grande Saldanha.

Tem como torcer contra a Holanda só se o adversário for o Brasil. Outra prática possivelmente condenada pelos que conhecem.

por Menezes - 5 minute não-design de Gabriel - um blog insanus