A Vida Mata a Pau

home. arquivos: Agosto07. Julio07. Junio07. Mayo07. Abril07. Marzo07. Febrero07. Enero07. Diciembre06. Noviembre06. Octubre06. Septiembre06. Agosto06. Julio06. Junio06. Mayo06. Abril06. Marzo06. Febrero06. Enero06. Diciembre05. Noviembre05. Octubre05. Septiembre05. Agosto05. Julio05. Junio05. Mayo05. Abril05. Marzo05. Febrero05. Enero05. Diciembre04. Noviembre04. Octubre04. Septiembre04.

« idéias emprestadas | Home | »


O incansável papo furado dos intelectuais.
Alaor Maitinês e o Produtor.

Produtor - Esses tempos almoçando errantemente num restaurante aí dessa minha Porto que te quero Alegre tive a idéia de criar uma coleção de vídeo-aulas, intitulada "Aprenda a ser homem com Cassiano Pereira, gerente de almoxarifado em final de carreira". Neste workshop em casa, Cassiano, um cara beirando os 60 muito nojentão e bagaceiro ensina um jovem de 14 anos que acabou de se apaixonar pela primeira vez todos os meandros lamacentos e malcheirosos do comportamento Macho-Calhorda/Oltramariano-Hardcore, mas a primeira aula (dada num restaurante) é interrompida pq Cassiano sente a necessidade de ir ao caixa correndo para ficar atrás de uma gatinha desacompanhada de 20 e poucos anos, punhetando telepaticamente.

Alaor Maltinês - Acho que o vídeo tem que sugerir que o Cassiano se masturba freqüentemente. E também deve ter dois filhos do primeiro casamentos, os quais ignora. Com tempo, Cassiano começa a gostar do garoto que tutela, e se emociona com as desventuras jovianas. Chora ao lembrar do seu filho e do julgamento na vara do direito de família em que perdeu a guarda da criança. Tudo uma armação do Governador só porque ele deixava “todo mundo na linha” em casa. Também desenvolve estranhas manias, como beber Olina direto no gargalo enquanto dirige.

P - É interessante observar como existem por aí, nesse nosso Brasilzão-de-meu-Deus, um sem número de casais que se faz impossível crer que sejam capazes de ter uma vida sexual ativa em comum. E olha que são muitos, mesmo. No entanto, algo semelhante ocorre com indivíduos repulsivos. É impossível imaginá-los trepando, mas ao mesmo tempo também é impossível imagina-los trepando em pensamento. Daí porque o Cassiano não come a gatinha sonhando acordado, mas sim, se imagina batendo umazinha.

Pelo menos é assim que observo essa questão. O mundo seria um lugar muito mais seguro com um maior número de castos. Quando estiver na arquibancada do estádio e ver um gordo suado com os dentes podres de cigarro e peito cabeludo gritando obscenidades para uma garota que resolveu acompanhar o pai, não se engane: está batendo punheta mentalmente.

O programa seria proibido nos EUA e na Inglaterra, pois Cassiano fala as palavras "porra", "cu" e "socá meia mandioca na chavasca dela" com freqüência em frente a uma criança de 13 anos.

AM - Ainda temos que pensar em reconstituições. Quando o garoto vai encontrar a menininha, para convida-la para caminhar no parque, Cassiano deve narrar uma história qualquer que as arvores trouxeram à lembrança. Nesse momento, o sem propósito gordo conta quando barranqueou uma ovelha na parada de 20 de novembro de 1951. A cidade é Bagé. No mesmo dia em que ele conheceu Getúlio Vargas, e chora ao lembrar de seu pai com ele no colo. O então menino ainda de pênis úmido e com cocos de ovelhas por cima das botas.

O presidente chegou a estranhar - segundo Cassiano - que o esterco não estivesse na sola dos pés. Com isso, encerra o quadro de reconstituição (com imagens cedidas pelo Museu do Trabalho) e volta para a cena real, com o menino-ainda-sem-nome olhando fixamente para o idoso com um CD do Creed na mão e nosso tutor com os olhos cheios de lágrimas.

P - Um cara como Cassiano jamais saberia o que é Creed. E sem essa de endeusar o almoxarife nojentão. O programa termina com Cassiano deprimido e cabisbaixo, vendo que o mundo não tem mais espaço para gente como ele, indo levar o garoto para pescar na praia do Magistério. O garoto joga a rede esperando pelos peixes, mas só consegue recolher dois professores da rede pública. Um brigadiano ribeirinho, de alpargatas, boné e bermudinha observa a cena ao longe e acha tudo muito estranho. Saca seu revolver do coldre, mas perde tempo pq pega sua garrafinha d'água sem querer (colocada no mesmo local da arma). Nesses segundos preciosos o garoto desesperado foge com Cassiano pelas dunas, com o brigadiano vociferando e dando tiros tardios nas arenosas colinas. Acho que é um interessante gancho para a segunda temporada, sobre a emocionante nova vida de fugitivo dos dois.

AM - Discordo. Era pra ser uma vídeo aula, e não um seriado esticado ad-infinitum ao sabor da audiência. Assim acabaremos com um Ilda furacão sem os nus, já que o garoto não chegará a lugar nenhum no mundo do coito, e Cassiano sequer sonha. Ou só sonha. O CD do Creed seria do Artur (pronto, batizei o moleque), e a idéia é que o menino enxergava naquilo romantismo, e enquanto pedia dicas sobre o passear no parque acabou ouvindo uma lamuriosa história do gordo que em momento algum serve de referência. O piá queria dicas e ouviu folclore encebado.

Sem romantizar Cassiano. Pelo contrário. O importante de passagens como a tarde em que conheceu Getulio é mostrar que ele é um mentiroso. Assim como todo velhote diz que esteve no Maracanã em 1950, todo o gaudério conheceu o G. Vargas. Isso é uma lei. Mesmo que o garoto, por obra da inocência imberbe, acabe acreditando no conto, ele serve pra comparar o passado e o presente de nosso instrutor. Um cara de média importância, filho de estancieiros que acabou pedindo penico e se aposentando 5 anos antes por culpa de uma hérnia filha-da-puta.

Um mar de mediocridade e mentira.

Continua

por Menezes - 5 minute não-design de Gabriel - um blog insanus