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« Não precisamos mais de verão. | Home | São Silvestre II » São SilvestreA corrida de são Silvestre, antes de ser um evento de importância esportiva discutível, é a última oportunidade de todo brasileiro de aparecer na televisão. Por isso não é difícil ver uma série de retirantes e desocupados com seus cartazetes com logotipos da globo desenhados à facão e convocando o Cleber Machado a filmar nós. Tirando uma série de homens vestidos de palhaço, de noiva ou com a camisa do São Paulo, a corrida se resume a uma ferrenha disputa entre atletas que um dia foram bóias-fria contra quenianos que um dia foram guerrilheiros. Os quenianos sempre levam a melhor, com suas pernas velozes de gazela e uma resistência em provas de fundo invejável. Aos brasileiros, no geral, resta uma camiseta promocional da Fisk e o direito a um depoimento emocionado aos órgãos de imprensa sobre o descaso com o esporte no Brasil. Essa lógica se repete todo fim de ano. E é o pouco que sobrou do charme da prova, que perdeu bastante da graça quando deixou de ser disputada perto da meia-noite. Segundo relatos, os atletas rasgavam o centro histórico paulistano com os foguetes de ano novo estourando no céu cinza da Faria Lima. Rebouças, consolação, e um monte de nomes que a gente só conhece mesmo por causa do banco imobiliário. Não sei o porque da mudança. Talvez o perigo que é andar no centro de São Paulo depois das oito ou para o povo pedalar pelo corredor de ônibus sem risco de atropelamento. Para os quenianos ficarem mais visíveis ou talvez para a globo poder transmitir o Reveillon do Faustão na hora certa. Vantagens que não pagam a pena. Poderíamos fazer um trato. A TV repassa o evento para a hora da virada e fazemos uma concessão patriótica. Assim, o brasileiro mais bem colocado subiria ao pódio e, no lugar do hino nacional, tocaria: “hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa é de quem quiser”. Por mim, sem problemas. 10:13 | comentários (5)
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