A Vida Mata a Pau

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Dês-Blog
o especial das quintas-feiras com o assunto menos pertinente possível.

16 de Junho

Não preciso explicar o que é uma sigla, até porque teríamos um tradicional NHS e o foco seria perdido sem ganho ao discurso. Vamos prestar atenção apenas sobre os crimes cometidos contra o condensado de palavras na hora de aglomerar iniciais.

A primeira coisa inaceitável numa sigla é o uso não apenas das iniciais, mas de uma série de letras – por vezes mais que uma sílaba – com fim unicamente estético. Por exemplo, a Associação dos Servidores do Hospital de Clinicas de Porto Alegre adotou a sigla ASHCLIN. A de associação, o S para servidores, H para hospital e um CLIN gigante para clínicas. Me parece, dessa forma, que clinicas ganha mais importância. Com medo de gerar uma palavrinha incompreensível, eles tascaram um “clin” de rima fácil e estragaram tudo. O problema é que ninguém pode garantir que o S anterior represente “associação” junto com o “A”. Afinal, na própria sigla temos precedentes para pensar que não há lógica. Num exercício avançado de paranóia é possível questionar a presença de outro S seria mais gratuita que a própria briga.

Quem coloca mais que as iniciais tem em mente uma melhor pronuncia da marca. Uma bobagem sem fim, já que os leitores na hora de pronunciar siglas param pra pensar. Assim, quebram a organização fonética natural da coisa, e uma paroxítona ganha uma acentuação imaginária ou pega-se emprestado de alguma das palavras a entonação. Mesmo siglas impronunciáveis acabam ganhando uma versão falada, seja pela omissão de uma parte dela ou enxerto de sons.

Exemplo interessante também pode ser feito com casos onde os artigos e preposições ganham voz. O Centro Acadêmico da Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do sul poderia ser simplesmente um CAF talhando a canivete em uma porta esquecida em um campus abandonado pelo governo. No entanto, o que se lê por lá é um imponente CADAF. O “da” ganhou força e é presente sem abreviação, na integra, com suas duas letras em ordem e prontas para servir. Acreditar que o deslize nas regras foi proposital para fazer uma piadinha com Omar Kadafi, líder da Líbia e amigo do terror, faz com que os estudantes ganhem algum crédito. Mesmo assim, artigo não faz sentido.

O crime maior é fazer uma sigla ao quadrado. Uma sigla que tem como um de seus componentes uma letra que represente outra sigla. É suprimir muita coisa, deixar muito a se imaginar. São as chamadas siglas ao quadrado. Um sigla que contem outra siglas. Há registro da ocorrência de siglas ao cubo. Algo desse tipo acaba por impossibilitar completamente a compreensão, fica impossível imaginar qual das letras é o que, e qual será a gambiarra escondida por trás daquilo tudo. Um caso chave é o UIN. Lembram do falecido ICQ? Bom, ICQ é uma sigla, que significa algo como (algum leitor ajudará) Sistema de conversação na internet, e "I Seek You" to insiders. Logo, o UIN, que era o numero de registro, ou o próprio registro na rede do programinha seria Numero Unitário de ICQ. Um absurdo completo. E não raro era encontrar no site da mirabilis, fornecedora da geringonça, uma sessão onde o UIN era tratado só como “U“, um passo para o cubo.

Em um pais dominado por departamentos, burocratas, amassadores de terno e carimbos, cuidar da sigla é fundamental. Um dicionário dos bons precisa ser atualizado a cada 15 minutos.

O tema de hoje foi desenvolvido há muito tempo com a parceria de ASJ no DACOM, na próxima semana: mulheres tropeçando.

por Menezes - 5 minute não-design de Gabriel - um blog insanus