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« Caspa mental | Home | Minsk Calling » Mostre e conte: mil palavras sobre a deseducação do primeiro grau.Do primeiro grau e não em primeiro grau. Se a má educação fosse quantificada, certamente chegaria longe na escala, lá pelo quarto ou quinto grau. Coisa que não saberíamos converter para Kelvin, ou Célcuis, já que não passou de pura decoréba. Tive toda a decoreba que era possível, junto com todo tédio disponível. Entretanto, nunca tivemos que contar palavras, nem um daqueles “mostre e conte”. O que remete ao início do texto, pulando toda a ladainha até então. Ladainha sim, assisti bastante. Principalmente depois de que descobri que ladainha era parte do sermão do padre. As missas eram sempre de surpresa. Acho que para não rolar nenhum boicote coletivo. Mas isso era bobagem deles, jamais iríamos ser contra algo que nos tirava da aula de química. Assim até mais de mil palavras de qualquer ladainha se torna interessante. Ainda mais para os não comungados, que aproveitavam as turmas todas juntas para dividir os bancos da igreja com as meninas de outras turmas. algo sagrado. Com o mesmo esquema de efeito surpresa havia também o hastear da bandeira. Mais uma vez sem aviso prévio, nos levavam para o pátio para cantar o hino nacional. Um hino para três bandeiras. Achava meio injusto com os o pavilhão do estado e do colégio. Um desperdício: ficar perfilado para entoar só um coro marcial. Tudo para não voltar para a aula. Cantaríamos feliz o hino da província, da cidade e até do colégio, se esse último existisse. Se o professor de religião levasse o violão, poderia até rolar um woodstock colegial do bem. Com louvado seja meu senhor, glórias aleluia e todas as louvações possíveis a um caridoso messias que nos dava o pátio no meio de uma manha tediosa. Era tudo uma questão de aproveitamento de espaço. Talvez um mostre e cante, no lugar de um mostre e conte. Não melhor do que um morte à Kant e suas questões esquecidas eclesiasticamente, mas válido. Dos clichê que nos forjam idiotas cheios de espinhas ainda tivemos o professor com cotoveleiras costuradas no casado. Sempre sujo de giz, como deve mandar o sistema internacional de medidas educacionais, que fica na suíça. Capaz disso ser até uma desculpa de algum extrator de giz europeu no congo belga. Que não existe mais, mas fez da partilha da África mais divertida de tudo. Na época não me dava conta, mas a primeira guerra era bem mais bacana de estudar. Faltavam bons slogans para ela: Partilha da áfica, onde as tribos se encontram – primeira guerra: pioneirismo na carnificina – Grande guerra: mais mortos com facada – Primeira guerra: quase tantos mortos quanto na segunda, só que sem apelar para a bomba. A segunda tem mais fotos, mais mortos e mais ação. E é bem mais mundial também. Mas a Primeira tinha mais romantismo: era muito parecido com a nossa situação ali. Professores entrincheirados de um lado, alunos de outro. Uns atirando angustias nos outros. A liga das nações impotente e o tempo parecia não passar. A paz no SOE muito distante, e a correspondência não trazia alento qualquer. Eram basicamente medidas punitivas terceirizadas a meus pais, uma aliança feito a tríplice, que fazia de qualquer tiro motivo para bombardeio. Sujam uma Guerra que há dez anos foi uma guerra limpa. É na quinta série que matam o Francisco Ferdinando e te enterram junto. Batalhamos numa guerra química, biológica, física e literal literalmente com outras sete matérias diferentes. Cada uma com um general diferente, que tem cotoveleiras de couro – já colocaras aqui – e motivos próprios e especiais para te achar um péssimo aluno. Enquanto antes a tia da terceira passava o dia todo contigo, vendo que ao menos tentava ser um bom rapaz, agora estava um batalhão fazendo tudo para convencer que o ensino não vale a pena. E você, pequeno e louco para jogar bola com uma pinha no recreio, é vestido com um uniforme integralista e acaba proibido de criar. Decreto. Pense só: você passa quatro anos fazendo colagens sobre os Incas com uma tesoura sem ponta. Aí, quando aprende a manusear e a ter noção de espaço, a não deixar o tubo de tenaz estourar na lancheira, a saber que canetinha hidrocor causa intoxicação, é imediatamente afastado de todas as suas habilidades. Um prédio maior, com azulejos mais escorregadios e cinco chamadas pro dia. Não é surpresa que o próximo contato com uma tesoura seja para enfiar no pescoço de um coleguinha. Claro, só se você tivesse aprendido a fazer alguma traquinagem violenta nas férias. A educação física é que não o prepararia para a guerra. Ela apenas ia separar os gelatinosos dos líquidos, sem poupar esforço nessa osmose burocrática. Jogos como Nilcon, punhobol e voltas cheias de suor e vazias de sentido ao redor de uma quadra de vôlei para ralar os joelhos. Nada de esportes que fazem realmente a diferença: como abriu 18, três dentro três fora ou aquele joguinho de bater nos dedos uns dos outros. Isso era coisa para férias, que só voltavam quando você tinha que escrever sobre elas. Descrever o vermelhão à beira mar, as fichas que a máquina de pinball engoliu ou o bicho de pé é impossível naquela idade. E talvez seja ainda hoje. O tamanho do seu não preocupar com a ausência de professores faz a beira do mar um paraíso. Não pela brisa ou pela cor da água, mas pela falta de certezas. Pela poucas letras e pala imprecisão de um relógio de sol montado com um palito de picolé – o mais perto de compromisso que você vai chegar durante fevereiro. Obrigações se resumem em lavar os pés todas as setenta vezes que entrar em casa no dia. Encher e varrer o quarto de areia quando a sua mãe perde a paciência, passar de bicicleta na frente da casa da garota que você sempre vê de biquíni na praia. Nada para virar assunto raso de uma folha timbrada do colégio. Tanto que pouco cabe aqui nestas mil palavras. 13:07 | comentários (13)
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