A Vida Mata a Pau

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AVOA

A Guerra Fria apareceu na muito na Tele Quente. O perigo de um conflito nuclear encheu de medo as bilheterias e fez de cada engasgo com a pipoca uma crise em potencial. Se não entre paises, entre namorados que decidiam qual o filme da noite.

Para contemplar meninos e meninas, a industria investiu em roteiros cheios de romantismo, galãs e militares radicais – na forma não árabe do verbete. A idéia de uma força aérea cheia de caras quentes e armas mortais agradou todo mundo, incluindo fabricantes de aviões.

Para cada avião um filme, com sua devida superioridade retratada sobre o equivalente russo nos ares. Veja só:

Quando Top Gun apresentou ao mundo o F-14, o avião, apelidado de “tomcat”, já tinha abatido uns MiGs líbios sobre o mediterrâneo. Mas só ganharam respeito quando Tom Cruise sentou no Cockpit. Do dia pra noite o jovem ator emprestou um respeito que um porta aviões com o convés cheio daquelas aeronaves não conseguira em anos de exercícios.



Tom Cruis vive Maverick. Piloto de Caça filho de um antigo combatente, tido como um Top Gun – piloto de elite da marinha americana. Além de herdar o talento do pai, especula-se que ele teria herdado também a inaptidão em enfrentar situações de risco. Situações essas que se repetem na auto-escola de pilotos, onde ele é desafiado por Iceman, um piloto que parece o Mika Hakkinen e tem fama de valentão.

Antes de Maverick cagar todo o uniforme na prova final do curso de pilotagem, todos os calouros são chamados para cobrir uma zona de tenção ao norte do pacífico. É quando entra em ação o F-14. O avião arrebenta sozinho uns 4 oponentes russos sem maiores problemas. Destaque para a mudança de angulação das asas que conferia um charme especial ao Caça.

Os russos, além de pilotarem os aviões norte americanos F-5, todos pintados de preto para parecerem MiG 28, usavam um capacete muito legal: um globo que refletia tudo em volta, turvo e com um aspecto alienígena.

Se o que rolou em Top Gun foi de tirar o fôlego, o que dizer de Águias de Aço? Dessa vez o astro era o Daniel Sam, de Karate Kid, pilotando um envenenadissimo F-16 pelo oriente médio.

Por algum motivo desconhecido o pai do garoto é seqüestrado, e o calouro da aeronáutica vai atrás dele pilotando um “falcon”. Ele voa sobre um pais árabe, derruba cerca de 5 aviões inimigos, destrói uma refinaria de petróleo gigantesca, bombardeia um aeroporto, arrebenta a pista com uma bomba incendiária, pousa na pista em chamas, resgata o pai, volta pro avião, atira em solo em um tanque com a metralhadora do avião, decola, derruba outro avião inimigo e volta pra casa. Ufa! Tudo isso com um walkman tocando um rock mais que farofa.



Por muito tempo questionei se haveria toca fitas em veículos militares. A resposta veio com o filme do Michael Moore mais recente, onde soldados americanos aparecem estourando um casebre ouvindo “the roof is on fire” dentro do tanque. Mesmo sem esse opcional de fábrica, é uma grande proeza pra um piloto imberbe e seu caça. Haja filme.

A guerra fria acabou e Hollywood passou a atirar em outros inimigos. Quando o 14 e o 16 já tinha sido consagrados, vem Independence Day consagrar o F-18. O primo menos charmoso da família.

Repare que todos os aviões da batalha aérea são o mesmo modelo. É pura incapacidade técnica de fazer mais de um caça pra animar o céu estrelado cheio de óvnis (também todos iguais).

Vamos pensar: o mundo está em frangalhos, os aviões não conseguem atingir as naves alienígenas e viram alvos fácies. No dia da independência, como haveriam sobrado tantos F-18? Apenas eles estaria a povoar os céus? Uma analise menos preguiçosa apontaria para inúmeros modelos e carcaças voando. Qualquer coisa que levante mais de um palmo do chão seria útil. Asa delta neles!

Pra fechar, o presidente americano pilota e derruba uns malfeitores.

Fantasiosos como o cinema deve ser, o único efeito colateral é não confiar nos aviões franceses que a gente compra pra defender a amazônia. Não tem como querer. Cinema de intelectual não aceita batalha aérea sem existencialismo. Espero que os militares tenham mais calma na hora de escolher esses atores maravilhosos e suas maquinas voadoras.

por Menezes - 5 minute não-design de Gabriel - um blog insanus