A Vida Mata a Pau
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Em algum lugar do passadoA professora de história que me absolva e o de religião que me perdoe, mas católicos como eu, não passam de judeus com um pé no modismo. Tanto que a nossa religião vem daí: acreditamos em alguém que se dizia messias e fomos na maré dos milagres. Para mostrar que estávamos à frente do tempo, ficamos até hoje rezando aos quatro ventos que ele voltará. É nossa fé indie de rosário na mão.
Essa tendência de incorporar o que aparece pela frente está nas nossas datas marcantes, inclusive no Natal. O símbolo que representa o nascimento de Jesus está ali, escondidinho embaixo da árvore. Geralmente um presépio com cabras de patas quebradas e faltando um Gaspar se esconde à sombra de uma árvore cheia de espuma pra simbolizar a neve. Ao lado, um Papai Noel gigantesco representa um santo do norte, que se sabe lá como veio parar na história.
Enquanto nossos primos judeus mantém a mesma dieta festiva dos últimos 3.500 anos, estamos mastigando um arroz à grega cheio de uvas passas e sem significado, que desceu o mediterrâneo para encontrar um salpicão do México ou Colômbia, e um peru que só cisca pra frente.
Nada disso é para reclamar do capitalismo ou pregar uma recriação no estilo linha direta daquela noite em Belém. Mas sim para lembrar, sem rancor, que alegorias mais atinadas com o nosso passado ajudam bastante na hora de manter o espírito natalino.
Adotar grande parte do mau gosto agudo dos norte-americanos é perigoso. Eta pessoal que gosta de uma cafonice – os discos de ouro para divas do pop não me deixam mentir. Se continuar assim, cuidado: você pode acabar ganhando um CD da Janet Jackson no amigo secreto.
