A Vida Mata a Pau

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As cacetadas que a vida me dá

Sentado no bolicho, olhando para frente ouço alguém “o Elvis é viado?”. Olho para a esquerda com o canto do olho e respondo ao sujeito de japona azul e com cara de louco que sim, esta era a senha para entrar na festa. Não tive tempo de estranhar que um completo desconhecido quisesse saber a senha para o aniversário de meu amigo, que se realizava alguns metro rua abaixo, já que o débil mental desferiu um soco com a mão direita, uma verdadeira patada, um coice em direção ao meu já castigado crânio. Por sorte, a paulada acertou um pouco acima da minha orelha e se desviou pela nuca, de raspão – não gerando nenhum maior trauma ou dor. Estávamos ali há pouco mais de 5 minutos, eu e Nico, que tentava enganar sua fome de início de madrugada enquanto seu misto-quente não chegava. Levantei indignado e me deparei com um sujeito totalmente fora do ar, que no momento mantinha suas duas mãos para dentro do abrigo – um louco que dá um soco de graça pode muito bem dar uma facada de graça ou um mesmo um balaço. Consegui manter a calma e não ir para a briga, possivelmente pelo estado de surpresa completo que era ilustrado pela frase “o que é isso?” de Nico que me atingiu junto com o punho do sujeito – quando o Nico não sabe o que se passa não me sinto envergonhado de ficar sem reação. Foi Nico também que deu a idéia que fossemos embora, a fim de evitar mais patifaria. Agradeço ao amigo que acabou por não matar a fome, apenas embolsando quatro paçocas. O mais grave de tudo.

Nessas duas semanas já ouvi versões diferentes do ocorrido, desde “o Menezes brigou com um assaltante” a “o Menezes tem uma gangue de admiradores do Elvis”, também lamento a falta de uma cortina ideológica que permitiria um quebra-pau generalizado no recinto, mas fica aí o boletim oficial.

Ainda sem dormir, vou a outro aniversário – sem citar nomes – onde tudo que encontro é boa vontade. (neste momento o texto vira uma crítica musical – eita pretensão típica de portoalegrino) Com meus dois ouvidos intactos, tenho a chance de ouvir e dançar ao som da Semoventes e da Superguidis. A primeira tem nos vocais o mesmo Nico acompanhado por cinco bárbaros, com destaque para a insana presença de Rodrigo, que grita e tem convulsões convincentes durante todo o show – finalmente entendi o falar baixinho e o jeito despreocupado do sujeito – com a quantidade de energia que ele gasta em um show é compreensível que ele opere em stand-by pelo próximo mês. Mesmo a convivência com a pura nata da capetagem, um punhado de amigos e de virar a noite para ir a uma aula boa (o que é raro quando se estuda comunicação) ainda não tinha recobrado meu sono.

Voltei a dormir na manhã desta quinta-feira, ao escutar no rádio que Fidel Castro havia caído. El presidente escorregou durante uma cerimônia de formatura, possivelmente fraturando o braço e alguma costela, calmo, Castro sentou-se e discursou. Avisou que o pequeno acidente não o impediria de trabalhar e que queria desde já abafar os boatos. Eu deveria ter feito isso há 15 dias atrás – um homem com aquela idade, fazendo um discurso bem humorado desses ser responsável por aquele regime porcaria e sanguinário de cuba, não dá pra entender. Resta a certeza que o mundo é um lugar ruim demais para a quantidade de gente boa que tem nele.

* Texto publicado originalmente em Outubro de 2004 - Especial de republicação que vai ao ar durante minhas férias.

por Menezes - 5 minute não-design de Gabriel - um blog insanus