A Vida Mata a Pau

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Lucha

Quebrei uma telha na exposição de arte. Foi acidental, eu achei que podia entrar na sala e que o chão estava firme, mas as telhas estavam apenas sobrepostas. Pisei sem medo e deu merda. Rachou a recém saída da olaria. Preparei minha justificativa, estava apenas interagindo, a arte é de quem interpreta. Não dei mole pra cachorrada e sai de fininho pelo telhado, que no caso era o chão, e aproveitando o cenário fiz como os gatos, que já nascem livres.

Livre, como a luta livre. Onde o teu direito de quebrar o que bem entender assegurado pelo regulamento. No mundo exterior, entretanto, tu pode usar do efeito caxumba: na primeira vez é aceitável, na segunda já é encheção de saco. Não ficarei vandalizando a Bienal de propósito, mas não escondo o acidente. “Ah, o cara jogou uma cadeira dentro do Lennon’s Bar uma vez, baita lunático” pode ser uma descrição charmosa para o teu currículo das orelhas quentes, mesmo que um pouco assustador.

Medo só senti vendo a seguinte seqüência na TV: Plano de meia nádega; Corte branco; Homem de regata amarela com “lucha libre” no peito; Mulher suadissima chama ele pro embate amoroso no cantinho do barraco; intervalo comercial. Espero que a verba da Petrobrás não vá mais para essas porcaria, onde tudo que tu pode quebrar é a própria TV. Pensar que meu dinheiro escorre pra formas de arte que não se pode destrinchar é que me faz tremer, e olha que eu sou mais comunista que tu.

por Menezes - 5 minute não-design de Gabriel - um blog insanus