A Vida Mata a Pau
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Futebol ArteUm amigo que trabalhava no setor de imprensa do Grêmio foi escalado para cobrir um torneio de juniores no interior do Estado do Rio Grande do sul, onde todo mudo é parente distante do Getúlio.
Chegando lá, André Schröeder esbarra com um pórtico na entrada da cidade, que afirmava em um arco de concreto “Bem vindo à cidade dos poetas”. Espantado, veio se consultar comigo: afinal, que poetas são estes?
Enquanto a população local calcula que pode chegar na Academia Brasilhana de Letras com seus versinhos de jogar truco, eu e meu amigo encontramos uma solução simples para validar a mensagem de boas vindas: versinhos futebolísticos.
E saiu esta abobrinha cor de laranja mecânica
Numa sobra da quarta zaga
Arrisquei uma bicicleta
Errei o pé da bola
Mas acertei no saco do atleta.
Na dividida com o atacante
Senti-me possuído pelo demônio
Corpo estendido, gemido alto
Fratura da tíbia e do perônio.
Em Santiago eu desço a lenha
Coloco atacante num embrulho
Aprendi carrinho no Grêmio
E sou primo distante do Getulio.
Pra divertir o cabeludinho da capital
Lindas mulheres se apresentam em colméia
Depois de 10 dias de prostituição intensa:
Sífilis, Cancro, Aids e Gonorréia.
Na hora de catar menina interiorana
o cabeludo não tem nenhum crivo
pensa que é inocente e se engana
e volta pra capital soropositivo
Pra relembrar a mulher amada
No breu da noite investi com furor
Quando perguntei o nome da donzela:
"Major Chaves, Ao seu dispor"
Moça bem danada a que encontrei no baile
Muito prendada, meiga e cheia de frescura
No dia seguinte postada na quarta zaga
Tirou três de campo com muita grossura
Tirei o zagueiro pra dançar
E foi um deus nos acuda
Pior que baile pra encoxar
Moça da perna cabeluda
Ombro com ombro se faz disputa bonita
Coxa com coxa se faz o amor amado
Se um osso quebrado é a desgraça do lance
O que dizer de um filho não esperado???
Quero ser zagueiro comum
Mas sou homem, não cavalo
Quero ser onze e sou nenhum
Quero ser o um do zagallo
* 11 *
Getulio, chimarrão e poesia
Coisas que a terra gaúcha conserva
O garoto moderno da capital
em Santiago esquenta o banco de reserva
* 12 *
A dor do poeta é uma sina
Não ver a amada na janela
A dor do atacante é por cima
Da bola, quando viso a canela
* 13 *
Passou da cintura é canela
Não ha pecado abaixo do equador
Assessoria só pras donzela
Disfarçado de torcedor
